Redação de Redação  2 de junho de 2023

Com a aproximação do Dia dos Namorados, 61% dos consumidores já começaram a pesquisar preços e produtos disponíveis pela internet. Segundo pesquisa realizada pela YouGov, destas, 45,1% disseram que vão comprar os presentes pelos canais digitais, enquanto 26,1% vão pesquisar online e comprar nas lojas físicas. Outros 23,3% farão todo o processo no comércio tradicional.

Na média, 55,9% das pessoas preferem comprar pelo e-commerce. Entre as pessoas casadas, a porcentagem é de 57,8%. Para aqueles que estão em um relacionamento, mas não vivem juntos, o número é de 59,7%.

Presentes mais procurados

Sem muita inovação na escolha dos itens, os mais procurados para a data são roupas, calçados e bolsa: 81,7% das pessoas que costumam presentear os seus parceiros dizem que compram presentes nessa categoria. Já 77,2% dos casados e 70,9% dos que vivem com o parceiro sem serem casados ou em uma união civil também preferem esse tipo de presente.

“É claro que isso não significa necessariamente que eles também serão os mais populares para o Dia dos Namorados. Entretanto, há indícios de que as pessoas mais propensas a comemorar essa data tendem a comprar presentes dessas categorias com mais frequência do que a média”, comenta David Eastman, diretor-geral da YouGov América Latina.

MARCOS GRACIANI  REVISTA AMANHA
| Atualizado

Pesquisa de lembrança de marcas pioneira no Brasil, o Top of Mind RS tem testemunhado as mudanças de hábitos dos consumidores e suas consequências para o branding. Na opinião de André D´Angelo, titular do Blog e da coluna Sr. Consumidor em AMANHÃ, ainda está havendo uma depuração dos hábitos da pandemia. “Há aqueles que ficam ou gostaria que ficassem – trabalho e parte do lazer em casa, por exemplo – combinado com um desejo pelo retorno à vida ‘normal’: eventos fora de casa, viagens. Cinemas têm sofrido com o movimento pós-pandemia, pois as pessoas os estão trocando pelo streaming”, diagnostica. “As marcas e empresas que sobreviveram à pandemia é porque souberam se adaptar a ela. Ou seja, já fizeram um diagnóstico três anos atrás, quando ela começou, e agora ajustam o foco para o novo momento”, interpreta D´Angelo.

Nas últimas edições foi possível identificar três grandes tendências, além de movimentos de consumo que deram vantagem para algumas grifes e, em outros casos, alteraram setores (veja o box “Uma lupa no Top of Mind” ao final desta reportagem). As vertentes são: o ciclo de vida de produtos e serviços, que tem sido meteórico em algumas situações; as parceiras entre marcas e a busca por ultrapassar a relação tradicional entre empresa e cliente através de causas sociais. A tese dos produtos de ciclo de vida curto diz respeito sobre ações esporádicas capitaneadas por marcas que fazem causar surpresa aos concorrentes. Essa estratégia é catapultada por influencers digitais ou mesmo celebridades que são responsáveis por fazer um conteúdo viralizar nas redes sociais e grupos de WhatsApp. Certa vez, Juliette, a vencedora do BBB 21, apareceu usando um batom vermelho que chamava bastante atenção do público. Os usuários da web fizeram disparar no Google as pesquisas para saber qual era a marca do produto. Rapidamente descobriram que o item era o “vermelhaço”, da linha Power Stay, da Avon, cujas vendas tiveram um pico na ocasião. “As marcas devem estar sempre atentas a essas mudanças de comportamento e ondas de tendências da web para tirar proveito das situações e ajustar o ciclo de vida de seus produtos ou serviços, pois algo que pode estar saturado ou em declínio – e pode voltar ao ápice velozmente também”, aconselha Juliana Hendges, diretora da Engaje.

A Nestlé, a mais lembrada no item Chocolate do Top, é um exemplo de parceria entre marcas, segunda tendências mapeada por AMANHÃ e Engaje. A grife suíça uniu-se ao Nescafé, selecionando marcas poderosas do seu mix para criar uma linha de cappuccinos especiais. O resultado foram as criações do Nescafé Cappuccino Chocolate Dois Frades, Nescafé Cappuccino & Negresco, Nescafé Cappuccino & Moça Doce de Leite e Nescafé Cappuccino & Alpino. “As parcerias entre marcas é uma troca onde ambas saem ganhando, conquistando até mesmo um público que, não fosse essa estratégia, talvez não chegasse no produto de alguma delas. Um amante de chocolate Alpino, que não tem o hábito de tomar café, pode ficar extremamente instigado em experimentar o Cappucino de Alpino”, cita Gabriela Lucena, também diretora da Engaje.

Apoiar causas sociais de impacto é outra providência a ser tomada para uma marca ganhar envergadura com os clientes. Um levantamento do Ibope, realizado em São Paulo, mas que já reflete a tendência como um todo, aponta que 62% dos consumidores dizem estar dispostos a abrir mão de uma marca a que estão acostumados por outra que estimule melhorias no bem-estar, por meio de projetos culturais, de lazer ou de saúde gratuitos, por exemplo. E metade deles aceitariam pagar um pouco mais caro pelos produtos ou serviços de grifes envolvidas em causas importantes. Já 26% dos participantes da pesquisa afirmaram que sentem admiração por organizações que tenham esses propósitos. O Prato Fino, marca que destronou a invencibilidade do São João em Arroz, levanta bandeiras sociais. Recentemente a Pirahy Alimentos, beneficiadora do Arroz Prato Fino, lançou a campanha “Fazer o bem tem um gostinho especial”, para combater o câncer infantil. Parte do valor dos produtos Prato Fino Branco, Parboilizado e Integral vão ser destinados ao prêmio criado em parceria com o Instituto do Câncer Infantil, que vai distribuir R$ 1 milhão para instituições em todo Brasil. As embalagens do produto também defendem causas como essa.

Outra referência é o AppJusto, delivery de impacto social que carrega um grande propósito juntando os interesses de todas as pontas envolvidas com o aplicativo. O serviço tem duas taxas: enquanto uma é paga pelo usuário para o AppJusto, a outra é paga de forma conjunta, pelo usuário e pelo restaurante, para o entregador. O valor dessa segunda taxa, contudo, é definido coletivamente pelos integrantes das frotas, impedindo que a competição diminua a remuneração e precarize o trabalho dos entregadores. “O AppJusto é único justamente por ser um objeto tecnológico que entende não estar resolvendo um problema tecnológico, mas um problema social, desdobramento de um olhar complexo sobre a tecnologia e o impacto das ferramentas”, destaca Juliana. Iniciativas como essas demonstram que os valores das empresas estão alinhados com a expectativa do consumidor em fazer o bem.

