Aumentou a proporção de brasileiros que dizem confiar nas empresas, de acordo com o Edelman Trust Barometer 2022, estudo anual sobre confiança e credibilidade. O número passou de 61% no ano passado para 64% neste ano. É mais que a média global, que é de 61%. Os brasileiros também consideram que o governo (59%) e a mídia (43%) são “forças desagregadoras da sociedade”.
O levantamento mostra que as pessoas acreditam que as marcas poderiam se engajar ainda mais em questões do dia a dia das, como a manutenção do bem-estar econômico, a diversidade, a inclusão e a sustentabilidade. Dos entrevistados no Brasil, 63% afirmam “comprar ou defender marcas com base em seus valores e crenças”, e 58% dizem “escolher um lugar para trabalhar com base em seus valores e crenças”.
“As pessoas acreditam que as empresas são éticas, confiáveis e competentes. Até por isso, o público está esperando que as marcas façam algo, principalmente porque as outras instituições, como o governo e a mídia, estão deixando um vácuo gigante nessas questões”, diz Natalia Martinez, vice-presidente executiva da Edelman Brasil.
O papel social das empresas veio para ficar.
Natalia Martinez, da Edelman Brasil
Para Rodrigo Vieira da Cunha, sócio da agência ProfilePR, o crescimento da confiança nas empresas se deu por causa de ações realizadas no auge da pandemia. O desafio agora, segundo o executivo, é mantê-las.
“Durante a pandemia, as empresas se mobilizaram por meio de muitas doações. Agora vai ser interessante ver como isso se mantém. Em uma comparação mais básica, precisamos ver como as marcas se comportam num filme, e não apenas em uma foto. O esforço tem que ser conjunto, no papel de transformar a sociedade no longo prazo. Isso se reverte em aumento de reputação”, afirma.
Credibilidade de CEOs
Ainda segundo o estudo, os entrevistados querem que CEOs e presidentes de empresas participem do dia a dia de questões relacionadas à sociedade e que eles influenciem, de alguma forma, a manutenção de políticas públicas.
No Brasil, 83% dos entrevistados acham que CEOs, pessoalmente, “devem ter visibilidade quando se discute sobre política pública” com agentes externos ou sobre o “trabalho que a companhia tem feito para beneficiar a sociedade”.
“O papel social das empresas veio para ficar. As pessoas querem mais, e não menos das lideranças das empresas. Os CEOS têm que ser a voz das mudanças, precisam abraçar as causas e mostrar os resultados tangíveis”, declara Martinez.
“Essa discussão passa por entender a empresa como mais uma peça da engrenagem, que não consegue ser independente. Ela é apenas uma árvore na floresta, intimamente conectada com outras árvores —outras empresas, no caso. Uma ação pode ter efeito em todo o mercado”, afirma o sócio da Profile.
Essa é a 22ª edição do Edelman Trust Barometer, que ouviu 36 mil pessoas, de 28 países, em novembro do ano passado, sendo 1.150 deles no Brasil.
No mundo, entre os setores, o de tecnologia (para 74% das pessoas) é o mais confiável, seguido dos de educação, saúde e manufatura (para 69%). Os menos confiáveis, conforme o estudo, são as mídias Sociais (44%) e serviços financeiros (56%).
No Brasil, os setores mais confiáveis são os de tecnologia (para 80%), alimentos e bebidas (73%) e supermercados (73%). Os menos, segundo o levantamento, são as empresas de plástico (38%) e nucleares (37%). |