Por João Scheller

24/02/2023 | ESTADAO

Representantes do setor estimam que evasão fiscal devido à presença de sites estrangeiros no País pode chegar a R$ 14 bilhões anuais; empresas estrangeiras afirmam cumprir a legislação brasileira

Entidades do setor varejista têm pressionado o governo federal e o Congresso na tentativa de melhorar a competição com e-commerces estrangeiros que passaram a atuar no mercado de vendas online no Brasil. Empresas nacionais vêm se sentindo prejudicadas por sites como SheinShopee AliExpress, alegando que eles não pagam tributos e tampouco respeitam regulamentações de segurança e antipirataria no País.

A estimativa de representantes do setor é que a evasão fiscal por conta desse cenário gire em torno de R$ 14 bilhões anuais. Com o aumento das vendas, a situação vem piorando, dizem as entidades. Questionadas sobre a cobrança de tributos, porém, a AliExpress, a Shopee e a Shein afirmam que atuam conforme as regras e os regulamentos estipulados pela lei brasileira.

De acordo com as varejistas brasileiras, o problema ocorre, principalmente, por causa do atual esquema de tributação na importação de produtos. Compras internacionais entre pessoas físicas são isentas de taxas até o valor de US$ 50. Muitas vezes, vendas em plataformas estrangeiras são consideradas transações deste tipo.

“Nas operações B to C (business to consumer), onde você tem uma pessoa jurídica de um lado, no caso, as plataformas internacionais, e os consumidores brasileiros do outro, não é legal este tipo de operação”, defende Edmundo Lima, porta-voz da Associação Brasileira de Varejo Têxtil (Abvtex).

A situação tem feito com que representantes do setor acusem a participação dessas empresas no mercado como uma espécie de concorrência desleal. Com sites e apps traduzidos para o português e opções de pagamento iguais às das varejistas nacionais, os consumidores têm a mesma facilidade de compra em e-commerces estrangeiros do que nas versões digitais de varejistas nacionais.

“Gera uma concorrência desleal com os e-commerces situados aqui no Brasil, que estão regulados, que têm estoque e têm de cumprir com a legislação tributária e trabalhista”, afirma Mauro Francis, presidente da Associação Brasileira de Lojistas Satélites (Ablos), que reúne os principais varejistas brasileiros.

Segundo ele, conversas já vêm sendo realizadas com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar chegar a um acordo.

AliExpress existe desde 2010 e tem uma versão de seu site em português desde meados de 2013

“A gente tinha uma perspectiva de avançar isso com o governo anterior, que acabou colidindo com o período eleitoral. Nossa expectativa é que um novo governo tenha uma atenção especial com relação ao tema”, afirma Edmundo Lima.

Além disso, mesmo operações que, por lei, deveriam ser taxadas, muitas vezes escapam do esquema de tributação por conta do alto volume de produtos na alfândega, dizem as varejistas. Assim, parte considerável das transações de sites com marketplaces localizados no exterior não pagam nenhum tipo de imposto para vender para o público brasileiro.

A situação não é nova. A chinesa AliExpress, por exemplo, opera desde 2010 e tem uma versão de seu site em português desde meados de 2013. A Shopee, de Singapura, opera no País desde 2019, e a chinesa Shein comercializa seus produtos no Brasil desde 2020.

Com a chegada da pandemia e o boom de compras on-line, porém, o volume de vendas explodiu, assim como as reclamações dos varejistas.

Para se ter uma ideia, um estudo de 2021 do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) coordenado pela consultoria McKinsey estima que a evasão tributária do varejo digital em 2020 girava em torno de R$ 20 bilhões anuais. Destes, 70%, ou cerca de R$ 14 bilhões, eram somente de e-commerces estrangeiros.

A situação ganhou ainda mais força após a chegada da gigante de fast fashion chinesa Shein. A empresa começou a operar no País em 2020 e, desde então, tem visto as vendas saltarem entre os consumidores brasileiros.

Nos últimos meses, a empresa tem feito ações com lojas físicas, no formato pop-up (temporário), tentando conquistar um maior número de clientes. Este ano, a Shein pretende inaugurar cinco lojas no mesmo formato.

