Com informações de Mercado&Tech powered by Infracommerce. /   23 de junho de 2023

 

A C&A dá mais um passo em direção a digitalização de seus serviços e agora disponibiliza biometria facial como meio de pagamento em suas lojas. Disponível para os consumidores que possuem o C&A Pay, será possível realizar compras sem documentos.

Com a biometria facial, a companhia conseguirá prevenir fraudes de identidade e garantir a proteção de dados dos consumidores.

“Aos consumidores, o método proporciona uma melhor experiência de compra com agilidade e fluidez na hora de pagar pelos seus novos produtos. Em um momento em que o consumo é phygital, tornar a compra presencial tão rápida quanto no e-commerce é fundamental”, destaca o CEO da C&A, Paulo Correa.

Inteligência artificial

A C&A Brasil está em busca de aperfeiçoar a gestão de toda a sua cadeia de produção e, dando mais um passo em direção a isso, anunciou uma parceria com a Palantir, multinacional de tecnologia e inteligência artificial.

Juntos, desenvolveram uma ferramenta que automatiza a gestão de estoque de seus produtos mais vendidos – básicos e jeans, que correspondem a uma parte importante do seu faturamento. No ambiente digital analítico, que integrou dados e sistemas de diversos pontos da cadeia produtiva da companhia, foram desenvolvidos modelos e aplicações que forneciam recomendações de compra automatizadas, dizendo quando e quanto comprar de cada produto.

Dessa maneira, é possível manter um nível de estoque ideal para todo o portfólio de produtos vendidos. O sistema também gera o pedido de compra automaticamente.

Com informações de Mercado&Tech powered by Infracommerce.

Por Renan Monteiro — Brasília / O Globo

28/06/2023 09h04  Atualizado 28/06/2023

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anuncia medidas para reduzir preço de carros e o programa Desenrola Brenno Carvalho / Agência O Globo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quarta-feira que bancos, instituições financeiras e outros credores já podem entrar no programa de renegociação de dívidas lançado pelo governo – o chamado Desenrola.

O foco é na renegociação de dívidas no limite de R$ 5 mil de brasileiros que ganham até dois salários mínimos, mas o programa não é exclusivo para essa faixa. Todas as negociações serão operacionalizadas em um único portal, que ainda será lançado pelo governo. Serão consideradas dívidas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022.

— Agora vai entrar em operação para os credores aderirem ao programa — disse o ministro, em rápida conversa com jornalistas na Fazenda.

Antes de iniciar as renegociações, o governo vai promover um leilão para a adesão de credores. As instituições que oferecerem mais descontos entram no programa.

Veja as regras:

Como os credores podem aderir?

Para participar do programa, os bancos, instituições financeiras, comerciais e as instituições não bancárias de crédito (quando se tratar de instituição com volume de captações superior a R$ 30 bilhões) deverão providenciar a baixa permanente, perante os birôs de crédito, dos registros ativos com valor igual ou inferior a R$ 100,00. Ou seja, tirar do negativo essas dívidas de pequeno valor.

Prazo

O credores terão o prazo de até 30 dias para retirarem do negativo as dívidas de R$ 100,00. Outra regra prevista é que essas instituições precisarão atuar necessariamente na condição de agentes financeiros do chamado Desenrola Brasil – Faixa 1 (vaja abaixo).

Quem é o público-alvo?

Na faixa 1 do programa estão pessoas físicas com renda bruta mensal de até dois salários-mínimos ou aquelas que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Na faixa 2 são pessoas físicas, com dívidas em bancos, e renda de até R$20.000,00.

Quais as regras para pagamento?

Na faixa 1, a taxa de juros permitida será de no máximo 1,99% ao mês. O prazo de carência será de no mínimo 30 dias e de no máximo 59 dias. Também para esse público-alvo, a parcela mínima será de R$ 50 e o pagamento poderá ser feito em até 60 vezes.

Quais dívidas poderão ser financiadas?

Na faixa 1, são dívidas financeiras e não financeiras que ultrapassem o valor de R$5.000,00.

Dívidas que não poderão ser financiadas?

No Faixa 1, não poderão ser financiadas dívidas de crédito rural, financiamento imobiliário, créditos com garantia real, operações com funding ou risco de terceiros.

E a garantia das operações?

Exclusivamente para as pessoas da faixa 1, a renegociação das dívidas será com garantia de 100% do capital, com atualização pela taxa básica de juros (Selic). Ou seja, se o devedor não cumprir com o compromisso, o governo paga a instituição credora. Para isso, estão previstos recursos do chamado Fundo de Garantias de Operações (FGO).

E se houver atraso?

Em caso de inadimplência, entre o 61º dia e o 200º dia de atraso dos devedores, o agente financeiro poderá solicitar a honra da garantia ao FGO.

Qual a plataforma?

Ainda não foi divulgada, mas já foi informado que o devedor utilizará conta no Portal GOV.BR, com níveis de certificação ouro ou prata, para aderir, acessar e realizar as negociações.

REDAÇÃO AMANHA
28/06/2023 11:13 | Atualizado 28/06/2023 11:19

Crédito caro, endividamento, inadimplência e juros altos criaram cenário desafiador para o varejo

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 106,4 pontos em junho, uma queda mensal de 0,6%, descontados os efeitos sazonais. O otimismo dos varejistas caiu pela segunda vez consecutiva, levando o Icec ao menor nível desde junho de 2021. Assim, o indicador mantém a tendência de queda registrada nos últimos dois meses. Na comparação anual, a redução da confiança caiu 13,1% – a maior retração nesse comparativo desde abril de 2021, quando a queda foi de 20,7%. O destaque do mês foi a percepção desfavorável da situação vigente. Há três meses, o índice de condições atuais mergulhou na zona negativa (abaixo dos 100 pontos), com quedas intensas da avaliação dos varejistas sobre o desempenho da economia e do comércio. A maioria dos comerciantes, 61,2%, aponta que as vendas no comércio pioraram. Essa proporção também é a mais elevada desde junho de 2021.

