Otávio Augusto Economia23/08/23 10:35  antagonista

Um levantamento da Genial/Quaest aponta que 56% dos entrevistados já foram para o SPC/Serasa por causa do endividamento. Desses, 51% afirmaram que não limparam os nomes.

Os dados mostram que 31% admitem ter muitas dívidas, sendo que 46% estão com muita dificuldade para pagar. Em 46% dos casos, mais da metade do salário é para pagar dívidas.

Cartão de crédito (31%); prestação de imóvel, aluguel ou financiamento (14%); e empréstimos (11%) são as principais causas do endividamento.

O cartão de crédito se mostra vilão até mesmo para aqueles com maior renda. Segundo a pesquisa, o endividamento com cartão chega a 37% das pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos; 35% entre os que ganham dois e cinco salários mínimos; e 31% para quem ganha até dois salários mínimos.

A pesquisa mediu a avaliação do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo federal. Para 70% dos entrevistados a iniciativa é positiva.

A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.029 pessoas entre 10 e 14 de agosto com 16 anos ou mais. O nível de confiança é de 95%. O levantamento foi realizado com a aplicação presencial de questionário.

Nesta semana, reportagem de capa de Crusoé destacou como a estagnação da renda leva o Brasil a um recorde de famílias que não conseguem pagar suas dívidasQuase um terço dos lares brasileiros perdeu a capacidade de honrar seus compromissos.

O governo federal busca combater os sintomas agudos dessa doença. Em julho, lançou o programa Desenrola, para permitir a renegociação de dívidas e a retirada de nomes dos cadastros de maus pagadores. Inicialmente, o programa foi liberado para pessoas com renda entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil. Mais de R$ 8 bilhões já foram renegociados e 5 milhões de pessoas limparam seus nomes.

Neste momento, dá-se um embate a respeito dos juros do cartão de crédito, hoje amplamente difundido entre todos os grupos de renda no Brasil. Quem não consegue pagar uma fatura tem duas opções: parcelar ou entrar no rotativo. Os juros no primeiro caso são altíssimos: cerca de 9% ao mês, ou 181% ao ano. No segundo caso, os juros são estratosféricos: 437,25% ao ano, na medição de junho.

NEGÓCIOS
Diferente da tensão entre Biden e Xi Jinping, no mundo da moda, a China e os EUA estão se entendendo. A varejista asiática Shein anunciou a compra de um terço do grupo Sparc Holings, dono da Forever 21.
Como vai funcionar? Basicamente, os produtos da Forever 21 vão ser vendidos na plataforma da Shein, e as peças da marca chinesa serão encontradas nas lojas físicas da Forever 21, nos EUA. 
Com isso, a Shein ganha os clientes que preferem experimentar antes de fazer a compra online. Já a Forever 21 vai exibir suas blusinhas em um aplicativo que conta com 150 milhões de usuários no mundo

Tá, mas que grupo é esse?

Ainda que o nome pareça estranho, o Sparc Holdings é uma joint venture que também é dono de marcas como Nautica, Reebok e Aéropostale. Suas vendas globais já ultrapassaram US$ 12 bilhões
Assim, ainda que a Shein some vendas de quase US$ 22 bilhões ao redor do globo, a ideia é que a experiência do grupo no varejo físico e no desenvolvimento de marcas também ajude a gigante chinesa.
Ao mesmo tempo, além da cartela de clientes, o conhecimento em e-commerce global da Shein vai oferecer ao grupo Sparc a capacidade de expandir ainda mais o crescimento de suas marcas. 
  • Inclusive, segundo os analistas, uma das razões da queda das vendas da Forever 21 foi a sua dificuldade de reagir ao avanço das vendas online. 
Bottom-line: Com exemplos de negócios parecidos no mercado de luxo, como a compra da Capri Holdings pela Tapestry, a ideia de unir concorrentes pra ganhar força está virando tendência no mercado da moda

 Por Hellen Duarte  site CNC

Um estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou que as importações de produtos chineses de até US$ 50 por unidade tiveram um crescimento expressivo de 38% no decorrer deste ano, totalizando aproximadamente 1,3 bilhões de unidades. A valorização do real, aliada à alta carga de impostos internos, incentivou as importações, reduzindo a competitividade dos produtos nacionais. Diante dessa tendência, a CNC lançou a campanha “Comércio Justo”, que advoga pela isonomia tributária nas importações de bens de consumo de baixo valor.

