13 de setembro de 2023  Mercado & Consumo

As empresas que investem em programas de fidelização contínuos e estruturados têm seis vezes mais interações (transacionais e relacionais) com os seus consumidores. A informação é do Panorama de Fidelização no Brasil 2023, produzido pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (Abemf), em parceria com a Tudo Sobre Incentivos (TSI).

Divulgado durante 6º Fórum Brasileiro de Fidelização, o estudo apontou que 80,9% dos entrevistados participam de programas de fidelidade, e 53,6% deles fazem parte de até três programas.

Entre as dez características de ações de fidelização que mais causam sensações positivas surgem, em empate técnico nos três primeiros lugares: obter cashback (33%), obter cupons de desconto (31,5%) e somar pontos (31,4%).

Compartilhamento de valores e ESG

A racionalidade econômica anda lado a lado com o fator emocional: 83,2% dos respondentes concordam (totalmente ou em parte) que “os programas de fidelidade dos quais sou membro melhoraram a minha experiência e jornada de compra com a marca”.

Além disso, para 82,7% dos entrevistados, o reconhecimento (receber um obrigado, badges ou tratamento diferenciado) é um item importante na relação marca-consumidor.

Além de fatores como qualidade e preço, comodidade e experiência, e ações de Loyalty, o levantamento deste ano também mostrou o anseio dos consumidores por elementos ligados ao compartilhamento de valores, como ESG (Environmental, Social and Governance), e a recompensas aspiracionais, como realização de sonhos (viagens) e crescimento pessoal (cursos).

O levantamento traz dados atualizados sobre o impacto dos programas de fidelidade e de outras iniciativas de fidelização sobre o engajamento de públicos do ponto de vista do consumo e do relacionamento marca-cliente.

ESTÚDIO JOTA   16/08/2023

Na esteira das declarações dadas pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, nesta terça-feira (15/8), reforçando que o governo busca com os bancos alternativas para diminuir os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito, entidades que defendem os interesses dos setores do comércio e de serviços se manifestaram pelo real engajamento em torno da manutenção do parcelamento de compras sem juros nessa modalidade.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por exemplo, é contrária ao fim do parcelamento sem juros. De acordo com a Entidade – que lidera empresas do comércio, serviços e turismo no estado de São Paulo –, a medida não serve como antídoto para o problema e pode prejudicar milhares de negócios, em especial os micro e pequenos. A Federação listou uma série de propostas e, entre elas, sugere um teto para o rotativo, a exemplo do que já ocorre com o cheque especial.

A preocupação da FecomercioSP é que o limite, ou o impedimento, da utilização do parcelamento sem juros cause reverberações adversas na economia. O crédito, aliado ao emprego e à renda, é um dos pilares essenciais na determinação dos padrões de consumo da população.

A Entidade ainda lembra que o instrumento desempenha papel imprescindível no desempenho econômico do varejo nacional, atuando como um propulsor das inclusões financeira e social. Além disso, a medida poderia comprometer, ao invés de melhorar, a saúde financeira dos consumidores, exacerbando a inadimplência.

O presidente do BC disse que é “preciso achar um equilíbrio”, referindo-se ao rotativo, discorrendo sobre a possibilidade de os bancos retirarem cartões de circulação caso haja limitação de juros nessa modalidade. “Por outro lado, a função do parcelado sem juros é muito importante para a economia e consumo”, pontuou durante almoço promovido pela Frente Parlamentar Mista do Empreendedorismo (FPE) e representantes do Instituto Unidos Brasil (IUB), em Brasília.

Para a FecomercioSP, a ideia pode ficar apenas no discurso e foi ostentada apenas para acalmar os ânimos do mercado. E é nessa busca de soluções compensatórias que se instala o risco de aleijar o parcelado sem juros, quando concretamente esta modalidade não é a maior responsável pela inadimplência.

Alavanca

Para o comércio, esse mecanismo não só funciona como uma alavanca do valor médio das transações como também aprimora, significativamente, a administração do estoque, já que ao oferecer a possibilidade de parcelamento, os consumidores podem adquirir outros produtos. Além disso, é importante reconhecer que o rotativo no cartão e o parcelamento sem juros são instrumentos diferentes.

No primeiro caso, os juros incidem sobre o valor da fatura quando o consumidor não paga dentro do prazo. Já no segundo, um acordo é firmado entre consumidor, lojista e administradoras de cartões para viabilizar as vendas do varejo. A mistura dos conceitos, alerta a FecomercioSP, pode gerar grandes problemas à economia caso o fato não seja levado em conta nas propostas.

