REDAÇÃO 03/06/2024  AMANHA

A manutenção da alíquota para bens importados menor do que o percentual de impostos pago pela indústria nacional consagra a desigualdade tributária e favorece a concorrência desleal, notam Fiep e Fiesc

Na visão das federações industriais do Sul, o projeto de lei que revisa a isenção das compras internacionais de até US$ 50 em marketplaces representa um passo bastante tímido na direção da isonomia tributária, ainda insuficiente para equilibrar a concorrência entre produtos brasileiros e importados. Para o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, a manutenção da alíquota para bens importados menor do que o percentual de impostos pago pela indústria nacional consagra a desigualdade tributária e favorece a concorrência desleal. “Seguiremos empenhados na busca de regras que assegurem igualdade de condições, em prol da manutenção de empregos e renda no país”, afirma. Entre os setores mais afetados pelas importações de até US$ 50 estão os fabricantes e trabalhadores de produtos têxteis, de confecção, calçados, artefatos de couro, produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, móveis, entre outros. Em Santa Catarina, o setor têxtil e do vestuário é o maior empregador da indústria, com 178,7 mil pessoas. 98% das empresas do setor são micro e pequenas indústrias. “Quem mais perde com a redução dos empregos nesses setores são as pessoas que ganham menos”, explica Aguiar.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, (Fiep) Edson Vasconcelos, o projeto também é insuficiente. “Na prática, o texto restabelece uma alíquota equivalente a apenas um terço da alíquota incidente sobre essas compras, que é de 60%, oferecendo assim uma isenção parcial para as plataformas internacionais, em detrimento da indústria e do comércio nacional, que continuarão a sofrer com a concorrência desleal dos produtos importados”, destaca. “É necessário dar mais celeridade ao processo, pois a indústria enfrenta um momento de turbulências e precisa de medidas que resguardem sua necessidade de sobrevivência. A sociedade precisa estar a par do que se trata, pois o assunto provoca reflexos em significativa parcela da população”, alerta.

“É importante destacar que não se trata de qualquer privilégio ou benefício ao setor produtivo brasileiro, mas simplesmente busca-se uma equidade da carga tributária das empresas instaladas em nosso país com a dos produtos importados, que hoje gozam de uma tributação extremamente mais favorável. Estamos defendendo a manutenção de empregos e investimentos em nosso país”, complementa o líder empresarial. Segundo Vasconcelos, a Fiep continuará atuando para preservar os setores diretamente afetados pela concorrência desleal dos produtos importados com tributação favorecida, de modo a garantir a manutenção dos investimentos, do emprego e da renda das empresas e trabalhadores. São diretamente afetados os setores de produtos têxteis, confecção de artigos do vestuário e acessórios, calçados, artefatos de couro, produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, móveis e de diversos outros setores industriais diretamente afetados.

“Nesse momento, é urgente que os governadores se sensibilizem com a situação das empresas instaladas em seus estados e resolvam, conjuntamente, equalizar a alíquota do ICMS incidente sobre essas operações, de modo que se tenha uma alíquota de ICMS de no mínimo 27%. Além, é claro, de continuarem dialogando com os parlamentares do Congresso Nacional para que a tributação Federal sobre as importações chegue a patamares mínimos de igualdade em relação a carga tributária incidente sobre os produtos nacionais”, clama Vasconcelos. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em função da crise climática em vigor no estado, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

GRASIELLE CASTRO SÃO PAULO 04/06/2024 jota

comentáriosO início da tramitação do primeiro projeto de lei que busca regulamentar a reforma tributária do consumo tem feito alguns setores se movimentarem em busca de espaço para ajustes e negociações a respeito das alíquotas às quais estarão sujeitos. Um desses setores é o de shopping centers, que projeta uma alta expressiva na alíquota atual, de cerca de 8% para mais de 20%. Ao JOTA, o vice-presidente institucional da Multiplan, Vander Giordano, considerou esse percentual muito discrepante da realidade. “Com essa alíquota, você pode prejudicar muito um setor”, disse.

