Vinicius Neder  Rio14/03/2024 0 globo

Governo vai antecipar as duas parcelas do 13º dos aposentados do INSS

O pagamento do 13º-salário de aposentados e pensionistas do INSS será antecipado para abril e maio, reforçando um cenário favorável para o consumo das famílias, que deverá ser o motor do crescimento econômico neste ano.

A antecipação, revelada pelo GLOBO na semana passada, foi confirmada em decreto publicado ontem no Diário Oficial da União (DOU). O objetivo do governo é dar um empurrão no consumo neste início de ano, com sinais de desaceleração da atividade. Vai funcionar?

Ainda que a economia perca fôlego — o crescimento de 2023 foi de 2,9%, mas deverá ficar em 1,8% este ano, conforme projeções de analistas do mercado financeiro compiladas pelo Banco Central (BC) —, um mercado de trabalho aquecido e a retomada do pagamento de precatórios (dívidas decorrentes de sentenças judiciais para as quais não cabe mais recurso) contribuem para o cenário favorável.

Cerca de 33 milhões de beneficiários do INSS deverão receber o 13º-salário antecipadamente. A medida vai injetar na economia em torno de R$ 66 bilhões, mas não são valores adicionais, já que o benefício seria pago de qualquer forma, no fim do ano. O mesmo foi feito em anos anteriores.

“Não é um recurso novo, mas tende a ter efeito maior este ano do que em outras ocasiões. Alguns vetores ajudam a estimular um pouco mais a economia”, Fábio Bentes, economista sênior da CNC

A economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), ressalta que a medida pode até ter contribuído para o comportamento do consumo das famílias no ano passado. Essa demanda privada foi mais forte no primeiro semestre e perdeu fôlego no fim do ano.

Mesmo assim, para Fábio Bentes, economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), há motivos para a medida dar um impulso adicional neste ano:

— Não é um recurso novo, mas a medida tende a ter efeito maior este ano do que em outras ocasiões. Alguns vetores ajudam a estimular um pouco mais a economia, como a valorização real do salário mínimo, a inflação menor e o endividamento um pouco menor.

Censo 2022 mostra um Brasil mais envelhecido.

População com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em pouco mais de uma década

O quadro mais favorável ao consumo passa pelo mercado de trabalho. No trimestre móvel terminado em janeiro, a taxa de desemprego ficou em 7,6%, em níveis próximos dos melhores momentos da série histórica do IBGE, vistos em 2014. Na média de 2023, o rendimento do trabalho saltou 7,2% ante 2022.

Silvia, do FGV Ibre, ponderou que essa evolução positiva do mercado de trabalho não deverá se repetir em 2024. O desemprego deverá se manter nas mínimas, mas com menos geração de empregos e mais reajustes de salários. Em janeiro, 83,2% dos reajustes salariais negociados naquele mês tiveram aumentos acima da inflação, segundo o Dieese.

Inflação é o risco

Essa dinâmica é menos favorável do que quando o avanço no mercado de trabalho se dá pela geração de empregos, avalia Silvia. O risco de um mercado de trabalho aquecido via elevações de salários, frequentemente citado por economistas, é de pressionar a inflação.

Um relatório da semana passada da corretora Genial Investimentos avalia que a combinação de uma economia puxada pelo consumo com a perspectiva de continuidade na queda nos investimentos aponta para uma “composição de crescimento inflacionária da economia, que é liderada pelo consumo das famílias sem que haja expansão da capacidade produtiva”.

por PRSA – Gazeta do Povo 14/03/24

No ano em que completou dez anos, o Pátio Batel cresceu 12,2% em vendas e atingiu um faturamento de R$ 1,1 bilhão. Como único shopping do segmento luxo na região Sul do Brasil, a operação segue como referência em exclusividade e experiência para um público que vai além de Curitiba e do próprio Paraná.

