A riqueza média por adulto no Brasil em real cresceu mais de 375% desde a crise de 2008, segundo o Global Wealth Report 2024, do UBS. De acordo com o levantamento, a taxa é mais que o dobro do crescimento do México, de pouco mais de 150%, e mais do que os 366% da China Continental. O Brasil tem a terceira maior taxa de desigualdade de riqueza entre os 56 países pesquisados, atrás apenas de Rússia e África do Sul. Entre 2008 e 2023, a desigualdade no país, medida pelo índice de Gini, subiu 16,8%. Por outro lado, o Brasil enfrentou uma redução significativa no ritmo de crescimento da riqueza entre 2010 e 2023. O UBS projeta um avanço de 22% no número de milionários no país até 2028, para 463.797 indivíduos, considerando pessoas com patrimônio igual ou superior a US$ 1 milhão.

Fernando Nakagawa da CNN São Paulo

10/07/2024 às 21:00 | CNN

Quando um governo gasta mais do que arrecada, é preciso pedir dinheiro emprestado para quitar as contas. E esse tem sido o expediente usado pelo governo do Brasil.

Nos últimos 12 meses, a dívida bruta do setor público cresceu 13% e alcançou R$ 8,522 trilhões.

O aumento da dívida é um dos fatores que gera desconfiança do Banco Central (BC) sobre o rumo da inflação. Isso porque o aumento da dívida indica que as despesas do governo sobem mais que a arrecadação.

Esse fenômeno resulta em inflação, que é a principal preocupação do BC.

A análise dos números mostra que a dívida brasileira tem aumentado a um ritmo forte. Nos últimos 12 meses, a dívida bruta aumentou quase R$ 1 trilhão.

Foram mais de R$ 2 bilhões por dia, R$ 109 milhões por hora ou R$ 30 mil extras na dívida pública brasileira a cada segundo dos últimos 12 meses.

“A dívida boa é quando é destinada à construção da infraestrutura. O governo toma dinheiro emprestado para duplicar estradas, para melhorar a pavimentação, construção de ferrovias, melhoria da oferta de energia elétrica”, disse o ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega.

“Tudo isso é uma forma de endividamento tida e percebida como favorável. O problema é que no Brasil o Tesouro se endivida para cobrir gastos de funcionamento do governo: salários, previdência, programas sociais”.

Quando um país não tem dinheiro para pagar as contas do dia a dia e precisa fazer dívida para quitar contas permanentes, como salários e previdências, a sustentabilidade das contas começa a ficar em xeque.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, citam os diretores do BC na ata da reunião de junho.

Há quem ganha com a dívida

Mas há um outro lado dessa moeda. Se o governo tem mais dívida, também paga mais juros. E esse dinheiro cai no bolso de quem tem dinheiro guardado.

Quando se investe no Tesouro Direto ou em fundo de renda fixa, o dinheiro, na verdade, está sendo emprestado ao governo federal.

E só em 2023 o governo federal pagou R$ 816,2 bilhões em juros aos credores da dívida pública.

Ou, se você preferir, esses bilhões foram pagos aos investidores que compraram títulos da dívida pública, como no Tesouro Direto. Nesse grupo que recebe mais quando o juro é maior estão desde os pequenos investidores até as grandes instituições financeiras do Brasil e exterior.

Forbes 11/07/2024

As vendas varejistas brasileiras cresceram pelo quarto mês seguido em abril e renovaram o maior patamar da série histórica, mas iniciaram o segundo trimestre com um desempenho abaixo do esperado.

 

O varejo registrou em abril aumento de 0,9% das vendas sobre o mês anterior, infirmou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

 

 

Ainda que as vendas tenham crescido em todos os meses deste ano, o resultado de abril ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,3%.

 

Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 2,2%, contra projeção de 3,35% nessa base de comparação..

 

“Neste ano, o varejo veio com resultados mais expressivos e, nos últimos três meses, vem alcançando o último recorde da série com ajuste sazonal (a cada mês)”, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

 

 

O mercado de trabalho aquecido, aumento da renda, benefícios sociais, inflação controlada e condições melhores de crédito trazem um cenário mais favorável ao setor de varejo no Brasil neste ano.