Segundo ele, era esperada uma alíquota em média em torno de 8% a 9%, “que é bastante distante da que foi sugerida no projeto”. “A própria equipe econômica reconhece que é preciso um tratamento diferenciado, tanto que na reforma tributária, na questão imobiliária, incluiu os shopping centers nesse regime diferenciado. Só que a taxa seria de 20%, o que é muito distante da realidade”, disse.

Além disso, Giordano afirma que é preciso ponderar o contexto em que o setor está inserido. Entre os pontos a serem levados em conta estão a tributação da cadeia, o fato de muitas lojas estarem inseridas no Simples Nacional e a questão do redutor de ajuste.

Giordano pondera que diferentemente da maioria dos contratos de natureza privada, os shoppings estão sujeitos a regras específicas. “Então é preciso que todo esse repasse contemple essa cadeia. Se o vendedor de um produto vai repassar o imposto para o consumidor final, entende-se que todas as atividades nesse meio da cadeia, como o contrato de locação, também têm que seguir a regra dos repasses”, avalia. Esse caminho, de acordo com a análise, tornaria o preço do produto final mais caro ao consumidor.

Já em relação ao Simples Nacional, para Giordano, não ficou claro se a regra vai se adequar a esses lojistas. E sobre a questão do redutor do ajuste, ele destaca que a dedução sobre o preço de locação ficou fixada em um prazo de 360 meses. “É um prazo muito extenso. Isso significa que o empreendedor apenas poderá deduzir o valor do empreendimento, cuja construção ele já se creditou de IBS e CBS, em 30 anos. Fica uma disparidade em relação a isso”, alerta.

Pandemia e empregabilidade

Por fim, Giordano chama a atenção para o momento que o setor vive. “Estamos, agora, ainda nos recuperando da pandemia. Tiveram vários programas que beneficiaram alguns setores, como o Perse [Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos] e os shopping centers não foram incluídos, ficaram de fora. E os shoppings foram afetados, foram fechados na pandemia. Teve um impacto muito grande”, destaca. “Se vier uma alíquota demasiadamente alta, você vai arrebentar um setor que vem se reconstruindo aí no pós-pandemia. Acho que a questão da alíquota é uma preocupação muito significativa”, completa.

Giordano lembra ainda da alta empregabilidade proporcionada pelos shoppings. “Historicamente, nunca houve programa do governo para incentivar a indústria de shopping center e, olhando friamente, os shoppings hoje são grandes empregadores. Um exemplo é o nosso shopping de Jacarepaguá, onde são 4.800 empregos. Em termos de comparação, uma planta industrial já não emprega como empregava no passado, até porque automatizou muito. Ou seja, temos um setor que nunca foi contemplado por regras de incentivo e que emprega muito no país”.

GRASIELLE CASTRO – Editora do site em São Paulo. Responsável pela cobertura de política. Foi repórter no Correio Braziliense, repórter e editora no HuffPost e coordenadora de sucursais no Metrópoles. Email: grasielle.castro@jota.info

Por Luiz Guilherme Gerbelli 04/06/2024 | estadao

Puxada pelo setor de serviços, a economia brasileira acelerou e cresceu 0,8% no primeiro trimestre deste ano na comparação com os últimos três meses de 2023. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 4.

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O desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses deste ano ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast – as estimativas variavam de alta de 0,4% a 1,2% -, e veio um pouco acima da mediana das previsões, que era de um avanço de 0,7%.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, a economia brasileira cresceu 2,5%.

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A leitura dos analistas é a de que a atividade começou o ano mais forte do que o previsto, sobretudo em janeiro e fevereiro. No fim de 2023, a economia vinha dando sinais de fraqueza. Para o último trimestre do ano passado, o desempenho foi revisado pelo IBGE para uma queda de 0,1% – o número anterior era de estabilidade.

“É um crescimento um pouco melhor do que a gente estava imaginando (na virada do ano)”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Com o desempenho observado nos primeiros meses do ano, os economistas foram ajustando as previsões para o PIB de 2024 ao longo do primeiro trimestre. No primeiro relatório Focus do ano, por exemplo, os analistas consultados pelo Banco Central estimavam um crescimento de 1,59%. No divulgado nesta segunda-feira, 3, a projeção estava em 2,05%

.

