Renato Pezzotti / uol marketing 28.8.20

Menos discurso, mais ação. A pandemia fez com que as marcas entrassem na era do “pós-propósito” —uma evolução do conceito de propósito. Agora, o desafio das empresas é assumir uma postura social mais ativa, com projetos que tenham impacto real, e não somente criados para comunicação.
Esta é uma das tendências apontadas pelo estudo Creative Insights 2020, encomendado pelo UOL e produzido pela GoAd Media. O relatório destaca os temas que moldam a relação entre marcas e pessoas e os principais assuntos apresentados nos festivais de criatividade D&AD e Lions Live, realizados de forma online este ano.
“É o momento de as empresas conectarem seu propósito conceitual a projetos que melhorem as condições humanas. Iniciativas sólidas, que toquem em temas urgentes, como combate ao racismo, desemprego, acesso a moradia e a serviços de saúde, diversidade e meio ambiente, por exemplo”, afirma José Saad Neto, publisher da GoAd.
Relações autênticas e honestas
Para Saad, o marketing ganha relevância ao liderar o desenvolvimento desses projetos, para irem além da publicidade e promoverem a inovação com foco na transformação social.
“É essencial que as empresas desenvolvam relações autênticas e honestas, principalmente com as gerações mais jovens, acostumadas a monitorar as práticas das grandes organizações. No ano da maior crise sanitária da nossa geração, a atuação responsável das marcas pode minimizar dores humanas”, diz.
Transformação digital é o assunto de 2020
Transformação digital e conteúdo são outros temas fundamentais de discussão para as marcas que almejam sucesso no mundo pós-pandêmico, segundo o estudo.
Para Saad, muitas empresas já trabalhavam com o conceito de transformação digital, mas se viram forçadas a acelerá-lo em 2020 por questão de sobrevivência. O tema vai além da digitalização da experiência do consumidor, do atendimento ao pós-venda.
“É a reinvenção de modelos de negócios, com produtos, serviços e soluções que se conectam a uma jornada do consumidor, que passou a ser mais híbrida e multitela. A transformação digital não é só investimento em tecnologia. É mudança de cultura organizacional”, declara.
Storytelling e experiências imersivas
A pandemia fez crescer a necessidade de as marcas estabelecerem relações mais próximas com as pessoas. A conexão emocional das histórias nunca foi tão importante e o storytelling (a “arte de contar histórias”) tem um papel crucial nesse sentido.
“A atenção das pessoas é um ativo hiperdisputado. Com o crescimento comprovado do consumo de mídia digital, conteúdo é o que amarra a experiência das pessoas com as marcas em diferentes formatos, como anúncios, notícias, podcasts, streamings e e-commerce, entre outros”, diz Saad.
O uso de tecnologias imersivas, como realidade virtual (VR, ou “virtual reality”) e realidade aumentada (AR, ou “augmented reality”) tem promovido uma disrupção no modo de contar histórias —e isto tem grande impacto para as marcas.
Segundo estudo da desenvolvedora Unity Technologies, empresas que abraçarem experiências imersivas nos próximos cinco anos estarão entre as 25% companhias com melhores resultados financeiros em suas categorias. A Unity ainda aponta que, até 2030, as lojas físicas deixarão de ser espaços de venda e se tornarão showrooms, com um extenso inventário 3D em exposição.
“O conteúdo que funciona é aquele que fala sobre o que as pessoas precisam e querem ouvir – e não aquele que destaca somente o que a marca quer falar”, afirma Saad.

