de Redação  14 de junho de 2024

As brasileiras Centauro e Petlove estão entre as 50 marcas mais inovadoras do mundo em 2024, de acordo com relatório do Grupo Ebeltoft, um consórcio de empresas líderes em varejo e consultorias de marcas do qual faz parte o Gouvêa Ecosystem. A publicação, anual, destaca cases que inspiram o futuro do setor.

O ranking é dividido em três categorias: “Inovação para hipereficiência”, “Inovação para uma experiência aprimorada” e “Inovação para um mundo melhor”.

A varejista de artigos esportivos Centauro ocupa a primeira posição na categoria “Inovação para uma experiência aprimorada” com a Arena Centauro Ibirapuera, inaugurada em 2023 no parque de mesmo nome, localizado na zona sul de São Paulo.

O espaço tem 1 mil m² e abriga eventos, exposições e serviços gratuitos que atendem ao público de entusiastas de esporte, criando uma experiência dinâmica, inclusiva e imersiva “que vai além da mera prática atlética”, como descreve o relatório do Ebeltoft.

O espaço conta, ainda, com um calendário semanal de atividades como aulas de dança, sessões de ioga, clínicas de futebol e basquete. Fora dos seus limites, a Centauro também investiu na valorização do entorno da loja, instalando estações de alongamento e ginástica e reformando a pista de corrida local.

“A iniciativa é uma combinação de marketing, experiência de marca e loja onde os clientes podem conhecer seus esportes preferidos, testar e comprar produtos e interagir com suas marcas preferidas”, destaca o relatório.

Petlove

O Quintal Petlove, também no Parque do Ibirapuera, aparece na mesma categoria do ranking do Ebeltoft. O espaço ao ar livre da marca, projetado para cães e seus donos, é apoiado por uma loja própria e quiosques. O Quintal conta com equipamentos de agilidade ​​e abriga uma agenda cultural centrada nos animais de estimação e seus tutores, com eventos educativos e encontros temáticos.

“O principal objetivo da iniciativa é proporcionar um ambiente seguro e convidativo para que os amantes de animais de estimação possam desfrutar de bons momentos com seus cães, enfatizando o bem-estar dos animais de estimação e de seus donos”, destaca o Ebeltoft.

Mundo melhor

Na categoria “Inovação para um mundo melhor”, o destaque é a Good Foot Delivery, do Canadá, uma empresa de entrega rápida que atua na área de Toronto. A combinação de transporte a pé e público, segundo o relatório, garante um serviço competitivo e cria um negócio mais sustentável.

unidade sustentável que o McDonald’s abriu em São Paulo em 2023 também aparece nessa categoria. Com forte ênfase na sustentabilidade, o espaço foi construído a partir de materiais reciclados e madeira recuperada. As iniciativas da unidade incluem gestão de resíduos, frota de veículos elétricos de entrega, caixas de compostagem para resíduos orgânicos, estacionamento para bicicletas, painéis solares e quiosque ao ar livre confeccionado em material polipropileno reciclado.

O relatório destaca o uso de madeira projetada pelo McDonald’s para consumir energia mínima durante a produção e uso enquanto armazena efetivamente dióxido de carbono.

Hipereficiência

A categoria “Inovação para hipereficiência” é liderada pela rede americana fast-casual de saladas Sweetgreen. A empresa abriu seu primeiro estabelecimento totalmente automatizado em maio de 2023, denominado “Cozinha Infinita”, em Naperville, nos arredores de Chicago. A unidade foi visitada recentemente pela MERCADO&CONSUMO junto com a delegação que a Gouvêa Foodservice levou para a National Restaurant Show 2024.

A loja usa a tecnologia obtida da Spyce, uma empresa de robótica para restaurantes adquirida pela Sweetgreen em 2021, que permite aos clientes façam pedidos por meio de quiosques ou online. Uma tigela se move ao longo de uma esteira transportadora, com um controle robótico distribuindo os ingredientes da salada de acordo com o pedido do cliente. Um funcionário da Sweetgreen dá os retoques finais.