Segundo a Federação, a concepção de que os exorbitantes juros do rotativo se devem ao parcelamento sem juros carece de precisão analítica. O dilema reside, pelo contrário, nas taxas astronômicas associadas ao instrumento. Essa análise se torna ainda mais evidente quando se nota a envergadura financeira que o mercado emissor de cartões de crédito representa.

Um levantamento realizado pelo banco J.P. Morgan revela que o universo dos cartões de crédito é intrinsecamente lucrativo, e os juros rotativos não desempenham papel primordial para equilibrar os custos inerentes ao parcelamento — modalidade essa que, por sinal, configura-se como um manancial de rentabilidade para os bancos.

Em 2022, o segmento emissor de cartões de crédito mobilizou impressionantes R$ 85 bilhões. Desse volume financeiro, a Tarifa de Intercâmbio (TIC) correspondeu a R$ 23,7 bilhões (representando 28%), enquanto o rotativo abarcou R$ 26,9 bilhões (equivalente a 32%) e o parcelamento onerado com juros atingiu R$ 22,3 bilhões (ou 26% do total).

Além disso, os emissores colhem benefícios advindos de outras tarifas, como as anuidades pagas pelos portadores dos cartões. Dessa forma, conclui a Entidade, é evidente que há margem para que as instituições financeiras procedam com a redução das taxas de juros no rotativo. Para enfrentar esse desafio, a FecomercioSP propõe:

  • estabelecer limites para empréstimos de acordo com a faixa de renda do consumidor;
  • promover a competição no mercado de crédito: diminuir barreiras para encorajar novos agentes a entrar no mercado;
  • fortalecer a segurança jurídica: tornar o processo de empréstimo mais transparente e ágil;
  • adotar iniciativas de educação financeira/uso consciente do crédito: conscientizar acerca dos riscos envolvidos e disponibilizar informações com linguagem acessível aos usuários — medida reconhecida como eficaz pelo próprio Banco Central.

ESTÚDIO JOTA – Brasília

 de Roberto Wajnsztok 22 de agosto de 2023  Mercado & Consumo

 

Segundo o último Webshoppers, relatório da NIQ Ebit, lançado esse mês, tivemos entre janeiro e maio de 2023 a pior série histórica de quedas de faturamento e pedidos no e-commerce brasileiro até hoje, em junho foi a menor queda do ano: – 2,1%. Será que o pior já passou? Será um ano negativo e oscilante? Será que vamos retrair ainda mais no segundo semestre?

Para entendermos melhor, precisamos nos aprofundar em alguns destaques:

  • O pior mês foi março; daí para a frente as quedas foram diminuindo sensivelmente;
  • O número de online shoppers continua crescendo; atingimos 53 milhões no primeiro semestre 2023, 6% a mais que 2022;
  • Os pure digital players e os fabricantes cresceram em participação, e os brick & click perderam bastante;
  • Sudeste, apesar de também em queda, obteve os melhores resultados entre as regiões;
  • Perfumaria e Cosméticos foi a única categoria a manter crescimento: + 6,5%;
  • Telefonia sofreu a maior queda: – 43%;
  • Nos supermercados online, a única categoria que cresceu foi Higiene, Beleza e Limpeza;
  • O uso de aplicativos para compras continua aumentando, principalmente para compras de mercado e farmácia.

Ser otimista no atual contexto do varejo brasileiro chega a ser uma decisão corajosa, pois as notícias não têm melhorado. Mas existem fatores suficientes para concluirmos que de fato o pior já passou. Longe de ser uma conclusão que fecharemos no ano positivos. A queda será bem menor que os 7,3% desse primeiro semestre de 2023. Mais importante que concluir o tamanho da queda, você, leitor, deve estar querendo saber o que vai acontecer com a(s) categoria(s) e o(s) mercado(s) em que você está inserido.

O ano promete ser bom para a tríade Higiene, Beleza, Limpeza, seja para quem só trabalha com elas, seja para quem trabalha com outras categorias, mas decidir focar mais nelas. Ano também positivo para as vendas dos marketplaces, no site ou no aplicativo. O custo do frete continua sendo um grande desafio, pois as necessidades de cortes de custos dos varejistas acabaram fazendo com que a maioria priorizasse manter frete grátis só para Sudeste, diminuindo ou até cortando o benefício nas demais regiões. Se quer bancar frete grátis, que seja o mais próximo do seu centro de distribuição, para diminuir o risco. Outro ponto: chegou a hora e a vez de os fabricantes enfim irem direto ao consumidor, com parceiros de full commerce, com marketplaces ou sozinhos. O momento nunca esteve tão favorável. A dependência do varejo nunca esteve tão baixa, e o consumidor nunca esteve tão disposto a comprar direto de quem fabrica o produto.