Para além dos tributos

“Se fosse uma empresa, haveria todo um procedimento de importação. Você tem de ter as licenças, inscrição na Receita Federal, uma série de coisas. Independentemente do valor”, explica o advogado Francisco Lima, sócio da Gasparini, Nogueira de Lima e Barbosa Advogados.

Ele diz que varejistas localizados no Brasil têm de cumprir com toda a legislação vigente no País, além de pagar tributos sobre toda a cadeia de produtos comercializados. E cita que uma calça que custe R$ 100 em um site chinês teria de ser vendida por cerca R$ 150 por um varejista nacional para incluir todos os impostos estaduais e federais.

Além dos problemas tributários, os varejistas alegam que os e-commerces internacionais também não respeitam as normas técnicas para venda de produtos, além de abrirem espaço para a comercialização de produtos falsificados nas plataformas.

“Afeta a concorrência, já que as empresas têm uma preocupação em relação à origem dos produtos, não comercializam produtos falsificados, além de todo o cumprimento da legislação vigente em relação à etiquetagem e à saúde e segurança do consumidor”, explica Edmundo Lima, da Abvtex.

Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV, afirma considerar que a situação atual é uma “evolução tecnológica do que a gente tinha antigamente com o camelô”. “Agora, o consumidor consegue comprar diretamente da China. Ficou muito fácil comprar”, complementa.

Em relação às normas técnicas para a venda de produtos, a AliExpress diz que monitora “qualquer produto suspeito que possa desrespeitar os direitos intelectuais”.

Já a Shopee diz que toma “medidas proativas para impedir que tais produtos sejam listados no marketplace”.

Também em nota, a Shein afirma exigir que seus fornecedores “cumpram todos os parâmetros legais, sigam estritamente nosso Código de Conduta, bem como a política da empresa, certificando-se que seus produtos não infrinjam a propriedade intelectual de terceiros”.

Problema global

Apesar de a discussão sobre a tributação de produtos importados estar relacionada à legislação nacional, o problema não está restrito ao Brasil. Outros países enfrentam dilemas relacionados à era digital com leis pensadas para um mundo analógico.

“Não existe ainda uma resposta clara e óbvia, porque você está envolvendo a importação de pessoas físicas, o leque aumenta muito e dificulta a fiscalização”, explica o advogado Marcos Maia, sócio do escritório Maneira Advogados.

“Um dos principais pontos diz respeito à definição da responsabilidade pelo pagamento dos tributos, ou seja, quem será o responsável por recolher os tributos específicos sobre a venda aos cofres públicos”, explica.

Representantes do setor, por exemplo, defendem que empresas estrangeiras com nível operacional relevante no País tenham de abrir escritórios no Brasil para que possam cumprir com a legislação tributária. Outros defendem uma maior fiscalização e rastreamento do processo de compra.

“As transações são feitas através de um meio de pagamento digital, ou é Pix, ou cartão de crédito, ou uma transferência. Então, precisamos achar um caminho para seguir esse dinheiro e poder taxar da forma correta a transação”, defende Gonçalves Filho, do IDV.

Fonte: https://www.estadao.com.br/economia/negocios/sites-asiaticos-brasil-varejistas-competicao-nao-justa/

