Marien Ramos da CNN*  25/08/2024

Compra de bens duráveis — como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis — será, principalmente, a que encontrará maior arrefecimento 

Buscando perseguir a meta da inflação estabelecida pelo governo atual, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou que um aumento da Selic está entre as opções na mesa do Banco Central e que não hesitarão em fazê-lo se for o passo necessário.

Com isso, as perspectivas para a maioria dos agentes do varejo consultados pela CNN são, de fato, que os juros vão subir e, consequentemente, provocar um impacto negativo no consumo, especialmente no Natal — data fundamental do comércio brasileiro.

Atualmente, a taxa básica de juros se encontra em 10,5% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manter os juros inalterados na última decisão de forma unânime.

Foi o segundo encontro seguido de congelamento da Selic.

 

Claudio Felisoni, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), explica que nos últimos 12 meses, a taxa de juros ao comércio caiu, porém, “estamos com uma situação econômica complicada devido à falta de disciplina fiscal, sendo necessária uma atuação mais firme do BC, aumentando a Selic”.

Com isso, o consumo, que já se encontra fragilizado, será impactado. Especialmente por que o varejo é uma atividade sazonal — ou seja, aumenta em alguns períodos, como a Black Friday em novembro e o Natal em dezembro — pressionando a demanda e consequentemente o aumento dos preços, analisou Felisoni.

A compra de bens duráveis — como carros, eletrodomésticos, eletrônicos e móveis — será, principalmente, a que encontrará maior arrefecimento, uma vez que dependem de crédito para sua obtenção.

A expectativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que ocorra um aumento de 0,5 ponto percentual na Selic.

Segundo Felipe Tavares, economista-chefe da CNC, a principal consequência é o encarecimento do crédito e, com isso, uma maior dificuldade dos consumidores comprarem”.

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) calculada pela entidade recuou pela segunda vez seguida em agosto.

Para Tavares é certo que o Natal será mais desafiador, afirmando que o cenário atual é decorrente de um problema de desequilíbrio fiscal.

“Os juros afetam o setor produtivo do varejo e com o aumento da taxa não vão resolver o problema da inflação, porque não foi causado por descontrole da demanda. Quem vai pagar essa conta vai ser o varejo”, concluiu.

Já para a FecomercioSP, a Selic será mantida no mesmo patamar até o final do ano, pois existe um controle da inflação.

Conforme Guilherme Dietze, assessor da entidade, “não há fatores tão expressivos para exigir um aumento de juros, mas, ao mesmo tempo, não há espaço ainda para uma redução da taxa Selic”.

E, mesmo havendo um aumento de juros, o impacto seria relativamente pequeno pelos juros serem muito elevados no Brasil, disse ele.

*Sob supervisão de Gabriel Bosa

Ações Institucionais,CNC 23/08/24

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1625, confirmando, por unanimidade, a validade do Decreto Presidencial 2100/1996. Este decreto retirou o Brasil da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece limitações para a dispensa sem justa causa. A legalidade do decreto já havia sido analisada em 2023, durante o julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 39.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desempenhou um papel ativo desde o início do processo, defendendo a constitucionalidade do decreto. A CNC foi a autora da ADC nº 39, argumentando que a Convenção 158 é prejudicial aos empregadores brasileiros e gera insegurança jurídica. A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) também apoiou a ação.

O julgamento da ADI 1625 consolidou a tese da ADC 39, que estabelece que a retirada do país de tratados desse tipo deve passar pelo Congresso Nacional. Contudo, para assegurar a segurança jurídica, a decisão terá efeitos apenas a partir da data em que foi tomada, não afetando decretos anteriores.

Site cnc 28/08/2024

Índice geral recuou 1,5% em agosto, evidenciando crescente insatisfação com as condições econômicas atuais

 

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou 108,7 pontos em agosto, representando uma queda de 1,5% em relação a julho. Esta marca a quarta retração consecutiva e a mais acentuada do período. Um ponto crítico se destaca: a confiança dos comerciantes quanto às condições atuais da economia sofreu uma queda de 5%, o menor índice desde novembro do ano passado, quando chegou a cair 5,1%. Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, a redução do Icec foi de 1,8%, intensificando a tendência negativa iniciada em janeiro de 2023.