“Foi um resultado bom (do primeiro trimestre)”, afirma Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.

Na análise pelo lado da oferta, o setor de serviços cresceu 1,4%, puxado pelo comércio, que registrou alta de 3%. A indústria encolheu 0,1%. Tradicionalmente com resultados positivos concentrados no início do ano, a agropecuária avançou 11,3%.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 1,5% e foi beneficiado pela força do mercado de trabalho, diante do cenário de baixo desemprego e aumento da renda, e pelos impulsos fiscais, como o pagamento dos precatórios, além do reajuste real do salário mínimo.

“Em grandes números, no ano passado, houve um aumento dos gastos públicos na casa de R$ 200 bilhões. Neste ano, o incremento está na faixa de R$ 100 bilhões”, diz Alessandra. Só o pagamento de precatórios representou um crescimento adicional de 0,2 ponto percentual nesses gastos entre janeiro e março, de acordo com a Tendências. Ao todo, R$ 40 bilhões foram para o consumo.

A formação bruta de capital fixo (FBCF, a conta dos investimentos no cálculo do PIB) também cresceu. A alta foi de 4,1%. Os investimentos foram favorecidos pelo ciclo de queda da taxa básica de juros nos últimos meses. De agosto do ano passado até maio, quando houve a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic caiu de 13,75% ao ano para 10,50%.

No primeiro trimestre de 2024, a taxa de investimento foi de 16,9% do PIB, um número um pouco abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (17,1%). A taxa de poupança foi de 16,2%, abaixo dos 17,5% registrados nos primeiros três meses de 2023.

Os números divulgados pelo IBGE nesta terça também mostraram que as exportações cresceram 0,2% e as importações subiram 6,5%.

O que vem pela frente

Apesar do bom início de ano, os números da economia brasileira devem ser afetados pela tragédia no Rio Grande do Sul. Uma análise ainda preliminar da Tendências indica que o impacto das enchentes que atingiram o Estado deve tirar 0,3 ponto do crescimento brasileiro em 2024.

“Para o ano, estamos com uma projeção de (alta do PIB) de 1,8%. Se fosse apenas pelos dados do primeiro trimestre, revisaríamos o PIB do ano positivamente, mas resolvemos não fazer a revisão por causa dos efeitos da tragédia”, afirma Alessandra.

Um outro entrave para o crescimento econômico tem a ver com a expectativa de que os juros sigam num patamar mais elevado do que o esperado no início de 2024.

Com a expectativa de que as taxas de juros nos Estados Unidos fiquem num patamar elevado por mais tempo e o aumento da percepção de risco com o rumo das contas públicas do País, depois que o governo alterou as metas fiscais, os analistas passaram a projetar um patamar maior para a Selic ao fim deste ano.

Hoje, o consenso de mercado, de acordo com o Focus, é de que haja apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 10,25%.

“Os dados de abril até foram positivos, mas como tem a questão do Rio Grande do Sul, maio e junho serão afetados”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Com o Rio Grande do Sul e os juros, que vão ficar mais altos do que se imaginava, especialmente, no segundo semestre, o cenário é de um PIB que vai ficar na casa de 2% (em 2024) . O ano começou bem, mas, ao passar do tempo, foi perdendo fôlego.”

  • 28/05/2024  site CNC

Após quatro altas consecutivas, desafios da economia provocam queda de 0,2% no Índice de Confiança do Empresário do Comércio

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, caiu 0,2% no mês de maio, em comparação com abril deste ano. Ainda assim, o índice permanece na zona de satisfação, aos 106,9 pontos. Essa foi a primeira queda após quatro altas consecutivas, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 1,4%.

