Site cnc 28/08/24
O Globo informa que o deputado Danilo Forte (União-CE), relator do projeto de lei na Câmara que estabelece critérios e punições para devedores contumazes, afirmou que incluirá na proposta o poder de veto das confederações empresariais à lista de devedores elaborada pela Receita Federal. Pelo modelo do Ministério da Fazenda, o poder de veto será dado às confederações empresariais de âmbito nacional, como a CNC, Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Forte explica que, se a Receita Federal discordar do veto de confederações, terá que provar o dolo, ou seja, a culpa da empresa vetada.

 

31/08/2024 – 7:20

O governo encaminhou ao Congresso nesta sexta-feira, 30, projeto de lei que eleva a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), um tributo cobrado sobre o lucro das empresas, e a do Imposto de Renda incidente sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCP), um tipo de remuneração paga pelas companhias aos seus acionistas. O objetivo é arrecadar R$ 21 bilhões no próximo ano, quando o Executivo se comprometeu com a meta de déficit zero.

O aumento da CSLL, como antecipou o Estadão, será restrito a 2025; já a alteração no JCP será permanente – ou seja, sem data delimitada no projeto de lei. Houve forte reação de entidades empresariais, que reclamam não haver mais espaço para aumento da carga tributária. Cobram ainda medidas mais efetivas de corte de gastos do governo. Mas o projeto de Orçamento para 2025 apresentado também ontem ao Congresso mantém a previsão de pente-fino em benefícios sociais e previdenciários, sem mudanças estruturais nos gastos obrigatórios – que vêm pressionando o arcabouço fiscal.

Entre as empresas, a medida tributária será sentida, principalmente, pelos bancos, que terão uma elevação de dois pontos porcentuais na alíquota da CSLL – passando de 20% para 22%. Já a cobrança sobre as companhias financeiras não bancárias será elevada em um ponto porcentual (de 15% para 16%), assim como a das demais companhias (de 9% para 10%). A expectativa é de que essas elevações rendam R$ 14,9 bilhões, em 2025, e um residual de R$ 1,3 bilhão em 2026.

Já em relação ao JCP, a proposta do governo é de que a alíquota do IR passe de 15% para 20% – o que renderia, segundo o projeto de lei, R$ 6 bilhões em 2025; R$ 4,99 bilhões em 2026; e R$ 5,3 bilhões em 2027. Os valores dos demais anos não foram estimados no texto.

O projeto foi enviado ao Congresso em regime de urgência constitucional, que impõe à Câmara e ao Senado o prazo de 45 dias para a deliberação da proposta, sob pena de trancamento da pauta. A justificativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de que as medidas “são relevantes para o resultado fiscal e o equilíbrio das contas públicas e serão consideradas nas projeções de receitas” do Orçamento de 2025.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia anunciado na semana passada que o governo iria encaminhar com o projeto de Orçamento de 2025 proposta prevendo aumento das alíquotas da CSLL e da tributação sobre o JCP. Segundo ele, as medidas servirão como uma espécie de garantia caso as propostas aprovadas pelo Senado não sejam suficientes para compensar a desoneração da folha de pagamento de empresas e municípios no ano que vem.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Atualização:

Do total movimentado, entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões deixam de ser gastos com bens e serviços; Instituto Jogo Legal, que representa o setor, diz que houve demora na regulamentação do mercado; empresas não quiseram se pronunciar

 

Seja no campo de futebol, na camisa dos jogadores, nas propagandas de rádio e TV ou nas redes sociais, as plataformas de apostas online, conhecidas como bets, se tornaram onipresentes. Desde que foram legalizadas no País em 2018, no governo de Michel Temer, elas avançaram sob o orçamento dos brasileiros e viraram preocupação para governo e empresas. A hipótese é de que o gasto com as apostas esteja drenando parte dos recursos que iriam para compra de bens e serviços, além de representar um risco de aumento de inadimplência no futuro.

No ano passado, mais de 300 empresas de bets movimentaram entre R$ 60 bilhões e R$100 bilhões em apostas no Brasil, quase 1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo projeções da Strategy& Brasil, consultoria estratégica da PwC. O setor das bets, portanto, gira mais capital por ano do que grandes empresas, como Santander (R$ 74 bilhões), Assaí (R$ 72,8 bilhões), Gerdau (R$ 68,9 bilhões) e Magazine Luiza (R$ 63,1 bilhões).

Estado procurou empresas do setor, como Bet7K, Bet Nacional e Betano, mas não teve retorno. Segundo o presidente do Instituto Jogo Legal, que representa o setor, Magnho José, o mercado de apostas brasileiro chegou ao estágio atual devido à falta de regulamentação no prazo inicialmente previsto. Na proposta do governo de Michel Temer, o setor deveria ter sido regulado dentro de dois anos, com prazo prorrogável por mais dois. Mas isso só ocorreu agora.