O levantamento da CNC analisou os dados de importação de dez mil tipos de bens de consumo de 145 países, classificados pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No período de janeiro a julho de 2023, a quantidade de itens de bens de consumo importados com valor de até 50 dólares por unidade aumentou em 11,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

As remessas provenientes do Uruguai (aumento de 46,7%), China (crescimento de 38%), Vietnã (alta de 31,5%), Paraguai (21,2%) e Estados Unidos (10,8%) lideraram as encomendas. Os principais exportadores de bens de consumo de baixo valor foram China, Argentina e Paraguai, sendo responsáveis por 59% do total importado.

Os produtos que apresentaram os maiores aumentos nas quantidades importadas durante os primeiros sete meses deste ano foram lapiseiras (220%), brinquedos (195%), guarda-chuvas (172%), luminárias (111%) e camisas femininas (67%). “A conjuntura atual só reforçou a tendência de aumento da importação de produtos, especialmente de países asiáticos”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Ele lembra que, nos últimos 20 anos, a importação de bens de consumo provenientes da China ao valor médio de 50 dólares cresceu 575%, contra um avanço médio de 155% nos demais países.

“A diferença na carga de impostos sobre o consumo no Brasil e no exterior foi um fator crucial para o aumento das importações de bens de consumo”, explica o economista responsável pelo estudo, Fabio Bentes. Ele ressalta a importância da isonomia tributária nesse contexto, pois a disparidade cria uma situação evidente de desigualdade competitiva para os comerciantes baseados no Brasil.

 de Luiz Alberto Marinho  3 de agosto de 2023 Mercado & Consumo

A Associação Brasileira de Shopping Centers investiu em uma ampla pesquisa para entender o comportamento dos frequentadores de shopping centers no País. Foram feitas 4.300 entrevistas em 26 estados e no Distrito Federal. O último estudo desse tipo havia sido realizado sete anos atrás. Do extenso relatório, com mais de 100 páginas, sete pontos emergiram como os mais relevantes para quem trabalha ou opera lojas em centros comerciais, na nossa visão. Vamos a eles:

1.     Paraíso da Classe B

A maioria dos usuários de shopping centers, 51% para ser mais exato, pertence à Classe B. Isso não é exatamente novo. Na pesquisa de 2016, o percentual era parecido (50%). A Classe A contribui hoje com 18% do fluxo dos shoppings, o que significa que cerca de 7 em cada 10 clientes desses locais são AB.

O cenário, porém, não é igual em toda parte. A Classe C representa nacionalmente 31% do público dos centros comerciais. No Norte, onde esse número sobe para 53%, e no Nordeste, onde fica em 41%, os shoppings tendem a ser mais populares. Não foi registrada presença significativa das classes D e E, segundo o estudo.

Esses números reforçam a ideia de que uma mesma estratégia pode funcionar bem em determinadas regiões e não tão bem em outras, dada as diferenças entre o poder aquisitivo e características do público de cada lugar.

2.     Menos visitas por mês

A frequência de ida aos shoppings não é a mesma que era sete anos atrás. Hoje, 44% dos visitantes vão a um shopping center semanalmente – em 2016, esse índice era de 63%. Outros 44% marcam presença quinzenal ou mensalmente.

Porém, tem um detalhe: 67% dos brasileiros com renda mensal superior a 15 salários-mínimos (perto de R$ 20 mil) batem ponto no mall toda semana. O percentual dos heavy users, com renda mensal entre 10 e 15 salários-mínimos (entre R$ 13 a R$ 20 mil), também fica acima da média. Os números sugerem que há relação entre a capacidade de consumo e a frequência de visita a shopping centers. Outro ponto importante: famílias com crianças vão ao shopping mais assiduamente.

Geração de fluxo recorrente, qualificado e identificado, será um dos principais desafios dos profissionais do setor. Os dados da pesquisa sinalizam, uma vez mais, que essas estratégias precisarão ser customizadas, pensando no público de cada região.