O principal destaque é a avaliação do comerciante sobre as condições atuais, que caiu 2,1% e chegou a 79,9 pontos, na zona de insatisfação, o menor patamar desde junho de 2021 (quando estava em 66,8 pontos). Na variação anual, o indicador caiu 6,1%. Os três subindicadores que compõem esse indicador – economia, setor e empresa – também diminuíram praticamente na mesma medida. Houve redução de 2,1% no otimismo em relação ao setor, o que levou o subindicador aos 77,3 pontos (em junho de 2021, eram 70,3 pontos). A confiança na economia atual caiu 2,3%, derrubando esse subindicador para os 65,3 pontos, também o menor patamar desde junho de 2021, quando estava em 53,9 pontos. O terceiro subindicador, que mede a avaliação do comerciante sobre sua própria empresa, chegou a 97,1 pontos, o mais baixo desde julho de 2021 (quando estava em 89,6). A queda o levou para a zona de insatisfação, o que não ocorria desde dezembro do ano passado, quando marcava 97,7 pontos.

Conforme o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o momento é de expectativa para as decisões macroeconômicas dos próximos meses. “A redução do ritmo de cortes da taxa Selic deste mês e a incerteza em relação aos próximos passos tanto sobre a redução dos juros quanto da inflação fazem com que o varejo adote movimentos cautelosos”, afirma Tadros. Ele lembra que a queda do volume do comércio varejista ampliado, que reduziu 0,3% em março na comparação com fevereiro e 1,5% na variação anual, desperta ainda mais atenção para o momento atual.

Varejo de bens semiduráveis quer contratar

Apesar de o mercado de crédito não estar totalmente favorável e ter afetado a percepção das condições atuais, o indicador da intenção de investimentos foi o destaque positivo, tanto na comparação mensal, com alta de 0,9%, quanto em relação a maio de 2023, com crescimento de 1,0%. Entre os subindicadores que compõem este indicador, a intenção de investir na contratação de funcionários teve o maior crescimento mensal, de 1,9%. A alta foi puxada pelo segmento de bens semiduráveis (roupas, calçados, tecidos e acessórios), que aumentou em 4,6% sua intenção de novas contratações.

Por outro lado, houve queda de 0,8% na pretensão de contratar nos segmentos de venda de itens de primeira necessidade (supermercados, farmácias e lojas de cosméticos) e redução de 0,9% no segmento de comercialização de bens duráveis (eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e decoração, material de construção e veículos).

Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, o crescimento da intenção de contratar mais funcionários corrobora o otimismo em relação ao mercado de trabalho, demonstrado pelos consumidores na pesquisa que detecta a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de maio, também mensurada pela Confederação. Ele aponta que a maior parte (63,7%) dos varejistas quer aumentar seu quadro de empregados, o que indica que os resultados positivos observados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho devem continuar.

Expectativas ainda em ligeira alta

Para Felipe Tavares, o otimismo dos consumidores mantém positivo o indicador que mede as expectativas dos comerciantes. Maio apresentou o quinto aumento consecutivo desse subindicador, mas o menor do período, de 0,2%. “Apesar de tímido, o aumento indica que há esperança dos varejistas na melhoria das condições econômicas, nos próximos meses”, aponta. A expectativa em relação à própria empresa cresceu 0,4% e, no que diz respeito à situação da economia, o otimismo aumentou 0,1%. Sobre o setor, não houve variação mensal, apenas anual (uma queda de 0,7% no comparativo com maio de 2023).

de Felipe Mario 10 de maio de 2024  – Mercado & Consumo

Se reinventando para fidelizar seus clientes, marcas do varejo de moda como C&A e Renner são as mais populares entre os consumidores, sendo lembradas por oito entre dez consumidores de moda na hora das compras.

A pesquisa “Consumo de Moda no Brasil“, realizada pelo Opinion Box, ouviu mais de 2 mil consumidores do varejo de moda, sendo 84% das classes C, D e E e 15%, das classes A e B. O estudo busca entender as preferências dos consumidores brasileiros deste segmento na hora de renovar seu guarda-roupas.

Em 2023, a C&A obteve um dos melhores resultados operacionais. Os números positivos foram alcançados devido ao seu foco em aprimorar a jornada do cliente e na gestão de relacionamento. Por outro lado, a Renner registrou um lucro líquido de R$ 526,9 milhões no 4° trimestre do ano passado, representando um aumento de 9,4% em relação ao mesmo período de 2022.

