Agência Brasil/Tânia Rêgo Banco Mundial calcula que a economia do Brasil crescerá 2,6% em 2023 / 9 Janeiro 2024 Desenvolvimento econômico

Novo relatório do Banco Mundial também aponta necessidade de correção de rotas na economia global, sob o risco de os anos 2020 ficarem conhecidos como a “década das oportunidades perdidas”

A economia brasileira deve crescer 1,5% em 2024, cerca de metade do ritmo estimado em 2023, segundo o Banco Mundial.  A informação está no relatório Prospectos Econômicos Globais, GEP, na sigla em inglês. 

A queda esperada no crescimento do Produto Interno Bruto, PIB, reflete dois aspectos. Um deles é a desaceleração no segundo semestre do ano passado. O outro é a expectativa de colheitas agrícolas moderadas em 2024. 

Brasil impulsiona crescimento da América Latina

No entanto, uma redução gradual na inflação deve permitir mais cortes nas taxas de juros, apoiando as perspectivas de investimento e o consumo no médio prazo. Como consequência, a previsão é de que o PIB aumente 2,2% em 2025.

O estudo também mostra que o Brasil ajudou a impulsionar a economia da região da América Latina e Caribe em 2023. O crescimento econômico regional ficou 0,7% acima das projeções anteriores. Isso se deve em grande parte a revisões para cima nas previsões de crescimento não só para o Brasil, mas também para o México. 

No Brasil, a revisão para cima do crescimento em 2023 foi resultado de aumentos melhores do que o esperado na produção agrícola, no consumo privado e nas exportações nos três primeiros trimestres do ano.

Países de língua portuguesa

Para os demais países de língua portuguesa em desenvolvimento, as previsões são as seguintes: Angola deve ter crescimento econômico de 2,8% em 2024. Cabo Verde, 4,7%. Guiné Bissau, 5,6%. Para Moçambique, está previsto crescimento de 5%. Para São Tomé e Príncipe, 2,5%, e Timor Leste, 3,5%. A única retração prevista é para Guiné Equatorial, com uma queda de 6,1%.

Desaceleração em nível global 

Em nível global, o novo relatório do Banco Mundial aponta um risco: o de que, no fim de 2024, o mundo registre a pior meia década em termos de crescimento do PIB em 30 anos. Calcula-se que o crescimento vá desacelerar pelo terceiro ano consecutivo, de 2,6% em 2023 para 2,4% em 2024.

Segundo o estudo, o risco de uma recessão global diminuiu, muito devido à força da economia norte-americana. Mas as crescentes tensões geopolíticas podem criar novas ameaças a curto prazo. Além disso, até o fim de 2024, cerca de 40% das pessoas dos países de baixa renda ainda serão mais pobres do que eram em 2019, antes da pandemia da Covid. 

Para os autores do relatório, se não houver uma grande correção de rumo, os anos 2020 serão conhecidos como a “década das oportunidades perdidas”, mas é possível corrigir o rumo. O estudo fala na importância de implementar políticas públicas que melhorem os marcos fiscal e monetário, expandir o comércio transnacional e fortalecer a qualidade das instituições. 

Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil

Publicado em 03/01/2024

:O Conselho Monetário Nacional (CMN) impôs o limite de 100% ao ano para os juros do crédito rotativo, a partir de 03 de janeiro de 2024. Até o momento, as taxas ultrapassavam 430% ao ano. A decisão acompanha o pedido da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) de racionalização das taxas desta modalidade para beneficiar o comércio e os consumidores.

A Entidade compreende que estabelecer um limite para as taxas de juros no crédito rotativo proporciona ao comprador a capacidade de equacionar o orçamento, prevenindo um comprometimento excessivo da renda com o pagamento de juros. Além disso, esta forma de pagamento funcionar como um instrumento relevante para a inclusão social de milhares de pessoas no acesso ao consumo, e aumenta o ticket médio nos estabelecimentos.

Limitar ou acabar com o parcelamento sem juros teria impactos negativos na economia (Arte: TUTU)

O Conselho Monetário Nacional (CMN) impôs o limite de 100% ao ano para os juros do crédito rotativo, a partir desta quarta-feira (3). Até o momento, as taxas ultrapassavam 430% ao ano. A decisão acompanha o pedido da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) de racionalização das taxas desta modalidade para beneficiar o comércio e os consumidores.