REDAÇÃO 09/02/2023 AMANHA

As vendas no comércio varejista no país recuaram 2,6% na passagem de novembro para dezembro. É a segunda queda consecutiva do setor, que em novembro havia recuado 0,9%. Apesar disso, o varejo encerrou o ano no campo positivo, acumulando alta de 1%, o menor crescimento desde 2016 (-6,2%). Na comparação com dezembro de 2021, o setor variou 0,4%. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE. “Esse resultado acumulado no ano está muito próximo ao dos anos anteriores. Em 2021, por exemplo, houve ganho acumulado de 1,4%. Então em 2022 há um crescimento similar, mas ainda mais tímido. Além disso, é muito concentrado, em termos de variação, no setor de combustíveis e lubrificantes, que acumulou avanço de 16,6% no ano, uma distância grande para o acumulado dessa atividade em 2021 (0,3%)”, explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Cinco das oito atividades pesquisadas fecharam o ano no campo positivo. Além de combustíveis e lubrificantes (16,6%), o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria (14,8%) também acumulou um aumento de dois dígitos em 2022. O pesquisador lembra que o setor de combustíveis começou uma trajetória de crescimento em julho do ano passado, quando houve mudança na política de preços dos seus principais produtos. “Com essas mudanças, essa atividade teve aumento significativo e, após aquele momento, teve quedas grandes. Em novembro, houve uma perda de 5,4% e o resultado obtido em dezembro intensificou ainda mais essa trajetória. Mesmo assim, o acumulado do ano para esse setor foi o maior da série histórica”, avalia Santos. Só no segundo semestre, o segmento de combustíveis e lubrificantes cresceu 27,8%.

No caso do setor de livros, o crescimento é associado ao retorno da circulação de pessoas e das aulas presenciais. Essa atividade não acumulava alta, frente ao ano anterior, desde 2013. “É um setor que acumula perdas ao longo dos anos, por causa do esvaziamento das lojas físicas, já que muitas pessoas deixaram de comprar produtos físicos dessa natureza. O que explica esse crescimento no ano é a venda de materiais didáticos em um momento de volta às salas de aula de forma presencial”, destaca o pesquisador. O setor de hiper e supermercados, que é o de maior peso na pesquisa, está há dois meses no campo negativo, mas encerrou o ano com ganho acumulado de 1,4%.

“Uma das explicações para esse crescimento é a queda de 2,6% no ano anterior. Em 2022, tivemos o efeito da inflação elevada sobretudo em alimentos, o que favorece mais esse setor que outros, já que muitos deixam de consumir outro tipo de produto para continuar comprando esses itens básicos, ainda que reduzam o dispêndio de forma geral. No último trimestre, tivemos também o efeito do aumento do Auxílio Brasil, alcançando as famílias de menor renda que tendem a usar o valor do benefício em hiper e supermercados”, analisa o pesquisador. Os outros dois setores que cresceram no acumulado do ano foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (6,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,7%).

Sobre a Pesquisa Mensal do Comércio
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do comércio varejista no país, investigando a receita bruta de revenda nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, e cuja atividade principal é o comércio varejista. Iniciada em 1995, a PMC traz resultados mensais da variação do volume e receita nominal de vendas para o comércio varejista e comércio varejista ampliado (automóveis e materiais de construção) para o Brasil e Unidades da Federação.

 

Fonte:https://amanha.com.br/categoria/brasil/vendas-no-varejo-fecham-2022-com-alta-de-1

REDAÇÃO  AMANHA 10/02/2023

Desaceleração do nível geral de preços e do desemprego foi neutralizada pela deterioração das condições de crédito e varejo avançou 1% em 2022

A expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de crescimento modesto do varejo neste ano, de 0,6%, em relação a 2022. No ano passado, o volume de vendas no comércio varejista brasileiro aumentou 1%, na comparação com 2021, de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 2018, quando houve avanço de 2,3%, o volume de vendas no setor não conseguiu subir acima de 2%.

“Já era previsto que as medidas de estímulo ao consumo e à recomposição da renda, adotadas no ano passado, não seriam suficientes para acelerar o ritmo das vendas e tampouco deverão contribuir significativamente para o seu avanço em 2023”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “O dado positivo, é que 20 dos 27 estados tiveram crescimento, sendo que dez delas avançaram mais de 4%”. Na comparação com novembro de 2022, houve queda de 2,6% e, em relação a dezembro de 2021, houve variação positiva, pelo quinto ano consecutivo, na ordem de 0,4%.

Entre os segmentos, as maiores taxas anuais foram apontadas pelas categorias de combustíveis e lubrificantes (16,6%), de livrarias e papelarias (14,8%) e artigos farmacêuticos (6,3%). Os destaques negativos ficaram por conta dos ramos de utilidades domésticas (com queda de 8,4%) e de móveis e eletrodomésticos (redução de 6,7%). Nos dois casos, explica o economista da CNC responsável pela apuração, Fabio Bentes, houve influência do esgotamento do ciclo iniciado durante a crise sanitária, além da deterioração das condições de crédito.