Cecília Rapassi, sócia-diretora na Gouvêa Fashion Business, afirma que as iniciativas das marcas para reter os clientes e fidelizá-los, oferecendo uma gama de benefícios de serviços diversificados, facilitam o fortalecimento do negócio e mantém o faturamento das companhias. “Eles fidelizam o cliente, principalmente por conta dos serviços que eles agregam e oferecem, como os cartões próprios que parcelam.”

Fenômeno Lacoste

Outras marcas figuram entre as favoritas dos consumidores, como Riachuelo e Marisa, com 81% e 75%, respectivamente, entre as preferências. Mas um destaque do ranking é a presença da francesa Lacoste, com 75%, que é consideravelmente mais cara que as demais da lista.

Cecilia explica que a presença da Lacoste na lista é realmente um fenômeno, pois é uma marca que as pessoas das classes mais baixas almejam ter. “É uma marca que vem protagonizando o desejo, principalmente das comunidades ligadas à música, ao rap e ao funk. A Lacoste é a marca de desejo dessa população”, afirma.

Em comemoração aos seus 90 anos, no ano passado, a Lacoste criou a campanha Lacosteiros, que reúne fãs da marca que são os frequentadores do baile funk da capital paulista. A ação permite que essas comunidades de entusiastas mostrem suas releituras com as peças da marca.

Varejo físico x varejo online

Os hábitos de consumo dos brasileiros foram bastante afetados pela pandemia de covid-19. Para se proteger do vírus, as pessoas passaram a fazer grande parte de suas compras no comércio eletrônico.

O estudo da Opinion Box mostra que esse hábito não foi deixado de lado mesmo após o fim do isolamento social. O varejo online é o canal de compra onde 66% dos consumidores costumam fazer suas compras, mas isso não quer dizer que o varejo físico ficou obsoleto, pois mais de metade dos compradores de moda (53%), optam por realizar suas compras em lojas físicas.

“Podemos concluir que eles [consumidores] têm comprado online e também na loja física. É comprovado que o consumidor omnichannel, ou seja, o que compra nos dois canais, ele compra mais do que aquele que é exclusivo da loja física ou aquele que é exclusivo do site”, explica Cecilia.

Baixa aderência às marcas de luxo

Outro ponto que chama a atenção na pesquisa é a baixa aderência dos consumidores de moda às marcas de luxo, o que pode ser explicado por apenas 15% dos entrevistados serem das classes A e B. O estudo mostra que apenas 8% dos entrevistados costumam realizar suas compras de moda em lojas físicas de luxo.

“Há alguns estudos, como o da Vogue Business, apresentado na última edição da NRF, que mostram que o consumidor de luxo prefere comprar presencialmente, porque ele é muito mais exigente pela experiência e pelo atendimento personalizado”, reforça a executiva.

No ano passado, a Bain & Company mapeou o ecossistema de luxo no Brasil e demonstrou que o segmento movimentou R$ 74 bilhões em 2022, com previsão de crescimento entre 6% e 8% ao ano até 2030. A perspectiva é a de que o varejo de luxo brasileiro alcance um faturamento de R$ 133 bilhões nos próximos seis anos.

Imagens: Shutterstock e Reprodução

Nossa CCT vigente foi firmada em 2023 por dois anos. Valida até 30/04/2025. Agora estamos apreciando em comissão constituída por Assembleia Geral dia 09 último, qual o aumento que será aplicado e outras reinvindicações adicionais que o Laboral apresentou. A Taxa Assistencial, de 6% sobre a folha de maio de 2024 (com reajuste ou não!) será cobrada em 2 parcelas de 3% cada e vencimentos em 10/06/2024 e 10/07/2024. Em princípio, a Assembleia Geral indicou reajuste do INPC e negociar as demais reinvindicações.

A Comissão é presidida pela Vice Presidente responsável por Negociações Sindicais, com assistência do Depto Jurídico e tem representantes do Boticário, Centauro, C&A, Riachuelo e ainda dos Shopping Centers. e irá apreciar com bastante cuidado. Ao final, construirá proposta que será encaminhada para Assembleia Geral decidir.