 

Entre as oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram ganhos em abril. As vendas em hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que responde por 55,2% do índice geral, cresceram 1,5% depois de dois meses negativos.

 

Já equipamentos e material para escritório, informática e comunicação tiveram aumento de 14,2%, recuperando a perda de 10,1% em março por conta do aumento do dólar. Essas duas atividades foram as principais influências sobre o resultado geral.

 

Também tiveram desempenhos positivos o setor de móveis e eletrodomésticos (+2,4%), combustíveis e lubrificantes (+2,2%) e artigos farmaceuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,6%).

 

Por outro lado, as atividades de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,4%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,7%) registraram retração no mês.

 

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve queda de 1,0% das vendas.

Raphaela Ribas 24/06/2024 gazeta do povo

 

Brasileiro destina mais de 40% de sua renda ao pagamento de impostos, segundo o IBPT.

Em 2024, o contribuinte brasileiro trabalhou até o dia 28 de maio somente para pagar os tributos, ou seja, impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estadual e municipal. Um total de 149 dos 366 dias deste ano, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

 

De acordo com o levantamento, a tributação sobre renda, patrimônio e consumo corresponde a 40,71% do rendimento médio do brasileiro neste ano.

 

Conforme o IBPT, em relação ao ano passado, houve um aumento de dois dias de trabalho para pagar os impostos. Isso porque, em 2023, a carga de impostos foi um pouco menor, de 40,27%.

 

O cenário já chegou a ser pior. Entre 2017 e 2019, o brasileiro trabalhou em média 153 por ano para sustentar o Estado. Nos anos seguintes, a carga diminuiu e desde 2021 fica em 149 dias, à exceção de 2023, quando foi de 147 dias, segundo o IBPT.

 

Ao longo das décadas, a pressão dos impostos no orçamento dos brasileiros vem aumentando gradativamente. Nos anos 1970, a média de dias demandados do brasileiro para suprir os cofres públicos era de 76. Em 1986, já chegava a 82 dias.

 

“Nós podemos concluir que hoje se trabalha mais do dobro do que se trabalhava no período dos anos 70 para sanar esses tributos”, sintetiza João Eloi Olenike, autor do estudo e presidente-executivo do IBPT.

 

Em 2003, segundo o levantamento, os tributos abocanhavam 36,98% da renda dos brasileiros. Desde 2021 a carga está na casa dos 40%.

 

Para Olenike, a carga tributária no Brasil é excessiva e ineficaz: “Esses dados reforçam a necessidade de investir em um sistema tributário mais justo e eficiente para o desenvolvimento do Brasil”.

 

 

Brasileiro paga impostos de primeiro mundo, mas retorno não está à altura

O levantamento também traz um ranking da média de dias de trabalho necessários para quitar impostos em outros países. Para essa lista, o IBPT usou dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2022.

 

Países de primeiro mundo, que oferecem saúde, educação e segurança de primeira qualidade, como Noruega, Áustria, Finlândia e Bélgica, exigem de 155 a 162 dias de labuta de seus cidadãos. Nisso, o Brasil está próximo a eles.

 

Por aqui, precisa-se de mais dias de trabalho para arcar com tributos do que na Alemanha (143), Eslovênia (138), Espanha (137), Reino Unido (129), Japão (124) e Suíça, onde são necessários não mais que 100 dias para pagar as taxas.

 

 

Olenike diz que, apesar de o Brasil estar entre os 30 países de maior carga tributária no mundo, é o que dá pior retorno à sua população. Os valores arrecadados não condizem com o retorno dessas verbas, com direcionamento à melhoria dos serviços públicos e consequentemente, aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

 

“É alarmante que os aumentos recentes do ICMS, implementados em diversos estados, não visem a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, mas sim a compensar perdas e preservar a arrecadação. Essa situação configura um ciclo vicioso, onde a população paga impostos altos sem receber os serviços públicos adequados em troca, enquanto o governo busca desesperadamente manter a sua arrecadação”, avalia Olenike.

de Redação

 24 de junho de 2024

O Magazine Luiza (Magalu) e o AliExpress anunciaram nesta segunda, 24, um acordo para venda de produtos no Brasil. Segundo o Acordo Estratégico, os produtos do AliExpress da linha Choice – serviço de compras premium, incluindo produtos com melhor custo-benefício e velocidade de entrega – serão vendidos no Brasil por meio do Magalu. Segundo coletiva de imprensa online e comunicado divulgado ao mercado, serão disponibilizados produtos das mais diversas categorias e complementares às disponíveis atualmente no e-commerce do Magalu.