A Entidade compreende que estabelecer um limite para as taxas de juros no crédito rotativo proporciona ao comprador a capacidade de equacionar o orçamento, prevenindo um comprometimento excessivo da renda com o pagamento de juros. Além disso, esta forma de pagamento funcionar como um instrumento relevante para a inclusão social de milhares de pessoas no acesso ao consumo, e aumenta o ticket médio nos estabelecimentos.

Os bancos justificavam os elevados juros no crédito rotativo devido ao parcelamento sem juros, sugerindo limitações de parcelas ou a fim da modalidade. No entanto, a FecomercioSP, em conjunto com outras entidades empresariais, discordou dessas alterações.

O parcelamento sem juros é uma das ferramentas mais utilizadas pelo varejo brasileiro para impulsionar as vendas, uma vez que permite realizar compras sem comprometer o orçamento familiar no curto prazo. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 90% dos lojistas vendem nessa modalidade.

Limitar ou acabar com o parcelamento sem juros teria impactos negativos na economia, desestimulando o consumo e impactando negativamente nas vendas do varejo. Por isso, a Federação apresentou ao Banco Central diversas propostas seguindo o exemplo da medida adotada para o cheque especial em 2020, quando o CMN estabeleceu um teto de 8% ao mês ou 151% ao ano.

 Publicado em 11/01/2024  site CNC

 

Pesquisa mostra que nível de instrução é um dos fatores mais relevantes para determinar a capacidade de pagamento das dívidas

Em 2023, a taxa anual de endividamento caiu pela primeira vez em quatro anos. A queda, no entanto, foi de apenas 0,1 ponto percentual em relação a 2022, o equivalente a aproximadamente 108 mil pessoas. A conta fechou em 77,8% da população, longe dos 58,3% de 2012, o menor da série histórica, iniciada em 2010. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o endividamento no cartão de crédito também caiu na mesma proporção e chegou a 86,5% dos endividados – porcentagem que, em 2010, era de 70,9%. Já o uso de cheque especial ficou em 4,4% e é o menor desde o começo da pesquisa, quando era usado por 8,3% dos endividados. A média de comprometimento da renda com pagamento de dívidas em 2023 ficou em 30%, uma queda de 0,2 ponto percentual em relação ao ano passado.

O endividamento das famílias começou a cair em julho, quando diminuiu 0,4 ponto percentual no mês e alcançou 78,1%. Embora as famílias tenham terminado o ano menos endividadas do que começaram, a última variação mensal voltou a subir, registrando alta de 1 ponto percentual. Dezembro encerrou com 77,6% de endividados.

Já o número de inadimplentes chegou a 29,5% dos brasileiros e é o maior desde 2010, quando o número era de 24,9%. Destes, 41,2% afirmam não ter condições de pagar as dívidas atrasadas, 4 pontos percentuais a mais que em 2022. A maior parte dos inadimplentes, 46,2%, está com mais de três meses de atraso, 3,2 pontos percentuais acima do ano passado.

“A Peic mostrou que, pela primeira vez em dez anos, as famílias brasileiras terminaram o ano menos endividadas do que começaram”, aponta o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Conforme ele, as melhorias ocorridas no mercado de trabalho ao longo do ano e a trajetória de queda dos juros básicos da economia influenciaram as condições de crédito ao consumidor, o que resultou diretamente na redução, mesmo que tímida, do indicador.

Inadimplência aumentou entre os que ganham mais

Para o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, é importante distinguir os conceitos de inadimplência e de endividamento. “Endividamento é algo fundamental para o desenvolvimento econômico, pois o crédito é o trampolim do sistema capitalista”, ressalta o economista. “A inadimplência é um resultado adverso do endividamento, causado pela renda baixa do brasileiro e pela volatilidade da economia do País”, explica Tavares. 