A deterioração na análise dos comerciantes sobre as condições atuais do comércio, que recuou 2,8%, pode ser atribuída à queda de 1% do comércio ampliado em junho, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As indefinições relacionadas ao futuro da taxa Selic, à inflação e às contas públicas também pressionam as expectativas para os próximos meses. José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, ressalta que diversos fatores impactam diretamente a confiança dos empresários, especialmente no setor varejista. “A economia brasileira enfrenta um cenário com algumas dúvidas no horizonte, com a questão fiscal e uma inflação que ainda preocupa, apesar dos ajustes recentes na taxa de juros”, afirma.

Em um ambiente econômico mais desafiador, a cautela dos comerciantes reflete-se no mercado de trabalho. A intenção de contratação de novos funcionários registrou uma queda de 1,5% em agosto, enquanto o subindicador que mede as intenções de investimento recuou 0,8%. Contudo, a percepção em relação aos estoques apresentou um leve crescimento de 0,3%, sinalizando a importância do controle de produtos para a manutenção da estabilidade dos negócios.

Empresários de bens duráveis registram maior queda na expectativa para o setor

A confiança do empresário do comércio em agosto foi particularmente afetada no segmento de roupas, calçados, tecidos e acessórios, que registrou queda de 1,8%. Produtos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos, tiveram uma redução de 1,4%, e bens duráveis, como eletrodomésticos e veículos, caíram 1,3%. No segmento de bens semiduráveis, a intenção de investimento na empresa foi o item com maior queda, recuando 2,6%. Entre os bens não duráveis, a maior retração foi na confiança em relação ao momento atual da economia, com uma queda de 4,8%.

Apesar das quedas, o investimento em estoques apresentou um resultado positivo, com crescimento de 1,4% nos bens não duráveis e 0,4% nos duráveis, refletindo a preocupação desses segmentos com o controle de seus produtos, essencial tanto para itens perecíveis quanto para produtos de alto valor agregado. Em contrapartida, o segmento de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos apresentou a maior queda na percepção atual do comércio, com redução de 4%, ficando também abaixo do nível registrado em agosto de 2023, uma retração de 7,6%.

Em relação aos empresários de produtos duráveis, houve uma melhora na comparação anual deste item, com aumento de 5,1%, apesar da queda mensal de 2%, atribuída a uma taxa de juros mais favorável em relação ao ano anterior. No entanto, a incerteza sobre a manutenção dessas taxas de juros em níveis baixos e a possibilidade de novos aumentos no futuro já afetam as expectativas para os próximos meses. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, observa que o clima de apreensão deve permanecer entre os varejistas. “Apesar de um cenário de juros mais favorável, a incerteza sobre a duração dessas condições gera cautela entre os empresários, que já começam a prever desafios nos próximos meses”, pondera.

Confiança dos empresários gaúchos mostra recuperação

No Rio Grande do Sul, após três meses de quedas consecutivas, o Icec registrou recuperação em agosto, com um aumento de 6,4%, alcançando 99,4 pontos, o maior nível desde maio deste ano, embora ainda abaixo da linha dos 100 pontos. O maior avanço foi observado na avaliação sobre as condições atuais da economia, com um crescimento de 9,7%, o que reflete a confiança dos empresários na recuperação econômica do Estado. As intenções de investimento tiveram crescimento de 7,1%, com destaque para a intenção de contratação de funcionários, que aumentou 8,4%, voltando a superar os 100 pontos após dois meses de insatisfação dos comerciantes.

Site cnc 28/08/24
O Globo informa que o deputado Danilo Forte (União-CE), relator do projeto de lei na Câmara que estabelece critérios e punições para devedores contumazes, afirmou que incluirá na proposta o poder de veto das confederações empresariais à lista de devedores elaborada pela Receita Federal. Pelo modelo do Ministério da Fazenda, o poder de veto será dado às confederações empresariais de âmbito nacional, como a CNC, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Forte explica que, se a Receita Federal discordar do veto de confederações, terá que provar o dolo, ou seja, a culpa da empresa vetada.