3.     Pet também faz parte da família

Nada menos do que 73% dos entrevistados possuem um animal de estimação em casa. A imensa maioria (83%) tem cães. Mas apenas 30% costumam passear com seu pet no shopping. E somente 26% dos donos de animais já usaram pet parks (locais onde os animais podem brincar soltos).

Repare no tamanho da oportunidade: entre os clientes que costumam ir ao shopping com seus pets e possuem renda mensal acima de R$ 13 mil: mais de 60% não usam pet parks ou praças de alimentação pet porque o shopping não oferece o serviço ou não comunicou devidamente a existência dele.

Se a intenção é aumentar frequência de visitas, os shoppings deveriam olhar com mais carinho para esse público, não é mesmo?

4.     Localização, localização e localização?

O povo de real estate gosta de repetir que os três fatores críticos de sucesso de um empreendimento são: localização, localização e localização. Até agora a indústria de shoppings vinha adotando esse mantra. A pesquisa que saiu do forno semana passada coloca uma pulga atrás da orelha do pessoal.

Localização continua sendo o fator principal de escolha de um shopping para 24% dos brasileiros. Vale dizer que esse número era 56%, na pesquisa de 2016. O mix de lojas segue como segundo diferencial mais relevante, com 22% de menções (em 2016 era 19%).

Mas, agora, novos atributos ganharam importância. O ambiente e a experiência proporcionada pelo centro comercial são os elementos mais valorizados por 10% das entrevistadas e as opções de lazer por 9% delas.

Tudo isso casa perfeitamente com o conceito do shopping como destino de convivência e entretenimento, onde comprar faz parte da diversão. Por isso mesmo, shopping centers podem e devem investir nessas frentes, sem moderação.

5.     Viver, comer, comprar

A pesquisa aponta que a principal motivação para ida ao shopping ainda é fazer compras – 43% dos seus frequentadores concordam com isso. O segundo motivo é lazer, citado por 31% das pessoas pesquisadas.

Em tempo: por lazer devemos entender não apenas a ida ao cinema ou parque, mas também passear, ver vitrines ou encontrar pessoas. Em terceiro aparece alimentação, com 21% de menções (na pesquisa de 2016 esse motivo recebeu 11% de respostas).

Somando lazer e alimentação, mais da metade do tráfego de um shopping é produzido por setores que há alguns anos tinham menos protagonismo no mix.

Tem mais, 74% dos brasileiros disseram que escolhem ir a um shopping porque podem aproveitar o tempo para fazer outras coisas. Que outras coisas são essas? Comer, passear e se divertir. Entendeu? Mesmo quem não vai ao shopping para passear, comer ou se divertir, escolhe o seu local favorito também pela capacidade de, além de concentrar boas lojas, proporcionar bons momentos.

6.     Food is the new fashion

A essa altura do campeonato já ficou clara a força da alimentação no mix dos shoppings, certo? Mesmo assim, vale a pena destacar que 82% dos frequentadores escolhem o shopping onde vão em função da variedade de opções de alimentação. Isso ganha ainda mais relevância porque 77% dos brasileiros costumam frequentar dois shoppings ou mais. Ter uma oferta mais ampla, pode fazer a diferença.

As operações mais procuradas são as das praças de alimentação, onde 97% das pessoas costumam comer. Porém, os restaurantes com serviço já aparecem com 81% de citações. Os restaurantes são especialmente importantes para atrair clientes de melhor poder aquisitivo. Dentre os que possuem renda mensal de 6 a 15 salários mínimos, 85% consomem em restaurantes de shoppings. Esse número sobe para 94% entre os que ganham mais de R$ 20 mil por mês.

Sorveterias e cafeterias também aparecem bem na foto, respectivamente com 89% e 75% de citações.

7.     Consumo figital

Por fim, merece destaque o fato de que 91% dos usuários de shoppings no Brasil fizeram alguma compra online nos 12 meses anteriores à pesquisa.

