Loja da Via Varejo: ações das empresas ligadas ao varejo começam a despertar atenção de investidores Foto: Leonardo Benassatto/Reuters
As reaberturas programadas e os aguardados fins de quarentenas, estão começando a fazer analistas enxergarem oportunidades em ações ligadas ao varejo e ao consumo na bolsa de valores. Não é que elas estejam no topo das escolhas – não estão. Porém, os riscos começam a ficar menores e as oportunidades de ganhos começam a aparecer.
A tônica dos investidores nos últimos dois meses e meio, que é o período que a quarentena se expandiu pelo Brasil, foi por ativos defensivos. Ações de empresas ligadas a serviços considerados essenciais, como energia, saneamento e telefonia, foram algumas das escolhas mais óbvias.
Porém, resultados de empresas como a Magazine Luiza, que mesmo tendo uma redução do lucro de 76% no primeiro trimestre, teve um aumento de cerca de 10% de suas ações desde a divulgação do resultado na segunda-feira (25), começam a mostrar que o setor pode trazer boas oportunidades de ganhos mais elevados – mas o risco, claro, também é mais alto.
“Acredito que o pior já passou para esse mercado, mas é bom lembrar que o ‘novo normal’ não será tão rápido: por mais que se abram shoppings, lojas e restaurantes, algumas pessoas ainda relutarão em consumir”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset.
Porém, na visão de Galdi, um sinal positivo foi dado na comemoração do feriado do Memorial Day, nos Estados Unidos. Como muitos estados americanos estão reabrindo, o feriado foi marcado por lojas e restaurantes funcionando a pleno vapor – um termômetro visto como positivo por diversos especialistas.
Após o anúncio da reabertura gradual em São Paulo, anunciada pelo governador João Doria (SP), as ações de empresas ligadas ao consumo tiveram fortes altas. Na média do Ibovespa, as empresas do varejo considerado não essencial, como turismo, foram as que mais se valorizaram: alta de 5,75%. Entre os destaques está a operadora de turismo CVC, com alta de quase 13%.
Uma outra empresa que teve um bom dia foi a empresa de shoppings Multiplan, com alta de 3,5%. O setor em que a companhia se encontra, obviamente, é um dos que mais sofreram com a crise. Por não se configurarem como serviços essenciais, a maior parte das unidades foi fechada. Da Multiplan, até agora, há apenas 4 dos 19 shoppings abertos. Mesmo assim, a empresa acredita que o setor vai ter uma recuperação forte após a pandemia.
“O shopping continuará sendo um centro de conveniência, onde as pessoas podem resolver a sua vida. A essência do shopping e a essência do ser humano não se modificará com o ‘novo normal’”, diz Vander Giordano, vice-presidente institucional da Multiplan.
Riscos continuam altos
Na opinião de Galdi, da Mirae, o fundo do poço para diversas ações do setor já chegou e a recuperação dos papéis é esperada. Porém, claro, há riscos. Um deles é que a recuperação não seja em “V”, mas em “W”. Isso significa que antes da recuperação mais sólida (“V”) pode haver uma queda anterior com um possível avanço da pandemia e uma nova quarentena. Só depois viria o crescimento mais sustentável (que seria no formato “W”).
Porém, como dito, com maiores riscos também há maior possibilidade de ganhos. Não à toa, a corretora Warren já começa a enxergar ativos como Lojas Renner e Magazine Luiza com mais “carinho”. Além deles, a empresa de shoppings Iguatemi também aparece como uma boa opção, já que a maior parte de suas unidades.
A Magazine Luiza é, de fato, um exemplo disso. A empresa, que é muito elogiada pela sua transição para o mercado digital, se tornou nessa semana a décima companhia com maior valor de mercado na América Latina, segundo levantamento realizado pela consultoria Economatica. Há um ano, a empresa era apenas a 40ª maior, com valor de US$ 8,3 bilhões. No fechamento do pregão da terça-feira (26), a empresa valia US$ 19,4 bilhões.
“Estamos com uma posição defensiva dos nossos investimentos, mas estamos avaliando o comportamento das empresas para oportunidades”, diz Igor Cavaca, analista da Warren. Se o restante do setor vai acompanhar o crescimento da Magazine Luiza é uma incógnita (e relativamente bem difícil), mas oportunidades certamente aparecerão nesses momentos.
fonte: André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo 27 de Maio de 2020
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