 

31/08/2024 – 7:20

O governo encaminhou ao Congresso nesta sexta-feira, 30, projeto de lei que eleva a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), um tributo cobrado sobre o lucro das empresas, e a do Imposto de Renda incidente sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração paga pelas companhias aos seus acionistas. O objetivo é arrecadar R$ 21 bilhões no próximo ano, quando o Executivo se comprometeu com a meta de déficit zero.

O aumento da CSLL, como antecipou o Estadão, será restrito a 2025; já a alteração no JCP será permanente – ou seja, sem data delimitada no projeto de lei. Houve forte reação de entidades empresariais, que reclamam não haver mais espaço para aumento da carga tributária. Cobram ainda medidas mais efetivas de corte de gastos do governo. Mas o projeto de Orçamento para 2025 apresentado também ontem ao Congresso mantém a previsão de pente-fino em benefícios sociais e previdenciários, sem mudanças estruturais nos gastos obrigatórios – que vêm pressionando o arcabouço fiscal.

Entre as empresas, a medida tributária será sentida, principalmente, pelos bancos, que terão uma elevação de dois pontos porcentuais na alíquota da CSLL – passando de 20% para 22%. Já a cobrança sobre as companhias financeiras não bancárias será elevada em um ponto porcentual (de 15% para 16%), assim como a das demais companhias (de 9% para 10%). A expectativa é de que essas elevações rendam R$ 14,9 bilhões, em 2025, e um residual de R$ 1,3 bilhão em 2026.

Já em relação ao JCP, a proposta do governo é de que a alíquota do IR passe de 15% para 20% – o que renderia, segundo o projeto de lei, R$ 6 bilhões em 2025; R$ 4,99 bilhões em 2026; e R$ 5,3 bilhões em 2027. Os valores dos demais anos não foram estimados no texto.

O projeto foi enviado ao Congresso em regime de urgência constitucional, que impõe à Câmara e ao Senado o prazo de 45 dias para a deliberação da proposta, sob pena de trancamento da pauta. A justificativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de que as medidas “são relevantes para o resultado fiscal e o equilíbrio das contas públicas e serão consideradas nas projeções de receitas” do Orçamento de 2025.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia anunciado na semana passada que o governo iria encaminhar com o projeto de Orçamento de 2025 proposta prevendo aumento das alíquotas da CSLL e da tributação sobre o JCP. Segundo ele, as medidas servirão como uma espécie de garantia caso as propostas aprovadas pelo Senado não sejam suficientes para compensar a desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios no ano que vem.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Atualização:

Do total movimentado, entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões deixam de ser gastos com bens e serviços; Instituto Jogo Legal, que representa o setor, diz que houve demora na regulamentação do mercado; empresas não quiseram se pronunciar

 

Seja no campo de futebol, na camisa dos jogadores, nas propagandas de rádio e TV ou nas redes sociais, as plataformas de apostas online, conhecidas como bets, se tornaram onipresentes. Desde que foram legalizadas no País em 2018, no governo de Michel Temer, elas avançaram sob o orçamento dos brasileiros e viraram preocupação para governo e empresas. A hipótese é de que o gasto com as apostas esteja drenando parte dos recursos que iriam para compra de bens e serviços, além de representar um risco de aumento de inadimplência no futuro.

No ano passado, mais de 300 empresas de bets movimentaram entre R$ 60 bilhões e R$100 bilhões em apostas no Brasil, quase 1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo projeções da Strategy& Brasil, consultoria estratégica da PwC. O setor das bets, portanto, gira mais capital por ano do que grandes empresas, como Santander (R$ 74 bilhões), Assaí (R$ 72,8 bilhões), Gerdau (R$ 68,9 bilhões) e Magazine Luiza (R$ 63,1 bilhões).

Estado procurou empresas do setor, como Bet7K, Bet Nacional e Betano, mas não teve retorno. Segundo o presidente do Instituto Jogo Legal, que representa o setor, Magnho José, o mercado de apostas brasileiro chegou ao estágio atual devido à falta de regulamentação no prazo inicialmente previsto. Na proposta do governo de Michel Temer, o setor deveria ter sido regulado dentro de dois anos, com prazo prorrogável por mais dois. Mas isso só ocorreu agora.