1ª parcela: 10 de junho 2024

Nossa CCT vigente foi firmada em 2023 por dois anos e portanto vale até 30/04/2025. Agora estamos apreciando em comissão constituída por Assembleia Geral em aberto, qual o aumento que será aplicado e outras reinvindicações adicionais que o Laboral apresentou. A Taxa Assistencial, de 6% sobre a folha de maio de 2024 (com reajuste ou não!) será cobrada em 2 parcelas de 3% cada e vencimentos em 10/06/2024 e 10/07/2024. São as datas históricas de vencimentos e foram ratificadas nessa mesma Assembleia em aberto. Em princípio, a Assembleia Geral indicou reajuste do INPC e negociar as demais reinvidicações. A Comissao é presidida pela Vice Presidente responsável por Negociações Sindicais, com assistencia do Depto Jurídico e tem representantes do Boticário, Renner, Centauro, C&A, Riachuelo e ainda dos Shopping Centers. E irá apreciar com bastante cuidado. Ao final, construirá proposta que será encaminhada para Assembleia Geral decidir. Se pagar sem reajuste, não haverá cobrança futura da diferença! E a segunda parcela será de igual valor da primeira.

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 de Marcos Gouvêa de Souza  27 de maio de 2024

“Não há como negar, o futuro de tudo será dominado pela Inteligência Artificial. E, como não pode ser diferente, também o varejo.

 São múltiplos fatores interagindo na construção dessa realidade emergente, mas já muito presente. Isso envolve um processo dramático de metaempoderamento dos consumidores-cidadãos, que com as ferramentas e recursos acessíveis, de forma cada vez mais massificada pela IA, reconfiguram de forma irreversível suas expectativas, desejos e comportamentos em relação às marcas, negócios, produtos, serviços e as próprias relações com outros consumidores-cidadão.

 E também com o Estado e suas comunidades, que o fazem sem medo de errar, pois a todo mundo é dado o direito de testar, optar e mudar. E tudo isso acontece numa velocidade espantosa. Quem se lembra que a massificação do acesso ao ChatGPT, uma das primeiras alternativas disponíveis em larga escala, tem apenas 18 meses?

 Da mesma forma, empresas, marcas, negócios, entidades, governos e organizações têm os mesmos recursos disponíveis, porém, em escala muito maior e acessível. Mas têm contra si a dificuldade da evolução sistemática pelos padrões, cultura e processo decisório. Talvez as únicas exceções sejam as empresas ligadas as áreas de tecnologia, digital e os ecossistemas de negócios.

 E isso está gerando um descompasso em relação ao futuro. Diferente do passado, a velocidade da transformação está puxada pelo mercado e pela demanda, mais do que pela oferta.”

É isso que temos observado também no varejo e nos mercados de consumo, em que as alternativas são oferecidas, mas as empresas demoram para se dar conta da importância da adoção mais rápida, pois todo o processo está balizado em valores, cultura e atitudes do passado e do presente, enquanto consumidores já estão agindo conectados com o futuro. Criou-se um gap existencial empresarial.

Na última semana, durante o Digitail, evento centrado na transformação do e-commerce, alguns exemplos reais de uso foram apresentados, como nos cases Boticário, Pet Love, C&A, Amaro, Shopee por aqui; e aqueles mostrados também por Tencent, Stream Shop e Comerzzia. Uso efetivo e real.

Sem dúvida, o maior desafio é o discernimento entre o que é buzz e o que é elemento real de transformação. Sem falar que muito do básico passou a ser promovido travestido de IA.

Isso torna mais difícil e desafiante a missão de liderar em tempos de transformações revolucionárias, em que é preciso discernir de forma consistente o que é, de fato, transformador e precisa ser incorporado e o que buzz alimentado de forma frenética pelos mecanismos de ativação digital.

Ainda recentemente estávamos na China e Bill Gates anunciava que a IA permitiria que nós, ocidentais, pudéssemos trabalhar menos, talvez 3 a 4 dias apenas por semana.

Nós quem, cara pálida, perguntariam os 1,4 bilhões de chineses envolvidos pela proposta da busca da liderança política e econômica do mundo pela via da tecnologia e do digital?

É inegável o processo de aceleração das transformações, que já era frenético pré-IA massificada, acelerou ainda mais na fase pós, em especial pela massificação, simplificação e amigabilidade do acesso proporcionado pelas diversas plataformas disponíveis.

E como fica no varejo? Decifra-me ou te devoro.

Definitivamente, avança ainda mais e rápido, numa exponencial de mudanças que reconfigura todo o setor que tem o privilégio e o desafio de estar em contante conexão com o elemento fundamental desse processo, que é o omniconsumidor-cidadão elevado à potência IA.

