Entre os Estados, o Amapá tem a maior proporção de endividado, segundo pesquisa Por Michael Esquer — De São Paulo

19/05/2025 05h00 · Atualizado há 2 dias

Quase cinco em cada dez brasileiros adultos estão inadimplentes e o valor médio da dívida supera R$ 1,5 mil. Entre os Estados, o Amapá tem a maior proporção de endividados, e Santa Catarina, a menor. É o que mostra estudo da Pagou Fácil, plataforma da financeira Paschoalotto, que analisou informações de inadimplentes no país. De acordo com o levantamento, feito a partir de dados próprios e de outras fontes, como o Serasa, o Brasiltinha 75,7 milhões de inadimplentes em março, o que equivale a 46,6% da população adulta do país. Na comparação com março de 2024, houve aumento de 2,8 milhões de endividados, cerca de 3,8%. Segundo Rafael Saab, economista da Paschoalotto, inadimplentes são pessoas que têm dívida aberta, não necessariamente que estão com nome inscrito no Serasa ou no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

As unidades da federação com mais endividados são Amapá, onde 61,8% da população adulta está inadimplente, Distrito Federal (60,1%), Rio de Janeiro (55,6%), Amazonas (54,5%) e Mato Grosso do Sul (54,1%). Os menos endividados são Santa Catarina (36,5%), Piauí(37%), Espírito Santo (41,5%) e Rio Grande do Sul(41,6%). A pesquisa estima que o valor médio das dívidas no país seja de R$ 1.588 mil, com valor total estimado de R$ 438 bilhões, aumento de 13% em relação a março de 2024. “Segundo as projeções, a inadimplência deve manter-se estável nos próximos anos”, diz Saab.

Para o coordenador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Flávio Ataliba Barreto, a tendência é de crescimento do endividamento, que se mantém em patamar elevado no país desde a pandemia. A velocidade do aumento, no entanto, afirma, dependerá do quanto as famílias ainda têm de margem para se endividar e o cenário macroeconômico,fatores que podem desacelerar o ritmo. “O comprometimento com dívidas já é bastante elevado.”

A inflação, com alta de 12 meses encerrados em abril acumulada em 5,53%; a taxa básica de juros, elevada para 14,75% pelo Banco Central, maior patamar em quase 20 anos; e os sinais de desaceleração da atividade econômica no país, diz Barreto, pressionam o orçamento das famílias, aumentam a inadimplência e dificultam a redução do endividamento. O levantamento Paschoalotto ainda mostra que a maior parte das dívidas (28,5%) está ligada a bancos e cartões de crédito, seguido de gastos com contas básicas, como água, luz e gás (20,6%), serviços diversos (19,1%) e financeiras (11,2%). Barreto, do FGV Ibre, diz que o endividamento pela utilização do cartão de crédito é mais intenso no Brasil. Segundo ele, o cartão se tornou complemento de renda para muitas famílias.

Para Diego Martins Mosquim, diretor de planejamento na Paschoalotto, outro ponto de atenção é o desinteresse por investimentos convencionais e o avanço das bets, como são popularmente conhecidas as apostas esportivas on-line. Dados da oitava edição do Raio X do Investidor Brasileiro, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e do Datafolha mostram que cerca de 23 milhões de brasileiros apostam em bets, ante 10milhões e 9 milhões que investem em Certificados de Depósito Bancário (CDB) e fundos de investimentos, respectivamente.

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