Segundo o CNC, o resultado do Icec de junho mostra que os empresários do comércio estão cautelosos com a situação econômica atual do país, que afeta diretamente o consumo das famílias. Ainda de acordo com a entidade, a queda da confiança é um sinal de alerta, pois o setor vem sofrendo com as altas taxas de juros e as dificuldades que os consumidores têm de acessar crédito e pagar dívidas. Embora os consumidores indiquem maior intenção de compra, como tem apontado a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), também realizada pela CNC, o nível de endividamento e inadimplência elevado e o crédito caro e restrito limitam a capacidade de consumo. “O otimismo do consumidor, com maior segurança no emprego e melhora da renda disponível pela inflação mais baixa, não tem se traduzido em alta das vendas no varejo de forma geral e sustentada. Isso tem se refletido na redução da confiança do varejista”, analisa Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa.

Outro índice que endossa o pessimismo dos empresários é o de expectativas para desempenho do comércio, que caiu 10,1% entre junho de 2022 e 2023. “Dois em cada dez comerciantes consideram que as vendas no setor devem piorar no curto prazo, mesmo com a dinâmica mais favorável da inflação nos últimos meses. A permanência dos juros altos tem levado os comerciantes a redefinirem as estimativas para as vendas deste ano”, explica Izis. Ainda que o consumidor de rendas média e baixa esteja mais disposto a consumir e com datas sazonais no calendário dos próximos meses estimulando as vendas, o otimismo é menor entre os empresários de todos os grupos do varejo. A economista da CNC destaca que, com a visão desfavorável do atual desempenho da economia e do comércio e com as expectativas para o curto prazo em queda, os comerciantes de todos os segmentos também apontam que devem reduzir os investimentos, principalmente na contratação de funcionários e no capital físico das empresas.

O Icec indicou que as perspectivas de desempenho menos favorável das vendas nos próximos meses são generalizadas entre os lojistas. As quedas no mês e no ano foram mais intensas, no entanto, para o varejo de produtos duráveis, itens que dependem mais de crédito e de prazo para pagamento. “A manutenção dos juros elevados, com endividamento e inadimplência maiores dos consumidores, tem levado os varejistas a considerarem que as vendas desses itens seguirão sofrendo com o crédito caro e cada vez mais seleto”, avalia Izis. Para 24,7% dos comerciantes de itens de maior valor agregado, os estoques estão acima do adequado diante da perspectiva das vendas, proporção que vem crescendo desde o fim do ano passado.

Redaçãode Redação  3 de julho de 2023

Executivos do varejo nacional estão descontentes com as novas regras do governo para compras internacionais. Na sexta-feira, 30, o Ministério da Fazenda divulgou, por meio do Diário Oficial da União, que a partir de 1º de agosto compras online de até US$ 50 estarão isentas de tarifa de importação.

No sábado, 1º, representantes do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) se reuniram com o ministro Fernando Haddad para discutir a competição gerada pela venda de produtos importados

As regras passam a valer em 1º de agosto. Os vendedores precisarão pagar um ICMS de 17% sobre o valor da compra e terão de informar ao consumidor a procedência dos produtos e o valor total da mercadoria (com inclusão dos tributos federais e estaduais).

“A publicação da Portaria MF nº 612, de 29 de junho de 2023, não atendeu às expectativas do varejo nacional, ao contrário, tornou a aplicação da tarifa zero de imposto de importação para remessa de até US$ 50 (de minimis) entre pessoas físicas também aplicável para remessas entre empresas e pessoas físicas, o que tornará o ambiente de negócios no varejo insustentável, uma vez que apenas a alíquota nacional de ICMS de 17%, prevista na Portaria e no programa Remessa Conforme, está distante de proporcionar uma competição equitativa”, disse o IDV em nota.

Ajuste ‘urgente’

O IDV destaca a necessidade de “ajustar urgentemente” a alíquota de importação para patamares que incluam todos os impostos nacionais. Dessa forma, segundo o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, seria possível “garantir uma competição justa e isonomia e evitar o fechamento de lojas e a perda de empregos, inclusive na indústria, além da elevada renúncia fiscal”.

“Os impostos diretos e indiretos incidentes no preço dos produtos nacionais, pagos no varejo e na indústria, são significativos, e a manutenção da alíquota zero para a venda de produtos importados feita por meio das plataformas digitais para pessoas físicas poderá levar as empresas brasileiras a transferirem suas operações para fora do país e se tornarem apenas importadoras, com grandes consequências para o emprego e para a economia do Brasil”, completa a nota.

A reunião foi concluída com o compromisso de o Ministério da Fazenda, dentro do programa Remessa Conforme, trabalhar para a aplicação da alíquota de importação correta, a curto prazo, a fim de evitar, entre outras, as consequências relatadas nesta nota.

Redação de Redação

 3 de julho de 2023

Mais otimistas, 71% dos brasileiros devem gastar mais neste segundo semestre, em relação aos primeiros meses deste ano, com destaque para alimentação (66%), saúde (39,8%) e eletrodomésticos (34,9%). E as datas que o consumidor pretende gastar mais são o Dia das Crianças, Dia dos Pais, Black Friday e, por último, o Natal.