Resumindo, de fato há contextos bem desafiadores no e-commerce. Se você pode mover seu negócio para cenários mais favoráveis, como os apresentados acima, excelente. Se não, no médio prazo reveja custos e investimentos e otimize ao máximo sua operação, pois os tempos ainda serão densos para você e seu negócio. E não esqueça do principal: continue buscando evolução do seu negócio, pois quem estiver melhor preparado, menos será impactado. Além disso, ficar no “lugar comum” tornará você dependente de mídia ou descontos para vender, e isso é insustentável.

Roberto Wajnsztok é sócio-diretor da Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

REDAÇÃO 23/08/2023

A  CNC pontua que, ao longo do ano, todos os indicadores da pesquisa vêm demonstrando tendência de recuperação

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aumentou 1,4% no mês de agosto, considerados os efeitos sazonais, e atingiu o maior patamar desde abril de 2015, quando havia alcançado 102,9 pontos. Os resultados apontam um crescimento consistente da intenção de consumo desde janeiro de 2022, quando o índice voltou aos níveis anteriores à pandemia de Covid-19, de 99,3 pontos. Seis dos sete indicadores analisados registraram crescimento no mês, sendo que a satisfação com o nível de consumo atual e o acesso e uso do crédito foram os destaques. O CNC pontua que, ao longo do ano, todos os indicadores da pesquisa vêm demonstrando tendência de recuperação.

Ainda que os índices permaneçam abaixo dos 100 pontos, no quadrante negativo, a satisfação com o emprego atual tem fornecido maior segurança para compras a prazo. Cerca de 42,5% dos entrevistados afirmaram estar mais seguros em seus empregos, em comparação com o mesmo período do ano anterior, a maior porcentagem desde março de 2015. “Isso ocorre porque o mercado de trabalho continua registrando um aumento das contratações formais, mesmo que em menor intensidade do que no início do ano”, ressalta a economista da CNC responsável pela ICF, Izis Ferreira.

Otimismo vem da queda da inflação
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam uma inflação anual cerca de quatro vezes menor do que há um ano. “Essa queda, que vem superando as expectativas, contribuiu para aumentar a disposição dos consumidores para adquirirem bens e serviços com mais frequência”, analisa Izis. No entanto, a economista pondera que, mesmo com a desaceleração dos juros de mercado, o endividamento em níveis elevados ainda limita a capacidade de consumo e os benefícios do aumento da renda disponível. Como resultado, 40% dos consumidores disseram, em agosto, que estão comprando menos do que no mesmo período do ano passado. “Nesse contexto, as vendas no varejo enfrentam dificuldades para manter um crescimento uniforme entre os diferentes segmentos”, avalia.

A pesquisa da CNC revelou ainda que aproximadamente 30 em cada 100 consumidores (28,5%) apontaram melhor acesso ao crédito, um aumento de 1 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 4 pontos percentuais no comparativo com agosto de 2022. Isso se reflete na intenção de compra de bens duráveis, que cresceu 9,9%. Por outro lado, 36,9% dos entrevistados indicaram piora no acesso ao crédito, uma queda expressiva em relação aos 41,5% do mesmo período do ano passado. A expectativa de queda dos juros nos próximos meses e a redução da inadimplência tendem a contribuir para melhorar esse indicador.

Otávio Augusto Economia23/08/23 10:35  antagonista

Um levantamento da Genial/Quaest aponta que 56% dos entrevistados já foram para o SPC/Serasa por causa do endividamento. Desses, 51% afirmaram que não limparam os nomes.

Os dados mostram que 31% admitem ter muitas dívidas, sendo que 46% estão com muita dificuldade para pagar. Em 46% dos casos, mais da metade do salário é para pagar dívidas.

Cartão de crédito (31%); prestação de imóvel, aluguel ou financiamento (14%); e empréstimos (11%) são as principais causas do endividamento.

O cartão de crédito se mostra vilão até mesmo para aqueles com maior renda. Segundo a pesquisa, o endividamento com cartão chega a 37% das pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos; 35% entre os que ganham dois e cinco salários mínimos; e 31% para quem ganha até dois salários mínimos.

