O 3º trimestre de 2024 trouxe resultados mistos para as principais varejistas do Brasil, destacando o impacto de planejamentos estratégicos, reestruturações operacionais e ajustes contábeis. Em um cenário marcado por juros elevados, mas com melhoria para o consumo, as empresas focaram em eficiência operacional, crescimento digital e melhor gestão de custos para impulsionar seus resultados.
O Mercado Livre registrou lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, alta de 11% ante o mesmo período de 2023. Apesar do ótimo desempenho, o resultado ficou abaixo dos US$ 513,25 milhões projetados pelo consenso Bloomberg, causando queda nas ações. O desempenho foi impactado por investimentos em logística e ampliação da oferta de cartões de crédito, estratégias para crescimento de longo prazo, mas que pressionaram margens no curto prazo.
A Magazine Luiza apresentou uma recuperação importante, registrando lucro líquido ajustado de R$ 70 milhões no 3T24, revertendo perdas anteriores. Esse resultado foi impulsionado por eficiência operacional, redução de despesas financeiras e melhorias no controle de custos, reforçando sua capacidade de adaptação em um cenário competitivo.
A Grupo Casas Bahia continua em processo de recuperação e reduziu seu prejuízo líquido de R$ 836 milhões no 3T23 para R$ 369 milhões no 3T24, uma melhora de 55,9%. Esse avanço foi sustentado pelo plano de reestruturação, comreposicionamento de estratégia foco em otimização de estoques e redução de custos operacionais, demonstrando evolução gradual na recuperação da companhia.
Já a americanas s.a., após o escândalo contábil no início de 2023, reportou um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões no 3T24, não recorrente. No entanto o lucro, reflete principalmente ajustes contábeis relacionados à execução de seu plano de recuperação judicial, como descontos na renegociação de dívidas (haircuts) e reversões fiscais.
Expectativas para o 4T24 e 2025
Com os resultados do 3T24, as varejistas entram no último trimestre do ano focadas em consolidar seus números com a Black Friday e o Natal, priorizando eficiência operacional, gestão de estoques e integração omnichannel para atender à alta demanda.
Para 2025, o setor deve ampliar investimentos em retail media (com Meli líder no país), digitalização, eficiência operacional e novos negócios. O avanço da Inteligência Artificial (IA) já transforma áreas como análise de “first-party data”, operações, crédito, risco e experiência do cliente, impulsionando produtividade e personalização.
No entanto, com a projeção de juros em 14,25% no início do ano, segundo o Copom, será crucial manter cautela na oferta de crédito para evitar elevação da inadimplência e garantir crescimento sustentável.
Obs:
– Considerados todos os negócios das 4 empresas.
– Receita Meli: USD 397 Mi * USD/BRL 5,546 = R$ 2,200 bi.
– Fonte: Relatórios de RI das empresas acima.
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