Em suas atitudes como consumidor, como cidadão e como pessoa, seus comportamentos têm se alterado em velocidade crescente e não necessariamente evolutiva, mas disruptiva na maioria de seus aspectos.

Em um cenário mais amplo, lideranças dos setores de varejo, comércio e consumo se defrontam com a necessidade de se engajar, decidir prioridades, investimentos e foco num cenário reconfigurado, em que o passado deixa de ser uma referência para, em muitos casos, se tornar um ônus, pois condiciona opções pela história de uma realidade alterada a cada instante.

Não importa o cenário presente e futuro, mas para o varejo, que sempre foi impregnado em sua ação pela proximidade e conectividade com o consumidor mutante e mutável, o protagonismo será sempre uma demanda fundamental e pode trazer para o setor novos interesses, investimentos, foco e conexões, desde que possa pensar e reconfigurar os negócios para essa emergente realidade do futuro reescrito com IA.                                                                                              

Notas: Para quem não pôde acompanhar o Digitail é possível ter acesso ao conteúdo pelo link.

No Latam Retail Show, de 17 a 19 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo, haverá especial ênfase, conteúdo e programação dedicados às discussões dos impactos das transformações no mercado, no varejo, na alimentação e no foodservice na realidade global e local. Com a presença de marcas, negócios e iniciativas que mostram caminhos já sendo percorridos na integração virtuosa de negócios e desses setores para enfrentar os desafios à frente. O evento terá transmissão virtual de parte do conteúdo para os que não puderem participar presencialmente.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Em conversa com a coluna, CEOs da Renner e da Riachuelo rebatem Shein e defendem isonomia tributária com importados

Por   globo

Mariana Barbosa

21/05/2024 04h01  Atualizado há uma semana

Fabio Faccio, CEO da Renner, e Andre Farber, CEO da Riachuelo: concorrentes unidos pelo fim da isenção para importados — Foto: Divulgação

O Congresso deve votar entre hoje e amanhã o fim da isenção para compras internacionais de até US$ 50 — medida que coloca em lados opostos a indústria e o varejo nacionais e as plataformas de e-commerce asiáticas como Shein, Shopee .

— Quem votar contra o projeto é contra o país — diz o CEO da Renner, Fabio Faccio, que saiu de um estado de emergência em Porto Alegre, sede da empresa, envolvido com as ações de apoio à população afetada pelas enchentes, para acompanhar em Brasília as discussões sobre o projeto que vê como urgente para a sobrevivência da indústria nacional.

— A gente nunca viu na história geopolítica mundial um país que fizesse protecionismo às avessas como estamos vendo no Brasil. Que cobra 90% da sua própria indústria e isenta de impostos as estrangeiras, que já são isentas de impostos em seus países de origem. Não aprovar esse projeto é aprovar a desindustrialização do país — completa, lembrando que, no ano passado, só o setor têxtil perdeu 30 mil postos de trabalho.

A isenção do imposto de importação até US$ 50 (R$ 250) foi a forma encontrada pela Receita Federal para regularizar as importações via e-commerce, que eram feitas simulando uma venda entre pessoas físicas para não pagar imposto. A isenção do programa Remessa Conforme, contudo, era para ser temporária. A cobrança estava originalmente prevista para outubro, com uma alíquota menor, entre 30% e 40%, mas até hoje não foi adotada.

Sem definição por parte do governo, o fim da isenção foi incluído no início do mês pelo relator Atila Lira (PP-PI) no projeto de lei que cria o programa Mover, de incentivos fiscais para a indústria automotiva. A medida, contudo, enfrenta resistência do PT — que teme que o “imposto das blusinhas” afete a popularidade do presidente Lula.

— É tão evidente que precisamos de regras iguais para o produto nacional e estrangeiro que os sindicatos de trabalhadores estão se mobilizando junto com a gente e falando em nome da indústria nacional. Isso é raro — diz o CEO da Riachuelo, André Farber, que concedeu entrevista junto com o concorrente.

A Shein também está com seu time em Brasília, mobilizada para tentar barrar o fim das isenções. O argumento da plataforma de moda chinesa é de que a cobrança prejudica o acesso da população mais pobre a produtos mais acessíveis. Em conversa com a coluna na semana passada, a diretora de assuntos governamentais da Shein, Ana Beatriz Lima, chegou a comparar a isenção de US$ 1,5 mil para quem viaja de avião (incluindo free shop) à isenção de US$ 50 no e-commerce. — Para as classes A e B, que viajam para o exterior, há a isenção. Já a classe C não pode comprar uma blusinha isenta? — questionou.