Impressiona a velocidade da evolução do consumo figital (integração do físico com o digital). Antes da pandemia, 21% dos clientes de shopping faziam compras exclusivamente em lojas físicas. Hoje, esse número caiu para 7%. Os que compravam das duas maneiras, porém, com maior regularidade no canal digital, somavam 19% antes da pandemia e agora representam 43% dos clientes. E nada menos do que 75% das pessoas pesquisam preços na internet antes de fechar uma compra, independentemente da faixa de idade.

Não à toa que os centros comerciais brasileiros buscam maneiras de intermediar vendas de seus lojistas nos canais digitais. Como resultado desse esforço, 43% dos clientes declaram já ter feito compras virtuais em algum shopping, via aplicativo, whatsapp, assistente virtual etc. Desses, 74% preferiram retirar o produto em uma loja e 34% usaram o serviço de delivery.

Esses resultados mostram que apoiar as vendas dos lojistas, qualquer que seja o canal, será um dos principais desafios dos shoppings no futuro próximo.

Esse completo raio X do perfil e comportamento dos usuários de shopping centers no Brasil revela um setor em franca evolução, no conceito, no mix e no modelo de negócios. E oferece, de quebra, um bom mapa para navegar nesses mares pouco explorados.

Luiz Alberto Marinho é sócio-diretor da Gouvêa Malls.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

 de Marcos Gouvêa de Souza

 7 de agosto de 2023  Mercado & Consumo

O cenário político e econômico está se desanuviando e isso parece positivo. Só que não.

Se nos conformarmos em olhar o curto e o médio prazo, uma conjugação positiva de fatores sinaliza a perspectiva de um período melhor do que foi anteriormente previsto, contrariando as expectativas geradas especialmente no setor financeiro e retratadas nas pesquisas Focus, divulgados semanalmente pelo Banco Central.

Aliás, nesse aspecto já temos um quadro que merece reflexões, pois os indicadores considerados relevantes para muitas decisões sobre taxas de juros e outras medidas no campo econômico e financeiro são fortemente balizados pelas expectativas dos agentes que atuam nesse ecossistema, sem dúvida o mais preparado para ganhar em qualquer cenário. É quase como colocar o bode para tomar conta da horta.

Seria fundamental incorporar na base de consulta da pesquisa Focus os representantes dos setores ligados à economia real, em especial o comércio, o varejo e o consumo, aqueles que encontram os consumidores todos os dias, o dia todo e que podem e devem ter uma visão distinta dos agentes e consultores financeiros. E que poderiam trazer uma perspectiva mais transversal e real do comportamento presente e futuro dos mais diversos setores econômicos.

Mas, independentemente desse importante aspecto, está quase que contratado um processo de retomada econômica com impacto positivo no varejo, no comércio e no consumo por todas as razões mencionadas em nosso artigo “Depois da tempestade vem a bonança e o vento soprando a favor do varejo neste semestre”. E muito tem a ver com a queda da inflação e a redução das taxas de juros nominais, resultado da ação direta e consciente do Banco Central.

É razão para sorrirmos e voltarmos a considerar que Deus reassumiu sua cidadania brasileira? Definitivamente não.

Muito pelo contrário.

O bom cenário positivo de curto e médio prazo não pode nos enganar e criar uma cortina de fumaça em relação às questões mais estruturais e estratégicas que envolvem o Brasil.

Muito mais precisaria ser feito para termos razões para acreditar que temos um caminho e uma proposta para o longo prazo para o País.

Ninguém pode negar que temos um País desajustado, desigual e desequilibrado em muitos aspectos. E sem um projeto consistente de longo prazo.

Temos ao mesmo tempo o que é mais atual e visionário atuando em Ilhas de excelência global, como é o caso do Pix, só como um exemplo, e outros segmentos convivendo e dependentes das benesses do Estado.

Há setores que são benchmarking global por sua maturidade e atuação, como o financeiro e o agro, e setores que perderam o bonde da história porque se acomodaram com o protecionismo que os alavancou no passado, como ocorreu em parte do setor industrial.

Assim como outros setores, como o de comércio e varejo, que têm operadores também atuando em nível para se tornarem “the best in class” e outros, porém, convivendo com o atraso e sobrevivendo por conta da informalidade.