A pesquisa mediu a avaliação do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo federal. Para 70% dos entrevistados a iniciativa é positiva.

A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.029 pessoas entre 10 e 14 de agosto com 16 anos ou mais. O nível de confiança é de 95%. O levantamento foi realizado com a aplicação presencial de questionário.

Nesta semana, reportagem de capa de Crusoé destacou como a estagnação da renda leva o Brasil a um recorde de famílias que não conseguem pagar suas dívidasQuase um terço dos lares brasileiros perdeu a capacidade de honrar seus compromissos.

O governo federal busca combater os sintomas agudos dessa doença. Em julho, lançou o programa Desenrola, para permitir a renegociação de dívidas e a retirada de nomes dos cadastros de maus pagadores. Inicialmente, o programa foi liberado para pessoas com renda entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil. Mais de R$ 8 bilhões já foram renegociados e 5 milhões de pessoas limparam seus nomes.

Neste momento, dá-se um embate a respeito dos juros do cartão de crédito, hoje amplamente difundido entre todos os grupos de renda no Brasil. Quem não consegue pagar uma fatura tem duas opções: parcelar ou entrar no rotativo. Os juros no primeiro caso são altíssimos: cerca de 9% ao mês, ou 181% ao ano. No segundo caso, os juros são estratosféricos: 437,25% ao ano, na medição de junho.

NEGÓCIOS
Diferente da tensão entre Biden e Xi Jinping, no mundo da moda, a China e os EUA estão se entendendo. A varejista asiática Shein anunciou a compra de um terço do grupo Sparc Holings, dono da Forever 21.
Como vai funcionar? Basicamente, os produtos da Forever 21 vão ser vendidos na plataforma da Shein, e as peças da marca chinesa serão encontradas nas lojas físicas da Forever 21, nos EUA. 
Com isso, a Shein ganha os clientes que preferem experimentar antes de fazer a compra online. Já a Forever 21 vai exibir suas blusinhas em um aplicativo que conta com 150 milhões de usuários no mundo

Tá, mas que grupo é esse?

Ainda que o nome pareça estranho, o Sparc Holdings é uma joint venture que também é dono de marcas como Nautica, Reebok e Aéropostale. Suas vendas globais já ultrapassaram US$ 12 bilhões
Assim, ainda que a Shein some vendas de quase US$ 22 bilhões ao redor do globo, a ideia é que a experiência do grupo no varejo físico e no desenvolvimento de marcas também ajude a gigante chinesa.
Ao mesmo tempo, além da cartela de clientes, o conhecimento em e-commerce global da Shein vai oferecer ao grupo Sparc a capacidade de expandir ainda mais o crescimento de suas marcas. 
  • Inclusive, segundo os analistas, uma das razões da queda das vendas da Forever 21 foi a sua dificuldade de reagir ao avanço das vendas online. 
Bottom-line: Com exemplos de negócios parecidos no mercado de luxo, como a compra da Capri Holdings pela Tapestry, a ideia de unir concorrentes pra ganhar força está virando tendência no mercado da moda

 Por Hellen Duarte  site CNC

Um estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que as importações de produtos chineses de até US$ 50 por unidade tiveram um crescimento expressivo de 38% no decorrer deste ano, totalizando aproximadamente 1,3 bilhões de unidades. A valorização do real, aliada à alta carga de impostos internos, incentivou as importações, reduzindo a competitividade dos produtos nacionais. Diante dessa tendência, a CNC lançou a campanha “Comércio Justo”, que advoga pela isonomia tributária nas importações de bens de consumo de baixo valor.

O levantamento da CNC analisou os dados de importação de dez mil tipos de bens de consumo de 145 países, classificados pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No período de janeiro a julho de 2023, a quantidade de itens de bens de consumo importados com valor de até 50 dólares por unidade aumentou em 11,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

As remessas provenientes do Uruguai (aumento de 46,7%), China (crescimento de 38%), Vietnã (alta de 31,5%), Paraguai (21,2%) e Estados Unidos (10,8%) lideraram as encomendas. Os principais exportadores de bens de consumo de baixo valor foram China, Argentina e Paraguai, sendo responsáveis por 59% do total importado.

Os produtos que apresentaram os maiores aumentos nas quantidades importadas durante os primeiros sete meses deste ano foram lapiseiras (220%), brinquedos (195%), guarda-chuvas (172%), luminárias (111%) e camisas femininas (67%). “A conjuntura atual só reforçou a tendência de aumento da importação de produtos, especialmente de países asiáticos”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ele lembra que, nos últimos 20 anos, a importação de bens de consumo provenientes da China ao valor médio de 50 dólares cresceu 575%, contra um avanço médio de 155% nos demais países.