“A Renner entendeu como funciona o universo digital e as melhores formas de estar inserida nele”, avalia Prange

Onde o seu público está
As lojas de departamento em geral, e a Renner em particular, são uma referência tanto no bom uso da defesa de importantes temas sociais, como na atuação da marca em diferentes redes sociais e plataformas. Essas são algumas das conclusões de vários estudos pela Zeeng, startup que monitora a repercussão e a reputação de empresas no ambiente digital. A Zeeng criou um score que consolida a performance das marcas em relação ao mercado competidor em uma única nota, que é gerada através de mais de 60 indicadores de redes sociais, conteúdos noticiosos e web analytics. Entre as dez grifes de moda com o melhor desempenho, a atual líder é Lojas Renner, com 8,56 pontos. “A Renner entendeu como funciona o universo digital e as melhores formas de estar inserida nele. A marca tem uma capacidade incrível de entender movimentos e adaptar-se aos novos canais que surgiram com a linguagem e formato apropriados para aquele meio”, analisa Eduardo Prange, CEO e fundador da Zeeng.

Em outra pesquisa feita pela Zeeng foi possível captar o envolvimento genuíno da Lojas Renner com o tema de sustentabilidade. A consultoria queria entender como as redes sociais das empresas do setor de moda, vestuário e acessórios do mercado brasileiro comunicam suas ações nesse campo. A rede gaúcha teve boa performance especialmente no Facebook, Twitter e YouTube. De modo geral, as grifes reforçaram as características de suas roupas que ajudam a cuidar do meio ambiente, como tingimentos naturais e orgânicos, ou até mesmo não tingidos. Por causa da campanha Selo Re, da Renner, a marca comunicou sua sustentabilidade de maneira resumida e direta, o que ajuda na criação das descrições de seus produtos e publicidades em geral, pois poupa espaço. Além das redes sociais tradicionais, a varejista também tem usado o Metaverso como um laboratório de testes. Como demonstra a Renner, não basta estar “em todo o lugar ao mesmo tempo” sem levar em conta uma bem azeitada estratégia de marketing. “Ela não deve priorizar estar em todo o lugar, mas, sim, estar em todo o lugar onde o público de interesse dela está”, ensina Prange. Para CEO da Zeeng, a presença é definida, nesse caso, pela demanda dos consumidores. A pandemia da Covid-19 foi responsável pela imersão das pessoas no meio digital transformando várias cadeias de negócio por meio da tecnologia e, de quebra, aumentando o grau de competitividade entre as marcas. “Qualquer fornecedor hoje está a um clique e ficou muito mais complexo do que antes competir pela atenção do consumidor, seja ele um cliente comum ou mesmo na relação B2B, entre empresas”, garante Prange.

O diagnóstico é compartilhado pela Engaje, empresa contratada por AMANHÃ para realizar a pesquisa Top of Mind no Rio Grande do Sul. No entendimento de Juliana e Gabriela, o fato de as pessoas terem se tornado mais ansiosas no pós-pandemia faz esse cenário ainda mais desafiador para todas as marcas. De acordo com o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. Cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade. Em seguida, aparecem o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%) e Nova Zelândia (7,3%). O uso excessivo de smartphones é uma das explicações. Um estudo do Canadian Journal of Psychiatry comprovou que, quanto maior o uso de telas, maior o nível de ansiedade. Um relatório da empresa de análise de mercado digital App Annie revelou que o Brasil lidera o pódio dos países com pessoas que mais passam tempo conectadas. O brasileiro passa, em média, quase cinco horas e meia por dia diante de seus aparelhos.

Por essa razão, marcas que destaquem em suas campanhas o autocuidado podem ganhar vantagem com os consumidores. A Água da Pedra, campeã em sua categoria no Top of Mind RS, tem procurado disseminar essa mensagem de bem-estar em suas peças publicitárias e, também, através de campanhas sociais. Em outubro do ano passado, a Água da Pedra, em parceria com o Instituto Camaleão, associação que presta assistência a pessoas com câncer, e com a startup especializada em coleta de resíduos Trashin, espalhou coletores de garrafas PET e tampinhas por pontos estratégicos de Porto Alegre. O valor arrecadado com a venda para reciclagem integra um esforço de compra de ecografias mamárias, ajudando a ampliar a oferta do SUS. A iniciativa resultou na compra de 452 ecografias mamárias em clínicas particulares parceiras, que vão ajudar a reduzir a fila de espera pelo exame na rede pública de saúde da capital gaúcha. Ao todo, foram arrecadados aproximadamente R$ 46 mil, frutos de doações de pessoas físicas, vendas de resíduos recicláveis e aporte da empresa de bebidas. Durante a campanha realizada pelas marcas envolvidas, dez coletores de resíduos ficaram expostos em locais estratégicos da capital, como o Instituto Caldeira e a Orla do Guaíba. Todo o resíduo recolhido foi vendido por meio da Trashin. Após essa etapa, foram mapeadas clínicas e providenciada as compras das ecografias, que começaram a ser realizadas em março, mês dedicado às mulheres. “São muitos anos de campanha pelo Outubro Rosa, disseminando informações e fortalecendo a autoestima das mulheres que enfrentam a doença. Nesta última edição, conseguimos contribuir efetivamente com a saúde pública, unindo ações voltadas a sustentabilidade, o que faz parte do propósito da empresa”, salienta Aline Eggers, diretora-presidente da Fruki Bebidas.

Dois movimentos importantes também devem ser levados em consideração na relação das empresas com as pessoas. Um deles é que os consumidores desejam ter contato com as marcas de forma híbrida – ou seja, encontrá-las nos diversos ambientes online, mas também por meio físico. A outra é que experiência não só ganhou relevância, mas agora faz parte da jornada de compra. Quem sintetiza esses dois fatores muito bem é a influencer Virgínia Fonseca. Com seu mais de 40 milhões de seguidores, ela construiu sua marca própria totalmente no ambiente digital, atingindo milhões de faturamento em tempo recorde. Sempre dando voz a seus seguidores, ela começou a abrir quiosques físicos de sua grife, a WePink. Em uma live de 12 horas, Virgínia chega a embolsar R$ 15 milhões em vendas. Ela também causa alvoroço ao marcar presença física na inauguração de seus estabelecimentos.