Dificuldade de superar a pandemia
“Diante do frustrante resultado de dezembro, após 11 meses, o volume de vendas no varejo voltou a se situar abaixo do patamar observado imediatamente antes da decretação da pandemia de Covid-19 e ficou em queda de 1,1%”, constata Bentes. Dos 10 segmentos avaliados pelo CNC, seis ainda apresentam perdas em relação a fevereiro de 2020. As mais significativas foram observadas nos ramos de livrarias e papelarias, com redução de 38,3%, e de vestuário, calçados e acessórios, que registrou queda de 29,9%. Portanto, os desempenhos anuais do varejo em 2020 (aumento de 1,2%), 2021 (crescimento de 1,4%) e 2022 (avanço de 1%), embora semelhantes, devem ser explicadas por razões distintas. “Se, em 2020, a crise sanitária ditou predominantemente o ritmo das vendas, no ano passado, foi a deterioração das condições de consumo que justificou o seu fraco desempenho desde então”, analisa Bentes.

Severamente castigado pela crise sanitária, o comércio conseguiu crescer pelo sexto ano seguido a partir da normalização da circulação dos consumidores. “Por outro lado, o fraco desempenho das vendas ao longo de 2022 derivou de um cenário pouco propício à expansão das vendas”, pondera Bentes. De acordo com o economista, a desaceleração do nível geral de preços – o IPCA acumulado em 12 meses recuou de 10,1% para 5,8%, entre dezembro de 2021 e dezembro do ano passado – e o recuo no desemprego foram neutralizados pelo avanço dos juros e pelo elevado grau de comprometimento da renda.

Além disso, segundo o Banco Central, a taxa média de juros avançou de 45% para 55,8% ao ano – o maior índice em quase cinco anos. Esse movimento, associado ao comprometimento médio da renda com dívidas em nível recorde (28,2% em novembro de 2022), inviabilizou a aceleração do consumo a prazo, como tipicamente ocorre com os bens de consumo duráveis. “Diante das expectativas atuais quanto à inflação ao longo do corrente ano, a perspectiva é que as taxas de juros ao consumidor permaneçam elevadas”, estima Bentes. Além disso, a expectativa do crescimento da economia neste ano segue inferior a 1%, o que não deve estimular o reaquecimento do mercado de trabalho.

Raquel Brandão

Publicado em 9 de fevereiro de 2023, 19h45  / EXAME

O quarto trimestre da administradora de shoppings centers Multiplan (MULT3) concluiu o ano de 2022 com números recordes, refletindo a melhora do setor. De outubro a dezembro, o lucro líquido da companhia cresceu 11,9%, para R$ 239 milhões, impulsionado pelo avanço de 19% na receita bruta. No ano, o lucro líquido saltou nada menos que 69%, para R$ 769 milhões. A empresa também anunciou a troca de comando, com Eduardo Kaminitz Peres como novo CEO.

A receita líquida da companhia cresceu 15%, para R$ 512 milhões, enquanto, no ano, avançou 39,3%, para R$ 1,82 bilhão. Parte relevante desse avanço veio da venda de imóveis, mas a receita de estacionamento, de locação e de serviços, que são muito mais recorrentes, tiveram avanço importante: 49,9%, 34,9% e 37,7%, respectivamente.

 

Em 2022, as vendas dos lojistas terminaram o ano com um quarto trimestre recorde de R$6,3 bilhões, o que levou ao maior resultado anual já obtido pela companhia: R$20,0 bilhões. “O aumento de 37,1% vs. 2021, mais uma vez, reafirma a qualidade do portfolio da companhia. Todos os shoppings da Multiplan apresentaram um crescimento de dois dígitos sobre as vendas de 2021.” Quando comparadas com 2019, as vendas dos lojistas cresceram 22,8%.