Com uma ocupação consistente e recorrente de 99% da sua área bruta locável (ABL) de 29,7 mil metros quadrados, o Pátio Batel inaugurou 15 novas lojas em 2023, atraindo marcas que fazem parte da sua vocação: internacionais, nacionais premium e autorais.

“A região Sul passou a ter uma atenção maior por parte das marcas internacionais presentes no país e das grandes marcas brasileiras premium. Também atraímos o foco de importantes marcas autorais com uma moda caracterizada pela diferenciação, qualidade e posicionamento de marca. Esses lojistas estão interessados em shoppings que, na sua essência, conectem com seus valores e percepções reais de diferenciação de marca. Querem estar com outras lojas afins e que atendam ao mesmo público alvo”, comenta o superintendente do Pátio Batel, Fernando Bonamico.

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O shopping segue em uma trajetória ascendente, atraindo nos últimos três anos marcas como Salvatore Ferragamo, Tag Heuer, Carol Bassi, NV e Vix by Paula Hermanny. Além disso, marcas internacionais já presentes no Pátio buscam expandir suas operações atuais, como ocorreu com a Gucci. “Nossa intenção é sermos um polo catalisador dessas marcas que buscam um ambiente de compras com conceitos arquitetônicos modernos, corredores amplos, disposição fácil e muita iluminação natural”, complementa Bonamico.

Além do forte crescimento de vendas, o Pátio Batel, pelo seu posicionamento de marca e mix de lojas, vem atraindo investimentos no retail media. Nos últimos três anos cresceu 47%, atraindo clientes para patrocínios em eventos, como a construtora San Remo, estandes promocionais, mídia digital e na exposição de automóveis, incluindo Mercedes, BMW e Lexus.

Novidades em 2024

Para 2024, novidades já estão a caminho. Além da inauguração de marcas internacionais – entre elas, uma com a primeira flagship no Brasil – o shopping abrirá novas lojas, visando cada vez mais atender as expectativas do seu público. “Com a maturidade do shopping e sua ocupação alta consistente, esse momento suscitou estudos mais profundos para projetos relevantes que proporcionarão um novo ciclo de crescimento”, conclui Bonamico.

Ponto de Equilibrio / News / 16.2.24
Segurem seus chapéus porque o Impostômetro acaba de bater um recorde que é, ao mesmo tempo, impressionante e bastante assustador: os brasileiros já pagaram R$ 500 bilhões em impostos em 2024, e isso aconteceu nove dias antes do que no ano passado!

 

Crescimento Acelerado: Essa marca histórica não só mostra um aumento significativo na arrecadação tributária do país, mas também destaca uma tendência de crescimento que pode fazer muitos de nós coçarem a cabeça. Com R$ 331,6 bilhões indo para o governo federal, R$ 137,3 bilhões para os estados e R$ 31,1 bilhões para os municípios, a pergunta que fica é: onde todo esse dinheiro está sendo investido?

 

Comparação com 2023: Comparando com o mesmo período do ano passado, vemos um salto de 16,4% na arrecadação total. O economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ulisses Ruiz de Gamboa, aponta a inflação e o aumento da atividade econômica como os grandes vilões por trás desse aumento.

 

O Futuro da Arrecadação: Apesar do susto inicial, há uma luz no fim do túnel. O especialista prevê que a inflação deve se manter mais contida ao longo do ano, indicando um crescimento mais moderado na arrecadação, em torno de 3%. Será que podemos respirar aliviados?  Provavelmente não, a sanha de arrecadação dos políticos nunca diminuí em nosso país, não é mesmo?

 

Conclusão: Enquanto celebramos o dinamismo da economia brasileira, também é hora de refletir sobre a carga tributária do país e como ela afeta tanto os cidadãos quanto as empresas. Como empreendedores, entender essas tendências é crucial para planejar e prosperar em um ambiente tão desafiador. Então, vamos ficar de olho e usar essas informações a nosso favor!

em 20/02/2024   JOTA

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou nesta terça-feira (20/2) uma norma para extinguir execuções fiscais de até R$ 10 mil paradas há mais de um ano e que não haja indicação de bens do devedor para satisfazer a dívida.