Do total movimentado em 2023, entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões deixaram de ser gastos com bens e serviços (ou investidos em alguma aplicação), diz o diretor da Strategy& Brasil, Mauro Toledo. Em casos mais drásticos, os gastos com apostas levaram ao endividamento dos jogadores.

Estudo da empresa de pesquisas Hibou, com 2.839 pessoas em agosto deste ano, mostra que a despesa mensal do brasileiro com apostas online está entre R$ 100 e R$ 500. Em um ano, o gasto com apostas fica entre R$ 1,2 mil e R$ 5 mil. Em jogos online, como o “jogo do tigrinho” (Fortune Tiger), 78% dos entrevistados afirmaram não saber quanto já gastaram em apostas.

Resultado disso, é o aumento da parcela dos gastos com apostas na renda familiar de 0,2% em 2018 para 0,7% em 2023, segundo Toledo, da Strategy& Brasil. Embora a fração pareça ser pouco relevante, essa categoria passa a representar 38% de todo o valor gasto com lazer e cultura (ante 10% em 2018) e 4,4% dos gastos com alimentação (ante 1,5% em 2018). Para este ano, a estimativa é de que o desembolso responda por quase 5% do valor gasto com alimentação.

Hoje o Brasil já é o terceiro maior mercado de apostas online do mundo. E não deve parar por ai: para o ano que vem, a consultoria projeta que o faturamento com o jogo online alcance R$130 bilhões no País. As estimativas são feitas com base em vários dados de diferentes fontes, como as remessas ao exterior de recursos das bets registradas no Banco Central, o número de apostadores, o valor médio, a frequência das apostas, assim como estimativas de quanto as empresas de jogos esportivos online desembolsaram com marketing, por exemplo.

As bets ganharam força a partir de 2018, quando o então presidente Michel Temer sancionou a Lei 13.756. Em 2020, antes mesmo da regulamentação das casas de apostas (vários pontos ainda precisam ser definidos), o País já contava com 51 marcas atuando nesse segmento, com movimentação de R$ 10 bilhões. Hoje as estimativas do setor dão conta de que existem, ao menos, 2 mil empresas atuando no mercado.

A cada rodada, o gasto do brasileiro com apostas online fica entre R$ 10 e R$ 50, segundo estudo da empresa de pesquisas Hibou. O gasto mensal fica entre R$ 100 e R$ 500 (14% disseram gastar mais de R$ 500). Em um ano, alcança entre R$ 1,2 mil e R$ 5 mil.

Essa rápida expansão dos jogos pode explicar alguns resultados aquém do esperado no comércio. Hoje, apesar do desemprego em baixa, a renda em alta e a inflação controlada, as condições macroeconômicas favoráveis não têm se traduzindo em avanço do consumo na intensidade projetada pelos empresários do comércio.

Isso levanta a suspeita de que o dinheiro dos consumidores tem ido para as apostas online. “Estamos escutando cada vez mais dos varejistas que eles não estão sentindo o impacto esperado de aumento do consumo para itens de vestuário e alimentos”, conta Luciana Medeiros, sócia e líder de varejo e consumo da PwC Brasil.

Bets afetam a renda?

Uma resposta para essas suspeitas vem de uma pesquisa online feita pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e pela AGP, com 1.337 brasileiros. Segundo a enquete, 38% dos entrevistados disseram ser apostadores online, 51% afirmaram fazer o jogo ao menos uma vez na semana e quase metade (49%) aumentou o volume de apostas em 2024. Entre os apostadores, 63% tiveram, ao menos uma vez, a sua renda principal afetada por causa do gasto com as bets, aponta a enquete.

O segmento que mais perdeu vendas para as apostas esportivas online foi o de acessórios, que incluem calçados, bijuterias, bolsas, joias, por exemplo. De acordo com a pesquisa, 24% dos entrevistados informaram que deixaram de comprar acessórios para apostar, seguido por artigos de vestuário (23%), itens de supermercado (19%), viagens (19%), alimentação fora de casa (15%), produtos de higiene e beleza (14%), cuidados com a saúde e medicações (11%) e contas de água, luz e gás (11%). “São resultados relevantes (para a economia)”, diz o presidente da SBVC, Eduardo Terra.

