Icec tem queda de 54 pontos em dois meses e retração bate recorde negativo em junho
REDAÇÃO Amanha dig
25/06/2020 10:44 | Atualizado 25/06/2020 10:47
A renda menor e o crédito mais escasso seguirão, temporariamente, limitando o consumo, prevê a CNC
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), medido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu a 66,7 pontos em junho, atingindo o menor nível desde o início da realização da pesquisa, em março de 2011. Os percentuais de retração do indicador também foram os maiores observados na série histórica: retração de 28,6% em relação a maio (com ajuste sazonal) e contração de 43,7% no comparativo com junho de 2019. Ainda influenciada pelos impactos econômicos do novo coronavírus, a confiança dos comerciantes acumulou queda de 54 pontos nos dois últimos meses, levando ao recorde o pessimismo entre os tomadores de decisão do varejo.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que, mesmo com a flexibilização gradual do isolamento social em algumas regiões, o ritmo de recuperação das vendas no varejo deverá ser lento. “A renda menor e o crédito mais escasso seguirão, temporariamente, limitando o consumo, em especial de produtos não essenciais, que representam a maior parcela dos orçamentos domésticos”, antevê Tadros.
O indicador que mede a satisfação dos empresários com as condições atuais, seja da economia, do comércio, seja também da própria empresa, foi o que mais se destacou negativamente, chegando a 38,9 pontos – menor patamar desde dezembro de 2015 –, com quedas significativas, tanto mensal (-46,6%) quanto anual (-58,3%). Especificamente sobre a economia, os números pioraram ainda mais neste mês: 22,7 pontos (menor nível desde junho de 2016), com queda mensal de 62,2% e anual de 73,1%. Mais de 90% dos entrevistados avaliam que a situação econômica atual está pior do que há um ano.
Em relação ao momento do comércio (42,7 pontos), as avaliações negativas representaram 81,2% das respostas dos empresários, contra 59,9% em maio e 51,2% em junho de 2019. O presidente da CNC lembra que, no contexto de prejuízos sem precedentes para o setor, parte dos varejistas de menor porte tem enfrentado dificuldades no acesso ao crédito, apesar do custo mais baixo. “As instituições financeiras ampliaram os riscos de inadimplência nos balanços e têm imposto necessidade de garantias que, por vezes, superam os valores das operações de crédito”, explica Tadros, ressaltando que as micro e pequenas empresas precisam ser estimuladas, pois são fundamentais para a economia. “A criação de um Refis é absolutamente necessária para o soerguimento econômico, já que não se sabe quando a crise acabará”, sugere.
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