Lucratividade

Apesar do avanço de 31%, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 374,56 milhões no quarto trimestre ficou abaixo da previsão do mercado. O BTG Pactual, por exemplo, previa um Ebitda de R$ 411,7 milhões. No ano, avançou 58%, para R$ 1,28 bilhão.

O resultado operacional líquido (NOI) da Multiplan aumentou 19,9%, para R$ 463,6 milhões. A margem NOI ficou em 89,6%, 1,5 ponto percentual acima do quarto trimestre do ano anterior. No ano, chegou a R$ 1,56 bilhão, 39,5% maior do que em 2021 e margem ficou 2,09 pontos maior em 87,9%. A margem NOI é um indicador de desempenho e eficiência para os imóveis que geram renda e muito observado pelos investidores do setor.

Lojas novas

No quarto trimestre, a Multiplan apresentou um turnover de 1,2% do total da ABL administrada (9.229
m2), o que corresponde a 107 novas lojas, todas elas lojas satélites.

O portfólio de shoppings centers da Multiplan apresentou uma taxa de ocupação média de 95,2% no trimestre, abaixo do quarto trimestre de 2021.

O custo de ocupação dos lojistas foi de 13,2% no quarto trimestre e 13,9% em 2022, aumentando leve aumento em comparação aos mesmos períodos de um ano antes.

“É válido ressaltar que, no quarto trimestre, o custo de ocupação dos lojistas atingiu o nível mais baixo do ano, mantendo a sazonalidade do quarto trimestre. As iniciativas bem sucedidas que centravam-se na redução dos encargos comuns, além das vendas mais elevadas, contribuíram para a redução da participação dos encargos comuns no custo de ocupação em todos os trimestres de 2022.”

 

Novo CEO

Com a troca de comando, sai José Isaac Peres, fundador da Multiplan, e entra Eduardo Kaminitz Peres como CEO. Eduardo entrou na companhia em 1988. Desde 2006, além de membro do conselho de administração, assumiu a vice-presidência de operações.

José Isaac assumirá a presidência do conselho da Multiplan e o atual chairman, José Paulo Ferraz do Amaral, seguirá como integrante. O assunto será votado em assembleia geral extraordinária (AGE) convocada para 3 de março.

Reunião entre o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, o ministro Dias Toffoli, e representantes da Fazenda Nacional formalizou acordo para a controvérsia em torno do voto de qualidade como critério de desempate em julgamentos do Carf – Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nesta terça-feira, 14, no STF. O critério foi estabelecido pelo governo Federal por meio da MP 1.160/23 e havia sido contestado pela OAB na ADIn 7.347.

 

Além de Toffoli e Simonetti, participaram o membro honorário vitalício do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a procuradora-geral da Fazenda Nacional, Anelize Almeida; e o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas.

 

O conteúdo do acordo foi inserido em petição com pedido de medida cautelar pela OAB. Entre os itens estão a exclusão de multas e o cancelamento da representação fiscal na hipótese de julgamento de processo administrativo fiscal resolvido favoravelmente à Fazenda Pública pelo voto de qualidade. A medida vale, inclusive, para casos já julgados pelo Carf e ainda pendentes de apreciação do mérito pelo TRF competente.

 

O acordo também prevê que na hipótese de julgamento de processo administrativo fiscal resolvido favoravelmente à Fazenda Pública pelo voto de qualidade, nas hipóteses descritas, e desde que haja a efetiva manifestação do contribuinte para pagamento no prazo de 90 dias, serão excluídos, até a data do julgamento, os juros de que trata o art. 13 da lei 9.065/95.

 

Agora, a expectativa é de que o Congresso promova as mudanças no texto da MP, tendo como base o acordo firmado entre Fazenda, OAB e outras instituições que participaram das discussões.

 

 

Reunião entre OAB, ministro Toffoli e Fazenda Nacional.(Imagem: Nelson Jr./SCO/STF)

Confira abaixo os itens do acordo e leia aqui na íntegra:

 

i. Ficam excluídas as multas, e cancelada a representação fiscal para fins penais de que trata o art. 83 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, na hipótese de julgamento de processo administrativo fiscal resolvido favoravelmente à Fazenda Pública pelo voto de qualidade a que se refere o § 9o ,do art. 25, do Decreto 70.235/1972, inclusive para os casos já julgados pelo CARF e ainda pendente de apreciação do mérito no tribunal regional federal competente.