Da mesma forma como outros segmentos do setor de serviços, cada vez mais relevante em sua participação no PIB em linha com as tendências globais, que se dividem entre empresas com relevante crescimento e protagonismo e outras em busca de alternativas.

Sem falar no crescimento de setores ligados à tecnologia e o digital, nos quais encontramos o mesmo cenário com algumas empresas que se tornam relevantes globalmente por conta de sua visão e excelência operacional, e o exuberante ambiente de inovação, transformação e disrupção em que nossas iniciativas e visão conduzem a novas fronteiras sendo desbravadas.

É um país de contrastes cada vez mais evidentes em seus múltiplos formatos, em que existe o que de melhor se faz no mundo, adequado à nossa realidade, e o atraso se impõe onde a dependência do Estado marcou a estratégia e a falta de visão.

Por tudo isso, em especial para as novas gerações com o dever de assumirem protagonismo nesses novos ciclos que se iniciam, é tempo de um chamamento ao dever de sermos mais ambiciosos. E, de forma objetiva, tudo começa com a visão do que nos propomos no campo da educação como um dos fundamentos de um projeto estratégico para a Nação.

Para reduzir as diferenças, potencializar nossos diferenciais positivos e assumirmos um compromisso com a redução das desigualdades e não nos deixarmos cativar pelo devaneio do curto prazo sem sustentação.

Não podemos e nem devemos nos iludir com as vitórias das batalhas efêmeras e precisamos nos manter mobilizados para a transformação estrutural e estratégica da Nação. Só isso deveria nos unir.

Vale a reflexão.

Nota: Esses novos e importantes elementos que impactam a transformação do varejo e do consumo também serão apresentados e debatidos com 225 palestrantes para os mais diferentes canais, categorias, formatos e modelos de negócios do varejo e do consumo no Latam Retail Show, tendo como tema central “Back to the Future”, de 19 a 21 de setembro em São Paulo. Conheça mais clicando aqui.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

CAIO LUIZ  09.08.2023   CONGRESSO EM FOCO

Em reunião da Frente Parlamentar de Comércio e Serviço (FPC) realizada nesta quarta-feira (9), o relator da reforma tributária, senador Eduardo Braga (MDB-AM), sinalizou que pretende mudar o texto enviado pela Câmara dos Deputados. Entretanto, o senador não determinou quais serão essas mudanças, pois a proposta aprovada pela Câmara ainda passa por análises para ser inteiramente compreendida pelo Senado.

O senador reforçou a necessidade de uma base ampla de tributação dos impostos sobre o consumo. Em outras palavras, Braga defendeu que haja a estipulação de uma quantidade abundante de produtos e serviços a serem tributados para viabilizar a redução das alíquotas no futuro.

Braga foi designado oficialmente como relator da proposta pelo presidente da Comissão de Constituição Justiça e Cidadania, o senador Davi Alcolumbre (União-AP), com indicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nesta quarta-feira. O senador enfatizou diversas vezes a necessidade de não aumentar impostos diante da reforma porque a população “não aguenta mais pagar imposto.”

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi, disse que o relator considerou estender alíquota reduzida a produtos de higiene pessoal aos itens de higiene em geral, como água sanitária, por exemplo.

Frente do Comércio

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A reunião da FPC contou com a presença de deputados e dos senadores Carlos Portinho (PL-RJ), Rogério Marinho (PL-RN), Flávio Arns (PSB-PR) e Efraim Filho (União-PB), coordenador da FPC e líder do União Brasil no Senado. Os presidentes da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores, Leandro Severin, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) e da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Galassi, também participaram do encontro.

Para a reunião, que ocorreu na sede do Instituto União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) e da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS), cópias de um documento da Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério da Fazenda intitulado “Alíquota-padrão da Tributação do Consumo de Bens e Serviços no âmbito da Reforma Tributária” foi entregue a cerca de 30 pessoas que compunham a mesa da FPC. A Fazenda estima que a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado será de 27%.