Do total movimentado em 2023, entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões deixaram de ser gastos com bens e serviços (ou investidos em alguma aplicação), diz o diretor da Strategy& Brasil, Mauro Toledo. Em casos mais drásticos, os gastos com apostas levaram ao endividamento dos jogadores.

Estudo da empresa de pesquisas Hibou, com 2.839 pessoas em agosto deste ano, mostra que a despesa mensal do brasileiro com apostas online está entre R$ 100 e R$ 500. Em um ano, o gasto com apostas fica entre R$ 1,2 mil e R$ 5 mil. Em jogos online, como o “jogo do tigrinho” (Fortune Tiger), 78% dos entrevistados afirmaram não saber quanto já gastaram em apostas.

Resultado disso, é o aumento da parcela dos gastos com apostas na renda familiar de 0,2% em 2018 para 0,7% em 2023, segundo Toledo, da Strategy& Brasil. Embora a fração pareça ser pouco relevante, essa categoria passa a representar 38% de todo o valor gasto com lazer e cultura (ante 10% em 2018) e 4,4% dos gastos com alimentação (ante 1,5% em 2018). Para este ano, a estimativa é de que o desembolso responda por quase 5% do valor gasto com alimentação.

Hoje o Brasil já é o terceiro maior mercado de apostas online do mundo. E não deve parar por ai: para o ano que vem, a consultoria projeta que o faturamento com o jogo online alcance R$130 bilhões no País. As estimativas são feitas com base em vários dados de diferentes fontes, como as remessas ao exterior de recursos das bets registradas no Banco Central, o número de apostadores, o valor médio, a frequência das apostas, assim como estimativas de quanto as empresas de jogos esportivos online desembolsaram com marketing, por exemplo.

As bets ganharam força a partir de 2018, quando o então presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.756. Em 2020, antes mesmo da regulamentação das casas de apostas (vários pontos ainda precisam ser definidos), o País já contava com 51 marcas atuando nesse segmento, com movimentação de R$ 10 bilhões. Hoje as estimativas do setor dão conta de que existem, ao menos, 2 mil empresas atuando no mercado.

A cada rodada, o gasto do brasileiro com apostas online fica entre R$ 10 e R$ 50, segundo estudo da empresa de pesquisas Hibou. O gasto mensal fica entre R$ 100 e R$ 500 (14% disseram gastar mais de R$ 500). Em um ano, alcança entre R$ 1,2 mil e R$ 5 mil.

Essa rápida expansão dos jogos pode explicar alguns resultados aquém do esperado no comércio. Hoje, apesar do desemprego em baixa, a renda em alta e a inflação controlada, as condições macroeconômicas favoráveis não têm se traduzindo em avanço do consumo na intensidade projetada pelos empresários do comércio.

Isso levanta a suspeita de que o dinheiro dos consumidores tem ido para as apostas online. “Estamos escutando cada vez mais dos varejistas que eles não estão sentindo o impacto esperado de aumento do consumo para itens de vestuário e alimentos”, conta Luciana Medeiros, sócia e líder de varejo e consumo da PwC Brasil.

Bets afetam a renda?

Uma resposta para essas suspeitas vem de uma pesquisa online feita pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e pela AGP, com 1.337 brasileiros. Segundo a enquete, 38% dos entrevistados disseram ser apostadores online, 51% afirmaram fazer o jogo ao menos uma vez na semana e quase metade (49%) aumentou o volume de apostas em 2024. Entre os apostadores, 63% tiveram, ao menos uma vez, a sua renda principal afetada por causa do gasto com as bets, aponta a enquete.

O segmento que mais perdeu vendas para as apostas esportivas online foi o de acessórios, que incluem calçados, bijuterias, bolsas, joias, por exemplo. De acordo com a pesquisa, 24% dos entrevistados informaram que deixaram de comprar acessórios para apostar, seguido por artigos de vestuário (23%), itens de supermercado (19%), viagens (19%), alimentação fora de casa (15%), produtos de higiene e beleza (14%), cuidados com a saúde e medicações (11%) e contas de água, luz e gás (11%). “São resultados relevantes (para a economia)”, diz o presidente da SBVC, Eduardo Terra.