 

ii. Na hipótese de julgamento de processo administrativo fiscal resolvido favoravelmente à Fazenda Pública pelo voto de qualidade, a que se refere o § 9º do art. 25, e desde que haja a efetiva manifestação do contribuinte para pagamento no prazo de 90 dias, serão excluídos, até a data do julgamento, os juros de que trata o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995.

 

a) O pagamento mencionado poderá ser realizado em até 12 parcelas, mensais e sucessivas, corrigidas nos termos do art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995, e abrangerá o montante principal do crédito tributário.

 

b) No caso de não pagamento nos termos do caput ou de inadimplemento de qualquer das parcelas previstas no parágrafo anterior serão retomados os juros de que de que trata o art. 13 da Lei nº 9.065, de 1995.

 

c) Para efeito do disposto na alínea a), admite-se a utilização de créditos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL de titularidade do sujeito passivo, de pessoa jurídica controladora ou controlada, de forma direta ou indireta, ou de sociedades que sejam controladas direta ou indiretamente por uma mesma pessoa jurídica, apurados e declarados à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, independentemente do ramo de atividade.

 

d) O valor dos créditos de que trata a alínea c) será determinado, na forma da regulamentação:

 

I – por meio da aplicação das alíquotas do imposto sobre a renda previstas no art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre o montante do prejuízo fiscal; e

 

II – por meio da aplicação das alíquotas da CSLL previstas no art. 3º da Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, sobre o montante da base de cálculo negativa da contribuição.

 

e) A utilização dos créditos a que se refere alínea c) extingue os débitos sob condição resolutória de sua ulterior homologação.

 

f) A Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil dispõe do prazo de 5 (cinco) anos para a análise dos créditos utilizados na forma da alínea c).

 

g) O disposto no item ii) aplica-se exclusivamente à parcela controvertida, resolvida pelo voto de qualidade, no âmbito do CARF.

 

h) Não optando pelo pagamento na forma descrita, os créditos

 

definitivamente constituídos serão encaminhados para inscrição em dívida ativa da União em até 30 (trinta) dias e:

 

I – não incidirá o encargo de que trata o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969; e

 

II – será aplicado o disposto no art. 25, §9º-A.

 

i) No curso do prazo de 90 dias do item ii), os créditos tributários objeto de negociação não serão óbice à emissão de certidão de regularidade fiscal, nos termos do artigo 206 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.

 

j) O pagamento mencionado na alínea a) compreende o uso de precatórios para amortização ou liquidação do remanescente, na forma do art. 100, §11, da Constituição.

 

iii. Os créditos inscritos em dívida ativa da União em discussão judicial que tiverem sido resolvidos favoravelmente à Fazenda Pública pelo voto de qualidade poderão ser objeto de proposta de acordo de transação tributária específica, de iniciativa do sujeito passivo.

 

a) O Procurador-Geral da Fazenda Nacional regulamentará o disposto no item

 

iii), inclusive para prever que a possibilidade de transação levará em conta o prognóstico do risco judicial de cada processo, observando as disposições do art. 25, §9º-A e do art. 25-A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972

 

iv. A apresentação de garantia aos créditos resolvidos favoravelmente à Fazenda Pública pelo voto de qualidade previsto no artigo 25, §9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, suspenderá todos os atos de cobrança da dívida.

 

a) Fica autorizada a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional a pactuar a apresentação de garantia judicial pelo sujeito passivo de acordo com o perfil de conformidade e capacidade de pagamento, nos termos de regulamentação a ser editada.

 

Informações: OAB / Migalhas / 15/02/23

Redação O Antagonista

09/02/23 09:56
Apesar do desempenho ruim no último mês de 2022, o índice fechou o ano com alta de 1%, segundo o IBGE

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O volume de vendas do comércio varejista caiu 2,6% em dezembro e registrou o segundo mês consecutivo de queda. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE.
Apesar do desempenho ruim no último mês de 2022, o índice fechou o ano com alta de 1%. Já em relação a dezembro de 2021, o avanço foi de 0,4%.