Por conta do descasamento da indústria com o varejo, muitos produtos estão em falta e a demanda em alta. João Appolinário, CEO da rede varejista, afirma que isso deve afetar a Black Friday e a volta ao normal deve acontecer só em 2021
Carlos Sambrana •28/08/20 • 07h43 / neofeed
No início da crise do coronavírus no Brasil, em março deste ano, o principal problema de João Appolinário, CEO e fundador da rede varejista Polishop, foi o fechamento abrupto de suas 278 lojas espalhadas pelo País. Ali, naquele momento, ele via 78% de seu faturamento desaparecer de uma hora para a outra.
Passados três meses, num esforço de guerra, numa batalha para a conversão digital e com a abertura gradual das lojas, Appolinário contou ao NeoFeed que a Polishop conseguiu atingir o mesmo faturamento de antes da pandemia com 90% de suas lojas abertas atualmente. Mas agora surge um novo desafio para a empresa e para um setor como um todo.
“Estão faltando produtos. O grande problema agora é o descasamento entre o varejo e a indústria. O consumo voltou e a indústria parou”, diz Appolinário, explicando que, muita gente que ficou em casa nos últimos meses, resolveu trocar aparelhos como liquidificador, aspirador de pó, entre outros. “Haverá falta de produtos nesta Black Friday e durante o ano todo. Essa questão só será resolvida em 2021.”
De acordo com o empresário, produtos como eletroportáteis estão em falta, com a produção atrasada em até cinco meses. “Os varejistas pararam de fazer pedidos e as indústrias pararam de fabricar. Agora que o consumo, que estava represado, voltou com mais força, não estamos conseguindo vender”, diz ele.
Appolinário acredita que, se não houvesse problemas de abastecimento, hoje a Polishop estaria faturando mais do que no mesmo período do ano passado. E, além dos problemas de abastecimento da indústria, principalmente a chinesa, ele também vê barreiras no transporte. “Estamos com problemas para embarcar os produtos para o Brasil.”
O empresário afirma que categorias como as de panelas elétricas e panelas antiaderentes, por exemplo, estão sofrendo com o desabastecimento. “O eixo do consumo mudou e muita gente passou a comprar produtos que antes não compravam, como essas panelas elétricas”, afirma.
A saída tem sido focar em equipamentos fitness, cujas vendas cresceram 300%, e são fabricados aqui em Manaus. “Acabou todo o nosso estoque dessa linha fitness, mas estamos trabalhando em dois turnos e contratando mais gente para aumentar a produção”, diz Appolinário.
O NeoFeed conversou com o CEO de uma grande empresa de eletroportáteis e ele confirmou o problema. “Existe sim problema de supply chain e falta de produtos. Mas é porque a demanda está alta. Não dá para dizer que é uma ruptura da cadeia de fornecimento”, diz ele. E prossegue. “O varejo está louco por produtos. E a indústria não está estocada.”

DECRETO Nº 10.470, DE 24 DE AGOSTO DE 2020
Prorroga os prazos para celebrar acordos de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e de suspensão temporária de contrato de trabalho e para efetuar o pagamento dos benefícios emergenciais de que trata a Lei nº 14.020, de 6 de julho de 2020.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 14.020, de 6 de julho de 2020,
DECRETA:
Art. 1º Este Decreto prorroga os prazos para celebrar os acordos de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e de suspensão temporária de contrato de trabalho e para efetuar o pagamento dos benefícios emergenciais de que tratam a Lei nº 14.020, de 6 de julho de 2020, e o Decreto nº 10.422, de 13 de julho de 2020.
Art. 2º Os prazos máximos para celebrar acordo de redução proporcional da jornada de trabalho e de salário e de suspensão temporária de contrato de trabalho, de que tratam, respectivamente, o caput do art. 7º e o caput do art. 8º da Lei nº 14.020, de 2020, consideradas as prorrogações do Decreto nº 10.422, de 2020, ficam acrescidos de sessenta dias, de modo a completar o total de cento e oitenta dias, limitados à duração do estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º da Lei nº 14.020, de 2020.
Art. 3º Os prazos máximos para celebrar acordo de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e de suspensão temporária de contrato de trabalho ainda que em períodos sucessivos ou intercalados, de que trata o art. 16 da Lei nº 14.020, de 2020, consideradas as prorrogações do Decreto nº 10.422, de 2020, ficam acrescidos de sessenta dias, de modo a completar o total de cento e oitenta dias, limitados à duração do estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º da Lei nº 14.020, de 2020.
Art. 4º Os períodos de redução proporcional de jornada de trabalho e de salário e de suspensão temporária de contrato de trabalho utilizados até a data de publicação deste Decreto serão computados para fins de contagem dos limites máximos resultantes dos acréscimos de prazos de que tratam o art. 2º e o art. 3º e o Decreto nº 10.422, de 2020, limitados à duração do estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º da Lei nº 14.020, de 2020.
Art. 5º O empregado com contrato de trabalho intermitente, nos termos do disposto no § 3º do art. 443 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, formalizado até 1º de abril de 2020 fará jus ao benefício emergencial mensal no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), pelo período adicional de dois meses, contado da data de encerramento do período total de quatro meses de que tratam o art. 18 da Lei nº 14.020, de 2020, e o art. 6º do Decreto nº 10.422, de 2020.
Art. 6º A concessão e o pagamento do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda e do benefício emergencial mensal de que tratam, respectivamente, o art. 5º e o art. 18 da Lei nº 14.020, de 2020, observadas as prorrogações de prazos previstas no Decreto nº 10.422, de 2020, e neste Decreto, ficam condicionados às disponibilidades orçamentárias e à duração do estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º da Lei nº 14.020, de 2020.
Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de agosto de 2020; 199º da Independência e 132º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Paulo Guedes
Este texto não substitui o publicado no DOU de 24.8.2020. – Edição extra