ECONOMIA / estadão / maio 24
Fechando no vermelho. Pelo segundo mês seguido, o percentual de famílias endividadas no Brasil cresceu, chegando, em abril, aos quase 80% que não conseguiram pagar as contas. 
  • Até fevereiro deste ano, 1/3 dos brasileiros estavam com o nome na Serasa — são 72 milhões de pessoas negativadas. 
  • As mais afetadas são as famílias que recebem até 3 salários mínimos. 80% delas estão endividadas. 
💳 O cartão de crédito tem sido o principal motivo das dívidas. Em números, 87% dos devedores têm dívida de fatura.

Oito em cada dez brasileiros estão endividados. A maioria absoluta, por causa de pequenas quantias. Mesmo assim, em 2022, uma pesquisa do Serasa mostrou que 83% dos endividados tinham dificuldade para dormir, 62% sentiam o impacto do endividamento no relacionamento conjugal e 31% tinham parado de frequentar reuniões familiares. A dívida externa de países pobres continua colocando limites aos sonhos de indivíduos que tiveram a falta de sorte de nascer em países sob políticas de austeridade. Isso tudo porque, afinal, a ideia de que “é preciso pagar as próprias dívidas” é onipresente — o que é estranho, já que sabemos que nem todos precisam pagar suas dívidas. Na verdade, só alguns pagam.

Por isso, o antropólogo americano David Graeber – falecido em 2020, aos 59 anos – defendia que nada mais justo que passar uma borracha nisso tudo, tanto na dívida internacional quanto na do consumidor, e começar do zero. “Não só porque aliviaria muito o sofrimento humano, mas também porque seria um modo de nos lembrarmos de que o dinheiro não é algo inefável, que pagar as próprias dívidas não é a essência da moral, que todas essas coisas são acordos humanos”, escreveu. Em Dívidaos primeiros 5 mil anos, o antropólogo mostra que esse jubileu não seria inédito na história da humanidade. Na verdade, não seria nem raro.

Graeber participou do movimento Occupy Wall Street e foi um dos criadores do slogan “Somos os 99%”. Antes disso, organizou protestos contra o FMI em 2002. Dívida foi publicado em 2011 nos Estados Unidos, e traduzido no Brasil pela editora Três Estrelas em 2016, numa edição que se esgotou rapidamente. A mesma tradução, de Rogério Bettoni, foi republicada pela Zahar no fim de 2023. A nova edição inclui um prefácio inédito do economista francês Thomas Piketty, escrito em 2021, pouco tempo depois da morte de Graeber. “O prematuro desaparecimento de David em setembro de 2020 deixou um enorme vazio. ‘Antropólogo anarquista’, David era sobretudo um daqueles pesquisadores em ciências sociais que transcendem as disciplinas e os públicos”, escreve Piketty. Graeber também é autor do agora já famoso O despertar de tudo (Companhia das Letras), coescrito com David Wengrow e lançado depois de sua morte.

Em Dívida, Graeber segue uma tradição antropológica de questionar os fundamentos básicos da economia clássica – assim como fez Marcel Mauss em Ensaio sobre a dádiva (1925), que argumentou que sociedades totalmente estabelecidas na base do escambo jamais existiram. No entanto, Dívida pode ser lido não apenas como tratado iconoclasta, mas também como um bom livro de história cultural. Embora o título seja tão específico, o que se encontra ali é uma longa meditação sobre a humanidade. Graeber disseca a relação de seres humanos com a dívida desde vestígios deixados em 3500 a.C. pelos sumérios, até os dias atuais. O que ele nos mostra é que talvez nossas certezas sobre questões elementares de nossa humanidade – a busca pelo lucro, liberdade, interesse – estejam equivocadas.

A escrita de Graeber é direta, sedutora e bem-humorada. No prefácio, Piketty fala da “felicidade intelectual” que é ler Dívida pela primeira vez. Felicidade é um bom termo. O antropólogo faz uma pesquisa robusta se tornar absolutamente envolvente, apresentando formas mais criativas de olhar para o mundo. O grande trunfo de Graeber é fazer o leitor se dar conta que não há motivo para achar que vivemos do jeito que vivemos porque sempre foi assim – e nem para achar que sempre será assim. Ele nos lembra que “se a democracia tem algum sentido, esse sentido é a capacidade de todos concordarem em reorganizar as coisas de maneira diferente”.

de Redação 10 de maio de 2024

O empresariado brasileiro revelou otimismo para este ano. Quatro em cada dez empresas pretendem aumentar o quadro de funcionários em 2024, enquanto menos de 15% pretendem reduzir um pouco ou consideravelmente o número de colaboradores. O dado foi publicado no Panorama Gestão de Pessoas Brasil, da Sólides.