A nota da Fazenda para as alíquotas-padrão dos novos tributos sobre o valor adicionado foram criadas no âmbito da reforma da tributação do consumo (PEC 45/2019 da Câmara dos Deputados). Os novos tributos são o imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Para que a reforma fosse melhor compreendida, ela foi apresentada em três tópicos no documento:

a – Descrição das principais mudanças introduzidas pela reforma.

b – Cálculo da alíquota-padrão atual incidente sobre o consumo de bens e serviços.

c – Estimativas das alíquotas-padrão que resultarão na adoção de novo modelo tributário.

De acordo com o documento, as estimativas não correspondem a uma previsão exata sobre quais são as alíquotas-padrão do IBS e CBS, pois essas dependem de uma série de fatores que serão definidos quando houver a regulamentação da PEC 45 por meio de legislação infraconstitucional, ou seja, as alíquotas só serão conhecidas ao longo da transição para o novo sistema e serão fixados de modo a manter a carga tributária.

Estudos e pontos

Conforme o relator Eduardo Braga, os três pontos fundamentais da reforma são equilíbrio federativo, simplificação “desse manicômio tributário que nós temos no sistema tributário nacional” com carga tributária mais transparente, neutralidade de impostos para que não haja qualquer tipo de aumento tributário.

Braga explicou à frente parlamentar que, na terça-feira (8), o governo apresentou um estudo em cima do texto da reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados em que diversos cenários, com ou sem exceções tributárias acumuladas, foram analisada para prover uma noção da variação de tamanho da carga tributária projetada pelo governo. Até então, o único estudo era do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que prevê uma alíquota de 28%.

“Mas eu quero dizer que além do estudo do Ipea, além do estudo do governo, nós estamos trabalhando junto ao Tribunal de Contas da União [TCU], que já tem uma comissão designada a nosso pedido para assessorar a relatoria do Senado, trabalhando para ter um terceiro relatório feito pelos técnicos, agora baseado no estudo apresentado pelo governo”, disse Braga, que acrescentou que até então o Congresso estava em um voo em que não tinha números para dialogar com os prefeitos, governadores e o setor produtivo.

Para o presidente da FPC, senador Efraim Filho, um eixo fundamental para tratar da reforma é com os setores produtivos. O segundo eixo fundamental são os entes federativos. “Eu acho que entender os impactos principalmente no setor de comércio, serviços, indústria e agro, bem como nos municípios, nos estados e na União são uma largada importante para ir estruturando um pouco [a reforma]”.

AUTORIA

CAIO LUIZ Repórter. Jornalista, produtor de conteúdo e roteirista. Formado em 2010 na Universidade Metodista, com estudos posteriores em Ciências Sociais e narrativas audiovisuais no ABC Paulista. Passou por redações na TVT, ABCD Maior, DCI, IdeaFixa, Destak e Doc Films/CNN Brasil.

caioluiz@congressoemfoco.com.br

REDAÇÃO AMANHA
15/08/2023

“Herdamos uma taxa de juros absurda do rotativo e vamos ter que equacionar [essa questão], mas [a solução] não passa por prejudicar o consumidor que está pagando as contas em dia”, defendeu Haddad

A solução para o rotativo do cartão de crédito não pode prejudicar o consumidor nem o comércio, disse nesta segunda-feira (14) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista a jornalistas, ele não adiantou qual seria a proposta preferida do governo para resolver o alto endividamento na modalidade, mas disse que o consumidor não pode ser prejudicado por medidas como o fim do parcelamento sem juros. “O parcelado sem juros responde hoje por mais de 70% das compras feitas no comércio. Temos de ter muito cuidado para não afetar as compras do comércio e não gerar um outro problema para resolver o primeiro”, afirmou Haddad no início da noite. “Herdamos uma taxa de juros absurda do rotativo e vamos ter que equacionar [essa questão], mas [a solução] não passa por prejudicar o consumidor que está pagando as contas em dia”, defendeu.