Os dados encorajadores de venda e lucratividade de julho (Imagem: LinkedIn/Arezzo&Co)
As companhias do varejo de vestuário apresentaram diferentes resultados no segundo trimestre de 2020, considerado pelo mercado o período mais incomum do ano devido ao fechamento das lojas para conter a disseminação do coronavírus.
Na avaliação do Credit Suisse, a Arezzo (ARZZ3) foi o destaque positivo do trimestre, tendo em vista os dados encorajadores de venda e lucratividade de julho, que sugerem que o próximo balanço será promissor.
“A pandemia de covid-19 atingiu o segmento de moda, mas encontrou a Arezzo relativamente preparada para navegar as águas turbulentas. As vendas no e-commerce cresceram 200% na comparação ano a ano, ajudando a minimizar a perda de receita líquida e dando suporte a margens brutas melhores”, comentaram Victor Saragiotto e Pedro Pinto, autores do relatório divulgado pelo banco e obtido pelo Money Times.
Além disso, a empresa também deu a entender que mira novas oportunidades de fusões e aquisições para se consolidar no setor.
No caso da Centauro (CNTO3), …o Credit Suisse destacou o bom trabalho feito pela administração da empresa, o que resultou em uma geração de caixa de R$ 50,7 milhões em meio a um cenário desafiador.
Para as ações da Arezzo e da Centauro, o banco defendeu a recomendação de outperform (desempenho esperado acima da média do mercado).