Pelo levantamento da PwC, o maior impacto das bets no orçamento familiar ocorre nos gastos com esportes, lazer e cultura e depois pega outras despesas discricionárias, cabeleireiro, vestuário. O terceiro item mais afetado é alimentação, com substituição de marcas. O menor impacto das bets ocorre nas despesas com moradia, educação e saúde, porque essas despesas são obrigatórias.

Ariane Abdallah  / forbes  /27/08/2024

 

“Tenho medo de ser engolido pelo monstro do trabalho”, disse Miguel Krigsner, fundador do Grupo Boticário, a seu psicanalista. O ritmo intenso de sua vida o assustava. Ele não tinha muitas pausas para tratar de assuntos pessoais ou simplesmente relaxar. Sentia-se, ao mesmo tempo, realizado e sobrecarregado. Sabia que a empresa que havia iniciado — como uma pequena farmácia de manipulação no centro de Curitiba — estava num estágio de crescimento que exigia mudanças para dar os passos seguintes. Preocupava-se em manter a essência e a cultura criada ao longo das primeiras décadas enquanto refletia sobre qual seria seu papel no novo momento da companhia.

 

 

 

CARREIRA

3 dicas valiosas de carreira inspiradas na vida de Silvio Santos

Durante dois anos, ouvi relatos como esse, diretamente da fonte, em conversas longas, profundas e agradáveis. Foram dezenas de encontros com Miguel, a maioria deles em seu escritório na sede da empresa. Também tiveram visitas à fábrica, passagens pelas salas de reunião de São Paulo e entrevistas, com o apoio da equipe do Atelier de Conteúdo, com 44 pessoas que fazem parte da história do Grupo Boticário (dentre milhares de outras). O resultado é a autobiografia de um dos maiores — e mais discretos — empresários do Brasil, publicada pelo selo Portfólio Penguin da Companhia das Letras. Para mim, inevitavelmente ficam inspirações que vão além das páginas do livro. Compartilho aqui as principais.

 

1. A importância da delicadeza nas relações

Ao longo de tantas interações, entendi na prática o que significam o cuidado, a gentileza, a suavidade presentes no jeito natural de Miguel. Desde o primeiro contato, ele ressalta a importância das relações bem construídas e cultivadas no longo prazo, a partir de uma visão ganha-ganha — aspecto a que atribui o cerne de seu sucesso. Nas conversas com os demais entrevistados, a delicadeza com que Miguel trata as pessoas é sempre um ponto de destaque. Num mundo apressado e, por vezes, bruto, a abordagem do empresário é um convite à reflexão sobre as reais prioridades.

 

2. Lembre-se de onde veio

Onde tudo começou? O que aprendeu com quem veio antes? Que condições permitiram que construísse a base do negócio? No caso de Miguel Krigsner, as respostas vão de uma compra de milhares de frascos, uma atitude aparentemente insana para quem não tinha líquido o bastante para preenchê-los, às inapagáveis marcas deixadas pelo Holocausto em seus antepassados. Tudo isso está na essência do empreendedor. Quando sabemos onde começamos, fica mais fácil não esquecer quem somos, identificar pontos fortes e fracos, e reconhecer o que podemos construir.

 

 

 

3. Ritmo é diferente de pressa

Em menos de quatro décadas, Miguel Krigsner liderou a construção de um dos maiores negócios de beleza do Brasil. Foi rápido, mas sem correria. Da mesma forma, o livro foi se desenvolvendo num ritmo saudável, sem perder o passo. Tenho compreendido que projetos relevantes levam tempo para maturar — e o exemplo de Miguel contribui muito nesse sentido. Não adianta apressar a natureza. Temos de fazer a nossa parte e também deixar decantar, florescer, dar frutos.

 

 

Divulgação

Ariane Abdallah acompanhou Miguel Krigsner durante dois anos para a escrita do livro “A essência de empreender”, lançado nesta terça-feira (27)

 

4. Aceitar os próprios conflitos é o único caminho que leva além

O dilema entre a dedicação ao trabalho e à vida pessoal. O desconforto de saber que é hora de mudar, mas ter que lidar com as inseguranças causadas pelo próximo passo. Fazer escolhas. Para empreender no longo prazo, é preciso ter coragem de encarar os próprios monstros no espelho.