“Com isso, a companhia amplia de forma significativa o sortimento oferecido, acelerando a sua estratégia de diversificação de categorias e de aumento da frequência de compra. Os pedidos realizados no Magalu serão importados por meio do programa Remessa Conforme, impulsionando a operação cross-border da companhia”, diz o comunicado.

O acordo também prevê que o Magalu ofereça produtos do seu estoque próprio na plataforma brasileira do Aliexpress. “Serão vendidos, inicialmente, itens das categorias de bens duráveis, nas quais o Magalu é líder de mercado no Brasil, com capilaridade logística e multicanalidade, fortalecendo também as vendas do e-commerce com estoque próprio (1P) da companhia”, diz o texto.

“A parceria potencializa duas das maiores audiências do e-commerce brasileiro, com mais de 700 milhões de visitas mensais nas duas empresas, e possibilita que o consumidor final tenha acesso a um amplo portfólio de produtos, com curadoria e serviço de qualidade. Um acordo desse tipo é inédito para ambas as empresas. É a primeira vez que o Alibaba, por meio do Aliexpress – uma das maiores empresas de e-commerce do mundo – faz um acordo estratégico com uma empresa fora da China. Para o Magalu, é a primeira vez que seus produtos serão listados e vendidos por meio de outra plataforma de marketplace”, finaliza o comunicado, assinado por Roberto Bellissimo Rodrigues, diretor financeiro e de Relações com Investidores do Magalu.

Fred Trajano, CEO do Magalu, acredita que a parceria é uma clara situação de ganha-ganha. “As sinergias são imensas. As duas plataformas têm no Brasil mais de 700 milhões de visitas por mês, além de 60 milhões de clientes ativos nos dois canais. Você coloca sortimentos complementares. Eu vou introduzir sortimentos que eu não tinha e o AliExpress vai fazer o mesmo. Estamos bastante animados com o potencial da parceria”, revelou o executivo em coletiva de imprensa direto da China.

Para Briza Rocha, diretora Brasil e LATAM do AliExpress, a complementariedade das duas categorias da parceria será fundamental para o sucesso da operação. “A linha Choice tem um sortimento bem diverso. Beleza, assessórios eletrônicos… São produtos de calda longa, de diversas categorias diferentes, que vão contribuir muito para o Magalu. Agora geladeiras e bem duráveis mais pesados, por exemplo, o AliExpress não tem. E eles são uma categoria importante no Magalu. São produtos complementares”, garantiu a executiva, também diretamente da China.

“Sabemos da importância do Magalu na história do varejo brasileiro e o seu compromisso com o consumidor. Acreditamos que essa união tem tudo para ser duradoura”, revelou Kai Li, CEO Latam do AliExpress.

  • 25/06/2024  site CNC

Mercado de crédito desafiador impulsiona queda de 0,5% no Índice de Confiança do Empresário do Comércio

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 106,1 pontos em junho, uma retração de 0,5% em relação a maio. Essa foi a segunda queda consecutiva, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice também apresentou queda de 0,3%, mantendo a tendência negativa observada desde janeiro de 2023.

Apesar de o subindicador de condições atuais – que avalia a economia, o comércio e a empresa – ter recuado 0,4% pelo segundo mês consecutivo, o principal destaque positivo foi o aumento de 1,1% na confiança dos comerciantes, em relação às condições atuais do comércio. Esse aumento reflete um entusiasmo renovado dos empresários em relação ao varejo, impulsionado por indicadores de crescimento do comércio, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Contudo, conforme o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o momento é de expectativa para as decisões macroeconômicas dos próximos meses. “Com o freio na queda da taxa Selic, imposto pelo Banco Central, e a incerteza em relação à inflação, o varejo deve adotar movimentos cautelosos no futuro próximo”, afirma Tadros. Ele lembra que a queda do volume do comércio varejista ampliado desperta ainda mais atenção para o momento atual.