O levantamento foi feito com base em entrevistas com 1.000 profissionais formais e adultos de empresas de todo o País, da área de recursos humanos, departamento pessoal, colaboradores e lideranças.

Os dados apontam que 9 em cada 10 pessoas concordam que o desenvolvimento e a retenção de funcionários são de responsabilidade de todos os gestores, e não apenas da área de recursos humanos.

“Em um país em que 97% dos funcionários afirmam ter uma liderança direta responsável pela sua gestão, é de extrema importância extrapolar o debate sobre gestão de pessoas além das fronteiras da área de recursos humanos e departamento pessoal, e deve ser uma estratégia discutida por todos os líderes dentro da organização”, afirma Távira Magalhães, CHRO da Sólides.

Um dos pontos de atenção que a pesquisa traz é a questão da disparidade salarial e de cargos entre homens e mulheres nas empresas. De acordo com dados do Panorama, homens recebem em média 21,6% a mais que as mulheres.

Em cargos operacionais, a diferença aumenta para 33,2% e, em cargos de gestão, a diferença diminui para 17,3%. Outro ponto que corrobora o cenário é que mulheres ainda são minorias em cargos de liderança: apenas 40% dos cargos de gestão são ocupados por mulheres, enquanto 60% são ocupados por homens, uma diferença de 50%.

Inteligência artificial no trabalho

A penetração das ferramentas com IA no trabalho das pessoas também foi abordada. De acordo com o Panorama, apenas 2 em cada 10 profissionais utilizam Inteligência Artificial, como o ChatGPT, no seu trabalho, inclusive nas grandes empresas. No entanto, dentro da gestão de pessoas, 87,9% dos profissionais de RH consideram que ferramentas de Inteligência Artificial (IA) são aliadas do seu trabalho.

Entre os dados que se destacaram do levantamento, um chama a atenção: entre os profissionais que ocupam cargos de liderança, 6 em cada 10 não trabalham na área que sonhavam. Se avaliadas as respostas de todos os entrevistados, a saúde aparece na liderança do ranking de incompatibilidade: nove em cada dez profissionais do setor não trabalham na área que sonhavam.

Por Mariana Carneiro e Iander Porcella (Broadcast)

13/05/2024 | Estadao

BRASÍLIA – Diante da resistência do PT em aprovar a taxação de compras internacionais de até US$ 50, que impacta principalmente sites como Shopee e Shein, as varejistas e empresas do setor têxtil nacional divulgam nesta segunda-feira, 13, um manifesto em apoio à tributação. Nos bastidores, as companhias brasileiras têm ameaçado até deslocar sua produção para o Paraguai caso as plataformas estrangeiras não sejam taxadas.

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A tributação das vendas dos sites internacionais foi incluída no projeto de lei que regulamenta o Mover, programa de incentivo ao setor automotivo, por iniciativa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na semana passada, a votação foi adiada após petistas recorrerem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo ficou de apresentar uma espécie de “meio-termo” como proposta aos parlamentares.

As varejistas vêm tentando convencer o governo de tributar os sites asiáticos desde o ano passado, mas a medida é vista como impopular por boa parte do PT e foi vetada, no passado, pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.

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No manifesto, os varejistas afirmam que a não tributação das compras de pequeno valor dos sites asiáticos está provocando uma “absoluta falta de isonomia tributária”, uma vez que os produtores domésticos pagam impostos próximos a 90%, e os importados estão sendo taxados apenas por 17% de ICMS.