O tema foi tratado pelo presidente do CNJ, Luís Roberto Barroso, mais cedo, na cerimônia de seis novos integrantes da instituição. Em sua fala, ressaltou que essas ações “passam anos fazendo estatística ruim para Judiciário”.

De acordo com Barroso, estão neste perfil cerca de 52% das execuções fiscais no Brasil, que, segundo o CNJ são, no total, 27 milhões de processos. “Nós temos a expectativa de diminuir alguns milhões de processos nas execuções”, afirmou Barroso.

Ainda segundo o presidente do CNJ, um estudo do STF detectou que as execuções fiscais arrecadam menos de 2% do que pretendem. Por isso, a medida não deve diminuir os valores recolhidos pelo Estado via judicial.

O ato normativo prevê a extinção das execuções fiscais de até R$ 10 mil em que não tenha havido citação do devedor após um ano ou a apreensão de bens do devedor no mesmo período e estejam paralisadas.

A norma estabelece a necessidade de um protesto de títulos e uma tentativa de acordo antes do ajuizamento da execução fiscal. Também reproduz uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que os juízes podem extinguir as execuções fiscais de pequeno valor.

O texto deve permitir à Fazenda Pública a possibilidade de requerer a continuidade do processo, caso demonstre que pode localizar bens do devedor no prazo de 90 dias.

 de Redação

 20 de fevereiro de 2024

O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu em fevereiro pelo terceiro mês seguido. O índice, calculado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado nesta terça-feira (20), fechou o mês em 105,7 pontos, 0,5% a menos que o mês anterior. O número acima de 100 pontos indica percepção geral de satisfação com as condições econômicas.

Apesar do recuo de janeiro para fevereiro, o patamar identificado é 10,4% maior que fevereiro do ano passado e o melhor para o período desde 2015.

De acordo com a CNC, o resultado negativo na comparação entre meses imediatamente seguidos é resultado de as famílias estarem mais preocupadas em pagar e diminuir dívidas do que fazer mais aquisições.

No relatório, o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, explica que “apesar das melhores taxas de juros, o saldo da carteira de crédito das pessoas físicas vem desacelerando em relação aos resultados do ano passado, mostrando menor procura por esses recursos”.

Queda na inadimplência

Segundo o economista, ao observar a redução da inadimplência, pode-se concluir que as famílias estão aproveitando o crédito mais barato para ajustar seus orçamentos em vez de fazer mais dívidas por meio de consumo.

A CNC entende que a busca por redução de dívidas em vez de mais consumo não é um fato negativo, “muito pelo contrário”, diz a publicação, pois mostra maior consciência das famílias brasileiras quanto às suas finanças.

“A atenção das famílias brasileiras com o planejamento financeiro vem mostrando resultado no mercado de crédito e, apesar de enfraquecer o consumo, a intenção de compra permanece melhor do que em anos anteriores”, afirma o texto.

Inflação controlada

A pesquisa é feita em todo o País, com uma amostra de 18 mil consumidores e leva em conta sete indicadores: três sobre as condições atuais (emprego, renda e nível de consumo), dois sobre expectativas para três meses à frente (perspectiva de consumo e perspectiva profissional), além da avaliação do acesso ao crédito e momento atual para aquisição de bens duráveis.

Em fevereiro, o único item que teve alta na percepção foi o da renda atual. A pesquisa aponta que a inflação controlada “ajudou a incrementar a renda real das famílias, dando maior poder de compra aos consumidores e sendo o único item a aquecer o comércio”. Além disso, o relatório destaca que “o crescimento constante na população empregada também impactou o aumento da massa salarial, dando mais recursos para o consumo”.