Os consumidores corroboram a percepção dos empresários. A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da CNC revelou um aumento de 0,5% em junho, mas com uma desaceleração no crescimento devido aos desafios no controle da inadimplência.

Pessimismo com o futuro da economia

Houve uma queda de 1,2% no subindicador de expectativas – em relação à economia, ao setor e à empresa – em junho, em relação a maio, a primeira negativa após cinco meses de alta. Conforme o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, a taxa reflete a dificuldade atual dos empresários em relação aos próximos meses. A expectativa em relação à economia apresentou a maior queda, com redução de 2,3% na comparação mensal.

Apesar do mercado de crédito desafiador e da percepção negativa das condições atuais, o indicador de intenção de investimentos foi o destaque positivo, com alta de 0,4% na comparação mensal. Entre os subindicadores que compõem esse indicador, a intenção de investir na empresa cresceu 0,8%, superando os níveis observados no mesmo período do ano passado.

“Diferentemente do que ocorre em relação aos consumidores, o saldo do crédito oferecido para pessoas jurídicas vem diminuindo e a inadimplência das empresas permanece em torno de 3,3%”, explica Felipe Tavares. Segundo o economista-chefe, isso revela que os varejistas estão recorrendo menos a esses recursos por conta da redução ,0de oferta, e não porque precisam amenizar os custos com dívidas, já que a parcela de empresários com dívidas atrasadas não diminuiu.

Confiança dos comerciantes gaúchos atinge menor nível desde maio de 2021

Após um início de ano positivo, o Rio Grande do Sul apresentou recuo no Icec, em maio, de 2,1% e queda ainda maior em junho, de 8,6%, a mais significativa desde abril de 2021, quando o índice chegou a cair 10%. Em junho, o Icec alcançou 93,4 pontos, o menor desde maio de 2021 e a primeira vez abaixo de 100 pontos, desde então.

O desastre ambiental no Estado levou os comerciantes a repensar seus investimentos, com o subindicador apresentando a maior queda mensal, de 10,4%. A intenção de contratação de funcionários caiu 13,7% e a de investimento em estoques retroagiu 6,9% – ambas retornaram à zona de insatisfação.

A percepção das condições atuais se deteriorou 8,2%, especialmente em relação à economia – o subindicador caiu 12,1%. Embora as expectativas tenham reduzido 7,4%, elas permaneceram acima do nível de satisfação, aos 115,8 pontos, com os empresários mais confiantes em relação aos próximos meses por conta das medidas de suporte ao Estado.

Bábara Cabral/TST

Aprovado pelo Senado, Antônio Fabrício integra grupo de juristas de esquerda; tribunal hoje está dividido24/06/2024 às 13:18

Em um Tribunal Superior do Trabalho (TST) dividido, a chegada de um novo ministro pode “pesar” a balança para que as decisões sejam mais favoráveis ao trabalhador do que às empresas.

Essa é a expectativa de fontes do mundo jurídico que acompanham as mudanças de composição dos tribunais superiores — e de que maneira elas impactam a tendência dos julgamentos.

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o advogado mineiro Antônio Fabrício de Matos Gonçalves foi sabatinado e aprovado pelo Senado Federal na semana passada.

Fabrício faz parte do Prerrogativas, grupo que reúne juristas de esquerda. No segundo governo Lula, participou de uma comissão para discutir a ampliação das leis trabalhistas.

Por Carolina Nalin / Letycia Cardoso / Rafaela Gama

24/06/2024 16h29  Atualizado há um dia

Promoção de inverno em pleno mês de junho: temperaturas altas derrubam as vendas do varejo

Sai o casacão e entra o corta vento. O calor atípico no inverno — mesmo com a chegada de chuva, a perspectiva é que o frio, se chegar, venha só em agosto — fará o varejo de vestuário e calçados amargar uma retração de 4,1% nas vendas este ano. Essa é a projeção da Confederação Nacional do Comércio (CNC), que reúne as empresas do setor, em estudo antecipado para o GLOBO.