Bacen: bancos foram beneficiados Pequenas empresas: abandonadas Precisam de mais prazo na crise – PODER 18.8.20
Segundo pesquisa, 500 mil micro e pequenas empresas fecharam durante pandemiaAgência Brasil
CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES
Os bancos comerciais foram beneficiados pelo afrouxamento dos compulsórios depositados no Bacen, com o objetivo de ampliar o volume de crédito às empresas e famílias durante a crise. Mas as pequenas empresas são abandonadas no mercado de crédito, uma vez que delas são exigidas condições incumpriveis como contrapartidas para receberem empréstimos.
Esses recursos que dormem nos bancos são remunerados pelo Banco Central (Bacen), e no momento das liberações nada foi exigido das instituições financeiras. Agora o que se vê é um paradoxo, em que muitas empresas sem reservas estão no vale da morte, a maioria de pequeno porte, não porque terem errado, mas pela dificuldade de acessar recursos.
O mercado já olha para o momento de extinção dos benefícios emergenciais, que estão ajudando principalmente o comércio a reduzir as perdas do setor esse ano. As estimativas de redução no volume de vendas do varejo foram revistas, com dados mais favoráveis do desempenho do comércio em junho justamente pela manutenção do consumo proporcionada pelo socorro dos benefícios.
A queda no ano que deveria ser próxima a 13%, deverá ser de 6%. Mas quando se encerrarem os vouchers, teremos desemprego elevado no Brasil com bancos encharcados de liquidez?
Nos mercados internacionais também há questionamentos quanto à disposição dos sistemas bancários em apoiar a sociedade durante a crise da pandemia.
O Federal Reserve Bank (FED) anunciou recentemente uma ampliação nos requisitos de capital dos grandes bancos americanos, com capital acima de US$ 100 bilhões em ativos totais, para garantir maior resiliência no sistema bancário.
Após a crise do subprime em 2008, o Comitê de Basileia publicou padrões regulatórios globais para adequação de capital e liquidez dos bancos pelas novas regras de Basileia III. O objetivo principal das reservas de capital contracíclico é atuar como medida macroprudencial de amplo alcance, a fim de proteger o setor bancário em períodos de excesso de crescimento do crédito agregado associados com o aumento do risco sistêmico, ou decorrente da deterioração da qualidade do crédito, notadamente o aumento da inadimplência.
Durante fases de expansão do crédito o requerimento de capital contracíclico pode ser ativado, em que as instituições financeiras devem constituir reserva adicional de capital precaucionária, que pode ser utilizada na fase de contração do ciclo de crédito.
A experiência mostra que aumentos de capital em “reservas escondidas” é prática comum no sistema bancário, não somente quando há maior hiato entre a evolução do crédito e do PIB. É usual os bancos possuírem mais recursos do que admitem, visto que muitas precificações são subavaliadas. Isso incrementa a alavancagem dos bancos, como o que está ocorrendo agora.
Os Governos liberaram trilhões de dólares em medidas de apoio social, para ampliar os fluxos de crédito e o funcionamento dos mercados, ajudando famílias a manterem suas rendas, e empresas a sustentarem os empregos. A possibilidade de compra de títulos privados pelos bancos centrais foi fundamental para garantir sobrevivência às empresas menores. Mas esses esquemas têm validade.
Para as grandes instituições bancárias o presságio é de um novo período de sobrevivência com lucros fracos, dividendos reduzidos, e nenhum bônus. Em junho, o FED restringiu temporariamente os pagamentos aos acionistas pelos maiores bancos do país, impedindo-os de recomprar suas próprias ações ou aumentar o pagamento de dividendos no terceiro trimestre deste ano, deixando-os ainda mais céticos.
Paradoxalmente à percepção dos reguladores é tentar garantir que os bancos continuem fortes para manter os empréstimos durante a desaceleração induzida pela pandemia.
No Brasil, com o mercado bancário altamente concentrado, a ampliação da liquidez expõe ainda mais o empoçamento dos recursos.
Expectativas indicam que cerca de 200 mil empresas devem fechar as portas em definitivo este ano, especialmente por que não tiveram crédito. Na ocasião da aprovação do orçamento de guerra foi também permitida compra de títulos em ativos de empresas pequenas e médias pelo Banco Central, o que infelizmente não saiu do papel. Se o Bacen tivesse iniciado os processos de compra desses papéis talvez pudesse ser reduzido o número de empresas que em breve morrerão.
Ou o Bacen acelera a compra de papéis das empresas com compromisso de recompra no longo prazo, exigindo manutenção de empregos, ou os bancos possam fazê-lo usando os recursos liberados dos compulsórios. É crucial que as empresas pequenas tenham mais prazo para sobreviver à crise.
As diferenças cada dia maiores entre os juros longos e os curtos no Brasil abrem espaço para os juros nominais e reais caírem ainda mais. Há muita liquidez e entesouramento, logo, no momento não há motivos para asfixiar o setor produtivo por falta de dinheiro.
À exemplo dos vouchers, que estão sendo fundamentais exatamente por não passarem pelos bancos como empréstimos com contrapartidas, evitar o fechamento das empresas é ainda mais importante do que projetos de obras públicas.