“Lembrando que o tíquete médio de vendas da maior parte do varejo é inferior aos US$ 50, que equivalem a aproximadamente R$ 250. Ou seja, estas plataformas estrangeiras usufruem hoje de uma inédita reserva de mercado às avessas, na qual elas têm uma isenção de um imposto, o de importação, que sempre existiu, o que torna os preços de seus produtos inalcançáveis para o mercado nacional”, afirma o texto.

O manifesto, obtido pelo Estadão/Broadcast, é assinado por entidades como Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX) e Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), além de representantes do setor de eletrônicos e da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

Além dos sites que vendem majoritariamente artigos de vestuário, a medida tende a impactar operações de sites como Amazon e Mercado Livre, que permitem a compra de empresas situadas no exterior.

Em abril de 2023, o Ministério da Fazenda chegou a anunciar o fim da isenção do imposto de importação para transações entre pessoas físicas de até US$ 50. Apesar de as vendas serem feitas por pessoas jurídicas, muitas das encomendas chegavam ao Brasil como se estivessem sendo vendidas por pessoas físicas no exterior.

O Palácio do Planalto, no entanto, brecou a medida após repercussão negativa nas redes sociais e apelo de Janja.

A Receita Federal baixou um programa de conformidade para que os sites estrangeiros se adequassem, chamado de Remessa Conforme. Nos bastidores, integrantes da equipe econômica passaram a transmitir a mensagem de que o custo-benefício da taxação era baixo, uma vez que teria resultado pequeno em termos arrecadatórios e grande desgaste político e popular.

No manifesto, por sua vez, as varejistas afirmam que os empregos no setor estão concentrados na mão de obra feminina.

“Lembrando que o varejo é o maior empregador privado brasileiro, com mais de 10 milhões de vagas, ocupadas, na esmagadora maioria dos casos, por mulheres”, diz o texto. “Outros 8 milhões de empregos são gerados pela indústria nacional. O que temos hoje é uma absurda política de exportação de empregos de brasileiros para o exterior.”

As empresas brasileiras acusam ainda os sites multinacionais que atuam no setor de disseminar fake news ao ameaçar deixar de investir no País em razão da taxação.

A discussão voltou à tona num momento em que Lula vê a aprovação de seu governo cair. Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira mostrou que 55% dos brasileiros acham que o petista não merece uma segunda chance na eleição de 2026.

Com receio de mais impacto negativo na avaliação do governo, o PT se colocou contrário ao fim da isenção para as plataformas internacionais. O partido de Lula se opôs ao Centrão e defendeu que a medida fosse retirada do projeto do Mover. Inicialmente, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o Planalto não se posicionaria, mas acabou mudando a orientação a pedido do presidente da República para a retirada do tema da pauta.

Os petistas querem emplacar outro projeto, relatado pelo deputado Paulo Guedes (PT-MG), que trata do mesmo assunto e está parado na Comissão de Finanças e Tributação (CFT). Mais brando, o texto do parlamentar fixa a isenção para produtos abaixo de US$ 50, estipula alíquota de 40% de imposto de importação para itens entre US$ 50 e US$ 100 e de 60% para itens acima de US$ 100.

Pela proposta incluída no Mover, a taxação seria de 60% sobre todos os produtos importados. Outra ideia, apresentada pelo presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), o deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), seria impor alíquota de 45% de imposto de importação sobre as empresas cadastradas no Remessa Conforme.

A expectativa era de que o Mover fosse votado na Câmara na última quarta-feira, 8. O impasse com o PT e o governo, contudo, fez com que a análise do texto em plenário fosse adiada — a proposta tramita em regime de urgência e pode ser pautada a qualquer momento. As lideranças do Centrão avaliaram que o adiamento era melhor que aprovar o projeto naquele momento e arcar com o desgaste na opinião pública ao mesmo tempo em que os petistas ficariam “bem na foto”.

Relator do Mover, o deputado Atila Lira (PP-PI), correligionário do presidente da Câmara, disse que a isenção de impostos para importações de até US$ 50 tem preocupado a indústria nacional. “Propomos revogar a possibilidade de importações via remessa postal que hoje estão isentas, para não gerar desequilíbrio com os produtos fabricados no Brasil, que pagam todos os impostos”, justificou o parlamentar, em seu parecer.