As prioridades na hora da compra são semelhantes às do primeiro semestre: alimentação (58%), educação (37%) e saúde (34%), segundo levantamento feito pela Trigg sobre as tendências de consumo para este segundo semestre.

“Conseguimos perceber um otimismo dos brasileiros em relação ao consumo. E embora o foco ainda seja itens básicos como alimentação e saúde, a mudança de itens de educação, que era uma prioridade no primeiro trimestre, para a compra de eletrodomésticos, indica uma mudança no comportamento deste consumidor, que tem tendências de consumo além do básico”, comenta Linconl Rocha, CEO da Trigg.

Na hora da compra, os brasileiros continuam dando prioridade para valores mais acessíveis e promoções (36,5%), seguidos pelo cashback (17,5%) e qualidade (14,8%).

A pesquisa mostra também que as compras online continuam sendo o canal de vendas de preferência dos consumidores. No primeiro semestre, 51% preferiram as compras online, agora, são 35,9%. Já os que preferem as compras presenciais, no primeiro semestre eram 48%, agora são 33%.

Com relação às formas de pagamento, o cartão de crédito é o meio preferido para 83% dos brasileiros. Já o Pix segue em crescimento, com a preferência de 10,9%.

Férias de inverno

Nas férias de julho, 44% não pretendem viajar neste período este ano. Para os 36,8% que desejam passear, o principal destino será o Nordeste (32,3%), seguido pelo Sudeste (9,9%), Sul (8,2%) e fora do país (5%).

O avião será o principal meio de transporte (28,3%), seguido pelo carro próprio (25,2%).  E 22% ficarão em hotel, enquanto 19,6% ficarão hospedados em casa de amigo ou familiar. Com relação aos gastos, a previsão é que a viagem fique entre R$ 1 mil e R$ 3 mil.

Minuta que se encontra em análise e apreciação pelas equipes técnicas dos Sindicatos signatários. Até segunda feira, dia 26 de junho de 2023.

Portanto, não se trata de um Documento legal. Mas dificilmente haverá mudança substancial. Assim poderá ser consultada e servirá como subsídio pros Senhores Lojistas, quanto a sua aplicação. Segunda, concluída, será assinada e devidamente registrada no órgão competente.

 

Se tiver dúvidas, entre em contato conosco (41) 99827-6352 whats e email: claudiane@sindishopping.com.br ou presidencia.prom@sindishopping.com.br.
Éricoh Mórbis / Conselho Diretor / Presidente

vide Convenção no link abaixo:

CCT 2023/2025

 

 

Ref. CCT nova e nossa cobrança!
Hoje cedo, 3ª. dia 20, em Assembleia Geral do Sindishopping, foi aprovada a renovação de nossa CCT. Vige de 01 de maio último em diante.

Todos nós sabemos que a mudança política ocorrida no País, trouxe novas circunstâncias, exigindo muito cuidado, cautela e exaustivas negociações. Fomos felizes, apesar da demora. Estamos entendendo que assinaremos a melhor CCT de todas. Graças ao bom trabalho da Comissão de Negociação, comandada pela nossa Vice-presidente, Carolina Maria Assis da Silva e os valiosos representantes da C&A, Boticário e dos Shopping Centers.

Pós registro legal, estará no nosso site a íntegra. Breve!

Permitam alguns tópicos:
.- Domingos e feriados, agora, podemos abrir até 8 h; .- dia 01 de maio de 2024, vamos abrir!; .-o reajuste ficou no INPC (3,83.%) mais 1% de ganho real e um bônus de R$ 176,20, equivalente a 10% do piso salarial, a ser pago em setembro (sem encargos!); .-em dezembro, as horas extras terão grande flexibilidade, dependente de alguns quesitos (Empresa Cidadã, Seguro….) e aí talvez até 100% das horas extras no Banco de horas; .-o lanche, será R$ 23,60; .-as demissões, agendadas virtualmente com o Laboral, poderão ser igualmente on line; enfim, houve grandes avanços mútuos pra todos nós, Lojistas e Colaboradores! E o Sindicato Laboral está com novas vantagens (plano de saúde, seguro, treinamento e etc.). Vale a pena encaminhar seu funcionário ir lá conhecer.

Ah, finalizando, como a gente não sabe o que virá por aí, a CCT será de 2 anos, vencerá em 30/04/2025. Pela primeira vez!

Agora, um registro importante:
O STF mudou sua decisão sobre a cobrança da Taxa Assistencial (e outras contribuições constantes em CCT ou ACT). São constitucionais e se garante a oposição, se entender que não quer pagar. Não se preocupe com prazo ou maneira. Mande-nos sua manifestação contrária, o mais breve. Será aceita! Mas atenção: quem optar por essa decisão de não pagar, não terá qualquer direito ao uso do que constam na CCT e ACT (benefícios, horários, cláusulas negociadas, etc.).

Então, atente-se. Pode se opor, mas cuidado; terá que abdicar dos benefícios como dissemos! Sem exceção. E a gente não terá como deixar de cumprir, pois os que pagarem não deverão ser prejudicados por aqueles que forem contrários.
O STF já tem decisão favorável e o Acórdão depende de trâmites burocráticos. Em breve deverá ser publicado. Pedimos sua reflexão!! Essa decisão provocará forte vitaminação e revigoramento do Laboral!
Logo, precisamos também nos fortalecer! Então, procure pagar as nossas contribuições!