A média anual do endividamento das famílias com renda até três salários mínimos ficou no mesmo patamar de 2022, em 78,8%. Nas famílias com renda entre três e cinco salários, no entanto, houve uma ligeira queda, de 0,6 ponto percentual; e, entre as que ganham até 10 salários, foi registrado um pequeno aumento, de 0,1 ponto percentual. “Os dados confirmam que as famílias de menor renda estão mais vulneráveis às variações da economia, especialmente das taxas de juros, do que aquelas de maior renda”, indica Felipe Tavares.

Já a inadimplência aumentou em todas as faixas de renda: são 37,3% entre as que ganham até três salários mínimos, contra 36,7% no ano passado; 27,4% entre as que ganham entre três e cinco salários, contra 26,6% em 2022; e 22,3% entre as que ganham até dez salários, contra 20,8%, a maior alta dos três grupos (1,5 ponto percentual).

Nesse sentido, o indicador que mais chama a atenção é o relacionado às famílias que não têm condições de pagar dívidas atrasadas: foram 17% das que recebem até três salários mínimos, contra 15,6% em 2022, um aumento de 1,4 ponto percentual. Em relação às que ganham de três a cinco salários, a taxa subiu de 8,8% para 10,3% (1,5 ponto percentual a mais); e, de cinco a dez, o aumento de 0,9 ponto percentual de um ano para outro levou a taxa a 7,5%.

Quanto maior a escolaridade, menor a inadimplência 

A relação entre nível de escolaridade e inadimplência é direta, de acordo com a Peic. Em 2023, 33% dos consumidores que atrasaram dívidas não haviam concluído o ensino médio. Essa taxa diminui para 27,6% quando se trata de pessoas com ensino médio completo. O volume de inadimplentes com atrasos acima de 90 dias também é maior entre quem tem menos instrução. No comparativo anual, 49,8% dos inadimplentes com menor escolaridade atrasaram os pagamentos por mais de três meses em 2023.

“A Peic mostra que o nível de instrução é um dos fatores mais relevantes para determinar a capacidade de pagamento das dívidas”, destaca Felipe Tavares. Segundo ele, essa condição influencia mais o atraso de dívidas, em maior ou menor grau, do que outras características associadas aos consumidores, como o gênero e a faixa etária.

Endividamento e inadimplência aumentam mais na Região Norte

Embora a Região Sul tenha a maior parcela de endividados do País, com 91,6%, a maior taxa de crescimento anual foi verificada na Região Norte, onde o aumento de 3,7 pontos percentuais levou o indicador a 75%. No sentido oposto, houve queda de 1,3 ponto percentual na Região Sudeste, onde o índice ficou em 79,2%. Os cinco Estados mais endividados foram Paraná, Minas Gerais, Roraima, Espírito Santo e Ceará. Os menos endividados foram Alagoas, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pará, Goiás e São Paulo.

Já a Região Norte tem duplo destaque: o maior número de famílias inadimplentes e o maior aumento de um ano para outro. O indicador saltou de 28,6% para 33,2%. A Região Sudeste, no entanto, concentra o maior percentual de famílias que não terão condições de pagar as contas: foram 14,3%, volume que aumentou 2,5%, de 2022 para 2023. O Rio Grande do Norte manteve a liderança de inadimplentes, com aumento de expressivos 9,8 pontos percentuais. Lá, 55,9% da população tem contas em atraso. Seguem-no os Estados de Minas Gerais, Amazonas, Roraima e Ceará. Os Estados com menor índice de inadimplência são Paraíba, Tocantins, Paraná, Sergipe e o Distrito Federal.

Carlos Rydlewski

27/12/2023 Metropoles  

Os brasileiros gastaram menos no Natal de 2023, tornando a data a mais fraca em termos comerciais dos últimos três anos. É isso o que mostra o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian. Segundo o levantamento, durante a semana entre 18 e 24 de dezembro, as vendas do varejo físico apresentaram queda de 1,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Com a inadimplência atingindo números recordes neste ano, a prioridade dos consumidores foi a reestruturação financeira ao optarem por utilizar o 13° salário para o pagamento e renegociação de dívidas, deixando as compras e presentes de Natal em segundo plano”, diz Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.

No final de semana anterior ao Natal, entre os dias 22 a 24, a queda foi ainda mais acentuada, chegando a 10,7% em relação ao mesmo período do ano anterior (16 a 18 de dezembro de 2022). De acordo com Rabi, o que pode ter influenciado a baixa no final de semana foi o fato do dia 24 ter caído num domingo, a data mais fraca para o comércio.