“A diferença na carga de impostos sobre o consumo no Brasil e no exterior foi um fator crucial para o aumento das importações de bens de consumo”, explica o economista responsável pelo estudo, Fabio Bentes. Ele ressalta a importância da isonomia tributária nesse contexto, pois a disparidade cria uma situação evidente de desigualdade competitiva para os comerciantes baseados no Brasil.

 de Luiz Alberto Marinho  3 de agosto de 2023 Mercado & Consumo

A Associação Brasileira de Shopping Centers investiu em uma ampla pesquisa para entender o comportamento dos frequentadores de shopping centers no País. Foram feitas 4.300 entrevistas em 26 estados e no Distrito Federal. O último estudo desse tipo havia sido realizado sete anos atrás. Do extenso relatório, com mais de 100 páginas, sete pontos emergiram como os mais relevantes para quem trabalha ou opera lojas em centros comerciais, na nossa visão. Vamos a eles:

1.     Paraíso da Classe B

A maioria dos usuários de shopping centers, 51% para ser mais exato, pertence à Classe B. Isso não é exatamente novo. Na pesquisa de 2016, o percentual era parecido (50%). A Classe A contribui hoje com 18% do fluxo dos shoppings, o que significa que cerca de 7 em cada 10 clientes desses locais são AB.

O cenário, porém, não é igual em toda parte. A Classe C representa nacionalmente 31% do público dos centros comerciais. No Norte, onde esse número sobe para 53%, e no Nordeste, onde fica em 41%, os shoppings tendem a ser mais populares. Não foi registrada presença significativa das classes D e E, segundo o estudo.

Esses números reforçam a ideia de que uma mesma estratégia pode funcionar bem em determinadas regiões e não tão bem em outras, dada as diferenças entre o poder aquisitivo e características do público de cada lugar.

2.     Menos visitas por mês

A frequência de ida aos shoppings não é a mesma que era sete anos atrás. Hoje, 44% dos visitantes vão a um shopping center semanalmente – em 2016, esse índice era de 63%. Outros 44% marcam presença quinzenal ou mensalmente.

Porém, tem um detalhe: 67% dos brasileiros com renda mensal superior a 15 salários-mínimos (perto de R$ 20 mil) batem ponto no mall toda semana. O percentual dos heavy users, com renda mensal entre 10 e 15 salários-mínimos (entre R$ 13 a R$ 20 mil), também fica acima da média. Os números sugerem que há relação entre a capacidade de consumo e a frequência de visita a shopping centers. Outro ponto importante: famílias com crianças vão ao shopping mais assiduamente.

Geração de fluxo recorrente, qualificado e identificado, será um dos principais desafios dos profissionais do setor. Os dados da pesquisa sinalizam, uma vez mais, que essas estratégias precisarão ser customizadas, pensando no público de cada região.

3.     Pet também faz parte da família

Nada menos do que 73% dos entrevistados possuem um animal de estimação em casa. A imensa maioria (83%) tem cães. Mas apenas 30% costumam passear com seu pet no shopping. E somente 26% dos donos de animais já usaram pet parks (locais onde os animais podem brincar soltos).

Repare no tamanho da oportunidade: entre os clientes que costumam ir ao shopping com seus pets e possuem renda mensal acima de R$ 13 mil: mais de 60% não usam pet parks ou praças de alimentação pet porque o shopping não oferece o serviço ou não comunicou devidamente a existência dele.

Se a intenção é aumentar frequência de visitas, os shoppings deveriam olhar com mais carinho para esse público, não é mesmo?

4.     Localização, localização e localização?

O povo de real estate gosta de repetir que os três fatores críticos de sucesso de um empreendimento são: localização, localização e localização. Até agora a indústria de shoppings vinha adotando esse mantra. A pesquisa que saiu do forno semana passada coloca uma pulga atrás da orelha do pessoal.

Localização continua sendo o fator principal de escolha de um shopping para 24% dos brasileiros. Vale dizer que esse número era 56%, na pesquisa de 2016. O mix de lojas segue como segundo diferencial mais relevante, com 22% de menções (em 2016 era 19%).

Mas, agora, novos atributos ganharam importância. O ambiente e a experiência proporcionada pelo centro comercial são os elementos mais valorizados por 10% das entrevistadas e as opções de lazer por 9% delas.