Carlos Thadeu de Freitas Gomes
Carlos Thadeu de Freitas Gomes, 72 anos, é economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). Foi presidente do Conselho de Administração do BNDES e diretor do BNDES de 2017 a 2019, diretor do Banco Central (1986-1988) e da Petrobras (1990-1992). Escreve sobre macroeconomia para o Poder360 todas as segundas-feiras.

Companhia antecipou desempenho das vendas em julho, com aumento de 82% na comparação anual

Por Graziella Valenti
Publicado em: 17/08/2020 exame

O Magazine Luiza teve um trimestre com recorde em vendas. O total movimentado pela empresa em lojas e no comércio online próprio e para terceiros — o tal GMV, que o mercado tanto olha — foi de 8,6 bilhões de reais, o que representa um crescimento de 49% sobre igual período do ano passado. Desse total, 78%, ou seja, 6,7 bilhões de reais, vieram do comércio eletrônico, após uma expansão anual de 182%.
Se o Mercado Livre não existisse, esse desempenho equivaleria a alcançar, ao mesmo tempo e pela primeira vez, a liderança em vendas de bens duráveis, em e-commerce e ainda em varejo esportivo. Trocando em miúdos: ultrapassar de uma só vez a Via Varejo, a B2W e a Centauro. “A gente nunca foi líder em nada. Não é um objetivo isolado, mas é um feito. Liderança importa no varejo”, afirmou Frederico Trajano, presidente da companhia, em entrevista ao EXAME In. “Essa é uma fotografia. Não é um filme. Precisamos nos esforçar para manter isso.”
O segundo trimestre, na opinião de Trajano, foi “o mais difícil da história para qualquer CEO.” Mas, ele enfatiza, que é uma história com três capítulos bem diferentes e lembra que em março a receita caiu pela metade abruptamente com o fechamento das lojas. Em abril, as vendas totais da companhia já tiveram crescimento, mas de 7%, com queda de 84% nas lojas físicas e aumento de 138% nas vendas digitais. Em maio, a receita subiu 46%, puxada pela alta de 203% no faturamento do e-commerce, enquanto as lojas físicas ainda tinham queda de 53%. Em junho, a expansão alcançou 85%, pois o online manteve expansão de 206% na comparação anual, mas a redução da receita nas lojas físicas caiu para 6%, mesmo com o percentual de lojas abertas ainda em 64%.
A companhia teve, no acumulado dos três meses, prejuízo de 62,2 milhões de reais, comparado a um lucro líquido superior a 85 milhões de reais, em relação a igual período de 2019. Os três capítulos se repetem na análise da última linha do balanço. Enquanto em abril houve um prejuízo de 148 milhões de reais, o resultado passou a um lucro líquido de 93 milhões de reais no mês de junho.
O Ebitda, como não poderia deixar de ser, seguiu a mesma trajetória: a margem saiu de 8,8% para 2,6% na comparação anual. Mas, do começo ao fim do trimestre, variou de -10% para 7,8%.
E a companhia já quis antecipar o que aconteceu em julho: as vendas totais subiram 82% na comparação anual, com aumento de 10% na receita de lojas físicas e 162% no e-commerce — isso com 70% das lojas abertas.
O executivo destacou que houve dois grandes efeitos além da digitalização que impulsionaram o trimestre: o fato de as pessoas terem ficado mais em casa e investido mais nela nesse período e o voucher de 600 reais mensais do governo. “Foi uma medida muito poderosa, talvez a de maior resultado no mundo. E o Brasil tinha uma plataforma muito sólida para fazer essa distribuição.” Trajano defendeu a manutenção do benefício, pelo impacto social eficaz que vem promovendo. “Espero que se o governo tiver de cortar que seja fazendo a reforma administrativa e com privatizações.”
A companhia reforçou a posição de marketplace e tem hoje 32.000 vendedores — os sellers (outros varejos não digitalizados), no jargão do mercado — plugados em sua plataforma. “Costumo dizer que eu quero ser o sistema operacional do varejo brasileiro.” Há um ano, esse total era de 8.000. O número de itens vendidos de terceiros saltou de 538.000 para 1,83 milhão, na comparação anual dos trimestres.
O desempenho de margem do trimestre contou com impacto positivo, pela primeira vez, da Netshoes. Sem revelar valor, Trajano contou que a unidade teve resultado positivo pela primeira vez em julho. “Essa companhia queimava 250 milhões de reais por ano quando a compramos, um ano atrás.”
Com essa combinação, o Magazine Luiza registrou uma geração de caixa de 2,2 bilhões entre abril e junho. “Costumo dizer que receita é necessidade, lucro é opinião e caixa é realidade.” Ao fim de junho, em razão disso, a empresa tinha 7,5 bilhões em caixa. O dinheiro disponível, considerados recebíveis do cartão, excedia os compromissos financeiros em 5,8 bilhões de reais — ante 800 milhões de reais um ano antes.
Trajano está otimista com o terceiro e quarto trimestre. “Eu não sou de fazer previsões, mas espero que o varejo responda bem até o fim deste ano, pelo menos.” Apesar disso, ele já vem destacando que os investidores não devem tomar as margens de junho como base para o próximo trimestre.
“Não houve custo de aquisição de cliente na pandemia. Mas vai subir daqui para a frente.” Ele destacou que a empresa lançou a iniciativa de cash back em julho e vai acelerar isso nos próximos meses. “Um dos meus maiores gaps em relação a grandes companhias do mundo é melhorar minha frequência e fazer o cliente comprar mais. E acho que o cash back vai ser uma ferramenta importante para isso. É um ponto muito importante para nossa estratégia de superapp.” Além disso, ele destacou que a empresa não demitiu mas também não contratou e que agora vai ampliar o total de funcionários em 2,5 mil, principalmente em atendimento e logística.