Ainda segundo o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian, as vendas natalinas do varejo físico paulista também não foram animadoras e registraram diminuição de 1,2% durante a semana (18 a 24/12/2023 em relação a 18 a 24/12/2022) e queda de 9,6% no final de semana anteiror ao Natal (22 a 24/12/2023 ante 16 a 18/12/2022).

O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio toma como base uma amostra das consultas realizadas no banco de dados da empresa. Foram consideradas as análises realizadas no período de 18 a 24 de dezembro de 2023 e comparadas ao mesmo período de 2022.

                                                    

Por Adolfo Sachsida 15/12/2023  / Gaz. Povo

No começo deste ano, o caso Americanas surpreendeu boa parte do país. Escândalos contábeis à parte, o pedido de recuperação judicial de uma tradicional empresa brasileira chamou a atenção de toda a imprensa. Neste texto exploro a possibilidade de um problema muito mais sério para lojas de departamento, shopping centers e cinemas, qual seja: a tecnologia parece estar mudando o padrão de consumo dos bens fornecidos por essas empresas.

Um paralelo interessante pode ser traçado com o caso das livrarias tradicionais que seguem enfrentando dificuldades. Livrarias vendem, na sua maior parte, livros e revistas que podem ser adquiridos facilmente online. À medida que as compras online foram conquistando a confiança dos consumidores, as empresas foram disponibilizando plataformas para compras pela internet. Quanto mais homogêneo for um produto, isto é, quanto menos diversidade e peculiaridades ele apresentar, mais fácil será a compra online. O exemplo do livro é ilustrativo: “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis é exatamente o mesmo livro em qualquer livraria, é o mesmo livro em qualquer loja, e o produto pode ser facilmente comprado, sem medo de erro, pela internet. Disso advém parte expressiva do problema atual enfrentado por livrarias tradicionais que mantêm lojas físicas.

Boa parte do problema que as livrarias tradicionais (com lojas físicas) estão enfrentando hoje deve-se ao fato de seu produto (livros e revistas) ser extremamente homogêneo. Assim, os mesmos podem ser adquiridos facilmente pela internet. Como livrarias virtuais apresentam custos inferiores a livrarias físicas, costuma ser vantajoso (em termos de preço, facilidade de encontrar o produto desejado e comodidade) fazer a compra online. Para piorar a situação das livrarias, com o passar do tempo, as pessoas recorrerão cada vez mais a meios digitais para lerem livros. Comprar um livro digital não somente é mais barato do que um livro físico como também dispensa completamente a ida a lojas físicas.

Acredito que os shoppings centers, as lojas de departamento e os cinemas têm muito o que aprender com o caso das livrarias. O mesmo fenômeno que afetou as livrarias irá inevitavelmente afetar aquelas empresas.

 

O mesmo processo que ocorreu com livrarias me parece estar ocorrendo agora com shoppings centers e lojas de departamento. A homogeneização dos produtos está tornando cada vez mais fácil comprar produtos online. Por exemplo, qual foi a última vez que você foi a uma loja física comprar uma televisão, um aparelho de ar-condicionado ou uma geladeira? Não somente a homogeneidade dos produtos tem contribuído para isso, mas avanços de segurança nas compras online, facilidade e popularização do uso de aplicativos, e maior acesso da população a meios digitais de pagamento (cartão de crédito, débito, PIX) ajudaram a consolidar as compras online. Desnecessário dizer que comprar pela internet apresenta ainda vantagens de preço, facilidade de se percorrer várias lojas ao mesmo tempo para escolher o produto mais adequado, e tudo feito dentro do conforto, comodidade e segurança do lar. Essas vantagens têm feito com que cada vez mais os consumidores prefiram comprar pela internet.

O caso dos cinemas é parecido. O avanço da tecnologia alterou o padrão de consumo nesse mercado. Hoje uma ampla rede de competidores disputa o cliente com os cinemas: Netflix, Amazon, Brasil Paralelo, entre outros são apenas alguns exemplos que competem com a tradicional ida ao cinema. Por que pagar R$ 40 para assistir um único filme no cinema se você pode assinar a Brasil Paralelo por R$ 19 por mês e assistir séries, documentários e filmes à vontade? Claro que o cinema ainda tem seu charme, não há dúvidas disso. Mas é inegável que essas novas tecnologias têm reduzido o público que frequenta os cinemas.