O setor deve faturar R$ 14,06 bilhões nos meses de maio e junho, no menor patamar desde 2021. Segundo Fábio Bentes, economista sênior da CNC, as temperaturas mais altas têm atrapalhado as vendas da coleção de inverno, que chegou às vitrines em abril. Mesmo com um cenário econômico mais favorável, com emprego em alta e inflação sob controle, o calor prejudica as vendas.

E é justamente no inverno que o setor costuma ter uma margem de lucro maior, já que as vendas são de peças mais volumosas, como casacos, jaquetas e botas, que por isso têm custo médio mais alto.

— Esse inverno atípico, com essa tendência de temperaturas mais altas, está neutralizando a desaceleração dos preços e a queda dos juros. O consumidor está pouco confiante no inverno deste ano por conta das temperaturas acima da média.

À espera da frente fria

Nas vitrines de shoppings e lojas de rua, botas dão lugar a sandálias, camisetas de manga curta e croppeds ainda são destaque, e os cartazes de promoções antecipadas de inverno se multiplicam. Mesmo com as ofertas, o autônomo Sidney Roberto, de 40 anos, não pretende comprar peças novas para o guarda-roupa este ano:

— Eu vou usar mais os casacos que já tenho em casa. Não compensa ficar comprando porque em um dia a temperatura pode até estar mais baixa, mas no outro já volta o calorão.

Na Saara, tradicional região de comércio popular no Centro do Rio, a vendedora Bruna Cavalcante, de 28 anos, conta que os clientes têm optado por agasalhos mais finos para o dia a dia.

— A gente teve que diminuir os preços dos casacos maiores e mais grossos porque realmente não estavam saindo. Os modelos que estavam antes por R$200 ou R$ 250 tiveram que passar para R$ 180 e até R$150.

A lojista Luiza Campos, de 62 anos, é dona há dez anos de uma loja de roupas na Rua da Alfândega e diz que o movimento está mais fraco neste ano. Ela está à espera da chegada de frentes frias:

— O jeito é ir mudando o mostruário e abaixando os preços para atrair o cliente, porque senão não vende nada de casaco, cachecol, meia.

Mas, apesar da expectativa, relatório do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) aponta que o inverno será marcado por temperaturas mais altas. Foi só em maio, porém, que este cenário começou a se desenhar de modo mais claro, conta Wanderson Luiz Silva, meteorologista e professor da UFRJ.

— Sem atuação de frentes frias, teremos sol e temperaturas mais elevadas que a média, especialmente na porção central do país. A expectativa é de frio um pouco mais expressivo em agosto.

As varejistas de moda costumam encomendar as peças de outono e inverno no início do ano. Por isso, foi difícil se planejar para a estação atípica, diz Fernando Siqueira, head de análise da Guide Investimentos. Ele lembra que, no primeiro trimestre, a previsão era de que a taxa básica de juros, a Selic, fosse cair mais este ano.

— As empresas estão sofrendo não só pelas temperaturas mais altas, mas também por uma taxa de juro mais alta do que o esperado, com a manutenção da Selic a 10,5% (na semana passada, o Banco Central parou de reduzir os juros, após sete cortes seguidos) — comenta. — Essas varejistas têm tudo para ter um desempenho mais fraco.

Sandálias na vitrine e 40% de desconto na coleção de outono e inverno: calor prejudica as vendas — Foto: Carolina Nalin/Agência O Globo

Em abril, o CEO da Lojas Renner, Fabio Faccio, disse que o calor extremo deveria afetar o crescimento de volume de vendas do segundo trimestre. Por outro lado, destacou que os estoques estavam ajustados. Procurada, a Renner informou que se limita a falar sobre o tema nas conferências de resultado com investidores.

Francislei Donatti, vice-presidente comercial da C&A, destacou em videoconferência com analistas do mercado que o inverno mais quente dos últimos anos fez a varejista se preparar para a estação em 2024 com peças mais leves, como parcas e corta ventos: “Diminuímos bastante nossas mercadorias mais pesadas de casacos e jaquetas. A gente também entrou nas nossas lojas com produtos de inverno um mês mais tarde do que o ano passado. E isso proporcionou um maior equilíbrio dos nossos planos de venda no segundo e terceiro trimestre”.