Por último, veja no corpo do boleto anexo, as instruções de como proceder para pagamento. A primeira parcela vence dia 27 de junho e a segunda dia 21 de julho. Se quiser cooperar ainda mais com a gente, antecipe o pagamento.
Não ampliamos nada e continuam, cada parcela, em 3% sobre a folha bruta de maio, já corrigida pela CCT.
Estamos aqui, a sua disposição. Não se acanhe em nos procurar. Está sem grana, quer prazo, parcelar. Somos parceiros, sempre!

 

Nosso site: sindishopping.com.br; WhatsApp: (41)99607-5194  e nosso e-mail: sindishopping@gmail.com

Cordialmente e desde já, muito grato,

Luiz Cláudio Fernandes
Chefe de Cobrança e Auditoria
Sindishopping

(com cópia pra nosso Presidente, Lojista Éricoh Mórbiz)

P.S. – Recomendo que acesse nosso site e leia o artigo da do Povo, de 19 de junho último, sobre
as mudanças que o Ministro do Trabalho vai fazer.

Rose Amantéa, especial para a Gazeta do Povo 19/06/2023 11:40

O presidente Lula e o ministro do Trabalho, Luiz Marinho: governo quer revogar pontos da reforma trabalhista

Empenhando em sua agenda econômica intervencionista, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insiste em desfazer atos liberalizantes dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB). Embora a estratégia tenha rendido ao Planalto alguns reveses – como as derrotas nas tentativas de alterar o Marco do Saneamento e de reverter a privatização da Eletrobras, barradas pelo Legislativo – a intenção segue adiante, agora, com a ideia de revogar pontos da reforma trabalhista, aprovada em 2017 na gestão Temer.

 

A reforma buscou privilegiar as negociações diretas entre empregadores e funcionários e inibir uma indústria de ações trabalhistas que sobrecarregava empresas e Poder Judiciário. O governo petista, em sentido oposto, quer reforçar as amarras do Estado sobre as relações de trabalho e restabelecer o financiamento compulsório dos sindicatos pelos trabalhadores.

 

Ao mesmo tempo em que busca retroceder na modernização das leis trabalhistas, a gestão Lula quer liderar a tarefa de regulamentar novas formas de trabalho trazidas pelos avanços tecnológicos. Nessa discussão, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chegou a sugerir que os Correios poderiam assumir a função de aplicativos de transporte caso estes deixem o país. E não incluiu liderenças de entregadores no grupo de trabalho que discute a regulação.

 

VEJA TAMBÉM:

 

Opinião da Gazeta: A insistência do governo Lula em derrubar a Reforma Trabalhista

Marinho, que já havia rotulado a reforma trabalhista como “uma tragédia”, voltou à carga neste mês contra as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Lei de Terceirização. Marinho disse, durante a instalação da mesa do grupo que vai discutir a regulação de aplicativos, que as mudanças contribuíram para “precarização do emprego e crescimento desastroso do trabalho análogo à escravidão”, acenando com a perspectiva de revisão já para o segundo semestre.

 

Ciente da dificuldades de revogação da reforma trabalhista no Congresso, que tem servido de anteparo às investidas revisionistas, a base governista atua pelas bordas e conseguiu, na semana retrasada, aprovar na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa dois projetos que se antecipam no propósito de alteração da lei.

 

De autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), o primeiro acaba com a possibilidade de extinção do contrato por acordo entre empregado e empregador e o segundo limita a duração do contrato de trabalho de tempo parcial a 25 horas semanais.

 

Críticas à reforma trabalhista refletem viés estatizante do governo

Na essência, as críticas e as iniciativas refletem a perspectiva estatizante do atual governo, que quer atrelar todas as situações do mercado de trabalho ao modelo engessado da CLT e da antiga estrutura sindical, base originária do PT.

 

A CLT, promulgada há 80 anos, na era Vargas, ainda é a maior balizadora do emprego formal, com quase 42,8 milhões de contratos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

 

Inspirada no corporativismo fascista italiano, a CLT atendeu à necessidade de regular a relação capital-trabalho num momento de rápida industrialização e urbanização. Mas desde então muita coisa mudou e a necessidade de flexibilização se tornou reivindicação recorrente do empresariado e da sociedade.

 

A reforma do governo Temer, em 2017, foi a principal alteração da CLT desde sua promulgação. Com ela, alguns pontos fundamentais foram oxigenados. Ganharam mais peso as negociações coletivas entre patrões e empregados, que passaram a prevalecer sobre a legislação. Também foi aprovada a possibilidade da divisão de férias e o trabalho intermitente, sistema em que o empregado pode trabalhar em situações pontuais, remunerado por hora trabalhada.

 

Especialistas dizem que reforma trabalhista ajudou a conter impactos da pandemia

As críticas do Ministro Marinho, além de estarem na contramão das expectativas do empresariado, não parecem corroborar com a realidade. Embora seja difícil quantificar os benefícios da reforma para o mercado de trabalho, principalmente por causa do intervalo de dois anos de pandemia, especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam que as mudanças na CLT foram importantes exatamente na redução do impactos da Covid-19 sobre a economia.

 

“Pode-se dizer com certeza que, sem a reforma de 2017, as consequências da pandemia para o mercado de trabalho seriam piores”, afirma o economista Alexandre Chaia, professor do Insper e gestor da Carmel Capital. Para ele, as críticas do ministro são apenas “populistas”, para agradar sua base.

 

Chaia lembra que emprego e a remuneração de qualidade não dependem de leis ou decretos, mas de inúmeros fatores, entre eles o crescimento econômico. “A precarização do emprego é o reflexo da incapacidade do governo de possibilitar um ambiente de negócios favorável à geração de investimentos”, diz.