Sugerido pelos bancos para reduzir as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito, o fim das compras parceladas sem juros opõe as instituições financeiras e o comércio. Haddad, no entanto, declarou que os bancos precisam apresentar dados que justifiquem a necessidade de restringir o parcelamento, o que ainda não foi feito. Segundo o ministro, a previsão é que um grupo de trabalho formado por representantes do Ministério da Fazenda, do Banco Central, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), da Câmara dos Deputados e do Senado encontre uma solução em até 90 dias. De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros do crédito rotativo fechou junho em 437,3% ao ano. Haddad reiterou que não há uma proposta oficial dos bancos em relação ao rotativo e reforçou que a solução virá do grupo de trabalho. “Nosso foco é o rotativo, não pode continuar como estar. Estamos levando ao Congresso Nacional, sobretudo à Câmara, um compromisso feito pelo setor privado, pelos bancos públicos e privados, de que isso tem que ter um prazo para terminar”, declarou. A Febraban emitiu nota na segunda-feira (14) afirmando que não há qualquer pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito.

Com Agência Brasil

Publicado em 27/07/2023 10:30 • Por Luciana Neto /  site cnc

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), marcou 107,5 pontos em julho. Mesmo que ainda na zona do otimismo, foi registrada queda mensal de 1%, descontados os efeitos sazonais, a terceira redução consecutiva. A diminuição do otimismo também ocorreu na comparação anual, com redução de 12,7%. Os indicadores que medem a visão do varejista sobre o momento atual e as expectativas para os próximos seis meses seguem apontando tendência de queda, o que tem reduzido as intenções de investimento e contratação de funcionários. Entre os nove indicadores do Icec, oito tiveram variações negativas no mês e no ano, exceto a percepção sobre o nível dos estoques.

O destaque do mês é a percepção desfavorável sobre a dinâmica das vendas no comércio. Há cinco meses, o índice de condições atuais do comércio mergulhou na zona negativa (abaixo dos 100 pontos) e atingiu, em julho, 68,6 pontos. A maioria dos comerciantes aponta que as vendas no comércio pioraram, 60,6% do total, ou seis em cada dez lojistas consultados. Os segmentos com piores avaliações das vendas são eletroeletrônicos, móveis e decorações, cine-foto-som, materiais de construção e revenda de veículos.

A dúvida sobre o cenário global do varejo, segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, preocupa a Confederação, que revisou de 1,8% para 1,5% a estimativa de alta do volume de vendas este ano. “A retomada do crescimento do endividamento e da inadimplência, o encarecimento do crédito e a dificuldade de acessá-lo impõem limites à capacidade de consumo de itens com maior ticket médio e que exigem prazo para pagamento”, afirma Tadros. Mesmo que os consumidores tenham demonstrado maior intenção de comprar bens duráveis, como mostra a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela CNC, as vendas dos produtos mais dependentes do crédito seguem em queda.

Desânimo no curto prazo para 20% dos lojistas

A economista da CNC responsável pelo Icec, Izis Ferreira, ressalta que, apesar da dinâmica mais favorável da inflação, a permanência dos juros altos tem levado os comerciantes a redefinir as estimativas para as vendas e investimento este ano. O índice de expectativas para o desempenho do comércio caiu 9,6% entre julho de 2022 e 2023, com dois em cada dez comerciantes considerando que as vendas no setor devem piorar, no curto prazo.

“Mesmo que o consumidor de rendas média e baixa esteja mais disposto a consumir e o calendário dos próximos meses traga datas comemorativas como Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, os empresários estão moderando o otimismo”, explica Izis Ferreira. Na passagem de junho para julho, apenas os comerciantes de roupas, calçados e acessórios melhoraram as expectativas para o setor, com alta de 1,8%.

Recorde na queda da confiança dos lojistas de duráveis

A piora nas vendas e nas expectativas dos lojistas de bens duráveis fez o grau de otimismo aprofundar sua queda neste início de semestre. A confiança do varejo de produtos com baixa capacidade de reúso caiu 16% em um ano, maior queda histórica nessa base de comparação (o Icec começou a ser apurado em 2011). Entre os lojistas de roupas e calçados, a redução chegou a 13,1%; e, entre os de alimentos, medicamentos e cosméticos, a queda foi de 7,2%.

Luiz Gustavo SingeskiLuiz Gustavo Singeski• 2º• 2ºArquiteto e urbanista sócio fundador no Oficina Urbana de Arquitetura.Arquiteto e urbanista sócio fundador no Oficina Urbana de Arquitetura.