Faccio rebate o argumento: — Essa é uma narrativa falsa. Um estudo da Nielsen mostrou que 60% dos consumidores da Shein são de classe A e B. A isenção de US$ 1,5 mil poderia sim ser menor. Mas estamos falando de R$ 2 bilhões em gastos com duty free contra R$ 50 bilhões. É outra ordem de grandeza. Sem contar que não existe isenção para produtos da cesta básica, por que deveria ter para “blusinha importada”?

Desde que aderiu ao Remessa Conforme, a Shein vem absorvendo o custo da alíquota de 17% do ICMS, sem repassar para o preço final. No entanto, a empresa tem sinalizado que não tem como absorver mais uma alíquota de 60% e que a medida elevaria a carga total da importação para 92%.

— Incrível eles falarem isso, que podem sair do país se a alíquota for a 90%. Bem-vindo ao nosso mundo. A nossa carga tributária já é de 90%. E nós estamos gerando emprego. Essa é a grande demonstração de que o regime de isenção é de uma profunda desigualdade tributária e que a retórica deles não para em pé. A gente não quer benefício, apenas isonomia. Se é para ter produto mais acessível para os mais pobres, reduz o meu imposto que o produto que eu vendo por R$ 30 eu baixo para R$ 15 amanhã — diz Farber.

Outro argumento usado pelos defensores da isenção até US$ 50 é de que essa é uma prática comum em cerca de 90 países. — Essa é uma meia verdade. Muitos países têm carga menor que a nossa e o problema é menos grave. Os EUA estão revendo. Nenhum país dos BRICs dá isenção. A Indonésia baixou a isenção para até US$ 3 e no dia seguinte as plataformas foram embora.

REDAÇÃO 03/06/2024  AMANHA

A manutenção da alíquota para bens importados menor do que o percentual de impostos pago pela indústria nacional consagra a desigualdade tributária e favorece a concorrência desleal, notam Fiep e Fiesc

Na visão das federações industriais do Sul, o projeto de lei que revisa a isenção das compras internacionais de até US$ 50 em marketplaces representa um passo bastante tímido na direção da isonomia tributária, ainda insuficiente para equilibrar a concorrência entre produtos brasileiros e importados. Para o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, a manutenção da alíquota para bens importados menor do que o percentual de impostos pago pela indústria nacional consagra a desigualdade tributária e favorece a concorrência desleal. “Seguiremos empenhados na busca de regras que assegurem igualdade de condições, em prol da manutenção de empregos e renda no país”, afirma. Entre os setores mais afetados pelas importações de até US$ 50 estão os fabricantes e trabalhadores de produtos têxteis, de confecção, calçados, artefatos de couro, produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, móveis, entre outros. Em Santa Catarina, o setor têxtil e do vestuário é o maior empregador da indústria, com 178,7 mil pessoas. 98% das empresas do setor são micro e pequenas indústrias. “Quem mais perde com a redução dos empregos nesses setores são as pessoas que ganham menos”, explica Aguiar.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, (Fiep) Edson Vasconcelos, o projeto também é insuficiente. “Na prática, o texto restabelece uma alíquota equivalente a apenas um terço da alíquota incidente sobre essas compras, que é de 60%, oferecendo assim uma isenção parcial para as plataformas internacionais, em detrimento da indústria e do comércio nacional, que continuarão a sofrer com a concorrência desleal dos produtos importados”, destaca. “É necessário dar mais celeridade ao processo, pois a indústria enfrenta um momento de turbulências e precisa de medidas que resguardem sua necessidade de sobrevivência. A sociedade precisa estar a par do que se trata, pois o assunto provoca reflexos em significativa parcela da população”, alerta.

“É importante destacar que não se trata de qualquer privilégio ou benefício ao setor produtivo brasileiro, mas simplesmente busca-se uma equidade da carga tributária das empresas instaladas em nosso país com a dos produtos importados, que hoje gozam de uma tributação extremamente mais favorável. Estamos defendendo a manutenção de empregos e investimentos em nosso país”, complementa o líder empresarial. Segundo Vasconcelos, a Fiep continuará atuando para preservar os setores diretamente afetados pela concorrência desleal dos produtos importados com tributação favorecida, de modo a garantir a manutenção dos investimentos, do emprego e da renda das empresas e trabalhadores. São diretamente afetados os setores de produtos têxteis, confecção de artigos do vestuário e acessórios, calçados, artefatos de couro, produtos de limpeza, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, móveis e de diversos outros setores industriais diretamente afetados.