Acredito que os shoppings centers, as lojas de departamento e os cinemas têm muito o que aprender com o caso das livrarias. O mesmo fenômeno que afetou as livrarias irá inevitavelmente afetar aquelas empresas. Se reinventar enquanto é tempo me parece fundamental para essas empresas. Soluções existem, mas para isso é necessário pensar fora da caixa. É necessário trazer coisas novas, propiciar novas experiências, fornecer bens e serviços que não podem ser facilmente obtidos online, agregar serviços aos bens vendidos e pensar em diversificar (e não em homogeneizar) o bem a ser oferecido, fazendo com que valha a pena o cliente pagar o preço de sair de casa, enfrentar o trânsito, gastar mais e sair satisfeito com a experiência.

Adolfo Sachsida

Adolfo Sachsida possui doutorado em Economia pela Universidade de Brasília (2000), e pós-doutorado na Universidade do Alabama (2005). Também é advogado. Foi ministro de Minas e Energia no período maio a dezembro de 2022 e secretário de Política Econômica, no Ministério da Economia, no período janeiro de 2019 a abril de 2022. Tem experiência nas áreas de macroeconomia, política econômica, política energética e política mineral.

Site CNC /  Publicado em 14/12/2023

Maior alta do ano foi no segmento de combustíveis, enquanto maior queda foi nas vendas de artigos de uso pessoal e doméstico

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mantém uma perspectiva otimista para os números do varejo brasileiro, projetando avanços de 1,8% para 2023 e 1,5% para 2024. A entidade revisou para baixo o crescimento deste ano – era de 2% – por conta do desempenho de outubro. Isso porque a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje (14/12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou queda de 0,3% nas vendas, em outubro.

Apesar desses desafios, a CNC mantém um viés otimista, baseando-se na consolidação do recuo na inflação, mudanças na condução da política monetária, recuo na taxa de câmbio e sinais positivos do mercado de trabalho. Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apesar da revisão, a expectativa ainda é de um 2023 positivo. “À medida que as condições de consumo da população vão melhorando por conta da queda das taxas de juros e do controle da inflação, as perspectivas dos comerciantes são de um bom fechamento de ano”, afirma. Pesquisa divulgada nesta semana pela CNC aponta que as compras de Natal devem ser 5,6% maiores do que em 2022.

Essenciais seguem em alta

As vendas acumulam um crescimento de 1,6% no ano, impulsionadas pelas altas de segmentos essenciais, como combustíveis e lubrificantes (4,9%); farmácias, drogarias e perfumarias (4,3%); e hiper e supermercados (3,8%). Conforme o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, o desempenho positivo no acumulado do ano revela uma suave tendência de recuperação em relação ao início da crise sanitária, em 2020: em relação àquele período, o varejo teve variação positiva de 3,9%. Mesmo diante da desaceleração de outubro, o volume de vendas registrou avanço pelo quinto mês consecutivo em comparação com outubro de 2022, com leve alta de 0,2%.

“Entretanto, alguns fatores desafiadores persistem, como a dificuldade de reação do setor por causa do mercado de crédito restritivo”, avalia Fabio Bentes. Atividades mais dependentes das condições de crédito registraram quedas ao longo do ano, como artigos de uso pessoal e doméstico (que tiveram redução de 11,3%); tecidos, vestuário e calçados (redução de 6,7%); e materiais de construção (queda de 2,1%). Ele lembra, ainda, que o endividamento das famílias, que compromete pelo menos 30% da renda média desde setembro de 2021, é outro obstáculo que limita o ganho de tração das vendas no comércio.

 

CAROLINA INGIZZA  JOTA  02/01/2024

As novas regras para o rotativo do cartão de crédito entram em vigor nesta quarta-feira (3/1). Com isso, os juros do rotativo e da fatura parcelada passam a ser limitados a 100% do valor da dívida.