Faixas de renda

A queda da intenção de consumir em fevereiro foi puxada principalmente pelas famílias com renda abaixo de dez salários mínimos (até R$ 14.120), que recuou 0,6%. Para os grupamentos familiares com renda acima de dez salários-mínimos, a redução foi de 0,1%.

“Famílias de menor renda, por estarem mais endividadas, priorizam o ajuste do seu orçamento. Enquanto as com maiores rendimentos já enxergam melhora no consumo futuro”, avalia a CNC.

Com informações de Agência Brasil

REDAÇÃO AMANHA  19/02/2024

O resultado foi menor que em 2022, quando a alta foi de 2,77%

A atividade econômica brasileira registrou alta em 2023, de acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira (19) pelo Banco Central (BC). O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 2,45% no ano, resultado menor que em 2022, quando a alta foi de 2,77%. No último trimestre do ano passado, houve aumento de 0,22% no IBC-Br, uma recuperação parcial em relação ao trimestre anterior (julho a setembro), quando houve queda de 0,64% de acordo com dados dessazonalizados (ajustados para o período). Em comparação ao trimestre de outubro a dezembro de 2022, a alta foi de 1,8% (sem ajuste para o período, já que a comparação é entre meses iguais).

Para o mês de dezembro, o resultado do IBC-Br foi um aumento de 0,82%, atingindo 147,63 pontos. Na comparação com o mesmo mês de 2022, houve crescimento de 1,36% (também sem ajuste para o período). O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica do país e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 11,25% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade de setores da economia – indústria, comércio e serviços e agropecuária –, além do volume de impostos. A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação. Quando o Comitê de Política Monetária do BC aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas ajudam a redução da inflação, mas também podem dificultar a expansão da economia. Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

O comportamento dos preços já fez o BC cortar os juros pela quinta vez consecutiva, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Em comunicado, o Copom indicou que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista “necessária para o processo desinflacionário”. O órgão informou que a interrupção dos cortes dependerá do cenário econômico “de maior prazo”. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Divulgado mensalmente, o IBC-Br emprega uma metodologia diferente da utilizada para medir o Produto Interno Bruto (PIB), que é o indicador oficial da economia brasileira. Segundo o próprio BC, o índice “contribui para a elaboração de estratégia da política monetária” do país, mas “não é exatamente uma prévia do PIB.” O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país. Com resultado trimestral, superando as projeções, no terceiro trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,1% na comparação com o segundo trimestre de 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre janeiro e setembro, a alta acumulada foi de 3,2%. Com o resultado, o PIB está novamente no maior patamar da série histórica, ficando 7,2% acima do nível de antes da pandemia, registrado nos três últimos meses de 2019. Os dados do quarto trimestre de 2023, com o consolidado do ano, serão divulgados pelo IBGE em 1º de março. Em 2022, o PIB do Brasil cresceu 2,9%, totalizando R$ 9,9 trilhões.

Com Agência Brasil

Roberto Jatahy, do Grupo Soma, à direita e Alexandre Birman, da Arezzo&Co, à esquerda (Divulgação)  07/02/24

Quando os fundadores das marcas de moda ANIMALE e FARM Rio decidiram unir seus negócios e criar o Grupo SOMA, o objetivo era não serem engolidos por grandes companhias que se formavam no mercado. O ano era 2010 e executivos sem experiência no varejo mas com muito dinheiro em caixa colocaram em ação um agressivo plano de fusões e aquisições para criar grupos de múltiplas marcas e dominar o mercado de moda.

Quatorze anos depois, esses nomes quase sumiram do mapa e quem se encontra com o poder de dominância agora é justamente o Grupo Soma. No início da semana, a companhia anunciou a fusão com a Arezzo&Co em um negócio de R$ 12 bilhões de faturamento anual e 34 marcas no portfolio.