“Nesse momento, é urgente que os governadores se sensibilizem com a situação das empresas instaladas em seus estados e resolvam, conjuntamente, equalizar a alíquota do ICMS incidente sobre essas operações, de modo que se tenha uma alíquota de ICMS de no mínimo 27%. Além, é claro, de continuarem dialogando com os parlamentares do Congresso Nacional para que a tributação Federal sobre as importações chegue a patamares mínimos de igualdade em relação a carga tributária incidente sobre os produtos nacionais”, clama Vasconcelos. A Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em função da crise climática em vigor no estado, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

GRASIELLE CASTRO SÃO PAULO 04/06/2024 jota

comentáriosO início da tramitação do primeiro projeto de lei que busca regulamentar a reforma tributária do consumo tem feito alguns setores se movimentarem em busca de espaço para ajustes e negociações a respeito das alíquotas às quais estarão sujeitos. Um desses setores é o de shopping centers, que projeta uma alta expressiva na alíquota atual, de cerca de 8% para mais de 20%. Ao JOTA, o vice-presidente institucional da Multiplan, Vander Giordano, considerou esse percentual muito discrepante da realidade. “Com essa alíquota, você pode prejudicar muito um setor”, disse.

Segundo ele, era esperada uma alíquota em média em torno de 8% a 9%, “que é bastante distante da que foi sugerida no projeto”. “A própria equipe econômica reconhece que é preciso um tratamento diferenciado, tanto que na reforma tributária, na questão imobiliária, incluiu os shopping centers nesse regime diferenciado. Só que a taxa seria de 20%, o que é muito distante da realidade”, disse.

Além disso, Giordano afirma que é preciso ponderar o contexto em que o setor está inserido. Entre os pontos a serem levados em conta estão a tributação da cadeia, o fato de muitas lojas estarem inseridas no Simples Nacional e a questão do redutor de ajuste.

Giordano pondera que diferentemente da maioria dos contratos de natureza privada, os shoppings estão sujeitos a regras específicas. “Então é preciso que todo esse repasse contemple essa cadeia. Se o vendedor de um produto vai repassar o imposto para o consumidor final, entende-se que todas as atividades nesse meio da cadeia, como o contrato de locação, também têm que seguir a regra dos repasses”, avalia. Esse caminho, de acordo com a análise, tornaria o preço do produto final mais caro ao consumidor.

Já em relação ao Simples Nacional, para Giordano, não ficou claro se a regra vai se adequar a esses lojistas. E sobre a questão do redutor do ajuste, ele destaca que a dedução sobre o preço de locação ficou fixada em um prazo de 360 meses. “É um prazo muito extenso. Isso significa que o empreendedor apenas poderá deduzir o valor do empreendimento, cuja construção ele já se creditou de IBS e CBS, em 30 anos. Fica uma disparidade em relação a isso”, alerta.

Pandemia e empregabilidade

Por fim, Giordano chama a atenção para o momento que o setor vive. “Estamos, agora, ainda nos recuperando da pandemia. Tiveram vários programas que beneficiaram alguns setores, como o Perse [Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos] e os shopping centers não foram incluídos, ficaram de fora. E os shoppings foram afetados, foram fechados na pandemia. Teve um impacto muito grande”, destaca. “Se vier uma alíquota demasiadamente alta, você vai arrebentar um setor que vem se reconstruindo aí no pós-pandemia. Acho que a questão da alíquota é uma preocupação muito significativa”, completa.

Giordano lembra ainda da alta empregabilidade proporcionada pelos shoppings. “Historicamente, nunca houve programa do governo para incentivar a indústria de shopping center e, olhando friamente, os shoppings hoje são grandes empregadores. Um exemplo é o nosso shopping de Jacarepaguá, onde são 4.800 empregos. Em termos de comparação, uma planta industrial já não emprega como empregava no passado, até porque automatizou muito. Ou seja, temos um setor que nunca foi contemplado por regras de incentivo e que emprega muito no país”.