O teto, instituído pela lei do Programa Desenrola, foi regulamentado no fim de dezembro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Com isso, os juros acumulados em casos de atraso de pagamento ou parcelamento da fatura não poderão ultrapassar o valor da dívida original.

Em caso de não pagamento de uma fatura de R$ 100, por exemplo, os juros e encargos cobrados pelas instituições financeiras poderão ser de no máximo R$ 100, independentemente do prazo.

Segundo a regulamentação, o teto inclui juros remuneratórios, juros de mora, multa moratória, tarifas e comissões da operação de crédito.

Ao anunciar a mudança, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ela visa corrigir distorções no sistema bancário brasileiro. “O Desenrola demonstrou que esse é um dos grandes problemas do país. As pessoas estão com uma dívida às vezes 10 vezes o valor do crédito original. A pessoa devia R$ 1.000 no cartão, dali a X meses estava em R$10 mil, e não conseguia mais pagar”, disse o ministro.

A lei do Desenrola, sancionada em outubro, estabelecia 90 dias para que o governo, o Banco Central, o Congresso e as instituições financeiras chegassem a um acordo sobre um novo modelo para o rotativo do cartão de crédito. Como não houve consenso, passou a valer o modelo previsto de teto de 100% do total da dívida.

CAROLINA INGIZZA – Repórter em São Paulo, cobre Justiça e política. Formada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo. Antes do JOTA, cobriu política, economia e negócios para o Financial Times e a revista Exame.

Email: carolina.ingizza@jota.info

REDAÇÃO / amanha 02/01/2024 

Ao descontar a inflação pelo INPC, o salário mínimo terá ganho real de 5,77% em relação a maio de 2023

A partir desta segunda-feira (1º), o salário mínimo oficial será de R$ 1.412. O valor, que será pago a partir de fevereiro referente à folha de janeiro, é 6,97% maior que o salário de R$ 1.320, que vigorou de maio a dezembro de 2023. Aprovado no Orçamento Geral da União de 2024, o valor de R$ 1.412 corresponde à inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado nos 12 meses terminados em novembro, que totalizou 3,85%, mais o crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. Enviada pelo governo em maio, a medida provisória com a nova política de valorização do salário mínimo foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em agosto.

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o reajuste do salário mínimo beneficiará 59,3 milhões de trabalhadores e resultará em um incremento da renda anual no montante de R$ 69,9 bilhões. A entidade estima que o governo – União, estados e municípios – arrecadará R$ 37,7 bilhões a mais por causa do aumento do consumo atrelado ao salário mínimo maior. Ao descontar a inflação pelo INPC, o salário mínimo terá ganho real de 5,77% em relação a maio de 2023, quando passou a vigorar o mínimo de R$ 1.320. Se considerar o salário mínimo de R$ 1.302, que vigorou de janeiro a abril, o ganho seria menor, de 4,69%. Isso porque o INPC, índice que mede a inflação das famílias de menor renda (até cinco salários mínimos), estava mais alto no início de 2023. De 2007 a 2019, vigorava a política semelhante à atual, em que o salário mínimo era corrigido pelo INPC do ano anterior mais o crescimento do PIB de dois anos antes. Caso o PIB encolha, havia a reposição apenas pela inflação. De 2020 a 2022, o salário mínimo passou a ser corrigido apenas pelo INPC, sem ganhos reais.

o ano passado, houve dois aumentos. De janeiro a maio, o salário mínimo foi reajustado para R$ 1.302, com ganho real de 1,41%. A partir de maio, quando o governo editou a medida provisória retomando a política salarial anterior, o salário passou para R$ 1.320, com valorização real de 2,8% em relação ao mínimo de 2022. O projeto de lei do Orçamento de 2024 estimava salário mínimo de R$ 1.421. No entanto, com a queda do INPC ao longo do segundo semestre, o valor final ficou em R$ 1.412, conforme a lei orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional em 22 de dezembro. Por causa dos benefícios da Previdência Social atrelados ao salário mínimo, o novo valor, de R$ 1.412, aumentará os gastos da União em R$ 35 bilhões neste ano. Segundo a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cada R$ 1 a mais no salário mínimo eleva as despesas do governo em R$ 389 milhões. Os cálculos, no entanto, não consideram os ganhos de arrecadação decorrentes do aumento do consumo.