Mas, afinal, como Soma e Arezzo conseguiram crescer nos últimos anos enquanto seus concorrentes afundaram? Qual o potencial e desafios que devem enfrentar com a fusão? O Boletim Varejo foi atrás de respostas com consultores, empresários e executivos do setor.

O início do namoro

A Arezzo, com suas marcas de calçados femininos, e o Grupo Soma, que sempre focou em roupas femininas premium, têm trajetórias e expertise bem diferentes no mercado. Mas se aproximaram em 2021, quando disputaram a aquisição da Cia. Hering, que acabaria sendo comprada pelo Soma por R$ 5,14 bilhões.

A briga pela Hering — uma operação com grande parque industrial e distante do mercado premium — deixou claro que tanto Arezzo quanto Soma já não estavam mais de olho apenas no segmento que as fez crescer, mas buscavam novas áreas de expansão para criar um grande grupo de varejo.

“Achei que Birman [CEO da Arezzo] estava chateado comigo após Hering, mas marcamos de nos falar em abril de 2021 e tudo foi sendo construído aos poucos”, explicou Roberto Jatahy, cofundador da Animale e CEO do Grupo Soma, em coletiva de imprensa sobre quando as conversas para a fusão tiveram início.

Da esq. à dir.: Marcello Bastos (cofundador da Farm), Alexandre Birman (CEO da Arezzo), Kátia Barros (cofundadora da Farm), Roberto Jatahy (CEO do Grupo Soma) e Rony Meisler (fundador da Reserva). (Foto: Divulgação)

Somar para crescer

A compra de novas marcas, como a que fez Arezzo e Soma se esbarrarem, tem sido uma das principais via de crescimento das duas companhias nos últimos anos.

No Grupo Soma, as aquisições se intensificaram a partir de 2015, com a Foxton. Depois, vieram marcas como Cris Barros, Maria Filó e NV. O foco, antes da Hering, sempre esteve no segmento de roupas premium femininas.

A tentativa de criar uma House of Brands (Casa de Marcas, em tradução literal) está longe de ser algo singular no Brasil. Quando o Soma teve início, dois grandes grupos se formavam no mercado com muito dinheiro em caixa: a Inbrands, com marcas como Ellus, Richards, Salinas e Alexandre Herchcovitch, e a Veste (antiga Restoque) com nomes como Le Lis Blanc, Dudalina e John John.

No fundo, todas tentam seguir, ainda que em menor escala, o exemplo do que é hoje uma das empresas mais valiosas do mundo: o grupo francês de artigos de luxo LVMH. Dono de um império de 75 marcas como Louis Vuitton, Tiffany & Co. e Dom Pérignon, o grupo é fruto de uma estratégia meticulosamente desenhada e bem executada desde 1987.

A executiva Mariana Cerone explica, no entanto, que a criação de uma House of Brands passa por muito mais pontos do que apenas a captura de sinergias entre as marcas adquiridas (confira os pontos levantados por ela no quadro abaixo). No caso de Inbands e Veste, a maior dificuldade enfrentada foi integrar gestões e culturas de sócios das empresas adquiridas ao longo dos anos.

Os diferenciais de Soma e Arezzo

Uma integração bem-feita de marcas é o que tem diferenciado o Soma até aqui. “A tese de investimento do Soma é a mesma de Inbrand e Vest: fazer aquisições e trazer eficiência operacional e de backoffice cuidando de processos, pessoas, tecnologia e recursos humanos. Mas, no caso do Soma, o Jatahy é uma pessoa que conhece o varejo, tem uma linguagem e visão do varejo e entende que o criador tem sim um diferencial importante. Ele tira a parte chata da empresa e mantém o respeito ao criador, dando liberdade para ele trabalhar a marca”, explica Ana (Popy) Tozzi, CEO da AGR Consultores.

“Tudo o que o cliente vê, é da marca e ela tem total liberdade para executar. Tudo o que ele não vê, a gente integra”, definiu Jatahy sobre como funciona o processo de integração e liberdade das marcas do grupo em um podcast em 2020.