“É necessário encontrar uma maneira de tributar as transações eletrônicas”, diz deputado.

TARCISO MORAIS
Fundador e editor-chefe da RENOVA Mídia 17.8.20

Ricardo Barros (PP-PR), novo líder do governo na Câmara dos Deputados, afirmou, neste domingo (15), que é necessário tributar operações eletrônicas.
“Penso que é necessário encontrar uma maneira de tributar as transações eletrônicas”, declarou Barros, em entrevista ao site Poder360.
“Quando o ministro Paulo Guedes fala em imposto sobre transações eletrônicas, ele está propondo tributar um determinado setor da economia que já não é pequeno e não está alcançado pelos impostos que já estão estabelecidos”, acrescentou o deputado.
As operações financeiras já foram tributadas no passado por meio da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que vigorou até 2007.

Entre as mil siglas que os especialistas de varejo acompanham aparece: GMV quase estável, de R$ 7,26 bilhões no segundo trimestre
Por Graziella Valenti
Publicado em: 13/08/2020 às 00h06Alterado em: 13/08/2020 às 02h09access_timeTempo de leitura: 5 min

O resultado que a Via Varejo estava “louca para mostrar”, conforme o presidente Roberto Fulcherbeguer afirmou à Exame em entrevista no mês passado, traz um marco para a empresa: lucro líquido de 65 milhões de reais, ante prejuízo de 162 milhões em igual período do ano passado. Nos três primeiros meses do ano, o lucro líquido foi de 13 milhões de reais. A empresa reúne as marcas Casas Bahia, Via Varejo e Extra.com.
Mesmo com 80% de suas lojas fechadas, em média, durante o segundo trimestre, a companhia conseguiu registrar uma receita líquida 12,4% menor na comparação anual, de 5,3 bilhões de reais. O Ebitda (o indicador que significa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, para tentar simular a geração de caixa) foi 71,7% maior, de 532 milhões de reais. Na prática, significa que a margem Ebitda da companhia dobrou, na comparação anual, alcançando 10,1% — ficou maior, inclusive, do que os 8,9% dos três primeiros meses do ano.
A receita bruta foi de 6,5 bilhões de reais, 7,8% menor do que a comparação anual. Até aqui são os números que o mercado gosta de saber para ver o status de desempenho do negócio. Mas os dados que representam a trajetória da companhia — que concluiu em junho o primeiro ano de um processo de reestruturação operacional com uma pandemia e uma fraude contábil da gestão anterior revelada no meio — começam a partir da decomposição da receita.
Do total faturado, 2,18 bilhões de reais vieram das lojas físicas, com redução acima de 63% nessa linha. Isso significa dizer que 4,3 bilhões de reais vieram das vendas online — um aumento de 300%. A companhia começou o trimestre com 86 lojas abertas e terminou com 790, de um total superior a 1.000.
Daqui em diante, prepare-se, caro leitor: começa uma chuva de dados e números no balanço. Um dado que o mercado passou a adorar é um tal de GMV (Gross Merchandise Volume) — algo como volume bruto de mercadorias vendidas. Nesse indicador, houve um micro crescimento anual: 7,26 bilhões de reais antes 7,23 bilhões de reais. Esse total inclui o que a Via Varejo vendeu de suas marcas (chamado de 1P) e o que foi vendido em sua plataforma, de outras empresas, mas no seu espaço virtual (conhecido pela sigla 3P) — o chamado “market place”. Sim, é muita coisa: GMV, 1P, 3P. De forma simples: o total movimento pela Via Varejo, próprio e de terceiros, ficou estável porque as vendas físicas caíram, mas as digitais cresceram muito.