Segundo o IBGE, sete dos oito grupos pesquisados registraram atividade negativa, com destaque para tecidos, vestuário e calçados (-6,1%), artigos de uso pessoal e doméstico (-2,9%), combustíveis e lubrificantes (-1,6%) e móveis e eletrodomésticos (-1,6%). No comércio varejista ampliado – que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção – o comércio varejista teve alta de 0,4% em dezembro, mas acumulou queda de 0,6% em 12 meses.

 de Redação / 31 de janeiro de 2023

 

Diante de um cenário turbulento com inflação, guerra e crises políticas, os consumidores que estavam otimistas com a perspectiva pós-covid revisaram suas prioridades e reduziram as despesas, segundo a pesquisa Consumer Pulse, da Bain & Company, com a 9.765 pessoas em seis países latino-americanos.

Entre os brasileiros, mais de 90% dos entrevistados perceberam aumento nos preços nos últimos três meses, 70% já estão reduzindo suas despesas, enquanto outros 15% planejam reduzi-las. Aqueles que estão apertando os cintos apontaram como estratégia iniciativas como comer menos fora ou com delivery, economizar energia, comprar menos roupas e reduzir a conta de supermercado, optando por marcas mais baratas e redução no consumo de alguns itens.

No sentido contrário, o corte não afeta as férias: elas aparecem em menos de 5% das respostas de que deseja reduzir gastos e somente 3% dos entrevistados indicaram ter cancelado o descanso.

O estudo indica ainda que os consumidores estão cada vez mais conscientes de seu bem-estar, considerando a saúde mental como a principal preocupação no pilar de saúde: 80% dos consumidores brasileiros que reportaram estar preocupados com sua própria saúde mental, 54% indicam a situação financeira como o principal fator de tensão.

Mudança de hábitos

Os hábitos desenvolvidos ao longo da pandemia persistem e impactam na forma como os consumidores passam o tempo em casa. O home office já é uma realidade para mais de 60% dos participantes da pesquisa. No último mês, mais de 50% dos consumidores brasileiros trabalharam de casa pelo menos 1 dia por semana e 18% trabalharam pelo menos 5 dias por semana.

Além de gostarem de passar tempo em casa e praticar atividades como leitura, jardinagem e cozinhar, a maior preocupação com o aumento do custo de vida fez com que os consumidores passassem a ponderar ainda mais o custo na decisão de sair de casa. Mais de 60% indicaram que, para economizar, têm consumido bebida alcoólica mais em casa do que em bares. Enquanto isso, 44% dos consumidores que buscam reduzir as despesas estão passando a realizar mais atividades em casa, como uma alavanca de economia.

Outra descoberta do estudo é que os consumidores se conscientizaram das desvantagens relacionadas ao uso excessivo dos meios digitais e estão tentando se afastar das atividades digitais. Mais de 20% dos entrevistados buscam reduzir o tempo gasto nesses meios, com destaque para a geração Z, onde 30% mencionam esse desejo.

No ano passado os shoppings brasileiros faturaram pouco mais de R$ 191 bilhões, o que representa crescimento nominal de 20% sobre 2021. Esse valor é praticamente o mesmo de 2019, quando as vendas em centros comerciais brasileiros chegaram perto de R$ 193 bilhões. Se considerarmos a inflação do período, na prática, o faturamento ainda não voltou aos níveis pré pandemia.

O mesmo acontece com o tráfego de pessoas. Em 2019 o fluxo médio nos shoppings brasileiros foi de 502 milhões de visitas mensais. Em 2022 esse número ficou em 443 milhões, índice 12% menor, portanto, do que na época em que a economia andava melhor e o home office não havia se tornado tão presente.

Ao final do ano passado havia no país 628 shoppings, contando com as 8 inaugurações ocorridas em 2022.Para esse ano são esperadas aberturas de 15 novos empreendimentos.

