“Ainda que o conceito de levante desperte naturais preocupações em tempos de polarização, devemos prestar mais atenção à chamada para a Nação para termos a exata dimensão da proposta.
É preciso convocar, mais do que convidar, todos aqueles que não se conformam com o apequenamento estrutural e estratégico que o Brasil tem vivido, para promover uma transformação na visão, nas propostas e, acima de tudo, na ação pelas mudanças que se impõem.
Que, definitivamente, não podem ser tópicas ou táticas. E devem considerar uma visão estratégica e de longo prazo dentro do cenário de profundas transformações geopolíticas, tecnológicas e ambientais que o mundo vive.”
Desde o início, o alerta mais importante é que não se trata de um movimento político-partidário, como a maioria das análises que envolvem o País sugere como parte do contexto.
Pregamos um levante do bem, se assim podemos chamar, em que o único compromisso e proposta é integrar o País num movimento de estudo, concepção, desenvolvimento e implantação de um projeto para a Nação, sob liderança do setor empresarial, desvinculado de quaisquer dogmas, pregações, vínculos ou ideologias político-partidários.
Exatamente como os líderes e executivos do setor empresarial fazem no planejamento estratégico de seus negócios, em que o foco fundamental é desenvolver propostas que considerem os cenários presente e futuro, as ameaças, oportunidades e necessidades, identificando os diferenciais competitivos e definindo quando, como e com quais recursos isso será alcançado.
Nesse processo, pouco ou nada se discute no plano político-partidário, exceto eventuais impactos nos diferentes cenários para construção da visão do futuro.
Se é necessário, mais do que possível, fazer para empresas, por que não é feito para uma Nação?
Essa é a proposta deste projeto para a Nação, que à medida que o tempo passa se torna cada vez mais vital.
Se, como diz o ditado popular, não existe vento a favor para quem não sabe aonde quer chegar, o mesmo se aplica para os negócios, empresas e, mais ainda, para a Nação.
E o tempo conspira contra ao adiamento da imersão neste levante do bem para a Nação.
A constatação de que o fosso que nos separa de nações mais desenvolvidas está se ampliando e aprofundando – comprovado pelo menor crescimento econômico, aumento da desigualdade, da insegurança e da evolução titubeante da educação – cria o sentimento de que é inadiável essa mobilização.
O diagnóstico do quadro atual pode variar muito na identificação das causas devido à situação que vivemos e sua deterioração, bem como os discursos políticos e dos representantes de partidos, do Executivo, Legislativo e Judiciário tendem a se concentrar na buscar dos responsáveis pelo estado atual.
E tendem a se concentrar mais na apuração de responsabilidades e menos na comparação com outras realidades.
Como destacamos em artigo anterior, a análise do que ocorre na região da Ásia-Pacífico, ou mesmo em alguns outros países do mundo, mostra que, apesar de todos os recursos estratégicos que o Brasil possui, estamos ficando menores e menos relevantes no cenário global.
Estamos nos apequenando política e economicamente na nossa relevância no cenário global, apesar dos recursos que detemos. E se engana quem prega diferente. Os números estão aí para mostrar e provar que, em um horizonte maior de tempo, temos crescido menos do que outras regiões do mundo, e a desigualdade tem aumentado.
O Brasil tem uma situação privilegiada geograficamente e em recursos naturais, em parte devido ao simples acesso e também ao trabalho desenvolvido em setores, como o agropecuário, que transformaram o País num dos maiores provedores de alimentos no mundo. No entanto, isso ocorre em um cenário de crescente complexidade, que envolve mudanças climáticas, questões políticas e de acesso e uso de recursos naturais.
Além do que foi desenvolvido e implantado no acesso e uso de energia limpa pela insolação, da água e do vento, e no tratamento e uso do solo, só para lembrar alguns aspectos, o Brasil deu saltos na produtividade e no uso de recursos. Mas isso não trouxe benefícios reais para a população nos quesitos educação, saúde, segurança e desenvolvimento social.
São muitos os exemplos das vantagens estratégicas do País, mas falta o básico e essencial, que é um projeto de longo prazo para o uso racional e inteligente de todos esses fatores positivos, neutralizando os aspectos negativos e superando os desafios nos temas como desigualdade social, insegurança, um salto ainda maior nas questões da saúde e tendo a educação como fator decisivo no processo de transformação estrutural.
Tudo mais será mais do mesmo, como tem ocorrido na história recente do País.
De forma recorrente, temos tocado nesse tema, e assim continuaremos, por entendermos que essa, talvez, seja a única forma de ajudarmos a promover a mudança que pode colocar o País, a sociedade, os negócios e o próprio consumo e o varejo em outro patamar.
Vale insistir. E refletir.
Nota: No Latam Retail Show, de 17 a 19 de setembro no Center Norte, em São Paulo, haverá especial ênfase, conteúdo e programação dedicados às discussões das transformações no mercado, na geografia, na política, na economia, no consumo e seus impactos no consumo, no comércio e no varejo nos diferentes canais, categorias, formatos de lojas e modelos de negócios nos mercados mundiais e no Brasil. O evento também terá transmissão virtual de parte do conteúdo para quem não possa participar presencialmente. Os ingressos limitados já estão disponíveis pelo site.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!