GRASIELLE CASTRO – Editora do site em São Paulo. Responsável pela cobertura de política. Foi repórter no Correio Braziliense, repórter e editora no HuffPost e coordenadora de sucursais no Metrópoles. Email: grasielle.castro@jota.info

Por Luiz Guilherme Gerbelli 04/06/2024 | estadao

Puxada pelo setor de serviços, a economia brasileira acelerou e cresceu 0,8% no primeiro trimestre deste ano na comparação com os últimos três meses de 2023. O número foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 4.

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O desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) nos primeiros três meses deste ano ficou dentro do esperado pelos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast – as estimativas variavam de alta de 0,4% a 1,2% -, e veio um pouco acima da mediana das previsões, que era de um avanço de 0,7%.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, a economia brasileira cresceu 2,5%.

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A leitura dos analistas é a de que a atividade começou o ano mais forte do que o previsto, sobretudo em janeiro e fevereiro. No fim de 2023, a economia vinha dando sinais de fraqueza. Para o último trimestre do ano passado, o desempenho foi revisado pelo IBGE para uma queda de 0,1% – o número anterior era de estabilidade.

“É um crescimento um pouco melhor do que a gente estava imaginando (na virada do ano)”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da consultoria Tendências.

Com o desempenho observado nos primeiros meses do ano, os economistas foram ajustando as previsões para o PIB de 2024 ao longo do primeiro trimestre. No primeiro relatório Focus do ano, por exemplo, os analistas consultados pelo Banco Central estimavam um crescimento de 1,59%. No divulgado nesta segunda-feira, 3, a projeção estava em 2,05%

.

“Foi um resultado bom (do primeiro trimestre)”, afirma Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.

Na análise pelo lado da oferta, o setor de serviços cresceu 1,4%, puxado pelo comércio, que registrou alta de 3%. A indústria encolheu 0,1%. Tradicionalmente com resultados positivos concentrados no início do ano, a agropecuária avançou 11,3%.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 1,5% e foi beneficiado pela força do mercado de trabalho, diante do cenário de baixo desemprego e aumento da renda, e pelos impulsos fiscais, como o pagamento dos precatórios, além do reajuste real do salário mínimo.

“Em grandes números, no ano passado, houve um aumento dos gastos públicos na casa de R$ 200 bilhões. Neste ano, o incremento está na faixa de R$ 100 bilhões”, diz Alessandra. Só o pagamento de precatórios representou um crescimento adicional de 0,2 ponto percentual nesses gastos entre janeiro e março, de acordo com a Tendências. Ao todo, R$ 40 bilhões foram para o consumo.

A formação bruta de capital fixo (FBCF, a conta dos investimentos no cálculo do PIB) também cresceu. A alta foi de 4,1%. Os investimentos foram favorecidos pelo ciclo de queda da taxa básica de juros nos últimos meses. De agosto do ano passado até maio, quando houve a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic caiu de 13,75% ao ano para 10,50%.

No primeiro trimestre de 2024, a taxa de investimento foi de 16,9% do PIB, um número um pouco abaixo do apurado no mesmo período do ano passado (17,1%). A taxa de poupança foi de 16,2%, abaixo dos 17,5% registrados nos primeiros três meses de 2023.

Os números divulgados pelo IBGE nesta terça também mostraram que as exportações cresceram 0,2% e as importações subiram 6,5%.

O que vem pela frente

Apesar do bom início de ano, os números da economia brasileira devem ser afetados pela tragédia no Rio Grande do Sul. Uma análise ainda preliminar da Tendências indica que o impacto das enchentes que atingiram o Estado deve tirar 0,3 ponto do crescimento brasileiro em 2024.

“Para o ano, estamos com uma projeção de (alta do PIB) de 1,8%. Se fosse apenas pelos dados do primeiro trimestre, revisaríamos o PIB do ano positivamente, mas resolvemos não fazer a revisão por causa dos efeitos da tragédia”, afirma Alessandra.

Um outro entrave para o crescimento econômico tem a ver com a expectativa de que os juros sigam num patamar mais elevado do que o esperado no início de 2024.

Com a expectativa de que as taxas de juros nos Estados Unidos fiquem num patamar elevado por mais tempo e o aumento da percepção de risco com o rumo das contas públicas do País, depois que o governo alterou as metas fiscais, os analistas passaram a projetar um patamar maior para a Selic ao fim deste ano.