 

5. A beleza é fundamental

Os monstros podem levar ao belo — se bem investigados, desmascarados, dissolvidos, com autoconhecimento e atitude. Para Miguel Krigsner, beleza, é acima de tudo, harmonia. O belo comunica e cria pontes — atitudes indispensáveis a quem empreende.

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Ariane Abdallah é jornalista, autora do livro “De um gole só – a história da Ambev e a criação da maior cervejaria do mundo” e fundadora do Atelier de Conteúdo, empresa especializada na produção de livros, artigos e estudos de cultura organizacional.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

Leia mais em: https://forbes.com.br/carreira/2024/08/ariane-abdallah-5-licoes-de-empreendedorismo-do-fundador-do-boticario/

Escrito por Rafaela Fabris

Publicado em 21/08/2024 /   Fonte: CPG Click Petroleo e Gas

 

Grandes empresas do varejo brasileiro enfrentam uma crise sem precedentes, resultando no fechamento de mais de 750 lojas em todo o país.

 

Grandes varejistas como Americanas, Carrefour e Casas Bahia são afetados, resultando no fechamento de mais de 750 lojas em todo o país, levando em uma nova onda de demissão em massa.

A demissão em massa que atinge o setor varejista no Brasil tem gerado grande preocupação entre os trabalhadores e especialistas do mercado. Grandes redes como Americanas, Carrefour e Casas Bahia enfrentam uma crise sem precedentes, resultando no fechamento de mais de 750 lojas e deixando mais de 35 mil funcionários sem emprego. Este cenário revela uma reestruturação profunda nas operações dessas empresas, afetando diretamente a economia e o mercado de trabalho.

Nos últimos meses, o Brasil tem presenciado uma onda de demissão em massa, impulsionada por crises financeiras e fraudes contábeis que abalaram a estabilidade de gigantes do varejo. O impacto mais evidente está no fechamento de lojas e na dispensa de milhares de trabalhadores.

Demissão em massa nas Casas Bahia e Americanas

As Casas Bahia, por exemplo, encerraram 55 lojas ao longo de 2023, com 17 desses fechamentos ocorrendo no último trimestre. Esse movimento resultou na demissão de 8,6 mil funcionários, parte de uma estratégia para eliminar pontos de venda deficitários e cortar gastos. A empresa, que registrou um prejuízo de R$ 1 bilhão no quarto trimestre de 2023, também reduziu em 42% sua alta liderança, na tentativa de reverter o quadro financeiro desfavorável.

Já a Americanas, outra gigante do varejo brasileiro, passou por uma demissão em massa após a descoberta de uma fraude contábil de R$ 25,2 bilhões em janeiro de 2023. Desde então, a empresa fechou 152 lojas e demitiu 13.875 funcionários. Esse cenário devastador levou a Americanas a reduzir sua força de trabalho de 43.123 para 32.248 empregados.

Mais 3,5 mil funcionários serão dispensados em rede

Outras redes também sentiram o impacto. O Dia, que entrou em recuperação judicial em março de 2023, anunciou o fechamento de 343 das suas 587 lojas, concentrando suas operações em São Paulo. Com isso, aproximadamente 3,5 mil funcionários serão dispensados, reduzindo sua equipe para apenas 2 mil pessoas.

Carrefour não ficou imune à crise

O Carrefour registrou um prejuízo de R$ 565 milhões no último trimestre de 2023, o que resultou no fechamento de 123 lojas e na possível demissão de até 12,5 mil trabalhadores.

Demissões em massa acabou se tornando necessidade

Essas demissões em massa refletem uma necessidade urgente de adaptação por parte das empresas, que buscam formas de sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo e incerto. As Casas Bahia, por exemplo, estão focadas em eliminar pontos de venda com baixo desempenho, enquanto a Americanas tenta se reerguer após a recuperação judicial. O Dia, por sua vez, está concentrando suas operações na capital paulista, enquanto Carrefour recalcula suas estratégia para evitar maiores prejuízos.

Futuro do varejo brasileiro

O futuro do varejo brasileiro permanece incerto, e a demissão em massa continua a ser uma realidade para muitos trabalhadores. A digitalização e o fortalecimento do e-commerce aparecem como possíveis caminhos para a recuperação, mas a adaptação a esse novo cenário será crucial para a sobrevivência dessas grandes redes.

