Fernando Nakagawa da CNN São Paulo

10/07/2024 às 21:00 | CNN

Quando um governo gasta mais do que arrecada, é preciso pedir dinheiro emprestado para quitar as contas. E esse tem sido o expediente usado pelo governo do Brasil.

Nos últimos 12 meses, a dívida bruta do setor público cresceu 13% e alcançou R$ 8,522 trilhões.

O aumento da dívida é um dos fatores que gera desconfiança do Banco Central (BC) sobre o rumo da inflação. Isso porque o aumento da dívida indica que as despesas do governo sobem mais que a arrecadação.

Esse fenômeno resulta em inflação, que é a principal preocupação do BC.

A análise dos números mostra que a dívida brasileira tem aumentado a um ritmo forte. Nos últimos 12 meses, a dívida bruta aumentou quase R$ 1 trilhão.

Foram mais de R$ 2 bilhões por dia, R$ 109 milhões por hora ou R$ 30 mil extras na dívida pública brasileira a cada segundo dos últimos 12 meses.

“A dívida boa é quando é destinada à construção da infraestrutura. O governo toma dinheiro emprestado para duplicar estradas, para melhorar a pavimentação, construção de ferrovias, melhoria da oferta de energia elétrica”, disse o ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega.

“Tudo isso é uma forma de endividamento tida e percebida como favorável. O problema é que no Brasil o Tesouro se endivida para cobrir gastos de funcionamento do governo: salários, previdência, programas sociais”.

Quando um país não tem dinheiro para pagar as contas do dia a dia e precisa fazer dívida para quitar contas permanentes, como salários e previdências, a sustentabilidade das contas começa a ficar em xeque.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, citam os diretores do BC na ata da reunião de junho.

Há quem ganha com a dívida

Mas há um outro lado dessa moeda. Se o governo tem mais dívida, também paga mais juros. E esse dinheiro cai no bolso de quem tem dinheiro guardado.

Quando se investe no Tesouro Direto ou em fundo de renda fixa, o dinheiro, na verdade, está sendo emprestado ao governo federal.

E só em 2023 o governo federal pagou R$ 816,2 bilhões em juros aos credores da dívida pública.

Ou, se você preferir, esses bilhões foram pagos aos investidores que compraram títulos da dívida pública, como no Tesouro Direto. Nesse grupo que recebe mais quando o juro é maior estão desde os pequenos investidores até as grandes instituições financeiras do Brasil e exterior.

Forbes 11/07/2024

As vendas varejistas brasileiras cresceram pelo quarto mês seguido em abril e renovaram o maior patamar da série histórica, mas iniciaram o segundo trimestre com um desempenho abaixo do esperado.

 

O varejo registrou em abril aumento de 0,9% das vendas sobre o mês anterior, infirmou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

 

 

Ainda que as vendas tenham crescido em todos os meses deste ano, o resultado de abril ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 1,3%.

 

Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve avanço de 2,2%, contra projeção de 3,35% nessa base de comparação..

 

“Neste ano, o varejo veio com resultados mais expressivos e, nos últimos três meses, vem alcançando o último recorde da série com ajuste sazonal (a cada mês)”, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa.

 

 

O mercado de trabalho aquecido, aumento da renda, benefícios sociais, inflação controlada e condições melhores de crédito trazem um cenário mais favorável ao setor de varejo no Brasil neste ano.

 

Entre as oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram ganhos em abril. As vendas em hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que responde por 55,2% do índice geral, cresceram 1,5% depois de dois meses negativos.

 

Já equipamentos e material para escritório, informática e comunicação tiveram aumento de 14,2%, recuperando a perda de 10,1% em março por conta do aumento do dólar. Essas duas atividades foram as principais influências sobre o resultado geral.

 

Também tiveram desempenhos positivos o setor de móveis e eletrodomésticos (+2,4%), combustíveis e lubrificantes (+2,2%) e artigos farmaceuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,6%).

 

Por outro lado, as atividades de livros, jornais, revistas e papelaria (-0,4%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,7%) registraram retração no mês.

 

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, houve queda de 1,0% das vendas.