Por  Mayra Castro O Globo 21/06/2024

 

Dados completos da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo IGBE nesta sexta-feira, mostram que houve um aumento da qualificação dos trabalhadores brasileiros na última década. Entre as pessoas ocupadas de 14 anos ou mais, 23,1% (cerca de 23,2 milhões de pessoas) tinham superior completo no ano passado.

Para se ter uma ideia, 11 anos atrás, em 2012, quando teve início a série histórica da atual pesquisa, apenas 14,1% contava com esse nível de instrução.

E houve redução da parcela de trabalhadores sem instrução ou com fundamental incompleto, que caiu de 32,6% em 2012 e 20,1% em 2023. A maior parte dos trabalhadores brasileiros se encontra entre aqueles que tem médio completo e superior incompleto, que representam 42,8%.

De acordo com Rodolpho Tobler, pesquisador do FGV IBRE, não só a população ocupada passa a ter um percentual mais elevado de pessoas com a escolaridade mais alta, mas também a população brasileira no geral.

— Tem um fenômeno de escolarização no país, que são efeitos de políticas públicas de longo prazo. E a questão demográfica também influencia, a gente vai tendo mais pessoas em idade de trabalhar, que é aquele conjunto de 14 anos ou mais, que costumam ter escolarização mais elevada. E o mercado de trabalho acaba conseguindo absorver também essas pessoas — explica.

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Tobler acrescenta que, embora muitas pessoas ainda trabalhem em cargos que não condizem com seu nível de escolarização, esse aumento de escolaridade pode ter relação com um crescimento da renda da população.

— Não é só ter pessoas mais escolarizadas que automaticamente elas vão ganhar um salário mais elevado, mas tem uma relação muito forte. Na medida em que há uma população mais escolarizada, a gente vê essas pessoas conseguindo entrar no mercado de trabalho, e isso tende a trazer também o crescimento da renda, porque as pessoas com maior grau de instrução são aquelas que têm salários mais altos também — diz ele.

População ocupada e nível da ocupação

A pesquisa também mostra que, pela primeira vez, o total de pessoas ocupadas no Brasil superou 100 milhões. Foram 100,7 milhões em 2023, alta de 1,1% em relação a 2022.

Houve recorde também no contingente de trabalhadores com carteira no setor privado, que somaram 37,7 milhões. Porém, em termos percentuais, estes representam 37,4% do total de ocupados, fatia que cresceu, mas ainda é inferior ao patamar de 2015, quando eram 39,5%.

Já o nível da ocupação, que é a parcela da população em idade de trabalhar (acima de 14 anos) que está ocupada ficou em 57,6% em 2023, mas não superou o máximo da série (58,3%, em 2013). Esse número teve uma queda de 2014 a 2017, mas começou a se recuperar em seguida, e vem crescendo desde então.

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