A Arezzo, fundada em 1972, sempre focou em criar novas marcas de sapatos para atingir os diferentes públicos do mercado feminino. Foi assim que Schutz, AnaCapri e Alme nasceram, por exemplo. Mas, ao entender que era hora de entrar em novos segmentos, a saída foi partir para aquisições.

A primeira grande compra foi a da Reserva, em 2020. “A Arezzo vem crescendo de maneira muito consistente, de várias formas há vários anos com qualidade e resultado. Ela conseguiu imprimir uma escalada e uma total dominância no mercado premium de calçados no Brasil e ela tem conseguido, via aquisições, crescer em alguns nichos que não conhecia, como Reserva, em moda masculina, Carol Bassi, vestuário feminino, e Baw, no mercado jovem”, explica Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, sobre a empresa.

“Tanto a Arezzo como o Soma mostram ao Brasil e a marcas com menor robustez empresarial que todos podem seguir criativos e encantar a cada dia com experiência de loja, experiência digital e, claro, com produtos incríveis. Mas é necessário constituir uma companhia com executivos e executivas preparados, definir processos, criaruma jornada de profissionalização que poucas empresas conseguem fazer”, afirma Pablo Canano, CEO da consultoria Driven.CX.

Os desafios da nova empresa

Com a fusão, que ainda precisa ser aprovada pelo Cade (órgão que regula a concorrência no Brasil), Soma e Arezzo criam uma House of Brands com ambição de ser global, mas que deve começar a aparecer mesmo para o mercado apenas em 2025. “Não estamos com pressa. O ano de 2024 será de estruturação das bases, para que em 2025, aí sim, possamos gerar uma grande alavancagem de receita e na última linha da companhia”, disse Birman durante a coletiva de imprensa.

O plano apresentado nesta semana mostra que o novo grupo, que ainda não tem nome definido, terá quatro unidades de negócios: calçados e vestuários (liderado por Luciana Wodzik, da Arezzo); vestuário feminino e lifestyle (liderado por Jatahy); vestuário masculino (liderado por Rony Meisler, fundador da Reserva); e vestuário democrático (liderado por Thiago Hering, do grupo Hering). Birman será o CEO de toda a companhia.

Especialistas apontam que um dos principais desafios da nova empresa será capturar todas as sinergias possíveis e transformar o grupo em um negócio eficiente.

“A implantação da fusão e captura de sinergia é algo complexo e que tem que ser feito rápido, em dois anos, para não perder seu valor. O PPT aceita tudo, mas, na prática, é mais difícil”, afirma Poppy, consultora de varejo. Como exemplo, ela cita o caso da Natura, que comprou a Avon em 2019 e que ainda enfrenta dificuldades na integração.

As culturas de Arezzo e Soma são vistas como bem diferentes e criar uma nova que integre a todos será o outro grande desafio do grupo. “Eles têm cultura e gestões diferentes, mas isso não significa que não possa ser integrado e harmonizado. Esse é o grande desafio de fazer qualquer fusão. É preciso ter muita maturidade e muita racionalidade nas decisões”, afirma Serrentino.

🙌 Esta edição conta com a participação de Mariana Cerone, Ana (Popy) Tozzi, Alberto Serrentino, Pablo Canano e Eduardo Gadens.
 

  • Publicado em 07/02/2024 site cnc

Aumento de 1,7% nas vendas em 2023 foi puxado, principalmente, pelos segmentos de produtos essenciais

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um avanço modesto nas vendas no varejo neste ano, com um crescimento estimado de 1,1% em comparação com 2023. Nesta quarta-feira, 7 de fevereiro, a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicou que o varejo cresceu 1,7% em 2023. No entanto, essa taxa de crescimento ainda não alcançou os patamares observados antes de 2018, quando o setor registrava índices acima de 2%.