A Abrasce projeta crescer neste ano menos, algo como 14,6%!

(Todos esses dados são da ABRASCE – Associação Brasileira de Shopping Centers / 07/02/23)

Com renda de R$ 4.215 por habitante, Florianópolis lidera ranking da FGV Social, seguida por Porto Alegre. Curitiba é a quinta colocada

REDAÇÃO / AMANHA  14/02/2023

A capital catarinense encabeça o estudo feito pela FGV Social

 

Onde estão os mais ricos no Brasil? Como a pandemia afetou a desigualdade geral e a distribuição geográfica da riqueza da nação? Qual é a verdadeira desigualdade brasileira se levarmos em conta o topo da distribuição de renda que só o imposto de renda permite aproximar? Estas são algumas perguntas que foram respondidas com a nova pesquisa Mapa da Riqueza, desenvolvida pelo FGV Social.

Em um dos recortes, o estudo da FGV Social usou dados de rendimentos declarados no Imposto de Renda divididos pelo total da população. Com isso, pode fazer, por exemplo, a renda por habitante das 27 capitais brasileiras. O Sul ficou, mais uma vez, muito bem representado, pois as três capitais estão entre as cinco primeiras. Com renda de R$ 4.215 por habitante, Florianópolis é a capital brasileira mais rica do país. São Paulo, que ocupava a segunda posição em 2019, cai para quarta em 2020 e foi ultrapassada por Porto Alegre, que passa a ser a segunda mais rica e Vitória a terceira. Curitiba é a quinta. Veja o ranking completo a seguir.

 

MINUTO VAREJO

 – Publicada em 17 de Janeiro de 2023 às 21:20  JC P.Alegre

PATRÍCIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC

Um tema pediu espaço no palco da NRF Retail’s Big Show em Nova York em 2023. Em meio a estratégias, trunfos e dores de grandes marcas com produtos novos, a revenda (resale, em inglês) despontou e demarcou terreno como segmento que deve ganhar mais e mais relevância, com exemplos de empresas que estão crescendo surfando uma onda de adoção pelos consumidores. Da gigante sueca Ikea a startups de varejo, exemplos de operações e inclusão de usados no modelo de negócio desfilaram na feira, que se encerra nesta terça-feira (17) no Jacob Javits Center. “Foi a principal novidade da NRF 2023”, atesta o vice-presidente da CDL Porto Alegre, José Resende, atentando para atrativo para fluxo e para elevar a receita, além do fator sustentabilidade.

A projeção é que o resale movimente US$ 300 bilhões até 2031 no mundo. Empresas que atuam no modelo foram provocadas a explicar o modelo e a responder o que os consumidores estão dispostos a comprar. Lee Peterson, vice-presidente da WD Partners, mostrou que 74% das pessoas compram devido ao preço. Mas um foco para lojistas é o fluxo para pontos de venda e consequentemente mais caixa, em novas vendas. Sarah LaFleur, fundadora e CEO da La Fleur, que atua com roupas, diz que clientes recebem bônus ou dinheiro na venda do usado. “Cerca de 70% usam o dinheiro para compra e, quando gastam, o valor é quatro vezes maior que o crédito que receberam”, diz Sarah.

Antes disso ainda, a CEO da La Fluer disse que é mito que os mais jovens que mais se interessam pelo resale e dá uma dica: “Ao comprarmos de alguém que compra a nossa marca, isso gera empatia”. Relacionamento com os shoppers (consumidores) e ainda atuar no lado da cadeia de suprimento. Liz Hershfield, gerente de sustentabilidade do Crew Group e vice-presidente de abastecimento da Madewell, reforçou o foco em gerar processos sustentáveis. A marca abriu uma loja física para reforçar a educação das pessoas. “Como cuidar da roupa, fazemos parceria com as marcas, colocamos alfaiate para ensinar. O sucesso não é só na venda, mas para gerar engajamento”, resume Liz. A empresa também atua com fábricas para melhorar desde condições de trabalho à remuneração. Mas observou a marcas que analisam entrar no resale: “Precisa fazer a pergunta do por quê?”