 

Hélio Zylberstajn, professor sênior da FEA-USP e coordenador do Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), vê “distorção e exagero” nas críticas. “Analogia à escravidão é simplesmente absurdo”, diz o economista.

 

Ele lembra que a própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) concluiu que a reforma não trouxe prejuízos ao trabalhador: “As centrais sindicais denunciaram o país à OIT por duas vezes, uma após a promulgação da reforma e outra após a pandemia. Em ambas, o governo brasileiro foi absolvido”.

 

 

Reforma trabalhista desestimulou litígio na Justiça e gerou vagas, diz estudo

Um estudo conjunto de economistas da USP e do Insper, de 2022, mensurou os benefícios gerados por um dos pontos da reforma trabalhista. A nova legislação estabeleceu que o empregado deve arcar com os honorários ao advogado da empresa, em caso de derrota.

 

Segundo o estudo, a alteração desestimulou as ações na Justiça, especialmente nos casos em que não há certeza de vitória, o que diminuiu o custo das empresas para abrir novas vagas.

 

O estudo calculou, por meio de um sofisticado exercício econométrico, uma redução de 1,7 ponto porcentual na taxa de desemprego e o aumento de 2% na taxa de emprego, o que correspondeu à criação de 1,7 milhão de vagas até 2022.

 

“Existia uma verdadeira indústria de ações trabalhistas que oneravam as empresas e sobrecarregavam o Judiciário. A reforma não impediu as reclamatórias, mas moralizou o sistema de litígio”, avalia Zylberstajn.

 

 

Para economista, ataques à reforma são “cortina de fumaça” para resgatar imposto sindical

Para Zylberstajn, a insistência nas críticas à reforma trabalhista é uma “cortina de fumaça” para a intenção do governo de resgatar o financiamento dos sindicatos. A reforma pôs fim ao imposto sindical, contribuição compulsória de todos os trabalhadores para os respectivos sindicatos, no valor de um dia de trabalho por ano.

 

Para dar a dimensão do “prejuízo”, com o fim da compulsoriedade a arrecadação dos sindicatos de R$ 3,05 bilhões arrecadados apenas de janeiro a novembro de 2017, antes da reforma, para R$ 65,5 milhões em 2021. O próprio presidente Lula mencionou, em defesa da revisão, a “asfixia financeira” dos sindicatos após o fim do imposto.

 

A compulsoriedade só teria sentido, para Zylberstajn, num cenário de multiplicidade e democracia sindical, onde o trabalhador escolhe o sindicato que o representa. Isso não acontece no país, pois aqui existe a chamada ‘unicidade sindical’ por categoria de trabalho. “Atualmente temos um monopólio sindical com mercado cativo”, diz o professor.

 

O que está em discussão no governo não é exatamente uma reforma sindical, e sim uma forma de continuar financiando o monopólio. Em abril, o ministro Luiz Marinho disse à “Folha de S.Paulo” que é “plausível” a ideia de que o imposto seja deliberado em assembleia das categorias, passando a valer para todos os trabalhadores, inclusive os não sindicalizados. Ou seja, uma compulsoriedade disfarçada.

 

 

Criticada pelo governo, Lei da Terceirização deu segurança jurídica a empresas

Outras críticas recorrentes demonstram a dificuldade do governo em conviver num ambiente de maior liberdade nas relações de trabalho. Uma delas é a resistência à terceirização, aprovada pelo Legislativo também em 2017, na esteira da reforma.

 

A lei, que permitiu às empresas terceirizar qualquer atividade, desde que garantam as devidas proteções aos trabalhadores, continua sendo distorcida pela narrativa sindical como tática de driblar os direitos sociais.

 

Os dados mostram, no entanto, que as empresas não deixam de contratar para terceirizar. Segundo Fernando Peluso, advogado e professor do Insper, quem conhece gestão empresarial sabe que há atividades que as empresas não querem e não podem terceirizar.

 

A lei conseguiu regularizar uma situação existente, com visíveis impactos positivos. “Havia uma discussão interminável sobre as atividades que poderiam ser terceirizadas. A regulamentação trouxe segurança jurídica para as empresas, com reflexo direto na decisão de investimentos”, afirma.

 

 

Governo quer regime rígido para trabalhadores de aplicativos

Na outra ponta da discussão da chamada “precarização do trabalho” estão as mudanças tecnológicas, que impõem ao governo desafios maiores do que ele parece conseguir enfrentar. Em especial o trabalho por plataformas, como Uber e iFood.

 

Existe razoável consenso entre os agentes econômicos sobre a necessidade de definir alguma regulamentação das novas modalidades. Mas a tarefa não é simples. Um dos caminhos, segundo Peluso, seria uma regulamentação semelhante à que vem sendo feita em países da Europa, como Inglaterra e Espanha, onde a lei reconhece o trabalho assalariado e o autônomo, e acrescenta um terceiro modelo intermediário, onde se garante benefícios sociais e previdenciários ao trabalhador.

 

Mas, em reunião sobre o tema, o ministro Marinho disse que oferecer somente contribuição à Previdência Social para os trabalhadores de aplicativos “é muito pouco” e que as empresas não podem ter “lucro extravagante” enquanto há “superexploração do trabalho”.

 

Impor o regime celetista aos trabalhadores de aplicativos, porém, não é a solução, principalmente porque as características são outras. Peluso lembra que eles não têm horário fixo de trabalho e, principalmente, não existe subordinação, já que o trabalhador pode escolher o serviço que quer realizar: “Não se pode tratar igual os diferentes. Isso inviabilizaria os negócios”.