Com Agência Brasil

Site CNC –  Publicado em 26/12/2023

Apesar de beneficiar segmentos como o turismo, feriados em dias úteis impactam o varejo com queda no nível de atividade e aumento de custos operacionais

Com mais dias úteis, as perdas do comércio com os feriados em 2024 devem ser um pouco menores do que este ano, mas ainda com impacto significativo. Segundo estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o prejuízo do setor por conta de feriados nacionais deverá ser de R$ 27,92 bilhões, 4% menor do que em 2023, quando o prejuízo chegou a R$ 28,99 bilhões. Em média, cada feriado em dias comerciais de 2023 gerou um prejuízo de R$ 3,22 bilhões ao varejo.

A principal novidade no calendário é a inclusão de um novo feriado nacional em 2024, somando um total de 10 datas, agora com o Dia da Consciência Negra, em novembro, já celebrado em algumas regiões do país. A incidência dos feriados em dias úteis favorece alguns setores da economia, como o turismo, mas gera prejuízos para o comércio por conta de fatores como a queda no nível de atividade e elevação dos custos de operação.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que os feriados não são vilões da economia, mas que o setor produtivo é uma balança que precisa estar sempre em equilíbrio. “Nossos segmentos ligados ao turismo se beneficiam desse calendário, o que é muito positivo. Mas segmentos econômicos como o varejo registram perdas com lojas fechadas e menor movimentação de público, por exemplo. A validade desse levantamento é dar luz sobre o cenário e orientar as melhores decisões”, pontua.

Supermercados e automotivos lideram perdas

Pelas contas da CNC, cada feriado reduz a rentabilidade anual média do setor comercial como um todo em 1,29%. Desse modo, os feriados do próximo ano deverão impactar o excedente operacional do comércio em 9%. Os ramos de atividade em que a relação folha/faturamento se mostra mais elevada tendem a sofrer os maiores impactos. É o caso dos segmentos de hiper e supermercados e de comércio automotivo, que juntos responderão por quase a metade (40%) das perdas previstas. Esses dois segmentos concentram mais de 44% da folha de pagamentos do comércio brasileiro.

“Por mais que as vendas do varejo possam ser parcialmente compensadas nos dias imediatamente anteriores ou posteriores aos feriados, o peso relativamente elevado dos gastos com pessoal na atividade comercial é a principal fonte dos prejuízos impostos pelas datas de descanso, comprimindo as margens de operação do varejo diante de um público menor e da paralisação de atividades”, explica o economista da CNC responsável pelo levantamento, Fabio Bentes.

Outro fator que tende a impactar os feriados em 2024 é a nova portaria do Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em novembro deste ano, que determina que as atividades comerciais deverão recorrer a negociações coletivas autorizando o exercício laboral aos domingos e feriados, o que tende a dificultar a abertura dos estabelecimentos em dias considerados não uteis. A CNC participa de uma mesa nacional de negociação que tem intuito de adequar a nova diretriz às peculiaridades das atividades econômicas exercidas pelo comercio de bens, serviços e turismo.

Calendário  de feriados em 2024

  • 1º de janeiro (Confraternização Universal) – segunda-feira;
  • 12 de fevereiro (Carnaval ) – segunda-feira;
  • 13 de fevereiro (Carnaval ) – terça-feira;
  • 14 de fevereiro /Cinzas – 4ª.feira ( ate 12 hs)
  • 29 de março (Sexta-feira Santa – Paixão de Cristo) 
  • 21 de abril (Tiradentes) – domingo;
  • 1º de maio (Dia do Trabalho) – quarta-feira;
  • 30 de maio (Corpus Christi ) – quinta-feira;
  • 7 de setembro (Independência do Brasil) – sábado;
  • 8 de setembro domingo Padroeira Ctba
  • 12 de outubro (Nossa Senhora Aparecida) – sábado;
  • 2 de novembro (Finados) – sábado;
  • 15 de novembro (Proclamação da República) – sexta-feira;
  • 20 de novembro (Dia da Consciência Negra) – quarta-feira;
  • 25 de dezembro (Natal) – quarta-feira