Multiplan Empreendimentos S.A. anunciou a nova expansão do ParkShoppingBarigui, que engloba a implantação do trecho inicial do Parque Linear do Rio Barigui, desde o Parque Barigui até a R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, projeto que tivemos a felicidade de elaborar dentro do Oficina Urbana de Arquitetura. São mais de 46.000 m² de área a ser qualificada, incluindo espaços de estar, de lazer e de desfrute da paisagem, incentivo ao transporte não motorizado, preservação e recomposição da mata ciliar, tendo a valorização da paisagem natural do rio como foco principal da proposta. As obras do parque devem iniciar no começo de 2024.

O projeto multiuso do PkB inclui opções de saúde e bem-estar com Centro Médico, parques e áreas de lazer, mix de lojas renovado e diversidade de restaurantes e ampliando as fronteiras do shopping.

A expansão vai inaugurar um terceiro piso inteiro com um boulevard suspenso e iluminado, 75 novas lojas, um Park Gourmet mais diversificado, com 13 restaurantes, um Centro Médico com 25 diferentes especialidades, uma nova HotZone e o inédito FunPark, parque indoor permanente repleto de atrações, que serão garantia diversão para toda a família o ano todo.

O ParkShoppingBarigüi abre suas portas ao Parque Barigui com o projeto do Viva Barigui, um espaço arborizado e corredor ecológico que vai ligar o PkB ao cartão portal de Curitiba.

🔗 Conheça mais sobre o projeto em https://lnkd.in/ddyVWNsB )

Publicado em 14/07/2023 17:05 •  site CNC

A reforma trabalhista trouxe grandes avanços, mas ainda é desconhecida por muitos e recebe críticas sem fundamento. Foi o que mostrou o professor e consultor de relações do trabalho José Pastore, no terceiro e último dia do Sicomércio, o encontro com sindicatos e federações que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) está promovendo em Brasília.

Segundo Pastore, a reforma trabalhista não mexeu nos direitos previstos na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). “O que ela fez foi aperfeiçoar a legislação, dar liberdade com proteção e garantias”, afirmou. “A reforma trabalhista tem 30 direitos que não podem ser negociados, nem individual nem coletivamente. São direitos garantidos pela Constituição como salário mínimo, licença da gestante e seguro-desemprego.”

Outros 15 direitos, prosseguiu o professor José Pastore, podem ser negociados, mas apenas com a participação dos sindicatos, ou seja, coletivamente, entre eles a jornada de trabalho, banco de horas e o intervalo de almoço. “Aquilo que for estabelecido entre o sindicato e a empresa vale mais que a lei, mas isso envolve um processo de negociação. Se não houver acordo, vale o que está previsto na lei”, explicou.

“É preciso deixar claro: não foram surrupiados direitos, essa narrativa não tem relação com a verdade. O que houve foi uma engenharia muito interessante que diz o seguinte: estou dando liberdade para as partes negociarem e, ao mesmo tempo, estou dando proteção para determinados direitos que são inegociáveis. Então, é um sistema que tem liberdade com proteção, flexibilidade com garantia”, prosseguiu Pastore.

Um exemplo citado pelo especialista foi o horário de almoço. Com a reforma trabalhista, passou a ser possível encurtar o tempo de 60 minutos previsto na CLT. “Se for negociado um tempo menor, de 45, 30 minutos, isso vale mais do que a lei. Agora, se não quiserem negociar, continua valendo a CLT, não mudou nada. Liberdade com proteção, esta é a ideia da reforma trabalhista”, disse Pastore, observando que a reforma trabalhista trouxe segurança jurídica “e segurança jurídica vale muito”.

Pastore lembrou sua participação no primeiro Sicomércio, realizado na década de 1990. “Já são mais de 30 anos que os empresários decidiram se organizar de uma forma voluntária, e estão conseguindo. É um verdadeiro exemplo para o sistema sindical do Brasil e do mundo. O comércio se organizou e vem consolidando isso. Esse encontro é um exemplo, com essa participação fantástica, mostrando que é possível as empresas se organizarem por força própria em seu sistema sindical.”