 

O ministro Luiz Marinho, enquanto isso, cogitou a possibilidade de desenvolver um serviço via Correios para substituir a Uber se a empresa decidir deixar o Brasil em resposta à regulamentação do setor.

 

Também chamou atenção o fato de que, ao formar um grupo de trabalho para discutir normas para os aplicativos, o Ministério do Trabalho não convidou um único líder de entregadores. Os 45 membros do colegiado são do governo, de empregadores e de centrais sindicais.

 

 

Governo dá pouca atenção a desafios reais do mercado de trabalho

Outros aspectos também dividem os especialistas. Para Hélio Zylberstajn, a regulamentação é ainda mais complexa. “As inovações tecnológicas diluíram as fronteiras entre a produção e o consumo, por isso as relações trabalhistas tendem a ser multilaterais”. Isso significa, para ele, que além da plataforma e do trabalhador, precisa entrar na equação a responsabilidade dos estabelecimentos comerciais e do próprio consumidor.

 

Alexandre Chaia, por sua vez, defende que o governo deveria ser apenas o facilitador das negociações, impulsionando o desenvolvimento do setor via agência reguladora, já que a dinâmica do mercado de trabalho tende a impor cada vez mais questões para serem avaliadas.

 

Além da tecnologia e dos aplicativos, Chaia lembra que mudanças de parâmetros e condições, como o home office – impulsionado na pandemia e que se tornou tendência – também poderiam estar na pauta de discussões. “São desafios reais a serem enfrentados”, diz. A realidade e as transformações, no entanto, não parecem ter prioridade no radar do governo.

 

(Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/governo-ataca-reforma-trabalhista-para-reforcar-amarras-do-estado-e-cofres-de-sindicatos/?utm_source=salesforce&utm_medium=emkt&utm_campaign=newsletter-politica-nacional&utm_content=politica-nacional

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Jamil Chade Colunista do UOL 08/06/2023 04h00

O governo Lula quer um projeto para rever a reforma trabalhista ainda em 2023. A informação é do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que desembarca no fim de semana em Genebra para participar da Conferência Internacional do Trabalho. Se por anos a relação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) com os governos de Jair Bolsonaro e Michel Temer foi de tensão, a administração do PT quer levar ao evento uma nova mensagem.

Em entrevista exclusiva ao UOL, o chefe da pasta do Trabalho chamou a reforma de "trágica" e destacou como o governo está incentivando empregadores e trabalhadores a dialogar para encontrar uma proposta. Segundo ele, se houver essa convergência será mais fácil que o Congresso Nacional examine a questão.

O centro do questionamento será a forma pela qual a terceirização foi estabelecida. "O empresariado adora um 'liberou geral'. Mas isso leva a uma insegurança jurídica e competição desleal entre eles", disse.A questão da terceirização foi feita de forma muito abrangente. E levando a um processo trágico para as relações de trabalho, especialmente no campo. Ele também levou a um processo de subcontratações, chegando ao trabalho análogo à escravidão. Essa ferramenta atrapalhou demais a qualidade dos contratos, das relações de trabalho no Brasil. Se houver entendimento das partes, pode facilitar para que a revisão possa tramitar. Tranquilo nunca será. Luiz Marinho

Ele ainda afirmou que:

O governo Lula defende que se abra o debate para permitir uma redução da jornada de trabalho no Brasil para 40 horas semanais. O governo quer que temas como remuneração e jornada de trabalho estejam regulamentadas para os trabalhadores de aplicativos. Projeções do Planalto indicam que haverá uma geração de empregos da ordem de 2,2 milhões a 2,5 milhões de postos em 2023.
Eis os principais trechos da entrevista:
Chade – Nos últimos anos, a relação entre a OIT e o governo brasileira foi tensa. Qual a mensagem que o Brasil leva para a Conferência Internacional do Trabalho? Marinho – Uma mensagem de reconstrução. Temos feito uma peregrinação pelos estados, buscando levar uma mensagem necessária de jogar o ódio no lixo. Vamos reconstruir o Brasil, as políticas públicas e unificar o país. Uma retomada da pauta de direitos humanos, combater o trabalho análogo à escravidão, trabalho infantil. Políticas dirigidas às mulheres, quilombolas, indígenas, jovens, negros. O golpe contra a presidente Dilma Rousseff mergulhou o Brasil num retrocesso como nunca vista na história recente. E, durante o governo das trevas, vivemos um processo de entreguismo como eu jamais vi ou li. Portanto, é um processo agora de retomada da soberania nacional, com uma relação com os vários países que respeitam o Brasil e uma a relação pacífica com todos.

Essa é a mensagem do Brasil. Na guerra na Ucrânia, nosso posicionamento é muito claro, de não alinhamento a nenhum dos lados e chamar os países a buscar um diálogo.

Quais são as projeções do governo sobre a criação de postos de trabalho para 2023? Existem metas?
Eu pessoalmente não gosto de metas. Mas temos uma projeção possível. Entre janeiro e abril, temos um saldo de 705 mil novos postos de trabalho, sendo 180 mil no mês de abril. Seguramente maio virá com um número positivo. O crescimento do PIB no primeiro trimestre surpreendeu a todos, menos ao governo. Tínhamos a sensibilidade de que haveria um crescimento além do que as áreas economistas e bancos projetavam.