Para os consumidores, essas mudanças podem significar menos opções e preços mais altos, à medida que as empresas tentam equilibrar suas finanças. No entanto, há esperança de que essa crise force uma transformação positiva no setor, levando a operações mais eficientes e competitivas no futuro.

A demissão em massa que atinge o setor varejista no Brasil é um reflexo de uma economia em transformação, onde a inovação e a resiliência serão essenciais para superar os desafios e garantir um futuro mais estável tanto para as empresas quanto para os trabalhadores.

de Marcos Gouvêa de Souza

 19 de agosto de 2024

“Ainda que o conceito de levante desperte naturais preocupações em tempos de polarização, devemos prestar mais atenção à chamada para a Nação para termos a exata dimensão da proposta.

É preciso convocar, mais do que convidar, todos aqueles que não se conformam com o apequenamento estrutural e estratégico que o Brasil tem vivido, para promover uma transformação na visão, nas propostas e, acima de tudo, na ação pelas mudanças que se impõem.

Que, definitivamente, não podem ser tópicas ou táticas. E devem considerar uma visão estratégica e de longo prazo dentro do cenário de profundas transformações geopolíticas, tecnológicas e ambientais que o mundo vive.”

Desde o início, o alerta mais importante é que não se trata de um movimento político-partidário, como a maioria das análises que envolvem o País sugere como parte do contexto.

Pregamos um levante do bem, se assim podemos chamar, em que o único compromisso e proposta é integrar o País num movimento de estudo, concepção, desenvolvimento e implantação de um projeto para a Nação, sob liderança do setor empresarial, desvinculado de quaisquer dogmas, pregações, vínculos ou ideologias político-partidários.

Exatamente como os líderes e executivos do setor empresarial fazem no planejamento estratégico de seus negócios, em que o foco fundamental é desenvolver propostas que considerem os cenários presente e futuro, as ameaças, oportunidades e necessidades, identificando os diferenciais competitivos e definindo quando, como e com quais recursos isso será alcançado.

Nesse processo, pouco ou nada se discute no plano político-partidário, exceto eventuais impactos nos diferentes cenários para construção da visão do futuro.

Se é necessário, mais do que possível, fazer para empresas, por que não é feito para uma Nação?

Essa é a proposta deste projeto para a Nação, que à medida que o tempo passa se torna cada vez mais vital.

Se, como diz o ditado popular, não existe vento a favor para quem não sabe aonde quer chegar, o mesmo se aplica para os negócios, empresas e, mais ainda, para a Nação.

E o tempo conspira contra ao adiamento da imersão neste levante do bem para a Nação.

A constatação de que o fosso que nos separa de nações mais desenvolvidas está se ampliando e aprofundando – comprovado pelo menor crescimento econômico, aumento da desigualdade, da insegurança e da evolução titubeante da educação – cria o sentimento de que é inadiável essa mobilização.

O diagnóstico do quadro atual pode variar muito na identificação das causas devido à situação que vivemos e sua deterioração, bem como os discursos políticos e dos representantes de partidos, do Executivo, Legislativo e Judiciário tendem a se concentrar na buscar dos responsáveis pelo estado atual.

E tendem a se concentrar mais na apuração de responsabilidades e menos na comparação com outras realidades.

Como destacamos em artigo anterior, a análise do que ocorre na região da Ásia-Pacífico, ou mesmo em alguns outros países do mundo, mostra que, apesar de todos os recursos estratégicos que o Brasil possui, estamos ficando menores e menos relevantes no cenário global.

Estamos nos apequenando política e economicamente na nossa relevância no cenário global, apesar dos recursos que detemos. E se engana quem prega diferente. Os números estão aí para mostrar e provar que, em um horizonte maior de tempo, temos crescido menos do que outras regiões do mundo, e a desigualdade tem aumentado.

O Brasil tem uma situação privilegiada geograficamente e em recursos naturais, em parte devido ao simples acesso e também ao trabalho desenvolvido em setores, como o agropecuário, que transformaram o País num dos maiores provedores de alimentos no mundo. No entanto, isso ocorre em um cenário de crescente complexidade, que envolve mudanças climáticas, questões políticas e de acesso e uso de recursos naturais.