Ainda que o Top of Mind RS tenha antecipado muitas tendências, principalmente aquelas nascidas com a pandemia, saiba que que os hábitos seguirão mudando por algum tempo. “Creio ser necessário mais um ano ou dois para vermos uma acomodação das coisas e saber ao certo qual será a preferência do consumidor e quão novo será o seu comportamento daí em diante. Por enquanto, seguimos todos muito impactados pelos dois anos de restrição”, avalia D´Ângelo. E o Top of Mind também testemunhará essa história.

Uma lupa no Top of Mind
O que as estatísticas revelam sobre tendências em algumas categorias da pesquisa de marcas mais tradicional do país

Opções não faltam
Um olhar atento na categoria Leite revela que tanto produtos mais caros, como os mais baratos, dividem a memória dos consumidores. Ainda que Piá siga na liderança com 28,4%, seguido por Elegê (23,8%), Dália e Ninho deram um grande salto. Dália avançou 17,6 pontos percentuais e Ninho 9,3 pontos percentuais. A elevação do preço do leite foi a principal causa para tamanho embate. Em 12 meses, a bebida aumentou 22,1%, enquanto a inflação não passou de 5,8% no mesmo período. “Isso fez com que as pessoas experimentassem outras variedades do produto, pois passaram a procurar preços mais acessíveis. Assim, puderam citar um número maior de marcas deixando a categoria mais pulverizada”, explica Juliana Hendges, diretora da Engaje. “Fases como essa costumam favorecer marcas de entrada ou de value-for-money, no qual a talvez a Dália se enquadre e, muitas vezes, reforçar as top de linha, como a Ninho, pois produtos alimentícios de melhor qualidade se tornam um dos poucos luxos aos quais as pessoas se permitem em momentos de crise”, corrobora André D´Ângelo, colunista de AMANHÃ. Pela mesma razão a Adria, em Massas, saltou de 3,7% para 17,8% – ainda muito distante da líder Isabela (32,4% das citações). “Adria é uma marca tradicional, conhecida, mas pouco intensiva em publicidade, até onde sei. Ao ser reencontrada na gôndola, torna-se uma opção segura para o consumidor que eventualmente queira pagar menos e, ao mesmo tempo, não quer arriscar em matéria de qualidade”, avalia D´Ângelo.

Atenção Redobrada
De um modo geral o Top of Mind RS revela que tem havido uma queda nas menções das empresas preocupadas com o meio ambiente. No entanto, não é por pura e simples amnésia, e sim uma questão de princípios. “Os consumidores, em especial os jovens, estão cada vez mais preocupadas com causas sustentáveis. Isso torna o público cada vez mais exigente com as marcas e as ações delas nesse âmbito. Empresas que apenas levantam bandeiras sustentáveis, mas que na prática não fazem nada, não conseguem mais enganar o consumidor que está cada vez mais atento exigente”, alerta Gabriela Lucena, diretora da Engaje.

Efeito Residual
A Copa do Mundo, realizada em dezembro no Catar, ajudou a impulsionar os canais esportivos digitais. O narrador Paulo Brito que o diga. Atuante no YouTube com o seu Feito TV, programa que pega carona no seu bordão mais famoso, o profissional viu sua lembrança saltar de 5% para 24,6% no item Comunicador Local de TV. “O efeito residual da presença dele nas transmissões da RBS TV que pode durar anos, pois não se apaga isso de uma hora para outra. O Lasier Martins, quando senador, ainda era citado no Top of Mind. Não duvido que o Celestino Valenzuela, mesmo aposentado, tenha aparecido nas primeiras vezes que em essa categoria surgiu”, analisa D´Ângelo, lembrando ainda que Brito atuou em TV aberta por muitas décadas.

Nas ondas dos Podcasts
As emissoras de rádio de notícias têm experimentado uma diminuição de citações das principais marcas. A principal razão é que as mídias tradicionais estão perdendo muito espaço com a avalanche de canais e plataformas de streaming. E mais recentemente surgiu um concorrente parecido com as rádios: os podcasts. “Eles podem ser tanto de variedades quanto de hard news de veículos tradicionais. Fora que notícias podem ser lidas com um ritmo de atualização tão ou mais veloz que no rádio nos portais e feeds”, aponta D´Ângelo.

Sempre Coca-Cola
A poderosa marca de refrigerantes tem feito respingar nas marcas-irmãs sua força. Foi o que aconteceu com a Crystal, em Água Mineral, que saltou de 3,2% para 16,8% posicionando-a em segundo lugar, ainda 8,4 pontos percentuais atrás da Água da Pedra. “Com o final de ano e o verão, aumentam consideravelmente as festas, shows e festivais onde a Coca-Cola é a principal patrocinadora e muitas vezes a água disponível nesses eventos é a Crystal”, explica Gabriela, da Engaje. “A Crystal também é uma marca que tem mostrado que não levanta só a bandeira da sustentabilidade, mas de fato lidera ações, a começar com suas garrafas de pet reciclado”, completa.

Esta reportagem faz parte do caderno Top of Mind RS 2023 (clique aqui para acessar a publicação na íntegra, mediante pequeno cadastro). Veja como foi a cerimônia de premiação das marcas mais lembradas pelos gaúchos no canal do YouTube do Grupo AMANHÃ (clique aqui).

Da Agência Senado | 24/04/2023, 14h06

A Lei 14.554, de 2023, foi sancionada pelo Poder Executivo; um dos objetivos do Pronampe é preservação dos postos de trabalho em número igual ou superior ao que existia quando da contratação da linha de crédito
Gov. Espírito Santo

 

(Proposições legislativas MPV 1139/2022 )

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei 14.554, que aumentou de 4 para 6 anos o prazo de pagamento dos empréstimos do Pronampe, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (MPEs). A nova lei também estabelece uma carência de 12 meses para o início destes pagamentos das MPEs.

O dinheiro dos empréstimos no âmbito do Pronampe pode ser usado para investimentos, como a compra de equipamentos e a realização de reformas; para despesas operacionais, como o pagamento de salários dos funcionários, o pagamento de contas e a compra de mercadorias. É proibido o uso dos empréstimos visando a distribuição de lucros.

A nova regulamentação do Pronampe é fruto da MP 1.139/2022. Essa MP foi aprovada no final de março no Senado, quando a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) foi a relatora.

— Sua edição auxilia a preservação das empresas afetadas pelas medidas de combate à covid-19; preserva empregos; reduz a demanda de amparo por trabalhadores desempregados; e corrige tempestivamente distorções nos critérios de distribuição dos recursos e no socorro às empresas endividadas no âmbito do Pronampe — disse Zenaide durante a aprovação da MP no final de março de 2022.

As micros e pequenas empresas são hoje 99% das 20 milhões de empresas do país, segundo o Mapa das Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que é atualizado quadrimestralmente. Elas são responsáveis por 62% da mão-de-obra empregada e 27% do Produto Interno Bruto (PIB).

Juros

Na votação da MP 1.139/2022, os parlamentares mantiveram o limite máximo das taxas de juros aplicadas atualmente, de taxa Selic mais 6% ao ano para os contratos firmados a partir de 2021. Mas a taxa máxima aplicável será fixada por ato do secretário de Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, órgão que é subordinado ao Ministério do Desenvolvimento.

Será estendido de 5 para 6 anos o prazo de pagamento nos casos em que a empresa contratante tenha sido reconhecida pelo governo com o Selo Emprega + Mulher.

Empregos

Um dos objetivos do Pronampe é a preservação dos postos de trabalho em número igual ou superior ao que existia no último dia do ano anterior ao da contratação da linha de crédito. Os empregos devem ser mantidos entre a data da contratação e o 60º dia após o recebimento da última parcela da linha de crédito. A Lei 14.554 determina que as empresas deverão manter por igual prazo o quantitativo de empregados registrados no último dia do ano anterior ao da prorrogação.

A Lei 14.554 também torna permanente o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito na modalidade garantia (Peac-FGI), cuja vigência acabaria em 31 de dezembro de 2023. Ainda pelo Peac-FGI, o prazo de pagamento dos empréstimos passa de 5 para 6 anos. Já a carência máxima passa de 12 para 18 meses.

Fundos constitucionais

A nova lei também reabre, por mais um ano, o prazo para as empresas pedirem a renegociação de empréstimos no âmbito dos fundos constitucionais do Nordeste (FNE), Centro-Oeste (FCO) e Norte (FNO). 

A Lei 14.554 também trata da taxa de remuneração do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A lei estabelece a volta da Taxa Referencial (TR) na remuneração dos recursos do fundo usados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A TR, que acumulou 1,78% nos últimos 12 meses, será usada para remunerar tanto os empréstimos reembolsáveis quanto os não-reembolsáveis tocados pela Finep. Até então era usada a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que está em 7,37% ao ano.

— Na prática, o FNDCT estava inviável com a TJLP. Era melhor ir ao banco comum e pedir empréstimo. Isso muda significativamente agora — destacou o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) quando a MP 1139/2022 foi votada no Senado.

Fonte: Agência Senado

Reflexões de um líder: afinal, o que faz sentido para o seu negócio e para o seu cliente no processo de busca, compra e consumo? (Reprodução/Reprodução)

Felipe Mendes, colunista  EXAME

Publicado em 10 de abril de 2023 às, 13h01. Última atualização em 11 de abril de 2023 às, 13h28.

Algo que observo nas interações com colegas líderes de empresas é que nem sempre todos eles têm tempo para organizar o pensamento sobre as principais tendências do mundo, no ponto de vista dos consumidores. 

A quantidade de informação às quais executivos são expostos é tamanha que a priorização é uma questão de “sobrevivência” mental. Mas ela normalmente é feita por influência do momento em que a empresa está vivendo ou mesmo por algum fato que executivos tenham mais interesse ou receio.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Pensando nisso, organizei uma lista de elementos que acredito merecer alguma reflexão, seja para a construção de ações concretas, seja para que simplesmente entrem em sua matriz de riscos e oportunidades para os próximos anos. 

1. A inspiração do Smart Power

Vivemos a era das narrativas e isso confunde o brasileiro “médio”. A batalha econômica Estados Unidos e China, a encruzilhada de crescimento europeu, o papel da Rússia e, especialmente, a influência crescente da Índia no mundo, assim como o crescimento da voz árabe em questões inovadoras chegam por meio de notícias que vão construindo uma nova visão de mundo menos ocidentalizada. Como isso impactará o consumo das marcas e dos seus produtos?

2. Desafios de um mundo sustentável

É claro que todos buscamos o mesmo: um planeta sustentável. E não apenas do ponto de vista ambiental, mas também social e das relações de governança. No entanto, cada vez mais nos damos conta que a transição energética irá pesar no bolso de cada um de nós e será mais lenta que o previsto.

Cada dia vemos que algumas certezas que tínhamos são questionáveis, como por exemplo a questão dos carros elétricos versus carros movidos a etanol. A reciclagem dá vez à circularidade, isso é, usar o mesmo produto por mais tempo.

E, crescendo a velocidades quânticas, está a questão da proteção e governança de dados pessoais, bem como as barreiras e escolhas éticas necessárias para a aplicação da Inteligência Artificial, aí incluída a inteligência generativa como GPT 4, DALL-E, etc

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

3. Valores pessoais em transformação

A pandemia e a crise econômica global afetaram nosso pensamento do mundo. Se até 2020 a visão era que todos precisamos apoiar uns aos outros, o medo gerado pela saúde em risco, o desemprego e o retorno da inflação, levou a um pensamento mais centrado na família e nas suas necessidades.

As discussões perderam altura e deixaram a sociedade mais pragmática, como forma de responder às externalidades negativas. Temos uma geração jovem menos sonhadora e  mais racional, e esse grupo irá dominar o consumo dos próximos anos.

Em paralelo, temos mulheres e homens de 50 anos que terão carreiras mais longevas, com mais saúde e, por consequência, mais poder de escolha por pelo menos duas ou três décadas. Em que geração eu aposto o desenvolvimento do meu negócio? Que dificuldades e oportunidades surgem do pragmatismo?

4. Um mundo totalmente digital

O Brasil se digitalizou através do acesso à internet de qualidade em todas as regiões, idades e classes sociais. Além disso, aprendemos a pesquisar de tudo na rede, porém o fazemos cada vez menos nos mecanismos clássicos de busca e cada vez mais nos sites de varejo, das marcas ou nas mídias sociais.

Encontramos diversão no mundo digital, mas, paradoxalmente, isso tem levado ao crescimento de uma nostalgia analógica em jogos e outras atividades lúdicas, inclusive a leitura. Fica muito difícil definir o que é físico ou digital, já que quase toda a atividade de consumo passa por ambos os mundos, em algum momento.

Ter um app basta? Ou é preciso criar um metaverso, quando nem a Meta mais investirá nisso? Devo apostar na realidade virtual, artificial ou aumentada? O que faz sentido para o meu negócio, para a minha/meu cliente, em seu processo de busca, compra e consumo?

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

5. A reinvenção do trabalho

Com o home office, o trabalho passou a ser algo que você faz e não um lugar aonde você vai todos os dias. Isso ressignificou o trabalho, tornando-o mais portátil e monetizável. Aquilo que você sabe fazer bem, pode ocupá-lo em uma empresa formal durante o dia, e vendê-lo a outra empresa no fim de semana. Ou pode ainda realizar uma outra atividade, que te dá prazer mas (ainda) não paga as suas contas, e vendê-la através de sites como GetNinjas, Elo7 e outros.

Finalmente, com a chegada do GPT 4, há novas profissões que irão desaparecer e outras que não precisarão de profissionais sem experiência. Como aproveitar esses profissionais em sua empresa? Qual o nível de desenvolvimento constante seus funcionários irão demandar?

Como você já percebeu, esses cinco elementos afetam os negócios de maneira distinta, portanto convido que separe 20 minutos, assim que terminar de ler o texto, para imaginar como cada um deles pode impactar a sua empresa.

Escreva uma lista curta para cada elemento e envie à sua diretoria, para que juntos definam quais delas merecem uma discussão na próxima reunião de board.

 

Felipe Mendes

ColunistaFelipe é membro do YPO, e atua em Conselhos de Empresas e associações, além de ser palestrante em eventos de tecnologia, varejo e comércio Eletrônico e investidor de startups nesses segmentos.

Por Cristiane Barbieri

Atualização: 

Reestruturador de empresas renomado, João Pinheiro Nogueira Batista assumiu o comando das Lojas Marisa há pouco mais de um mês, com a rede varejista enfrentando um de seus piores momentos. Afetada pela pandemia e com problemas de gestão, a empresa já tinha dificuldade em gerar caixa quando a crise deflagrada pelo calote das Americanas fechou totalmente o mercado de crédito ao setor, que já vinha sofrendo com os juros altos.

Para piorar, as importações feitas por meio das plataformas chinesas alcançaram um patamar insustentável: a Shein, por exemplo, que em 2019 não aparecia entre as maiores concorrentes do setor de vestuário, atingiu 16,1% dois anos depois, segundo o IDV. A Marisa despencou de 7,9% para 4,1% – e todas as concorrentes locais a acompanharam ladeira abaixo.

“Se economia estivesse melhor e sem esse contrabando todo, talvez eu não tivesse de fechar 90 lojas”, diz Nogueira Batista, referindo-se ao plano de recuperação que tem de executar. “É um processo extremamente doloroso, já que cada loja emprega, em média, 20 pessoas. Um período dificílimo para todos.”

João Pinheiro Nogueira Batista assumiu o comando das Lojas Marisa no momento em que a rede varejista enfrenta uma de suas piores crises

Nogueira Batista recebeu o Estadão/Broadcast na tarde de quinta-feira, 20, na sede da Marisa, que ocupa uma antiga e grande fábrica de pregos dos anos 1940 no bairro da Barra Funda, na capital paulista, com um interior moderno, aberto e com clima do coworking.

O encontro aconteceu logo após a conversa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com 20 empresários do setor, entre eles, Luiza Helena Trajano, do Magalu, Sergio Zimerman, da Petz e o próprio Nogueira Batista.

“O ministro está firme na intenção de fazer com que os marketplaces (shoppings virtuais) que queiram operar no Brasil façam uma adesão ao programa de conformidade e respeitem a legislação brasileira, como a Amazon”, afirma. “Mas ele não sabia os detalhes do contrabando organizado que vem sendo praticado.”

Nogueira Batista referia-se ao fato de os empresários terem apresentado a Haddad um trabalho detalhado do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que fez compras e constatou inúmeras ilegalidades das plataformas estrangeiras. Numa compra feita com produtos que já estavam no Brasil (a chamada cross-border com pedidos nacionais), os itens vendidos não recolhiam impostos, os pacotes feitos com sacos pretos não tinham identificação dos sete diferentes vendedores e nos quais havia declarações explícitas de que não eram contribuintes por não realizarem vendas com intuito comercial, apesar de a empresa ter CNPJ, inscrição estadual e loja física.

Num pedido internacional, o quadro era pior. Além de não haver qualquer menção a impostos (que se tornam responsabilidade do consumidor), não é cobrado o IOF (imposto sobre operações financeiras) internacional de 6,38% sobre a compra com cartão de crédito e os produtos são expedidos com valor subfaturado (no caso que exemplificou o estudo do IDV, o item de US$ 71 foi declarado por US$ 41).

Além disso, o remetente era uma pessoa física chamada Tong Fang e não uma empresa, já que a isenção de impostos é permitida apenas na transação entre pessoas físicas e em valor de até US$ 50. O pedido também é transportado em aviões dedicados e as embalagens são descaracterizadas, sem referência à plataforma chinesa, com valor declarado inferior a US$ 50, para ser liberado pela Receita Federal sem recolhimento de tributos.

Técnicos do IDV constataram que alguns detalhes tornam a situação ainda mais grave. Há posts, vídeos e contratação de influenciadores digitais que ensinam o comprador brasileiro a burlar a fiscalização e fugir da tributação, como “Foi taxado? Entenda a regra do imposto e saiba pedir reembolso” ou “Como revender produtos adquiridos sem nota fiscal”. Também foi identificada a prática de frete subsidiado pelo governo chinês, bem como a venda de produtos sem qualquer controle de agências reguladoras, como as companhias brasileiras estão submetidas. Além do uso de imagens e fotos de empresas nacionais para exposição de produtos nas plataformas.

O básico e sabido, a venda de produtos piratas, é elogiada pelos consumidores brasileiros. O IDV identificou camisas Nike do PSG vendidas por preço 81% menor do que o do site oficial da marca e boneca LOL 61% mais barata do que na Ri Happy, entre outros itens. Todos com elogios à impressão de serem “quase perfeitos aos originais”. Resultado: as importações de pequeno valor cresceram 74% ao ano entre 2018 e 2022, segundo o Banco Central. Foram quase R$ 70 bilhões só no ano passado.

“O brasileiro precisa entender que, quanto mais ele compra nesses mecanismos ilegais, mais força a empresa que está na formalidade a demitir”, diz Nogueira Batista.

Só o setor de vestuário emprega mais de 775 mil funcionários, com uma cadeia de 3,8 mil fornecedores diretos. Se a Marisa vende menos (por causa dos marketplaces chineses), são quase 4 mil empresas no Brasil que vendem menos

– João Pinheiro Nogueira Batista, CEO das Lojas Marisa

Em relação aos pequenos empreendedores que atuam na informalidade – e que foram um dos motivos para a volta atrás em relação à decisão de taxar todas as compras feitas no exterior -, Nogueira Batista é categórico: é um ato ilegal de concorrência desleal. “Não se pode basear um negócio num mecanismo ilegal”, afirma.

Agora, a intenção é correr contra o tempo junto aos técnicos da Fazenda. “A ideia é que em semanas, no máximo dois meses, esse sistema eletrônico esteja funcionando”, diz ele. “Não pode demorar muito.” O plano de recuperação da Marisa é baseado, entre outras coisas, na redução das importações ilegais.

Já sobre o anúncio da Shein, de que produzirá no Brasil e gerará 100 mil empregos em parcerias com 2 mil indústrias nacionais, Nogueira Batista não vê problemas. “Pode concorrer, desde que pague imposto”, afirma. “Concorro com a C&A, com a Riachuelo, com todo mundo, mas todo mundo paga imposto. Que vença o melhor. Faz parte do jogo. Só não pode ser nessa base que é hoje.”

Fonte: https://www.estadao.com.br/economia/contrabando-fechar-lojas-ceo-marisa

Luiz Alberto Marinho de Luiz Alberto Marinho  9 de março de 2023 Mercado & Consumo

 

 

O que têm em comum a Terra do Nunca, Atlântida, Lilipute, Macondo, Pasárgada, Shangri-La e o Sítio do Pica-Pau Amarelo? Bem, esses lugares não existem, a não ser na imaginação de adultos e crianças de todo o mundo. Mas estão minuciosamente descritos no delicioso livro “Dicionário de Lugares Imaginários”, dos italianos Alberto Manguel e Gianni Guadalupi.

A maior parte destes lugares imaginários foi idealizada, segundo Manguel, “para satisfazer os viajantes enfastiados com a realidade”. É o meu caso. Mas não me limito ao mundo da fantasia. Pode parecer estranho, mas alguns cafés, livrarias, revistarias, lojas, restaurantes, funcionam para mim como lugares imaginários. Durante instantes, ou mesmo horas, me desligo da vida real e experimento uma vida sonhada, sozinho ou na companhia de pessoas queridas, para aliviar o estresse. A maioria dos lugares imaginários descritos no livro de Manguel e Guadalupi fica em ilhas. Faz sentido. Em nossos sonhos mais loucos, buscamos ilhas de felicidade, cercadas de caos por todos os lados.

Você deve estar se perguntando: o que shopping centers têm a ver com tudo isso?

Já faz tempo que os shoppings não são simplesmente centros de compras. Somente 37% dos frequentadores, em média, vão a esses locais especificamente para comprar. O que buscam por lá, então? Fácil. São pessoas à procura de momentos de prazer, apartados da realidade, das notícias angustiantes, das pressões cotidianas. Se souberem abraçar sua verdadeira vocação, que é construir ilhas de felicidade, cercadas de caos por todos os lados, os shopping centers podem até ampliar sua importância nas nossas vidas.

O bacana é que já tem gente grande apostando nessa ideia. A Ancar Ivanhoe, uma das maiores e mais importantes empresas de shoppings do País, é um exemplo. Exatamente um mês atrás, o Natal Shopping inaugurou o Alpendre, uma área de 2.200 m², localizada na entrada do empreendimento, onde, ao redor de jabuticabeiras, distribuem-se doze operações gastronômicas, dois palcos para pocket shows, brinquedos para as

Mas o Alpendre não é uma ideia isolada. Ele faz parte de uma estratégia muito bem pensada. Hoje a Ancar conta com outros espaços que vão na mesma direção: o Quintal do Ban, no Parque das Bandeiras, em Campinas, o Jardim Urbano, no Conjunto Nacional de Brasília, o Terraço Botafogo, no Rio, e o Terraço do Pan, no Pantanal, em Cuiabá.

 

E não vai parar por aí. Ainda no primeiro semestre abre mais um, o Quintal do Jóquei, em Fortaleza, ocupando 5 mil m² em terreno ao lado do North Shopping Jóquei. Até dezembro o North Shopping Fortaleza também ganha um quintal, assim como o Shopping Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A ideia da Ancar Ivanhoe é contar com um lugar desses em cada um dos seus empreendimentos.

Você com certeza reparou nos nomes, não? Quintal, jardim, alpendre, terraço, varanda. Não é por acaso. “Nosso intuito é proporcionar experiências, conexões e construir memórias afetivas. Pensando nisso, começamos a desenvolver áreas que remetessem à extensão da casa das pessoas”, disse Evandro Ferrer, CEO da Ancar Ivanhoe. O embrião de tudo isso, segundo o Evandro, foi a Rua do Rio, no Nova América, que tornou-se sucesso e referência para outros projetos quando trouxe, 20 anos atrás, o clima da rua para dentro do ambiente seguro e organizado do shopping.

Além de atender ao anseio dos clientes, o projeto, chamado internamente na Ancar Ivanhoe de “espaços proprietários”, também tem potencial para elevar as receitas dos shoppings. No Pantanal Shopping, onde um restaurante do Madero deu lugar ao Terraço do Pan, a soma do aluguel pago pelas várias operações do novo espaço superou o que era arrecadado do antigo locatário. “Essa estratégia pode ser essencial para cobrir os espaços eventualmente deixados por operadores grandes, que estão enfrentando dificuldades e podem sair”, observou Evandro, que não deu nomes aos bois, mas evidentemente está com as barbas de molho diante das crises enfrentadas por Americanas, Marisa, Tok&Stok, Amaro e outras mais.

Os eventos que acontecem nos quintais, terraços, jardins e alpendres da Ancar Ivanhoe geram ainda oportunidades para ativação de vendas nas demais lojas e ajudam a alimentar a base de clientes e a quantidade de downloads do aplicativo da companhia. “Pensar em como aumentar a base de clientes em cada ação do shopping aqui é premissa básica”, garantiu Evandro.

Assim como a Ancar Ivanhoe, há mais empresas perseguindo o mesmo objetivo, que é a construção da ideia de lugar, associado a momentos escapistas. Todas elas entenderam que vai se consolidando, aos poucos, o conceito do novo shopping. Ele é formado não apenas por um tenant mix adequado aos novos tempos, mas também por espaços semelhantes àqueles para os quais fugimos quando mergulhamos em uma boa história. São a reprodução, no mundo físico, de lugares que pertencem ao nosso imaginário, mas que podem ser experimentados, mesmo que por algumas horas, na vida real

Luiz Alberto Marinho é sócio-diretor da Gouvêa Malls.

Por João Scheller

24/02/2023 | ESTADAO

Representantes do setor estimam que evasão fiscal devido à presença de sites estrangeiros no País pode chegar a R$ 14 bilhões anuais; empresas estrangeiras afirmam cumprir a legislação brasileira

Entidades do setor varejista têm pressionado o governo federal e o Congresso na tentativa de melhorar a competição com e-commerces estrangeiros que passaram a atuar no mercado de vendas online no Brasil. Empresas nacionais vêm se sentindo prejudicadas por sites como SheinShopee AliExpress, alegando que eles não pagam tributos e tampouco respeitam regulamentações de segurança e antipirataria no País.

A estimativa de representantes do setor é que a evasão fiscal por conta desse cenário gire em torno de R$ 14 bilhões anuais. Com o aumento das vendas, a situação vem piorando, dizem as entidades. Questionadas sobre a cobrança de tributos, porém, a AliExpress, a Shopee e a Shein afirmam que atuam conforme as regras e os regulamentos estipulados pela lei brasileira.

De acordo com as varejistas brasileiras, o problema ocorre, principalmente, por causa do atual esquema de tributação na importação de produtos. Compras internacionais entre pessoas físicas são isentas de taxas até o valor de US$ 50. Muitas vezes, vendas em plataformas estrangeiras são consideradas transações deste tipo.

“Nas operações B to C (business to consumer), onde você tem uma pessoa jurídica de um lado, no caso, as plataformas internacionais, e os consumidores brasileiros do outro, não é legal este tipo de operação”, defende Edmundo Lima, porta-voz da Associação Brasileira de Varejo Têxtil (Abvtex).

A situação tem feito com que representantes do setor acusem a participação dessas empresas no mercado como uma espécie de concorrência desleal. Com sites e apps traduzidos para o português e opções de pagamento iguais às das varejistas nacionais, os consumidores têm a mesma facilidade de compra em e-commerces estrangeiros do que nas versões digitais de varejistas nacionais.

“Gera uma concorrência desleal com os e-commerces situados aqui no Brasil, que estão regulados, que têm estoque e têm de cumprir com a legislação tributária e trabalhista”, afirma Mauro Francis, presidente da Associação Brasileira de Lojistas Satélites (Ablos), que reúne os principais varejistas brasileiros.

Segundo ele, conversas já vêm sendo realizadas com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar chegar a um acordo.

AliExpress existe desde 2010 e tem uma versão de seu site em português desde meados de 2013

“A gente tinha uma perspectiva de avançar isso com o governo anterior, que acabou colidindo com o período eleitoral. Nossa expectativa é que um novo governo tenha uma atenção especial com relação ao tema”, afirma Edmundo Lima.

Além disso, mesmo operações que, por lei, deveriam ser taxadas, muitas vezes escapam do esquema de tributação por conta do alto volume de produtos na alfândega, dizem as varejistas. Assim, parte considerável das transações de sites com marketplaces localizados no exterior não pagam nenhum tipo de imposto para vender para o público brasileiro.

A situação não é nova. A chinesa AliExpress, por exemplo, opera desde 2010 e tem uma versão de seu site em português desde meados de 2013. A Shopee, de Singapura, opera no País desde 2019, e a chinesa Shein comercializa seus produtos no Brasil desde 2020.

Com a chegada da pandemia e o boom de compras on-line, porém, o volume de vendas explodiu, assim como as reclamações dos varejistas.

Para se ter uma ideia, um estudo de 2021 do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) coordenado pela consultoria McKinsey estima que a evasão tributária do varejo digital em 2020 girava em torno de R$ 20 bilhões anuais. Destes, 70%, ou cerca de R$ 14 bilhões, eram somente de e-commerces estrangeiros.

A situação ganhou ainda mais força após a chegada da gigante de fast fashion chinesa Shein. A empresa começou a operar no País em 2020 e, desde então, tem visto as vendas saltarem entre os consumidores brasileiros.

Nos últimos meses, a empresa tem feito ações com lojas físicas, no formato pop-up (temporário), tentando conquistar um maior número de clientes. Este ano, a Shein pretende inaugurar cinco lojas no mesmo formato.

Para além dos tributos

“Se fosse uma empresa, haveria todo um procedimento de importação. Você tem de ter as licenças, inscrição na Receita Federal, uma série de coisas. Independentemente do valor”, explica o advogado Francisco Lima, sócio da Gasparini, Nogueira de Lima e Barbosa Advogados.

Ele diz que varejistas localizados no Brasil têm de cumprir com toda a legislação vigente no País, além de pagar tributos sobre toda a cadeia de produtos comercializados. E cita que uma calça que custe R$ 100 em um site chinês teria de ser vendida por cerca R$ 150 por um varejista nacional para incluir todos os impostos estaduais e federais.

Além dos problemas tributários, os varejistas alegam que os e-commerces internacionais também não respeitam as normas técnicas para venda de produtos, além de abrirem espaço para a comercialização de produtos falsificados nas plataformas.

“Afeta a concorrência, já que as empresas têm uma preocupação em relação à origem dos produtos, não comercializam produtos falsificados, além de todo o cumprimento da legislação vigente em relação à etiquetagem e à saúde e segurança do consumidor”, explica Edmundo Lima, da Abvtex.

Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV, afirma considerar que a situação atual é uma “evolução tecnológica do que a gente tinha antigamente com o camelô”. “Agora, o consumidor consegue comprar diretamente da China. Ficou muito fácil comprar”, complementa.

Em relação às normas técnicas para a venda de produtos, a AliExpress diz que monitora “qualquer produto suspeito que possa desrespeitar os direitos intelectuais”.

Já a Shopee diz que toma “medidas proativas para impedir que tais produtos sejam listados no marketplace”.

Também em nota, a Shein afirma exigir que seus fornecedores “cumpram todos os parâmetros legais, sigam estritamente nosso Código de Conduta, bem como a política da empresa, certificando-se que seus produtos não infrinjam a propriedade intelectual de terceiros”.

Problema global

Apesar de a discussão sobre a tributação de produtos importados estar relacionada à legislação nacional, o problema não está restrito ao Brasil. Outros países enfrentam dilemas relacionados à era digital com leis pensadas para um mundo analógico.

“Não existe ainda uma resposta clara e óbvia, porque você está envolvendo a importação de pessoas físicas, o leque aumenta muito e dificulta a fiscalização”, explica o advogado Marcos Maia, sócio do escritório Maneira Advogados.

“Um dos principais pontos diz respeito à definição da responsabilidade pelo pagamento dos tributos, ou seja, quem será o responsável por recolher os tributos específicos sobre a venda aos cofres públicos”, explica.

Representantes do setor, por exemplo, defendem que empresas estrangeiras com nível operacional relevante no País tenham de abrir escritórios no Brasil para que possam cumprir com a legislação tributária. Outros defendem uma maior fiscalização e rastreamento do processo de compra.

“As transações são feitas através de um meio de pagamento digital, ou é Pix, ou cartão de crédito, ou uma transferência. Então, precisamos achar um caminho para seguir esse dinheiro e poder taxar da forma correta a transação”, defende Gonçalves Filho, do IDV.

Fonte: https://www.estadao.com.br/economia/negocios/sites-asiaticos-brasil-varejistas-competicao-nao-justa/

No ano passado os shoppings brasileiros faturaram pouco mais de R$ 191 bilhões, o que representa crescimento nominal de 20% sobre 2021. Esse valor é praticamente o mesmo de 2019, quando as vendas em centros comerciais brasileiros chegaram perto de R$ 193 bilhões. Se considerarmos a inflação do período, na prática, o faturamento ainda não voltou aos níveis pré pandemia.

O mesmo acontece com o tráfego de pessoas. Em 2019 o fluxo médio nos shoppings brasileiros foi de 502 milhões de visitas mensais. Em 2022 esse número ficou em 443 milhões, índice 12% menor, portanto, do que na época em que a economia andava melhor e o home office não havia se tornado tão presente.

Ao final do ano passado havia no país 628 shoppings, contando com as 8 inaugurações ocorridas em 2022.Para esse ano são esperadas aberturas de 15 novos empreendimentos.

A Abrasce projeta crescer neste ano menos, algo como 14,6%!

(Todos esses dados são da ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers / 07/02/23)

MINUTO VAREJO

 – Publicada em 17 de Janeiro de 2023 às 21:20  JC P.Alegre

PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC

Um tema pediu espaço no palco da NRF Retail’s Big Show em Nova York em 2023. Em meio a estratégias, trunfos e dores de grandes marcas com produtos novos, a revenda (resale, em inglês) despontou e demarcou terreno como segmento que deve ganhar mais e mais relevância, com exemplos de empresas que estão crescendo surfando uma onda de adoção pelos consumidores. Da gigante sueca Ikea a startups de varejo, exemplos de operações e inclusão de usados no modelo de negócio desfilaram na feira, que se encerra nesta terça-feira (17) no Jacob Javits Center. “Foi a principal novidade da NRF 2023”, atesta o vice-presidente da CDL Porto Alegre, José Resende, atentando para atrativo para fluxo e para elevar a receita, além do fator sustentabilidade.

A projeção é que o resale movimente US$ 300 bilhões até 2031 no mundo. Empresas que atuam no modelo foram provocadas a explicar o modelo e a responder o que os consumidores estão dispostos a comprar. Lee Peterson, vice-presidente da WD Partners, mostrou que 74% das pessoas compram devido ao preço. Mas um foco para lojistas é o fluxo para pontos de venda e consequentemente mais caixa, em novas vendas. Sarah LaFleur, fundadora e CEO da La Fleur, que atua com roupas, diz que clientes recebem bônus ou dinheiro na venda do usado. “Cerca de 70% usam o dinheiro para compra e, quando gastam, o valor é quatro vezes maior que o crédito que receberam”, diz Sarah.

Antes disso ainda, a CEO da La Fluer disse que é mito que os mais jovens que mais se interessam pelo resale e dá uma dica: “Ao comprarmos de alguém que compra a nossa marca, isso gera empatia”. Relacionamento com os shoppers (consumidores) e ainda atuar no lado da cadeia de suprimento. Liz Hershfield, gerente de sustentabilidade do Crew Group e vice-presidente de abastecimento da Madewell, reforçou o foco em gerar processos sustentáveis. A marca abriu uma loja física para reforçar a educação das pessoas. “Como cuidar da roupa, fazemos parceria com as marcas, colocamos alfaiate para ensinar. O sucesso não é só na venda, mas para gerar engajamento”, resume Liz. A empresa também atua com fábricas para melhorar desde condições de trabalho à remuneração. Mas observou a marcas que analisam entrar no resale: “Precisa fazer a pergunta do por quê?”

Porto Alegre subiu 15 posições e lidera ranking elaborado pelo Ministério da Economia

REDAÇÃO 10/01/2023  AMANHA   Revista Digital

Os melhores quesitos de Porto Alegre foram infraestrutura, seguido por empreendedorismo e segurança jurídica

Porto Alegre tem o melhor ambiente de negócios do Brasil. A capital gaúcha ficou em primeiro lugar no Índice de Concorrência dos Municípios 2022 (ICM), divulgado na segunda-feira (9). A pesquisa, realizada pelo Ministério da Economia, apresenta uma análise do ambiente de negócios das cidades baseada em leis e práticas municipais. A pontuação final de Porto Alegre chegou a 654,2, o maior índice entre as cidades participantes, 38% a mais que a média nacional e 29% acima da média da região Sul. Com o resultado, a cidade subiu 15 posições em relação a 2021.

Nesta edição, participaram 119 municípios, grupo formado pelas capitais, cidades com mais de 250 mil habitantes e os municípios que se voluntariaram. Ao todo, eles representam 43% da população nacional. Ponta Grossa (PR), Florianópolis (SC), São José dos Pinhais (PR) e Curitiba (PR) também fazem parte do Top-10 do ranking (veja a lista das dez primeiras colocadas ao final desta reportagem). A região poderia ter mais uma representante já que Santa Maria (RS) ficou na 11ª posição com 566,14 pontos, 2,53 pontos a menos que Fortaleza (CE).

Os melhores quesitos de Porto Alegre foram infraestrutura (76,5), seguido por empreendedorismo (74,8) e segurança jurídica (74,9). na pontuação geral, em segundo lugar ficou Belo Horizonte (MG), com 618,64, e, em terceiro, Ponta Grossa (PR), com 603,13. Foram respondidas mais de 600 questões, relacionadas a nove áreas diferentes: empreendendo no município, infraestrutura, construindo no município, qualidade da regulação urbanística, liberdade econômica, concorrência em serviços públicos, segurança jurídica, contrato com poder público e tributação.

ICM
O principal objetivo do ICM é analisar o ambiente concorrencial municipal por meio da coleta e geração de dados e informações, de forma a promover o avanço contínuo da qualidade regulatória, assim como as melhores práticas entre as cidades. Para fins de cálculo do resultado final, todas as notas obtidas em cada um dos capítulos foram somadas e normalizadas no intervalo de zero a mil pontos, sendo considerados mais bem avaliados aqueles municípios com nota mais próxima a 1000, e mais mal avaliados aqueles mais próximos a 0.

 

Cidade Pontos
Porto Alegre (RS) 654,21
Belo Horizonte (MG) 618,64
Ponta Grossa (PR) 603,13
Recife (PE) 583,62
Brasília (DF) 578,40
Florianópolis (SC) 576,79
São José dos Pinhais (PR) 575,61
Curitiba (PR) 571,80
Sorocaba (SP) 571,43
Fortaleza (CE) 568,67