Mas foi um número bastante surpreendente, com 1,9% de crescimento e um dos maiores do mundo nesse período. Não há mais qualquer desculpas esfarrapadas que o Banco Central possa usar para não iniciar o processo de redução de juros. Nós acreditamos que vamos alcançar um saldo positivo na geração de empregos da ordem de 2,2 milhões a 2,5 milhões de postos.

Isso seria uma retomada do processo de crescimento do estoque de empregos no país. Quando as pessoas dizem que a reforma trabalhista gerou emprego, eu sempre respondo: vamos ver o estoque? Em 2003, tínhamos um estoque de 21 milhões de empregos formais no Brasil. Nós alcançamos, em 2014, 42 milhões em estoques. Nós, agora, herdamos 42 milhões de postos. Acredito que vamos dar sequência ao estoque ao emprego formal. Esse é o principal indicador da economia.

Nós estamos retomando as obras paradas. São 14 mil obras paradas, mais 1,3 mil creches, 1,7 mil unidades educacionais. Isso já aparece nos indicadores do CAGED.

O sr. citou a reforma trabalhista. Há algum ponto que ela pode ser modificada?

Fizemos a opção de provocar as partes, num processo de construção. O perfil de nosso Congresso não é muito simpático a retomar a revisão dessas reformas trágicas que nós tivemos recentemente no Brasil. Mas nós precisamos teimar com alguns assuntos. Nossa proposta é um caminho para a construção das partes – entre trabalhadores e empregadores – que pode facilitar a interação com o Congresso, e não apenas o governo apresentando a sua visão de qual seria a revisão da reforma trabalhista.

A questão da terceirização foi feita de forma muito abrangente. E levando a um processo trágico para as relações de trabalho, especialmente no campo. Ele também levou a um processo de subcontratações, chegando ao trabalho análogo à escravidão. Essa ferramenta atrapalhou demais a qualidade dos contratos, das relações de trabalho no Brasil. Se houver entendimento das partes, pode facilitar para que a revisão possa tramitar. Tranquilo nunca será.

Terceirização é um tema sensível. O empresariado adora um "liberou geral". Mas isso leva a uma insegurança jurídica e competição desleal entre eles.

Essa proposta será apresentada na forma de uma Medida Provisória?

Não necessariamente. Vamos analisar, conversando com lideranças na Câmara. Se houver um entendimento entre trabalhadores e empregadores, tenho certeza que encontraremos um caminho para tramitar. Esperamos que uma MP não seja necessária. Mas vamos conversa com o presidente Arthur Lira.

E o senhor ainda acha que pode ocorrer em 2023?

Segundo semestre de 2023, com certeza.

Qual será a proposta do governo sobre a questão dos trabalhadores em plataformas e aplicativos?

É uma aberração nas relações de trabalho no Brasil e em outras partes do mundo. As novas tecnologias são bem-vindas. Mas elas precisam beneficiar a sociedade. Quando se falava em novas tecnologias, o pensamento era que isso seria acompanhado por uma redução da jornada de trabalho. E vemos que ela está apropriada pelo capital para explorar ainda mais a sociedade. Precisamos então questionar: é para isso que queremos as novas tecnologias? Ou a sociedade tem o direito de se rebelar contra isso? Queremos a tecnologia que esteja à serviço da sociedade, à classe trabalhadora.

Esse é um debate que a OIT tem obrigação de se debruçar com carinho.

No Brasil, estamos também debatendo o assunto e ouvindo as principais lideranças. Há uma parcela dos empresários sensível. E tem algumas empresas globais que querem que fique tudo como está. Sem regulação alguma.

Nós também precisaremos fazer uma regulação econômica. Qual a atividade econômica das plataformas de transporte de coisas e de pessoas? É uma empresa de tecnologia? Você entra no aplicativo e pede um software ou pede uma corrida? É uma empresa de transporte ou tecnologia? Ela precisa estar regulada. Vamos ter esse debate com as empresas globais.

A ideia do governo brasileiro é o desenvolvimento de uma convenção nova na OIT?

Temos de avaliar se é bem-vinda. Talvez seja. Vai estar na pauta da Conferência Internacional do Trabalho em 2025. Mas eu também vou abordar esses temas (na próxima semana), chamar a atenção, falar com nossos parceiros. No Brasil, estamos fazendo essa abordagem com empresas e trabalhadores. Também estamos falando com o Congresso, de que não é possível ceder ao lobby pesado de algumas plataformas. Precisamos olhar ao trabalho e ao povo brasileiro. Não podemos ficar à mercê da super exploração do capital da forma que
estamos vendo essas plataformas agir.

Qual a jornada?

16 horas por dia, seis dias por semana. Isso poderia ser considerado como trabalho quase análogo à escravidão. A liberdade, que tanto dizem, é relativa. Não pode ter essa exploração desse jeito.

Mas o governo tem uma primeira proposta?

Estamos trabalhando com as partes para que possamos construir algo. Há um ponto de partida importante, que tem apoio de trabalhadores e das empresas, que é a questão da previdência e proteção social. Algumas plataformas querem parar por ai. Mas isso é muito pouco. Precisamos falar de jornada extenuante. Isso leva a acidentes. E temos a questão do valor do trabalho. Um monitoramento que olhe a questão da super exploração do trabalho. Esses itens precisam entrar.

Então haverá uma regulação sobre jornada e remuneração?

Na minha opinião, sim.

Na Europa, há um debate sobre a semana de quatro dias. O senhor vê alguma chance de que esse tema entre no debate no Brasil?

Eu vejo necessidade para que isso entre na pauta. Eu tenho provocado as centrais sindicais. Vocês não vão falar sobre a redução de jornada de trabalho? Mas não adianta só ficar falando. É preciso colocar energia para transformar em políticas públicas.