Tudo isso casa perfeitamente com o conceito do shopping como destino de convivência e entretenimento, onde comprar faz parte da diversão. Por isso mesmo, shopping centers podem e devem investir nessas frentes, sem moderação.

5.     Viver, comer, comprar

A pesquisa aponta que a principal motivação para ida ao shopping ainda é fazer compras – 43% dos seus frequentadores concordam com isso. O segundo motivo é lazer, citado por 31% das pessoas pesquisadas.

Em tempo: por lazer devemos entender não apenas a ida ao cinema ou parque, mas também passear, ver vitrines ou encontrar pessoas. Em terceiro aparece alimentação, com 21% de menções (na pesquisa de 2016 esse motivo recebeu 11% de respostas).

Somando lazer e alimentação, mais da metade do tráfego de um shopping é produzido por setores que há alguns anos tinham menos protagonismo no mix.

Tem mais, 74% dos brasileiros disseram que escolhem ir a um shopping porque podem aproveitar o tempo para fazer outras coisas. Que outras coisas são essas? Comer, passear e se divertir. Entendeu? Mesmo quem não vai ao shopping para passear, comer ou se divertir, escolhe o seu local favorito também pela capacidade de, além de concentrar boas lojas, proporcionar bons momentos.

6.     Food is the new fashion

A essa altura do campeonato já ficou clara a força da alimentação no mix dos shoppings, certo? Mesmo assim, vale a pena destacar que 82% dos frequentadores escolhem o shopping onde vão em função da variedade de opções de alimentação. Isso ganha ainda mais relevância porque 77% dos brasileiros costumam frequentar dois shoppings ou mais. Ter uma oferta mais ampla, pode fazer a diferença.

As operações mais procuradas são as das praças de alimentação, onde 97% das pessoas costumam comer. Porém, os restaurantes com serviço já aparecem com 81% de citações. Os restaurantes são especialmente importantes para atrair clientes de melhor poder aquisitivo. Dentre os que possuem renda mensal de 6 a 15 salários mínimos, 85% consomem em restaurantes de shoppings. Esse número sobe para 94% entre os que ganham mais de R$ 20 mil por mês.

Sorveterias e cafeterias também aparecem bem na foto, respectivamente com 89% e 75% de citações.

7.     Consumo figital

Por fim, merece destaque o fato de que 91% dos usuários de shoppings no Brasil fizeram alguma compra online nos 12 meses anteriores à pesquisa.

Impressiona a velocidade da evolução do consumo figital (integração do físico com o digital). Antes da pandemia, 21% dos clientes de shopping faziam compras exclusivamente em lojas físicas. Hoje, esse número caiu para 7%. Os que compravam das duas maneiras, porém, com maior regularidade no canal digital, somavam 19% antes da pandemia e agora representam 43% dos clientes. E nada menos do que 75% das pessoas pesquisam preços na internet antes de fechar uma compra, independentemente da faixa de idade.

Não à toa que os centros comerciais brasileiros buscam maneiras de intermediar vendas de seus lojistas nos canais digitais. Como resultado desse esforço, 43% dos clientes declaram já ter feito compras virtuais em algum shopping, via aplicativo, whatsapp, assistente virtual etc. Desses, 74% preferiram retirar o produto em uma loja e 34% usaram o serviço de delivery.

Esses resultados mostram que apoiar as vendas dos lojistas, qualquer que seja o canal, será um dos principais desafios dos shoppings no futuro próximo.

Esse completo raio X do perfil e comportamento dos usuários de shopping centers no Brasil revela um setor em franca evolução, no conceito, no mix e no modelo de negócios. E oferece, de quebra, um bom mapa para navegar nesses mares pouco explorados.

Luiz Alberto Marinho é sócio-diretor da Gouvêa Malls.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

 de Marcos Gouvêa de Souza

 7 de agosto de 2023  Mercado & Consumo

O cenário político e econômico está se desanuviando e isso parece positivo. Só que não.

Se nos conformarmos em olhar o curto e o médio prazo, uma conjugação positiva de fatores sinaliza a perspectiva de um período melhor do que foi anteriormente previsto, contrariando as expectativas geradas especialmente no setor financeiro e retratadas nas pesquisas Focus, divulgados semanalmente pelo Banco Central.

Aliás, nesse aspecto já temos um quadro que merece reflexões, pois os indicadores considerados relevantes para muitas decisões sobre taxas de juros e outras medidas no campo econômico e financeiro são fortemente balizados pelas expectativas dos agentes que atuam nesse ecossistema, sem dúvida o mais preparado para ganhar em qualquer cenário. É quase como colocar o bode para tomar conta da horta.

Seria fundamental incorporar na base de consulta da pesquisa Focus os representantes dos setores ligados à economia real, em especial o comércio, o varejo e o consumo, aqueles que encontram os consumidores todos os dias, o dia todo e que podem e devem ter uma visão distinta dos agentes e consultores financeiros. E que poderiam trazer uma perspectiva mais transversal e real do comportamento presente e futuro dos mais diversos setores econômicos.

Mas, independentemente desse importante aspecto, está quase que contratado um processo de retomada econômica com impacto positivo no varejo, no comércio e no consumo por todas as razões mencionadas em nosso artigo “Depois da tempestade vem a bonança e o vento soprando a favor do varejo neste semestre”. E muito tem a ver com a queda da inflação e a redução das taxas de juros nominais, resultado da ação direta e consciente do Banco Central.

É razão para sorrirmos e voltarmos a considerar que Deus reassumiu sua cidadania brasileira? Definitivamente não.

Muito pelo contrário.

O bom cenário positivo de curto e médio prazo não pode nos enganar e criar uma cortina de fumaça em relação às questões mais estruturais e estratégicas que envolvem o Brasil.

Muito mais precisaria ser feito para termos razões para acreditar que temos um caminho e uma proposta para o longo prazo para o País.

Ninguém pode negar que temos um País desajustado, desigual e desequilibrado em muitos aspectos. E sem um projeto consistente de longo prazo.

Temos ao mesmo tempo o que é mais atual e visionário atuando em Ilhas de excelência global, como é o caso do Pix, só como um exemplo, e outros segmentos convivendo e dependentes das benesses do Estado.

Há setores que são benchmarking global por sua maturidade e atuação, como o financeiro e o agro, e setores que perderam o bonde da história porque se acomodaram com o protecionismo que os alavancou no passado, como ocorreu em parte do setor industrial.

Assim como outros setores, como o de comércio e varejo, que têm operadores também atuando em nível para se tornarem “the best in class” e outros, porém, convivendo com o atraso e sobrevivendo por conta da informalidade.

Da mesma forma como outros segmentos do setor de serviços, cada vez mais relevante em sua participação no PIB em linha com as tendências globais, que se dividem entre empresas com relevante crescimento e protagonismo e outras em busca de alternativas.

Sem falar no crescimento de setores ligados à tecnologia e o digital, nos quais encontramos o mesmo cenário com algumas empresas que se tornam relevantes globalmente por conta de sua visão e excelência operacional, e o exuberante ambiente de inovação, transformação e disrupção em que nossas iniciativas e visão conduzem a novas fronteiras sendo desbravadas.

É um país de contrastes cada vez mais evidentes em seus múltiplos formatos, em que existe o que de melhor se faz no mundo, adequado à nossa realidade, e o atraso se impõe onde a dependência do Estado marcou a estratégia e a falta de visão.

Por tudo isso, em especial para as novas gerações com o dever de assumirem protagonismo nesses novos ciclos que se iniciam, é tempo de um chamamento ao dever de sermos mais ambiciosos. E, de forma objetiva, tudo começa com a visão do que nos propomos no campo da educação como um dos fundamentos de um projeto estratégico para a Nação.

Para reduzir as diferenças, potencializar nossos diferenciais positivos e assumirmos um compromisso com a redução das desigualdades e não nos deixarmos cativar pelo devaneio do curto prazo sem sustentação.

Não podemos e nem devemos nos iludir com as vitórias das batalhas efêmeras e precisamos nos manter mobilizados para a transformação estrutural e estratégica da Nação. Só isso deveria nos unir.

Vale a reflexão.

Nota: Esses novos e importantes elementos que impactam a transformação do varejo e do consumo também serão apresentados e debatidos com 225 palestrantes para os mais diferentes canais, categorias, formatos e modelos de negócios do varejo e do consumo no Latam Retail Show, tendo como tema central “Back to the Future”, de 19 a 21 de setembro em São Paulo. Conheça mais clicando aqui.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

CAIO LUIZ  09.08.2023   CONGRESSO EM FOCO

Em reunião da Frente Parlamentar de Comércio e Serviço (FPC) realizada nesta quarta-feira (9), o relator da reforma tributária, senador Eduardo Braga (MDB-AM), sinalizou que pretende mudar o texto enviado pela Câmara dos Deputados. Entretanto, o senador não determinou quais serão essas mudanças, pois a proposta aprovada pela Câmara ainda passa por análises para ser inteiramente compreendida pelo Senado.