As vendas online desse tal GMV eram 18,5% há um ano e 27% no primeiro trimestre e totalizaram 70% na média do segundo trimestre. Dentro dessa conta, as vendas online do que é Via Varejo apenas subiram 311% na comparação anual e o que é de terceiros teve aumento de 180%. A companhia processou mais vendas diárias do que na média do trimestre com Black Friday e Natal: 50 mil ao dia em abril e com picos de 70 mil diários ao longo do trimestre.
A Via Varejo fez questão de contar que há um ano tinha 1,5 milhão de clientes ativos em sua base de cadastro e esse total subiu para 15 milhões no segundo trimestre da pandemia. As vendas por meio dos apps (ou seja, móveis, nos celulares e tabletes) foram 32% do GMV (o dado veio sem comparativo). O percentual de visitas ao aplicativo subiu de 14% para 30% na comparação anual.
Futuro
A Via Varejo fez questão de contar — a companhia gosta de dar as boas novas — que, nas lojas que abriram na pandemia e continuaram abertas, o crescimento nas vendas tem sido de 15% na comparação com os níveis pré-pandemia. “Essa análise considera 18 lojas reabertas no início de abril, 203 lojas reabertas no início de maio e mais 343 lojas reabertas no início de junho, totalizando 564 lojas que representam 53% do total de lojas”, explica a empresa em seu relatório.
Caixa
A Via Varejo realizou uma oferta de ações no segundo trimestre que trouxe 4,4 bilhões de reais em dinheiro novo à empresa. Com isso, a empresa terminou junho com 7,4 bilhões de reais em caixa, ante 238 milhões de reais em junho de 2019. O patrimônio líquido encerrou o segundo trimestre em 5 bilhões de reais, comparado a 1,8 bilhão de reais, um ano antes. A companhia tinha 2,9 bilhões de reais a mais em dinheiro — considerando recebíveis do cartão e do crediário — do que os compromissos.
O caminho
A Via Varejo está em busca da percepção, pelos investidores, de que tem feito o dever de casa. Mais do que isso: de que tem avançado e muito em seus canais digitais. Embora as vendas da companhia não sejam tão diferentes da rival Magazine Luiza, a diferença de valor de mercado entre elas é de nada menos do que 100 bilhões de reais. A Magalu fechou o dia ontem avaliada em 130 bilhões de reais, enquanto a Via Varejo estava em pouco mais de 29 bilhões de reais.
Ambas viram seus valores se multiplicarem na pandemia. Mas a empresa tocada por Frederico Trajano, filho da Luiza Helena Trajano (a dona Lu), conquistou na pandemia o tal do selo tech. Passou a ser percebida com uma empresa altamente relacionada à tecnologia. O balanço para comparação sai no dia 17, a próxima segunda-feira. A Via Varejo, por sua vez, mostrou que a nova gestão colocou tudo na direção certa — mas ainda falta a estrelinha tecnológica para os múltiplos se multiplicarem também. Um trimestre pandêmico bom está longe de resolver essa equação.