A CNC destaca a importância de políticas econômicas eficazes para estimular o crescimento sustentável do comércio varejista. “A redução gradual da taxa básica de juros ao longo do ano, aliada à melhora das condições de consumo, pode impulsionar o setor, mas ainda enfrentamos obstáculos significativos, como o elevado endividamento das famílias”, ressalta o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Em 2020, o crescimento do varejo foi de 1,2%. Em 2021, foi de 1,4% e, em 2022, o aumento foi de 1%. O economista da CNC responsável pelas projeções, Fabio Bentes, aponta que, embora semelhantes às de 2023, as taxas são explicadas por razões distintas. “Se, em 2020 e 2021, a crise sanitária ditou o ritmo das vendas, a partir de 2022, as baixas condições de consumo da população, com crédito caro e juros altos, que justificaram o fraco desempenho do varejo”, explica o economista.

Parte do varejo ainda não se recuperou da covid-19

Passados quase quatro anos do início da crise sanitária, metade dos 10 segmentos avaliados pelo IBGE ainda apresenta perdas em relação a fevereiro de 2020. As mais significativas são as observadas nos ramos de livrarias e papelarias (em que a queda significa 43,5%) e de vestuário, calçados e acessórios (com redução de 26%).

Ainda assim, o crescimento das vendas, mesmo modesto, levou a um avanço no número de pontos de venda ativos no varejo brasileiro. Em 2023, havia 2,520 milhões de estabelecimentos varejistas ativos (desconsiderando-se os MEIs) no País, 8,2% a mais que em 2022. Mais uma vez, puxaram a reabertura os segmentos de hiper e supermercados (com 9% de lojas novas) e farmácias (9,3% abertas no ano passado), segundo dados da Redesim, vinculada ao Ministério da Fazenda.

Vendas caíram no estado com maior faturamento do varejo

Uma análise regional revela panorama diversificado, com 21 das 27 Unidades da Federação apresentando aumento real das vendas em 2023. O destaque positivo é para os Estados do Tocantins (11,6%), Maranhão (1%) e Ceará (8,3%). Por outro lado, a Paraíba enfrentou uma redução de 9,3% nas vendas. São Paulo, que representa quase 30% do volume do varejo nacional, registrou queda de 0,3% no ano passado.

O economista Fabio Bentes indica que os setores mais dependentes das condições de crédito, como os de artigos de uso pessoal e doméstico (em que a taxa caiu 10,9%), de vestuário (que teve queda de 4,6%) e de materiais de construção (com redução de 1,9%), enfrentaram desafios ao longo do ano por causa do encarecimento do crédito. “A taxa de juros das operações de crédito com recursos livres foi mais alta em 2023, em comparação com o ano anterior, o que impactou negativamente o consumo nesses segmentos”, pontua Bentes.

Por outro lado, a desaceleração da inflação permitiu que alguns segmentos mais ligados ao consumo essencial reagissem em 2023, como os ramos de hiper e supermercados (que teve crescimento de 3,7%), combustíveis e lubrificantes (com alta de 3,9%) e artigos farmacêuticos (que apresentou o maior aumento de todos os segmentos e chegou a 4,7%).

Em 2023 o faturamento bruto foi 194,7 bi de reais. Em 2019 havia sido 192,8 bi. Se considerarmos a inflação do período, dá para dizer que os shoppings ainda não voltaram ao patamar pré pandemia, pelo menos no que diz respeito a faturamento. A projeção para 2024 é de R$ 202,4 bi.

Os dados são da ABRASCE e foram divulgados em matéria assinada pela jornalista Adriana Mattos, no Valor Econômico de hoje.

Gouvêa Malls foi citada na reportagem. Leia abaixo o trecho com nossa participação:

“A classe C ‘desapareceu’ nos últimos anos. O gasto dessa camada da população, afetada pela alta informalidade e endividamento mais alto até parte de 2023, perdeu força”, disse Luiz Marinho, sócio-diretor da consultoria GS&Malls (Gouvêa Malls).