O senador reforçou a necessidade de uma base ampla de tributação dos impostos sobre o consumo. Em outras palavras, Braga defendeu que haja a estipulação de uma quantidade abundante de produtos e serviços a serem tributados para viabilizar a redução das alíquotas no futuro.

Braga foi designado oficialmente como relator da proposta pelo presidente da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania, o senador Davi Alcolumbre (União-AP), com indicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nesta quarta-feira. O senador enfatizou diversas vezes a necessidade de não aumentar impostos diante da reforma porque a população “não aguenta mais pagar imposto.”

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi, disse que o relator considerou estender alíquota reduzida a produtos de higiene pessoal aos itens de higiene em geral, como água sanitária, por exemplo.

Frente do Comércio

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A reunião da FPC contou com a presença de deputados e dos senadores Carlos Portinho (PL-RJ), Rogério Marinho (PL-RN), Flávio Arns (PSB-PR) e Efraim Filho (União-PB), coordenador da FPC e líder do União Brasil no Senado. Os presidentes da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, Leandro Severin, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) e da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, também participaram do encontro.

Para a reunião, que ocorreu na sede do Instituto União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) e da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS), cópias de um documento da Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério da Fazenda intitulado “Alíquota-padrão da Tributação do Consumo de Bens e Serviços no âmbito da Reforma Tributária” foi entregue a cerca de 30 pessoas que compunham a mesa da FPC. A Fazenda estima que a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado será de 27%.

A nota da Fazenda para as alíquotas-padrão dos novos tributos sobre o valor adicionado foram criadas no âmbito da reforma da tributação do consumo (PEC 45/2019 da Câmara dos Deputados). Os novos tributos são o imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Para que a reforma fosse melhor compreendida, ela foi apresentada em três tópicos no documento:

a – Descrição das principais mudanças introduzidas pela reforma.

b – Cálculo da alíquota-padrão atual incidente sobre o consumo de bens e serviços.

c – Estimativas das alíquotas-padrão que resultarão na adoção de novo modelo tributário.

De acordo com o documento, as estimativas não correspondem a uma previsão exata sobre quais são as alíquotas-padrão do IBS e CBS, pois essas dependem de uma série de fatores que serão definidos quando houver a regulamentação da PEC 45 por meio de legislação infraconstitucional, ou seja, as alíquotas só serão conhecidas ao longo da transição para o novo sistema e serão fixados de modo a manter a carga tributária.

Estudos e pontos

Conforme o relator Eduardo Braga, os três pontos fundamentais da reforma são equilíbrio federativo, simplificação “desse manicômio tributário que nós temos no sistema tributário nacional” com carga tributária mais transparente, neutralidade de impostos para que não haja qualquer tipo de aumento tributário.

Braga explicou à frente parlamentar que, na terça-feira (8), o governo apresentou um estudo em cima do texto da reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados em que diversos cenários, com ou sem exceções tributárias acumuladas, foram analisada para prover uma noção da variação de tamanho da carga tributária projetada pelo governo. Até então, o único estudo era do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que prevê uma alíquota de 28%.

“Mas eu quero dizer que além do estudo do Ipea, além do estudo do governo, nós estamos trabalhando junto ao Tribunal de Contas da União [TCU], que já tem uma comissão designada a nosso pedido para assessorar a relatoria do Senado, trabalhando para ter um terceiro relatório feito pelos técnicos, agora baseado no estudo apresentado pelo governo”, disse Braga, que acrescentou que até então o Congresso estava em um voo em que não tinha números para dialogar com os prefeitos, governadores e o setor produtivo.

Para o presidente da FPC, senador Efraim Filho, um eixo fundamental para tratar da reforma é com os setores produtivos. O segundo eixo fundamental são os entes federativos. “Eu acho que entender os impactos principalmente no setor de comércio, serviços, indústria e agro, bem como nos municípios, nos estados e na União são uma largada importante para ir estruturando um pouco [a reforma]”.

AUTORIA

CAIO LUIZ Repórter. Jornalista, produtor de conteúdo e roteirista. Formado em 2010 na Universidade Metodista, com estudos posteriores em Ciências Sociais e narrativas audiovisuais no ABC Paulista. Passou por redações na TVT, ABCD Maior, DCI, IdeaFixa, Destak e Doc Films/CNN Brasil.

caioluiz@congressoemfoco.com.br