Hoje, o consenso de mercado, de acordo com o Focus, é de que haja apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 10,25%.

“Os dados de abril até foram positivos, mas como tem a questão do Rio Grande do Sul, maio e junho serão afetados”, afirma Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Com o Rio Grande do Sul e os juros, que vão ficar mais altos do que se imaginava, especialmente, no segundo semestre, o cenário é de um PIB que vai ficar na casa de 2% (em 2024) . O ano começou bem, mas, ao passar do tempo, foi perdendo fôlego.”

  • 28/05/2024  site CNC

Após quatro altas consecutivas, desafios da economia provocam queda de 0,2% no Índice de Confiança do Empresário do Comércio

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, caiu 0,2% no mês de maio, em comparação com abril deste ano. Ainda assim, o índice permanece na zona de satisfação, aos 106,9 pontos. Essa foi a primeira queda após quatro altas consecutivas, descontados os efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda foi de 1,4%.

O principal destaque é a avaliação do comerciante sobre as condições atuais, que caiu 2,1% e chegou a 79,9 pontos, na zona de insatisfação, o menor patamar desde junho de 2021 (quando estava em 66,8 pontos). Na variação anual, o indicador caiu 6,1%. Os três subindicadores que compõem esse indicador – economia, setor e empresa – também diminuíram praticamente na mesma medida. Houve redução de 2,1% no otimismo em relação ao setor, o que levou o subindicador aos 77,3 pontos (em junho de 2021, eram 70,3 pontos). A confiança na economia atual caiu 2,3%, derrubando esse subindicador para os 65,3 pontos, também o menor patamar desde junho de 2021, quando estava em 53,9 pontos. O terceiro subindicador, que mede a avaliação do comerciante sobre sua própria empresa, chegou a 97,1 pontos, o mais baixo desde julho de 2021 (quando estava em 89,6). A queda o levou para a zona de insatisfação, o que não ocorria desde dezembro do ano passado, quando marcava 97,7 pontos.

Conforme o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o momento é de expectativa para as decisões macroeconômicas dos próximos meses. “A redução do ritmo de cortes da taxa Selic deste mês e a incerteza em relação aos próximos passos tanto sobre a redução dos juros quanto da inflação fazem com que o varejo adote movimentos cautelosos”, afirma Tadros. Ele lembra que a queda do volume do comércio varejista ampliado, que reduziu 0,3% em março na comparação com fevereiro e 1,5% na variação anual, desperta ainda mais atenção para o momento atual.

Varejo de bens semiduráveis quer contratar

Apesar de o mercado de crédito não estar totalmente favorável e ter afetado a percepção das condições atuais, o indicador da intenção de investimentos foi o destaque positivo, tanto na comparação mensal, com alta de 0,9%, quanto em relação a maio de 2023, com crescimento de 1,0%. Entre os subindicadores que compõem este indicador, a intenção de investir na contratação de funcionários teve o maior crescimento mensal, de 1,9%. A alta foi puxada pelo segmento de bens semiduráveis (roupas, calçados, tecidos e acessórios), que aumentou em 4,6% sua intenção de novas contratações.

Por outro lado, houve queda de 0,8% na pretensão de contratar nos segmentos de venda de itens de primeira necessidade (supermercados, farmácias e lojas de cosméticos) e redução de 0,9% no segmento de comercialização de bens duráveis (eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e decoração, material de construção e veículos).

Segundo o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, o crescimento da intenção de contratar mais funcionários corrobora o otimismo em relação ao mercado de trabalho, demonstrado pelos consumidores na pesquisa que detecta a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de maio, também mensurada pela Confederação. Ele aponta que a maior parte (63,7%) dos varejistas quer aumentar seu quadro de empregados, o que indica que os resultados positivos observados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho devem continuar.

Expectativas ainda em ligeira alta

Para Felipe Tavares, o otimismo dos consumidores mantém positivo o indicador que mede as expectativas dos comerciantes. Maio apresentou o quinto aumento consecutivo desse subindicador, mas o menor do período, de 0,2%. “Apesar de tímido, o aumento indica que há esperança dos varejistas na melhoria das condições econômicas, nos próximos meses”, aponta. A expectativa em relação à própria empresa cresceu 0,4% e, no que diz respeito à situação da economia, o otimismo aumentou 0,1%. Sobre o setor, não houve variação mensal, apenas anual (uma queda de 0,7% no comparativo com maio de 2023).