“Eu acredito que há espaço para recuperação maior em 2024, mas ela será desigual. Há shoppings que já estão tomando medidas para reagir. Há empreendimentos em que 30% das vendas já vêm de programas de fidelidade”, disse.

“Com isso a divisão do ‘bolo’ vai mudar, com empresas melhor preparadas saindo na frente”. Entre as medidas que têm sido tomadas, há shoppings ampliando a área de gastronomia, de eventos em áreas livres e a receita com propaganda.

De fato, em 2023 os empreendimentos mais populares tiveram crescimento menor do que os dirigidos para as classes A e B.

Resumo da ópera? Além dos importantes efeitos da economia, a indústria de shoppings começa a sentir os ventos da mudança. Há novas regras no jogo. Quem já entendeu isso cresceu bem mais do que os 1,5%, que foi a média do setor.

 

Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo

06/02/2024 22h42

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O governo federal publicou na noite desta terça-feira (6) a MP (Medida Provisória) isentando do Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos. Com a medida, quem ganha até dois salários, ou seja, R$ 2.824, não precisará pagar o imposto.

O que aconteceu

MP foi assinada pelo presidente Lula (PT). A medida foi publicada em edição extra do DOU (Diário Oficial da União) nesta noite e passa a valer a partir da data da publicação do texto. A MP altera, a partir de fevereiro, os valores da tabela progressiva mensal do IR para pessoas físicas.

Agora, o texto será encaminhado para o Congresso Nacional para análise. A votação das Casas deve ocorrer em até 120 dias.

 

 

Anteriormente, o teto para isenção estava em R$ 2.640. O valor era referente a dois salários mínimos no ano passado. Após a correção do salário mínimo, que saiu de R$ 1.320 para R$ 1.412, os trabalhadores que recebiam menos de dois salários teriam que pagar o tributo ao Leão.

Medida isentará 15,8 milhões de brasileiros, diz Ministério da Fazenda. Segundo a pasta, a medida beneficiará empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e outras pessoas físicas. A Fazenda ainda esclareceu que a mudança está adequada à LDO 2024 (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e à Lei de Responsabilidade Fiscal.

A pasta explicou que este é o segundo aumento na faixa de isenção de cobrança do IR desde o início do governo Lula. O primeiro ajuste em oito anos foi realizado em maio de 2023. O teto de isenção, então congelado em R$ 1.903,98 desde 2015, subiu inicialmente para R$ 2.640 e agora foi para R$ 2.824. “A falta de atualização da tabela ao longo de tantos anos, fez com que os brasileiros pagassem cada vez mais Imposto de Renda, retirando dinheiro das famílias”.

Contribuinte com renda até R$ 2.824 será beneficiado porque, desse valor, será subtraído o desconto simplificado de R$ 564,80, que resulta na base cálculo mensal de R$ 2.259,20, o limite máximo da faixa de alíquota zero da nova tabela. Segundo o governo, o desconto simplificado é opcional, ou seja, quem tem direito a maiores descontos pela legislação atual (previdência, dependentes, entre outros) não será afetado.

Tabela progressiva mensal do imposto de renda, já com desconto aplicado ao salário:

  • Quem recebe até R$ 2.259,20: Terá alíquota zero, sem dedução do IR
  • Quem recebe de R$ 2.259,21 até R$ 2.826,65: Terá alíquota de 7,5%, com parcela de dedução do IR de R$ 169,44
  • Quem recebe de R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05: Terá alíquota de 15%, com parcela de dedução do IR de R$ 381,44
  • Quem recebe de R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68: Terá alíquota de 22,5%, com parcela de dedução do IR de R$ 662,77
  • Acima de R$ 4.664,68: Terá alíquota de 27,5%, com parcela de dedução do IR de R$ 896,00