Pelo levantamento da PwC, o maior impacto das bets no orçamento familiar ocorre nos gastos com esportes, lazer e cultura e depois pega outras despesas discricionárias, cabeleireiro, vestuário. O terceiro item mais afetado é alimentação, com substituição de marcas. O menor impacto das bets ocorre nas despesas com moradia, educação e saúde, porque essas despesas são obrigatórias.

Ariane Abdallah  / forbes  /27/08/2024

 

“Tenho medo de ser engolido pelo monstro do trabalho”, disse Miguel Krigsner, fundador do Grupo Boticário, a seu psicanalista. O ritmo intenso de sua vida o assustava. Ele não tinha muitas pausas para tratar de assuntos pessoais ou simplesmente relaxar. Sentia-se, ao mesmo tempo, realizado e sobrecarregado. Sabia que a empresa que havia iniciado — como uma pequena farmácia de manipulação no centro de Curitiba — estava num estágio de crescimento que exigia mudanças para dar os passos seguintes. Preocupava-se em manter a essência e a cultura criada ao longo das primeiras décadas enquanto refletia sobre qual seria seu papel no novo momento da companhia.

 

 

 

CARREIRA

3 dicas valiosas de carreira inspiradas na vida de Silvio Santos

Durante dois anos, ouvi relatos como esse, diretamente da fonte, em conversas longas, profundas e agradáveis. Foram dezenas de encontros com Miguel, a maioria deles em seu escritório na sede da empresa. Também tiveram visitas à fábrica, passagens pelas salas de reunião de São Paulo e entrevistas, com o apoio da equipe do Atelier de Conteúdo, com 44 pessoas que fazem parte da história do Grupo Boticário (dentre milhares de outras). O resultado é a autobiografia de um dos maiores — e mais discretos — empresários do Brasil, publicada pelo selo Portfólio Penguin da Companhia das Letras. Para mim, inevitavelmente ficam inspirações que vão além das páginas do livro. Compartilho aqui as principais.

 

1. A importância da delicadeza nas relações

Ao longo de tantas interações, entendi na prática o que significam o cuidado, a gentileza, a suavidade presentes no jeito natural de Miguel. Desde o primeiro contato, ele ressalta a importância das relações bem construídas e cultivadas no longo prazo, a partir de uma visão ganha-ganha — aspecto a que atribui o cerne de seu sucesso. Nas conversas com os demais entrevistados, a delicadeza com que Miguel trata as pessoas é sempre um ponto de destaque. Num mundo apressado e, por vezes, bruto, a abordagem do empresário é um convite à reflexão sobre as reais prioridades.

 

2. Lembre-se de onde veio

Onde tudo começou? O que aprendeu com quem veio antes? Que condições permitiram que construísse a base do negócio? No caso de Miguel Krigsner, as respostas vão de uma compra de milhares de frascos, uma atitude aparentemente insana para quem não tinha líquido o bastante para preenchê-los, às inapagáveis marcas deixadas pelo Holocausto em seus antepassados. Tudo isso está na essência do empreendedor. Quando sabemos onde começamos, fica mais fácil não esquecer quem somos, identificar pontos fortes e fracos, e reconhecer o que podemos construir.

 

 

 

3. Ritmo é diferente de pressa

Em menos de quatro décadas, Miguel Krigsner liderou a construção de um dos maiores negócios de beleza do Brasil. Foi rápido, mas sem correria. Da mesma forma, o livro foi se desenvolvendo num ritmo saudável, sem perder o passo. Tenho compreendido que projetos relevantes levam tempo para maturar — e o exemplo de Miguel contribui muito nesse sentido. Não adianta apressar a natureza. Temos de fazer a nossa parte e também deixar decantar, florescer, dar frutos.

 

 

Divulgação

Ariane Abdallah acompanhou Miguel Krigsner durante dois anos para a escrita do livro “A essência de empreender”, lançado nesta terça-feira (27)

 

4. Aceitar os próprios conflitos é o único caminho que leva além

O dilema entre a dedicação ao trabalho e à vida pessoal. O desconforto de saber que é hora de mudar, mas ter que lidar com as inseguranças causadas pelo próximo passo. Fazer escolhas. Para empreender no longo prazo, é preciso ter coragem de encarar os próprios monstros no espelho.

 

5. A beleza é fundamental

Os monstros podem levar ao belo — se bem investigados, desmascarados, dissolvidos, com autoconhecimento e atitude. Para Miguel Krigsner, beleza, é acima de tudo, harmonia. O belo comunica e cria pontes — atitudes indispensáveis a quem empreende.

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Ariane Abdallah é jornalista, autora do livro “De um gole só – a história da Ambev e a criação da maior cervejaria do mundo” e fundadora do Atelier de Conteúdo, empresa especializada na produção de livros, artigos e estudos de cultura organizacional.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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