No que se refere à jornada de trabalho, tivemos um avanço importante nos anos 80, quando passamos de 48 horas para 44 horas semanais. E muitos acordos ainda estabeleceram 40 horas semanais. Mas a maioria da economia ainda está em 44 horas.

É plenamente factível levar toda a jornada máxima para 40 horas semanais. O correto, porém, é nascer isso das lutas sociais. E não simplesmente o governo mandar o projeto de lei propondo isso. Precisa haver um processo de mobilização e por isso minha provocação para os sindicatos.

O que vimos é um Congresso bastante resistente às pautas do governo. Como o sr. vê essa relação entre Executivo e Congresso, e principalmente com Arthur Lira?

É uma relação de altos e baixos. Eu acredito que a sociedade precisa se manifestar mais em relação ao papel do Parlamento brasileiro. Isso ajudaria a ajustar um pouco as relações entre o Executivo e o Parlamento. O governo Lula não é o governo Bolsonaro. Portanto, as relações não se darão nas mesmas bases. É importante ter essa clareza.

Mas o sr. fala da liberação de emenda?
Uma coisa é liberar emenda. Outra coisa é entregar o orçamento, que é a relação de Bolsonaro. O Parlamento coordenava o orçamento. Paulo Guedes fazia a entrega do patrimônio público e o Parlamento liberava o orçamento. O ministro, para ter algo de orçamento, não ia ao presidente da República. Mas ao presidente da Câmara. Isso não terá.

Por qual motivo o sr. quer transferir o combate ao trabalho escravo do Ministério de Direitos Humanos para sua pasta?

O correto é estar no Ministério do Trabalho. Estão aqui as ferramentas para lidar com isso. Mas não há divergência com o ministro Silvio de Almeida sobre o que deve ser feito. Não estou fazendo guerra por isso. Com o fim do Ministério do Trabalho, isso foi para a pasta de Direitos Humanos. Foi só isso. Então, o correto é voltar para cá.

REDAÇÃO / REVISTA AMANHA
06/06/2023 10:44 | Atualizado 06/06/2023 10:45

A cada cinco famílias inadimplentes, uma afirmou que não conseguirá pagar dívidas de meses anteriores

O percentual de famílias com dívidas a vencer permaneceu inalterado em maio pelo quarto mês consecutivo, representando 78,3% das famílias no país. Mas, segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), esse índice deve voltar a crescer em julho deste ano. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) apontou ainda que, desse total, 18% dos brasileiros se consideram muito endividados, maior percentual desde agosto de 2022. O endividamento dos consumidores permanece estável desde dezembro do ano passado, especialmente por conta do encarecimento e da seletividade das concessões de crédito pelas instituições financeiras. A taxa média de juros das concessões de crédito às pessoas físicas alcançou 59,7% ao ano em abril, o maior percentual desde agosto de 2017, segundo dados do Banco Central.

“A alta dos juros tende a ter maior influência nas contas da classe média, enquanto o incremento de políticas voltadas para os benefícios sociais tem reflexo nas faixas de menor renda. Isso explica, em boa parte, os resultados da pesquisa de maio”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. A Peic também apontou estabilidade na parcela de consumidores com dívidas atrasadas em maio, que alcançou 29,1 % do total de famílias (próximo da média trimestral, que é de 29,2%). Por outro lado, entre as famílias inadimplentes, 11,8% afirmaram que não terão condições de pagar dívidas já atrasadas, o maior percentual desde outubro de 2020. “A cada cinco famílias inadimplentes, uma afirmou que não conseguirá pagar dívidas de meses anteriores. Os juros elevados dificultam o pagamento da dívida atrasada, pois pioram as despesas financeiras”, pontua Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa.

Endividamento avança na classe média
Conforme Izis, o endividamento ocorreu de maneira distinta entre as faixas de renda na passagem de abril para maio: houve queda da proporção de endividados entre os mais pobres e os mais ricos, enquanto o percentual de endividados aumentou nas faixas de rendimento médio. Na comparação anual, no entanto, o endividamento cresceu em todos os grupos. Em maio, 79,6% das famílias que ganham de três a cinco salários estavam endividadas – maior percentual entre as faixas de renda observadas – um aumento de 0,9 ponto percentual em relação a abril. Daquelas que têm rendimentos de cinco a dez salários mensais, 78% estavam endividadas em maio. O padrão se repetiu no que diz respeito à inadimplência, com aumento do indicador na classe média: o contingente de pessoas que recebem entre três e cinco salários mínimos e estão com dívidas atrasadas cresceu 1,9 ponto percentual em maio. Mas o maior percentual de inadimplência segue entre as famílias com renda de zero a três salários, atingindo 36,3% delas.

Segundo Izis, o maior alcance e aumento dos valores do Bolsa Família e a retomada das contratações formais de pessoas com menor escolaridade têm auxiliado os consumidores que recebem menos de três salários mínimos a pagar as dívidas. “São eles, também, o principal foco de renegociações e, com isso, o risco de inadimplência vem aumentando mais na classe média”, explica a economista. Izis revela ainda que o volume de consumidores com atrasos por mais de 90 dias segue a tendência de alta. Cerca de 45,7% do total de inadimplentes estão com atrasos por mais de 90 dias, maior percentual em três anos. A CNC estima que esse índice, no entanto, deve reduzir gradualmente no segundo semestre, encerrando o ano próximo a 44,5%. Mesmo com a diminuição, caso se concretize esse prognóstico, a proporção anual será a maior desde 2019.