Companhia usará R$ 4 bilhões em recursos para crescimento orgânico e aquisições
Ainda em março, nos locais com maior mobilidade, rede notou melhor desempenho
A Lojas Renner, assim como outras redes varejistas, sentiu os efeitos da segunda onda de Covid-19 entre janeiro e março. No período, a companhia viu seu faturamento cair 12%, para R$ 1,3 bilhão. O lucro, de R$ 1,7 milhão, alcançado no primeiro trimestre de 2020, foi revertido para um prejuízo de R$ 147,7 milhões (veja os principais indicadores ao final desta reportagem).
Porém, a companhia vislumbra que o cenário do primeiro trimestre tende a ficar para trás. Ao final de março, a rede tinha apenas 38% das lojas em operação e, ainda assim, notava que, nas localidades em que havia maior mobilidade, como nas regiões Norte e Centro-Oeste, se considerados apenas os dias de lojas abertas, o desempenho das unidades físicas foi positivo. “Este comportamento se fortaleceu nas semanas seguintes, principalmente, a partir da metade de abril, quando se passou a observar maior flexibilidade de restrições, com a retomada das atividades na maioria das lojas. Desde então, temos visto uma recuperação importante de vendas, com crescimento robusto, inclusive, em relação à 2019”, destaca a marca em seu relatório de resultados.
A Renner realizou uma oferta de 102 milhões de ações, gerando uma captação de recursos equivalente a aproximadamente R$ 4 bilhões. De acordo com a varejista, os recursos trarão a flexibilidade para a captura de todas as oportunidades. O diretor financeiro e de relações com investidores da Renner, Alvaro de Azevedo, declarou ao jornal Valor Econômico que o valor será usado para crescer e isso se dará tanto de forma orgânica quanto inorgânica. “Não tem conversa com ninguém. Não tem nada formal nem informal com ninguém. A gente vai avaliar essa questão inorgânica. Podem ser startups, podem ser empresas mais maduras, ou empresa maior, desde que esteja atuando dentro do nosso escopo, de estratégia de moda e life style”, afirmou. Questionado se as movimentações no mercado, como a da Soma e Hering, poderiam deixar a Renner numa posição de fragilidade competitiva, Azevedo disse que não. “Não necessariamente, porque temos plano de crescimento orgânico”, argumentou ao jornal, destacando a continuidade da construção do ecossistema de vendas do grupo assim como a transformação digital.
O desempenho dos canais digitais seguiu em patamares elevados, alcançando crescimento recorde, em março, de 253%, resultado da continuidade dos investimentos na aceleração do on-line, principalmente no período de lojas fechadas, para garantir o atendimento aos clientes. No primeiro trimestre, essas vendas cresceram 173,4% e representaram 17,5% do total. Do total de R$ 264,1 milhões investidos no trimestre, 60,3% foram aplicados em centros de distribuição, para a construção em andamento do novo CD omni, e 32% na abertura de novas lojas e remodelações. No trimestre, a Renner inaugurou uma loja, totalizando 394 unidades em operação, incluindo oito no Uruguai, quatro na Argentina e oito da Ashua. Já a Camicado seguiu com 113 unidades e a Youcom, após o fechamento de um ponto de venda, totalizou 99 lojas, ao final do trimestre.