A C&A informou que tem desenvolvido coleções mais versáteis e atemporais que podem ser usadas em diferentes ocasiões e climas. Outra estratégia é aprimorar as ferramentas de previsões de demanda para tornar mais eficiente a distribuição dos produtos aos consumidores.

Para algumas redes, porém, o calor no inverno é uma vantagem. A Grendene, dona de marcas como Melissa, Zaxy, Rider e Ipanema, que trabalha apenas com calçados abertos, afirma que as vendas de chinelos, sandálias e sapatilhas têm sido beneficiadas pelas altas temperaturas.

— A Grendene tem sido impactada positivamente pelo calor fora de época — diz Alceu Albuquerque, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Grendene.

Melhor ficar no zero a zero

João Augusto Frota, estrategista da Senso Corretora, reforça que, muito antes do fim do inverno, os clientes devem encontrar cada vez mais promoções nos corredores dos shoppings:

— É melhor vender praticamente sem lucro, no zero a zero, para cobrir custo de colaboradores, aluguéis de lojas, do que ficar no sufoco.

Uma das alternativas apontadas por Denis Medina, economista da FAC-SP, é guardar o estoque para vendê-lo no próximo ano. A medida, no entanto, pode ter desvantagens: além de ocupar espaço físico, as peças podem sair de moda. A outra opção é antecipar as liquidações para gerar caixa, pelo menos, para as despesas operacionais.

Luiz Augusto Ildefonso, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), aponta que casacos de lã, cachecóis e calças têm custo mais elevado não só pelo preço alto da matéria prima, que encarece o produto, mas pelo maior peso, que encarece o frete e ainda ocupa mais espaço. Assim, não enxerga outra saída para as varejistas que apostaram nesses itens que não sejam as liquidações.

O inverno mais fake dos últimos tempos? Mesmo com a estação tendo mudado há uma semana, as temperaturas continuam altas na maior parte do Brasil. Com isso, as empresas de varejo devem ter o pior inverno desde 2021.
·  As projeções mostram que o setor deve faturar R$ 14 bilhões entre maio e junho, um resultado que, se confirmado, representará uma queda de 4% nas vendas em relação a 2023.
A relevância: O inverno é a época na qual o lucro dos comerciantes costuma ter uma margem maior, já que as vendas são de peças mais volumosas como casacos, jaquetas, botas e por aí vai.
Acontece que esses itens — que normalmente custam mais caro — ainda não deram as caras. Nas lojas do país, sandálias, camisetas e croppeds continuam dominando as vitrines.

O varejo tem reagido de muitas maneiras…

Como os comerciantes costumam encomendar as peças de outono e inverno no começo do ano, o jeito para muitos têm sido aplicar descontos de até 40% nos casacos, toucas e cachecóis.
Outra alternativa é guardar o estoque para vender no próximo ano — mas essa medida ocupa mais espaço e corre o risco das peças saírem de moda.
Já no caso da C&A, a marca investiu em coleções mais versáteis e atemporais “para todos os climas” enquanto o frio não chega de vez no nosso país.

PRSA 25/06/2024

O Grupo Tacla, com 12 empreendimentos nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, anunciou a expansão dos dois outlets do grupo: o City Center Outlet Premium, em Campo Largo (PR), e o Porto Belo Outlet Premium, em Porto Belo (SC), que ampliam o mix de lojas.

 

Além disso , o grupo lançou o Plaza Campos Gerais, o segundo empreendimento no município de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná .Com mais de 76 mil metros quadrados de área construída e 27 mil metros quadrados de área bruta locável, o novo centro de compras já está em construção.

 

Com esse portfólio, a empresa chega à Exposhopping, a maior feira de negócios do segmento. Promovido pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), o evento ocorre de 26 a 28 de junho, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP).

 

“A Abrasce oferece uma excelente oportunidade para fortalecer nosso relacionamento com parceiros, lojistas e clientes, ampliando nossa rede de contatos e as possibilidades de negócios”, diz o representante do grupo, Aníbal Tacla.