“Fechado desde abril, o Polloshop pode reabrir em setembro. O estudo de viabilidade de negócio para a reabertura foi concluído pelo grupo Cia. Iguaçu, dono do imóvel, e tudo indica que o shopping no bairro Alto da XV, em Curitiba, reabrirá as portas mês que vem.
“O estudo começou no fim de abril, dias após o fechamento do shopping. O levantamento foi feito pela empresa Argo, do Rio de Janeiro, que administra o Shopping Crystal, no bairro Batel, e mais 18 empreendimentos no Brasil. A Argo também deve ser a gestora do centro comercial. Em abril, a informação da administradora de que o Polloshop fecharia pegou não só os lojistas de surpresa, como a própria dona do imóvel.
“Shopping no Alto da XV, em Curitiba, pode retomar suas atividades|
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Fechado desde abril, o Polloshop pode reabrir em setembro. O estudo de viabilidade de negócio para a reabertura foi concluído pelo grupo Cia. Iguaçu, dono do imóvel, e tudo indica que o shopping no bairro Alto da XV, em Curitiba, reabrirá as portas mês que vem.

O estudo começou no fim de abril, dias após o fechamento do shopping. O levantamento foi feito pela empresa Argo, do Rio de Janeiro, que administra o Shopping Crystal, no bairro Batel, e mais 18 empreendimentos no Brasil. A Argo também deve ser a gestora do centro comercial. Em abril, a informação da administradora de que o Polloshop fecharia pegou não só os lojistas de surpresa, como a própria dona do imóvel.

Segundo Marcello Almeida, porta-voz e sócio da Cia. Iguaçu, o estudo realizado pela Argo levou em conta diversos indicadores para concluir a viabilidade do negócio. O principal deles foram as cartas de intenção de continuidade assinadas por cerca de 120 lojistas do Polloshop.

“Quando o shopping fechou, recebemos da maioria dos lojistas a indicação de que eles gostariam de seguir no shopping. Trabalhamos para que isso pudesse ocorrer, mas precisávamos realizar estudos sobre essa possibilidade. Foi quando optamos por contratar a Argo, que já conhecia a dinâmica de Curitiba por administrar um shopping na cidade”, disse Almeida.

A reabertura do Polloshop, segundo a Cia. Iguaçu, deve gerar cerca de 5 mil empregos indiretos, levando em conta os comércios do entorno da região do Alto da XV, que sentiu o impacto do fechamento.

Ainda de acordo com o porta-voz, durante o estudo, cerca de 120 lojistas assinaram cartas de intenção pela reabertura. Os lojistas que já estavam no Pollo terão prioridade em futuros contratos pela ocupação dos espaços. “Somente depois é que deveremos avaliar a possibilidade de novas lojas. O número de cartas de intenção nos dá um respaldo. Isso é importante, pois muitos dos lojistas de lá fizeram investimentos recentes e possuíam uma única loja como investimento de uma vida de trabalho”, ressaltou Marcello Almeida.

A Cia. Iguaçu, inclusive, disse que levou a informação em consideração na entrega do imóvel pelos locatários. “De imediato, indicamos a eles que nos dispúnhamos a receber o imóvel com as lojas dentro. Muitos lojistas não teriam como retirar a loja de lá e deixar o espaço vazio. Alguns relataram que sofreram bastante”, disse Almeida.

” https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/parana-sa/polloshop-pode-reabrir-em-setembro-com-comando-de-gestora-do-shopping-crystal/

Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná