A Renner vendeu 35% mais no começo deste ano do que no início de 2019, indicando que a renovação do guarda-roupa na volta à normalidade está conseguindo driblar a bagunça macroeconômica no caso da varejista gaúcha.
Sua receita líquida fechou o primeiro trimestre em R$ 2,2 bilhões, 63,4% mais que no começo do ano passado — quando houve um repique do coronavírus — e 35,1% acima do que vendeu em 2019. O número veio dentro do que previam os analistas.
Já o lucro líquido somou R$ 191,6 milhões, contra prejuízo de R$ 147,7 milhões um ano antes. O valor é também 18% acima do registrado no primeiro trimestre de 2019. O Credit Suisse esperava cerca de R$ 127 milhões, mas o lucro deste trimestre foi parcialmente favorecido por questões tributárias.
— O crescimento foi bom sobretudo porque, em janeiro, houve a variante Ômicron. Logo, o primeiro mês do ano foi ruim, fevereiro foi médio e começamos a ver uma aceleração importante em março. Isso proporcionou ganhos tanto em termos de tíquetes médios quanto em volume de peças, na comparação com 2019. E essa aceleração continuou em abril — explicou Daniel Martins, CFO (diretor financeiro) que chegou à Renner este ano, após carreira na Unilever.
Lucratividade ainda abaixo de 2019
Martins admite que a inflação elevada e a escalada de juros aumentam seus custos operacionais e não ajudam no apetite de consumidores, mas o executivo argumenta que outros fatores tornam o negócio da Renner mais resiliente.
— O consumidor ficou muito tempo em casa. Quando tudo volta, as pessoas têm que renovar guarda-roupa. Também entra nessa equação o fato de que, diante do quadro econômico, as pessoas desistem de tíquetes mais caros, como os da linha branca, por exemplo. Aí, sobra mais renda para vestuário. Outra hipótese é que as pessoas estão buscando roupas com melhor relação custo-benefício — disse.
Mesmo assim, a lucratividade da Renner ainda não chegou aos níveis de 2019, o que tem sido alvo de preocupação entre analistas. Isso se traduz em algumas das margens da Renner, métricas contábeis usadas para se calcular quanto a companhia consegue ganhar a cada venda. A margem líquida, que era de 9,8% em 2019, ficou em 8,6%.
— Não estamos sacrificando margens para ganhar clientes, mas há ainda uma trajetória até que a gente se aproxime da lucratividade de 2019. Vamos reduzir esse “gap”, mas ele só será eliminado ao longo de 2023 e 2024. Estamos vivendo a maior inflação em décadas e fazendo investimentos no ecossistema, fatores que acabam pesando. Mas estamos no caminho para reduzir esse “gap” — esclareceu.
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