Além do que foi desenvolvido e implantado no acesso e uso de energia limpa pela insolação, da água e do vento, e no tratamento e uso do solo, só para lembrar alguns aspectos, o Brasil deu saltos na produtividade e no uso de recursos. Mas isso não trouxe benefícios reais para a população nos quesitos educação, saúde, segurança e desenvolvimento social.

São muitos os exemplos das vantagens estratégicas do País, mas falta o básico e essencial, que é um projeto de longo prazo para o uso racional e inteligente de todos esses fatores positivos, neutralizando os aspectos negativos e superando os desafios nos temas como desigualdade social, insegurança, um salto ainda maior nas questões da saúde e tendo a educação como fator decisivo no processo de transformação estrutural.

Tudo mais será mais do mesmo, como tem ocorrido na história recente do País.

De forma recorrente, temos tocado nesse tema, e assim continuaremos, por entendermos que essa, talvez, seja a única forma de ajudarmos a promover a mudança que pode colocar o País, a sociedade, os negócios e o próprio consumo e o varejo em outro patamar.

Vale insistir. E refletir.

Nota: No Latam Retail Show, de 17 a 19 de setembro no Center Norte, em São Paulo, haverá especial ênfase, conteúdo e programação dedicados às discussões das transformações no mercado, na geografia, na política, na economia, no consumo e seus impactos no consumo, no comércio e no varejo nos diferentes canais, categorias, formatos de lojas e modelos de negócios nos mercados mundiais e no Brasil. O evento também terá transmissão virtual de parte do conteúdo para quem não possa participar presencialmente. Os ingressos limitados já estão disponíveis pelo site.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

de Redação

A Centauro, varejista de artigos esportivos, ampliou seu portfólio de itens infantis com o lançamento das novas linhas da Nike e Jordan. A linha Nike abrange produtos para crianças de 4 a 7 anos, enquanto a linha Jordan é voltada para crianças de 4 a 16 anos. Com uma variedade de 120 modelos, as camisetas da nova linha infantil estão disponíveis a partir de R$ 79.

A nova linha infantil já demonstra um impacto significativo nas vendas da empresa. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 38% nas vendas de vestuário infantil. Especificamente, os produtos infantis da Nike registraram um aumento de 58%. No e-commerce, as peças infantis da marca apresentaram um crescimento impressionante de 193% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as vendas nas lojas físicas aumentaram 54%.

“A inserção da Centauro no segmento infantil é uma forma de acompanhar a jornada esportiva dos consumidores desde a infância até a vida adulta. Afinal, queremos inspirar gerações futuras a adotarem um estilo de vida ativo e saudável”, conclui Renata Chapchap, diretora Comercial da Centauro.

  

Os novos produtos podem ser encontrados nas 45 lojas da Centauro espalhadas pelo estado de São Paulo, incluindo unidades de destaque, como Iguatemi Faria Lima, Iguatemi JK, Paulista, Bourbon, Eldorado e Morumbi, além de estarem disponíveis no e-commerce da varejista.

Além das linhas Nike e Jordan, a Centauro oferece uma vasta gama de peças infantis das marcas Asics, Adidas e Oxer, com diversas opções de modelos, cores e tamanhos.

Entre as marcas mais inovadoras 

A Centauro está entre as 50 marcas mais inovadoras do mundo em 2024, de acordo com relatório do Grupo Ebeltoft, um consórcio de empresas líderes em varejo e consultorias de marcas do qual faz parte o Gouvêa Ecosystem. A publicação, anual, destaca cases que inspiram o futuro do setor.

O ranking é dividido em três categorias: “Inovação para hipereficiência”, “Inovação para uma experiência aprimorada” e “Inovação para um mundo melhor”.

A varejista de artigos esportivos ocupa a primeira posição na categoria “Inovação para uma experiência aprimorada” com a Arena Centauro Ibirapuera, inaugurada em 2023 no parque de mesmo nome, localizado na zona sul de São Paulo.

O espaço tem 1 mil m² e abriga eventos, exposições e serviços gratuitos que atendem ao público de entusiastas de esporte, criando uma experiência dinâmica, inclusiva e imersiva “que vai além da mera prática atlética”, como descreve o relatório do Ebeltoft.

Imagens: Divulgação